Ensinar e Aprender com a Tecnologia – CEM

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EAT – 2005-04-18
Ensinar e Aprender com a Tecnologia – CEM-UA
Trabalho Final de António Mestre
*
Modelo de Aprendizagem Colaborativa, suportado pelo Paradigma
Interpessoal.
Possível adaptabilidade ao contexto das aulas de TEE?
Introdução
Em primeiro lugar uma nota explicativa do significado de TEE e da importância da sua
inclusão nesta temática: TEE, refere-se a Tecnologias da Electricidade e Electrónica. A
sua importância é fundamental no mundo actual. O seu ensinamento inicial,
posteriormente desenvolvido, poderá ter um papel fundamental na motivação e no
desenvolvimento dos futuros engenheiros e cientistas de amanhã. Já que toda a energia
utilizada, iluminação artificial, automação, robótica e computação dependem do estado
desenvolvimento das TEE e das suas aplicações.
Neste contexto, as aulas de TEE poderão aproveitar as potencialidades das Tecnologias
de Informação e Comunicação para suporte da sua didáctica, juntando o útil ao agradável.
Isto é, o útil do estado de desenvolvimento das próprias TEE, em especial no que se
refere ao apoio às TIC, e o agradável do aproveitamento desse desenvolvimento para
suporte do seu próprio ensinamento. No ensino superior em especial e no caso das TEE
em particular, isso será viável desde que suportado por modelos de ensino coerentes aos
contextos, baseados em paradigmas já estudados, e devidamente pesquisados pelos
grandes pensadores na matéria. Neste caso estará o Modelo de Aprendizagem
Colaborativa, à luz do Paradigma Interpessoal, que poderá aqui ser utilizado com
propriedade. Penso até que este modelo Colaborativo será vantajoso, pois cada vez mais a
informação desenvolvida, relacionada com as TEE, nos é fornecida a ritmos elevados e
não se compadece com processos educativos caducos, redutores de uma aprendizagem
evolutiva, consistente e produtiva que se pretende. Porque neste mundo em constante
mutação, onde a evolução da Ciência, das Tecnologias e da Técnica se dá a um ritmo
alucinante, mais do que dotar o Aluno de capacidades técnicas demasiado específicas e
simplistas que, por si só, se mostram incapazes de fazer face aos problemas do mundo
actual e poderão estar desactualizadas quando este entrar no mundo do trabalho, deve-se
acima de tudo fornecer-lhe todo o potencial que as TEE oferecem. Neste sentido as aulas
de TEE assistidas por computador e/ou auxiliadas pela Internet, no contexto da
Aprendizagem Colaborativa, podem ter um papel fundamental se conseguirmos com a
sua utilização:
• Estimular as potencialidades dos alunos.
• Promover os seus talentos e capacidades próprias.
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• Providenciar reflexões e experiências pedagógicas variadas, desencadeadoras do
seu crescimento científico, técnico, tecnológico e intelecto/pessoal.
• Fornecer meios ao aluno para obter feedback sobre a sua própria performance.
• Fomentar as actividades de formação na interacção entre grupos de trabalho,
grandes potenciadoras da resolução dos problemas do mundo actual. Isto é, a
aprendizagem colaborativa
Aprendizagem Colaborativa
Pode definir-se como:
• Um conjunto de métodos e técnicas de aprendizagem para utilização em grupos
estruturados, coadjuvadas por estratégias de desenvolvimento de competências
mistas (aprendizagem, desenvolvimento pessoal e social)
• Neste tipo de aprendizagem, cada membro é responsável pela sua própria
aprendizagem e pela aprendizagem dos outros elementos do grupo
• Tem como foco a interacção e participação activa entre alunos e professores.
• O conhecimento é visto como um constructo social e, por isso, o processo
educativo é favorecido pela participação social em ambientes que propiciem a
interacção, a colaboração e a avaliação
• Espera-se que os ambientes de aprendizagem colaborativos sejam ricos em
possibilidades e propiciem o crescimento do grupo e dos seus elementos.
Elementos básicos que explicitam e perfilham este modelo de aprendizagem
Interdependência do grupo:
• Os alunos, como um grupo, têm um objectivo a perseguir e devem trabalhar
eficazmente em conjunto para o alcançar.
