CURSOS SUPERIORES TECNOLÓGICOS EM – ECONOMIA E MERCADO / PROF. FÁBIO URIARTE PANORAMA ECONÔMICO E FINANCEIRO DO BRASIL Dimensões e desigualdades sócio-econômicas. Abordagem histórica da economia brasileira. A palavra PANORAMA significa uma visão ampla, um olhar de um ângulo que permite boa visão do que se deseja enxergar. Assim sendo, o panorama econômico-financeiro do Brasil é um panorama otimista? Por que ocorrem desigualdades sócio-econômicas tão gritantes em nosso País? Em relação à primeira pergunta a resposta é sim, ou seja, o panorama econômico e financeiro do Brasil pode ser considerado otimista. Já em relação à segunda pergunta, uma das principais resposta poderia ser por causa da má distribuição de renda existente em nosso país. Mas, o que é distribuição de renda? É a forma pela qual os frutos do crescimento são partilhados pela população. A distribuição de renda pode ser vista de várias formas, tais como: Distribuição setorial de renda: Representa a participação de cada setor da economia. Setor primário: Composto pela exploração de recursos da natureza. Podemos citar como exemplos de atividades econômicas do setor primário: agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça. É o setor primário que fornece a matéria-prima para a indústria de transformação. Este setor da economia é muito vulnerável, pois depende muito dos fenômenos da natureza como, por exemplo, do clima. A produção e exportação de matérias-primas não geram muita riqueza para os países com economias baseadas neste setor econômico, pois estes produtos não possuem valor agregado como ocorre, por exemplo, com os produtos industrializados. Setor Secundário: É o setor da economia que transforma as matérias-primas (produzidas pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas, etc). Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos produtos do setor secundário, o lucro obtido na comercialização é significativo. Países com bom grau de desenvolvimento possuem uma significativa base econômica concentrada no setor secundário. A exportação destes produtos também gera riquezas para as indústrias destes países. Setor Terciário: É o setor econômico relacionado aos serviços. Os serviços são produtos não meterias em que pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer determinadas necessidades. Como atividades econômicas deste setor econômicos, podemos citar: comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos, transportes, etc. Este setor é marcante nos países de alto grau de desenvolvimento econômico. Quanto mais rica é uma região, maior é a presença de atividades do setor terciário. Com o processo de globalização, iniciado no século XX, o terciário foi o setor da economia que mais se desenvolveu no mundo. O setor terciário gera mais de 50% da renda nacional. O setor secundário (indústria) gera aproximadamente de 35 a 40% e o setor primário (agricultura), aproximadamente 10%. Outras formas de ver a distribuição de renda: Divisão regional: Regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste). Quais regiões são mais ricas? E quais são mais pobres? A região Sudeste responde por aproximadamente 42% da população brasileira e quase 60% da renda. A região Nordeste, por aproximadamente 30% da CURSOS SUPERIORES TECNOLÓGICOS EM – ECONOMIA E MERCADO / PROF. FÁBIO URIARTE população e menos de 15% da renda. Já as regiões Norte e Centro-Oeste respondem por aproximadamente 10% da renda nacional. Divisão pessoal: Está muito mal distribuída. Em 1996, os 20% mais ricos detinham quase 2/3 da renda do país e os 20% mais pobres detinham 2,5%. A diferença média é de mais de 25 vezes. Isto significa alta concentração de renda da economia brasileira. O Brasil disputa a liderança da pior distribuição de renda do mundo com a República Centro-Africana, África do Sul e Guatemala. Países de baixo desenvolvimento econômico como Etiópia e Uganda têm distribuição pessoal de renda muito melhor que a brasileira. Historicamente, a evolução da renda em nosso país é perversa. 1970: A piora na distribuição da renda é acompanhada por um aumento na renda das pessoas. Os mais ricos tiveram mais aumentos de renda do que os mais pobres. 1990: Apenas os mais ricos tiveram algum aumento real de renda. No resto da sociedade, houve queda real. Pergunta: o que explica esta má distribuição de renda no Brasil? 