Biodiversidade A biodiversidade é um pré-requisito básico para o equilíbrio dos ecossistemas globais e também um tesouro em termos de potencial econômico. Espécies vegetais e animais fornecem os princípios ativos para grande parte de todos os medicamentos e as estruturas da natureza incentivam os pesquisadores a desenvolver novas tecnologias. Por estes motivos, a conservação da biodiversidade é uma meta importante da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável. Com quase 13% de todas as espécies conhecidas, o Brasil é o país mais biodiverso do mundo. Estimase que somente na Amazônia brasileira existam 60.000 espécies de plantas, 2,5 milhões de artrópodes, 2.000 de peixes e 300 de mamíferos. Além disso, o cerrado no Brasil Central e a Mata Atlântica também abrigam uma enorme variedade de espécies e são considerados hotspots da biodiversidade, ou seja, são regiões que apresentam uma grande biodiversidade, mas cuja sobrevivência está ameaçada. Em 1992 o Brasil ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CBD) e assim o país assumiu obrigações e metas nacionais para a proteção da biodiversidade e seu uso sustentável. Na Política Nacional da Biodiversidade (PNB), promulgada em 2002, o Brasil estabeleceu diretrizes e estratégias nacionais para a implementação da CBD. A PNB destaca que o valor da biodiversidade não é somente de natureza econômica, mas também social e cultural. Isso se aplica especialmente para a população tradicional (indígenas, quilombolas, ribeirinhos), cujo modo de vida é integrado ao seu ambiente natural na floresta tropical. Com a PNB, o Brasil pretende gerir o uso da biodiversidade de modo que ela seja preservada e, ao mesmo tempo, o seu potencial seja aproveitado para o desenvolvimento econômico, principalmente para que a chamada população tradicional seja beneficiada pelo uso da biodiversidade. A PNB prevê tanto medidas de proteção, como a implantação de unidades de conservação, como também medidas para o uso sustentável, como a regulamentação do acesso aos recursos genéticos para o uso farmacêutico e industrial. No âmbito da Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável, a Alemanha apoia o Brasil na conservação da biodiversidade nas seguintes áreas: • Implantação e gestão sustentável das unidades de conservação. As unidades de conservação são o instrumento mais importante para assegurar a biodiversidade. Além da implantação de novas unidades de conservação, é necessária uma gestão profissional das unidades existentes para manter a função protetora e explorar o potencial de aproveitamento econômico. • Implantação e gestão sustentável das terras indígenas. As terras indígenas também exercem um papel importante para a conservação da biodiversidade, uma vez que, via de regra, as formas indígenas de usar os recursos não ameaçam a biodiversidade. Hoje as terras indígenas abrangem aproximadamente 21% da região amazônica e as prioridades da cooperação são a criação de novas áreas e a melhoria da gestão nas áreas existentes. • Parcerias de desenvolvimento com o setor privado. No âmbito das chamadas parcerias de desenvolvimento com o setor privado, empresas são apoiadas nos investimentos de caráter socioecológico ligados ao uso da floresta. Deste modo aumenta-se o valor agregado da floresta existente e cria-se um incentivo econômico para a preservação da floresta. Terras indígenas como áreas de proteção da biodiversidade Um passo importante para o reconhecimento legal das terras indígenas foi o programa do Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal (PPTAL). Até 2008 foi realizada a demarcação de 115 terras indígenas no âmbito do PPTAL, totalizando uma área de aproximadamente 440.000 km², além da capacitação de inúmeros representantes indígenas para a proteção destas terras. O fundo para pequenos projetos “Projeto Demonstrativo de Povos Indígenas”(PDPI) foi criado em 2001 para apoiar o monitoramento, a proteção dos limites bem como a gestão sustentável das terras indígenas. Ele dá ênfase especial à manutenção e resgate do conhecimento tradicional e indígena, bem como ao uso sustentável dos recursos naturais. Uso responsável e econômico da biodiversidade No âmbito do Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), a Alemanha apoia parcerias de desenvolvimento com o setor privado, nas quais as empresas se comprometem a modelar seus negócios de forma econômica, social e ecologicamente sustentável para todos os atores envolvidos nas cadeias de valor agregado. Por exemplo, a empresa brasileira Vegeflora Extrações do Nordeste Ltda. produz o princípio ativo natural Pilocarpin, extraído da planta Jaborandi, que cresce apenas no Brasil. A Vegeflora fornece o Pilocarpin para a indústria farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim, onde ele é processado para a fabricação de medicamentos contra o glaucoma, uma doença ocular. Os objetivos da parceria são: legalização e controle da extração, introdução de métodos de colheita sustentáveis, aumento da produção e da qualidade, rastreabilidade bem como a elevação da renda e melhoria das condições de vida nas comunidades extrativistas nos estados do Pará, Maranhão e Piauí.