• Os alunos são responsáveis pela sua própria aprendizagem e por facilitar a
aprendizagem de todos os membros do grupo
• Os elementos do grupo devem, também, facilitar a aprendizagem de alunos de
outros grupos
• Todos os alunos interagem e todos contribuem para o êxito da actividade a
desenvolver
Interacção:
• Um dos objectivos da Aprendizagem Colaborativa é o de melhorar a competência
dos alunos para trabalhar em equipa.
• Cada membro do grupo deve assumir integralmente a sua tarefa e disponibilizar
de espaço e tempo para a partilhar com o grupo e, por sua vez, receber as suas
contribuições.
• A vivência do grupo deve permitir o desenvolvimento de competências pessoais
e, de igual modo, o desenvolvimento de competência de grupo como:
participação, coordenação, acompanhamento, avaliação.
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• Periodicamente deve ser realizada uma avaliação da funcionalidade do grupo, a
fim de se conhecer o seu processo de desenvolvimento.
Pensamento divergente:
• Não deve haver nenhum elemento do grupo que se posicione ostensivamente
como líder mas apenas como coordenador.
• Deve haver uma tomada de consciência que todos podem pôr em comum as suas
perspectivas, competências e base de conhecimentos.
• As actividades devem ser elaboradas de modo a exigirem colaboração em vez de
competição (tarefas complexas e com necessidade de pensamento divergente e
criativo).
Avaliação:
• Os métodos para a avaliação independente são baseados em jogos de perguntas,
exercícios, observações da interacção do grupo e heteroavaliação
Vantagens da Aprendizagem Colaborativa
Dinâmica do grupo:
• Possibilita alcançar objectivos qualitativamente mais ricos em conteúdo, na
medida em que reúne propostas e soluções de vários alunos do grupo
• Os grupos estão baseados na interdependência positiva entre os alunos, o que
requer que cada um se responsabilize mais pela sua própria aprendizagem e pela
aprendizagem dos outros elementos do grupo (aprender partilhando permite que
os alunos se integrem na discussão e tomem consciência da sua responsabilidade
no processo de aprendizagem)
• Incentiva os alunos a aprender entre eles, a valorizar os conhecimentos dos outros
e a tirar partido das experiências de aprendizagem de cada um
• Promove a aproximação entre os alunos e uma maior troca activa de ideias no seio
dos grupos, faz aumentar o interesse e o compromisso entre eles.
• Transforma a aprendizagem numa actividade eminentemente social
• Aumenta a satisfação pelo próprio trabalho.
Nível pessoal:
•
•
•
•
Aumenta as competências sociais, de interacção e comunicação efectivas
Incentiva o desenvolvimento do pensamento crítico e a abertura mental
Permite conhecer diferentes temas e adquirir nova informação
Reforça a ideia que cada aluno é um professor (a aprendizagem emerge do
diálogo activo entre professores alunos)
• Diminui o sentimento de isolamento e de temor à crítica
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• Aumenta a segurança em si mesmo, a auto estima e a integração no grupo
• Fortalece o sentimento de solidariedade e respeito mútuo, baseado nos resultados
do trabalho em grupo.
Do que se disse acima, podemos inferir que a Aprendizagem Colaborativa advêm do seio
do Paradigma Interpessoal. Os parágrafos abaixo (extraídos do cap3-EAT, Paradigma
Interpessoal), contributos de vários autores para a definição do paradigma, são suficientes
para o provar:
a) Para Ted Panitz (1996) a cooperação é uma estrutura da interacção para atingir um
objectivo determinado, enquanto a colaboração é uma filosofia de interacção e do estilo
de vida pessoal. Assim, este autor toma a aprendizagem colaborativa como uma
filosofia pessoal que passa pela partilha da autoridade e da responsabilidade,
fundamentando a corresponsabilidade e permitindo o desenvolvimento na aquisição e até
construção do saber; chega mesmo a admitir que só pela colaboração se evita a
competição desordenada (…)
b) Ensinar num meio ambiente colaborativo é algo diferente dos contributos
tradicionais. Quando apropriados, os métodos podem ser implementados directamente
pelos aprendentes. Poderão, então: (1) determinar como o saber adquirido e os recursos
poderão ser usados para resolver o problema (Bridges, 1992; Sharan & Sharan, 1994)
(…)
c) Com base na aprendizagem colaborativa, têm, recentemente, sido desenvolvidas,
‘comunidades de aprendizagem’ como um contributo para a educação. Numa
comunidade de aprendizagem, o objectivo é avançar o conhecimento colectivo e, nesta
linha, apoiar o crescimento do conhecimento individual (Scardamalia & Bereiter, 1994)1.