1. Condicionantes históricos: 300 anos de escravidão. Quando houve a abolição, sua situação sócioeconômica era precária. As terras estavam distribuídas em grandes latifúndios e isto não mudou até hoje. A estrutura agrária brasileira é fortemente concentrada. 2. Processo de industrialização por substituição de importação, que tem cunho concentrador. Adotou-se mais tecnologia (capital) do que mão-de-obra. A economia brasileira viveu vários ciclos ao longo da História do Brasil. Em cada ciclo, um setor foi privilegiado em detrimento de outros, e provocou sucessivas mudanças sociais, populacionais, políticas e culturais dentro da sociedade brasileira. 1º. Ciclo econômico: Extração do pau-brasil (séc XV). 2º. Ciclo econômico: Plantio de cana-de-açúcar, utilizada na Europa para a manufatura de açúcar em substituição à beterraba. Este ciclo adotou o latifúndio como estrutura fundiária e a monocultura como método agrícola (séc. XVI). 3º. Ciclo econômico: Metais preciosos – ouro, prata, cobre, diamante, esmeralda, rubi – (séc XVII e XVIII). 4º. Ciclo econômico: Café (séc. XIX e XX, até dec. 30). O chamado desenvolvimentismo (ou nacional-desenvolvimentismo) foi a corrente econômica que prevaleceu nos anos 1950, do segundo governo de Getúlio Vargas até o Regime Militar, com especial ênfase na gestão Juscelino Kubitschek. Através dessa política, desde a Era Vargas, na década de1930, o Brasil desenvolveu grande parte de sua infra-estrutura em pouco tempo e obteve altas taxas de crescimento econômico, mas o governo acabou desequilibrando suas contas, multiplicando a dívida externa e desencadeando uma grande onda inflacionária. O modelo de transporte adotado foi o rodoviário , em detrimento de outros (ferroviário, hidroviário, naval, aéreo). Um novo produto impulsionou a economia de exportação (desde a década de 70). A soja, na forma de grãos, tendo como principais mercados a Ásia e os EUA. O modelo adotado para o plantio da soja foi a CURSOS SUPERIORES TECNOLÓGICOS EM – ECONOMIA E MERCADO / PROF. FÁBIO URIARTE monocultura extensiva e mecanizada. Isto provocou desemprego no campo e altos lucros para um novo setor (agro-negócio). A cultura da soja cresceu às custas da "expansão da fronteira agrícola" rumo à Amazônia, provocando desmatamentos em larga escala. Nesse mesmo período, houve crise na agricultura familiar e desalojamento em massa de lavradores, bem como o surgimento dos movimentos de sem-terra (MST). Entre 1969 e1973, o Brasil viveu o chamado Milagre Econômico (crescimento acelerado da indústria), que gerou empregos não-qualificados e ampliou a concentração de renda. O PIB chegou a crescer 14,0%. Em paralelo, na política, o regime militar endureceu e a repressão à oposição (tanto institucional quanto revolucionária/subversiva). A industrialização continuou concentrada no eixo Rio-São Paulo, atraindo pessoas das regiões mais pobres, principalmente do Nordeste. Na década de 80, o governo brasileiro desenvolveu vários planos econômicos que visavam o controle da inflação. Resultado: Suspensão do pagamento das dívidas com os credores internacionais (moratória), resultando em graves problemas econômicos que perdurariam por anos. Essa década ficou conhecida como "a década perdida". Até o início dos anos 1990, o Brasil viveu um período de instabilidade monetária e recessão com altíssimos índices de inflação (hiperinflação) combinados com arrocho salarial, crescimento da dívida externa e crescimento pífio. No governo Itamar Franco o cenário começa a mudar. Com a criação do Plano Real a economia começa a se recuperar. Com a eleição de seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, houve a continuidade e o aperfeiçoamento do Plano Real, obtendo crescimento econômico do país com o fortalecimento das instituições nacionais visando controlar a inflação e atrair investidores internacionais. Reconhecendo os ganhos dessa estratégia, o governo Lula mantém suas linhas gerais, adaptando apenas alguns conceitos ao raciocínio esquerdista moderado do Partido dos Trabalhadores. Fontes: “Economia brasileira contemporânea”, de Amaury Patrick GREMAUD, Marco Ant. Sandoval VASCONCELLOS e Rudinei Toneto JUNIOR, editora Atlas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_do_Brasil, acesso em 23 jan 08.