I
Partindo do exposto até aqui, irei averiguar sobre uma possível aplicação, do Modelo de
Aprendizagem Colaborativa, em módulos/aulas de TEE, utilizando uma sintaxe
definida a partir de um dos modelos estudados no Paradigma Interpessoal. Assim tentarei
abordar o tema evidenciando alguns dos parâmetros importantes nesta temática:
1. Contexto, ambiente envolvente e recursos:
• Contexto e ambiente envolvente – Com o actual estado democrático do nosso
país e a sua integração na União Europeia, cada vez mais, o intercâmbio entre
países, instituições de ensino e empresas, é uma prática relevante. Ao abrigo de
programas específicos, vários dos nossos alunos estagiam em instituições de
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ensino europeu, intercambiando com outros alunos dessas instituições, nas mais
diversas áreas do conhecimento. As TEE não fogem à regra, antes pelo contrário,
é nas áreas técnicas/tecnológicas que o intercâmbio entre alunos se está a
acentuar. Até as próprias empresas já afinam pelo mesmo diapasão
proporcionando esse intercâmbio as seus trabalhadores. As oportunidades
ocupacionais já não se limitam à nossa região e ao nosso país mas sim ao nível
europeu e até fora dele. Assim novos horizontes se abrem aos aprendentes e os
ensinamentos/aprendizagens já não podem limitar-se ao espaço físico das salas de
aula, quer sejam universitárias, secundárias ou de outras instituições. Há que
alargar perspectivas e proporcionar, também, aos alunos outros ambientes de
aprendizagem que façam face aos novos desafios que o mundo actual lhes
apresenta. Neste sentido, o modelo de Aprendizagem Colaborativa aplicado ao
ensino das TEE, coadjuvado pelo recurso às TIC parece ser adequado. Já que é no
intercâmbio colaborativo de ideias e saberes no seio de grupos de trabalho,
perante as adversidades, que o ser humano mais se desenvolve.
• Recursos – Do exposto no ponto acima, ressalta a necessidade de aquisição e/ou
utilização de recursos adequados ao ensino das TEE, tanto ao nível didáctico
como humano. Os espaços didácticos deverão estar apetrechados com bons
equipamentos incluindo informáticos, de preferência ligados em rede e esta, por
sua vez, ligada à rede das redes que é a aldeia global da Internet. Aqui os saberes
estão disponibilizados, com grande variedade, vindos de diversas fontes de
conhecimento. Haverá, no entanto, a necessidade de saber escolher as fontes
adequadas de forma a poder separar-se o trigo do joio. Para isso teremos de
contar, não só, com as competências do docente, como com as dos
alunos/aprendentes implicados no processo de ensino/aprendizagem. Quanto aos
recursos humanos, para além dos alunos que são um foco importante do modelo
estudado e do paradigma onde mais comummente se insere, o docente terá de
estar munido de capacidades intelecto/didácticas que facilitem a adequação e o
desenvolvimento do modelo de aprendizagem em causa. Deverá, não só, ter uma
boa preparação científica e didáctica como a motivação suficiente para a sua
própria aprendizagem ao longo da vida, com vista à sua autoformação e
actualização permanente. Isto proporcionar-lhe-á as competências adequadas para
desenvolver o seu afere no seio de grupos de trabalho colaborativo, no contexto
da actualização constante das novas tecnologias, em geral, e em particular no
desenvolvimento das TEE.
2. Papel do professor – No referente à Aprendizagem Colaborativa para a
disciplina de TEE, o Professor deverá funcionar como orientador, observador e
facilitador dos conteúdos a desenvolver e estudar/aprender. Isto originará uma
questão implícita que será a partilha do Poder entre ensinante/aprendente. Aqui o
docente deverá ter a abertura necessária para que isso possa acontecer. Quase
todos nós docentes, recordamos o contexto onde se deu grande parte da nossa
aprendizagem. Na maioria dos casos foi feita dentro de um Ensino
Tradicionalista, onde a questão da partilha de poder entre ensinante/aprendente
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raramente se punha. Para muitos de nós, à luz da Sociedade do Conhecimento
actual, isto ainda está enraizado no nosso subconsciente. Reparem que mesmo no
ensino a distância, algumas vezes, não nos conseguimos libertar das grilhetas do
espaço/aula tradicionalista que nos foi imputado. No entanto, para levarmos a
bom porto um modelo de Aprendizagem Colaborativa teremos de permitir a
partilha do Poder entre ensinante/aprendente. Isto não implicará o desprestígio do
docente e das suas competências. Pelo contrário, mostrará a sua abertura
democrática, evidenciará as suas capacidades e, certamente, subirá no conceito
dos alunos, proporcionando-lhe uma aprendizagem mais eficaz dentro de um
contexto mais salutar e dinâmico.
3. Papel do aluno – Em relação à aplicação do mesmo modelo às TEE, o aluno
agirá, principalmente, no seio de grupos de trabalho privilegiando as tarefas de
carácter colaborativo, no encadeamento dos conteúdos a tratar e das questões a
resolver. Dará os seus contributos, ideias e sugestões, receberá e questionará os
contributos dos colegas e docente, contribuído para um todo mais eficaz. Dentro
deste contexto de partilha de conhecimento e sabres, no aprender a viver com os
outros, os Alunos terão um campo mais propício de forma a adquirirem as
vivências e saberes, necessários à sua formação científico/cultural e social.
4. Resultados esperados – Espera-se, que estes ambientes de Aprendizagem
Colaborativa, centralizada no aluno no seio de grupos de trabalho, proporcionem
uma aprendizagem mais aberta e facilitadora, cujos parâmetros mais se
aproximem aos contextos da sociedade real. Esta aprendizagem, proporcionada ao
aprendente, poderá ser um passo importante para as suas futuras vivências e
integração na sociedade. No que diz respeito ao ensino específico das TEE,
espera-se que os métodos cooperativos, de sala de aula com horizontes alargados,
proporcionem às equipas de alunos suportes que os levem a atingir os objectivos
académicos e desenvolver aptidões colaborativas desejáveis.
………………………………………………………………………………………………
Conclusão
A partir de do que foi exposto nas páginas anteriores, infere-se que a aplicabilidade do
Modelo de Aprendizagem Colaborativa aplicado às aulas de TEE, coadjuvado peças TIC,
terá viabilidade e bastante interesse social. Desde que se consigam os equipamentos e
ambientes de aprendizagem adequados e que o contexto sócio-cultural o permita.
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Modelo de Aprendizagem Colaborativa, suportado pelo Paradigma
Interpessoal.
Possível adaptabilidade ao contexto das aulas de TEE?
Esta leve abordagem à questão a cima tratada, está muito incompleta e pouco investigada
por mim, mas talvez possa ser uma ideia de partida para uma investigação futura mais
profunda e consistente.
Recursos utilizados:
Os temas e conteúdos tratados, através das aulas de EAT, principalmente:
•
•
•
•
Conceitos subsidiários do conceito central de modelo de ensino (Cap1)
O modelo na relação do ensino com a aprendizagem (Cap2)
Paradigma cognitivo (Cap3)
Paradigma interpessoal (Cap3)
De:
Maria Ivone Gaspar2
Alda Pereira1
António Teixeira1
Isolina Oliveira1
Bibliografia aconselhada:
AIRES, Luísa – Do silêncio à polifonia: contributos da Teoria Sociocultural para a Educação online, in
Revista Discursos – série “Perspectivas em Educação” n.º 1 – ano 2003 pp. 23-35, Lisboa,
Universidade Aberta
BRUNER, Jerome, Para Uma Teoria da Educação, Lisboa – Relógio d’Água Editores.
GASPAR, Ivone – Duas Metodologias de ensino em educação a distância online, in Revista Discursos
– série “Perspectivas em Educação” n.º 1 – ano 2003 pp. 65-75, Lisboa, Universidade Aberta.
GASPAR, Ivone – Modelos de ensino: significado no processo de aprendizagem e na formação de
professores, in Actas do Seminário Internacional “Português como língua estrangeira” pp. 43-56.
2
Centro de Estudos em Educação e Inovação, Departamento de Ciências da Educação, Universidade Aberta.
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Outros recursos consultados:
http://www.chass.ncsu.edu/ccstm/PUBS/Biblio/books.html
http://www.worldbank.org/worldlinks/spanish/training/MODULOS_html/MOD_3/Modu
lo_3.html
http://miavx1.muohio.edu/~iascecwis/
http://www.minerva.uevora.pt/cscl/index.htm
http://www.edb.utexas.edu/csclstudent/Dhsiao/theories.html
Docente:
Doutora Maria Ivone Gaspar
O Formando:
António Francisco Seleiro Mestre
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