CASO CLÍNICO 1 Lina Oliveira de Carvalho Residente de Reumatologia - Hospital Heliópolis ANAMNESE IDENTIFICAÇÃO: M.C.S, feminino, 36 anos, natural de Alagoas, Procedente de São Paulo QPD: dor na barriga e diarréia há 1 mês. HDA: Paciente admitida na enfermaria de Reumatologia do Hospital Heliópolis em 02/fev/2007, transferida de outro hospital, com quadro de dor tipo cólica em andar superior de abdome com irradiação para dorso há 1 mês. Referia também diarréia há aproximadamente 3 semanas com cerca de 15 evacuações líquidas e eliminação de muco além de perda de 15 kg no período. Queixava-se ainda de artralgia em joelho direito, aparecimento de lesões hipercrômicas em região malar e alopécia. ANAMNESE Exame Físico Paciente em REG, eupneica, acianótica, anictérica, lúcida, consciente, orientada, desidratada (++/4+), hipocorada (+/4+), emagrecida. ACV: RCR em 2T, sem sopros. FC: 84 bpm. AResp: MV+ sem RA. Abdome: flácido, indolor, fígado palpável a 3 cm da RCD. Troube livre. Toque Retal sem alterações. MMII: edema discreto OA: sem evidências de artrite ou outras alterações. ANAMNESE ANTECEDENTES LES discóide há 07 anos em seguimento com a dermatologia. ( FAN 1/1280 pontilhado fino denso; anti-DNA positivo; demais auto Ac negativos – novembro 2005) Interrompeu uso de Cloroquina 250 mg/d e Prednisona 10 mg/d em setembro de 2006. HAS há 3 anos em tratamento regular com Captopril 25 mg/d há apenas 1 ano. Nega outras comorbidades, Nega tabagismo ou etilismo. ANAMNESE ANTECEDENTES Nega tromboses, abortos prévios. Informa transfusão sanguínea em 2004 após parto de trigêmeos. Banhos de rio na infância. Avó paterna diabética. ANAMNESE Internação no Hospital Sapopemba Paciente foi submetida à pulsoterapia com 1g de metilprednisolona. US abdominal (01/02/07): Fígado de dimensões levemente aumentadas às custas de lobo direito; Ecogenicidade preservada; Vesícula biliar sem alterações; Ausência de dilatação de vias biliares. Rins sem alterações. Ausência de líquido livre ou coleções em cavidade. Laboratório (janeiro/07) Uréia: 24 Creatinina:0,6 Urina I: sem alterações Hipóteses Diagnósticas Lupus Eritematoso Sistêmico? Atividade? Síndrome diarréica crônica a/e Infecciosa? Inflamatória? Má-absorção? TABELA 1. EXAMES LABORATORIAIS 2/fev 5/fev 12/fev Hb 11,4 10,9 9,4 Ht 34,1 32,8 27,8 Plaq 148000 174000 333000 Leuco 2790 7530 11600 bastões 0 0 0 segm 79,4 72,9 74,5 eos 0,2 0,8 0,9 linfoc 17,3 19,6 15,2 TABELA 2. EXAMES LABORATORIAIS 2/fev VHS 5/fev 9/fev 12/fev 14/fev 18 Glicemia 129 83 Na 155 154 153 151 156 K 4,3 2,4 2,3 3,5 2,8 Uréia 67 64 35 22 17 Creat 2,3 1,8 1,8 1,5 1,3 Albumina 3,5 TGO 13 37 34 30 TGP 30 31 40 36 FA 401 353 306 381 GGT 315 326 334 BD/BI 0,3/0,2 75 2,8 339 0,6/0,48 TABELA 3. EXAMES LABORATORIAIS Coprocultura negativa Gordura fecal negativa PPF negativa Leucócitos fecais negativa anti HCV negativa HBsAg negativa anti HBC negativa anti HIV negativa VDRL negativa TABELA 4. EXAMES LABORATORIAIS Clearance 22 ml/min Urina I leucócitos 22000 hemáceas 15000 Proteína ++ cilindros moderados Proteinúria 1122 mg TABELA 5. PERFIL DE AUTO-ANTICORPOS 9/fev FAN* 1/320 ACL • IgG 5,8 • IgM 21,9 • IgA 6,4 Anti DNA 91,7 Anti Sm <10 Anti RNP <5 Anti R0 < 10 Anti LA < 10 *PADRÃO PONTILHADO FINO DENSO; ANTI-CITOPLASMA 1/80 Evolução da Paciente Internação no Hospital Heliópolis Paciente evoluiu com hipocalemia, aumento de volume abdominal, elevação de enzimas canaliculares além de aumento do edema de MMII e elevação de níveis pressóricos Nova US abdominal (13/02/07): Hepatoesplenomegalia; Alteração textural parenquimatosa renal bilateral (nefropatia ?); Ascite. Realizados mais 02 pulsos de metilprednisolona. Medicada com Albendazol e Ciprofloxacina. Evolução da Paciente Paciente recebeu alta dia 16/02/07 com melhora do quadro diarréico, resolução do edema de MMII, diminuição do volume abdominal e controle dos níveis pressóricos. Introduzido Micofenolato Mofetil (nefrite lúpica). Paciente foi reinternada 03 dias após a alta com quadro de náuseas e vômitos incoercíveis e novo aumento de volume abdominal, sem diarréia, sem febre. Deu entrada consciente, orientada, afebril, desidratada (++/4+), com ascite. Evolução da Paciente Evoluiu com distúrbio hidroeletrolítico importante (Na: 175 K < 2,0), sendo necessária compensação clínica na UTI. Apresentou picos febris, diarréia e sintomas de ITU. Introduzido Cefepime. Posteriormente foi identificada opacidade em radiografia de tórax. Associada Claritromicina. Foi submetida à paracentese diagnóstica que identificou GASA 1,4 (hipertensão Portal). Introdução de Furosemida e Aldactone. Retornou à enfermaria dia 28/03 com ascite porém com melhora da diarréia. Sem estigmas de hepatopatia. E agora??? TROMBOSE PORTAL CBP HEPATITE VIRAL LES HEPATITE AUTOIMUNE DOENÇA CELÍACA TABELA 6. EXAMES LABORATORIAIS 21/fev 22/fev 14/mar 22/mar Hb 9,09 8,22 10,2 9,3 Ht 28,6 25,3 31,8 29,6 Leuco 11200 7140 4790 3700 bastões 12 17 0 0 segm 75 58 76,8 56,6 eos 1 3 0,9 1,5 linf 9 20 18,5 33,4 TABELA 7. EXAMES LABORATORIAIS 21/fev 22/fev 28/fev 2/mar 14/mar 22/mar Glicemia 115 87 Na 175 156 147 136 142 K < 2,0 2,7 3,3 4,5 3,6 Uréia 105 102 28 24 27 Creatinina 2,6 2,5 0,9 1,1 1,2 84 Albumina 2,4 3,6 TAP 73 73 TGO 84 75 21 25 TGP 90 71 48 29 FA 339 245 229 200 GGT 332 162 101 71 BD/BI 1,1/0,3 0,2/0,3 0,1/0,1 9 TABELA 8. EXAMES LABORATORIAIS Proteinúria 1452 mg Clearance 43 Coprocultura negativa Evolução da Paciente Biópsia Hepática (16/03/07): hiperplasia nodular regenerativa. Paciente evoluiu com regressão progressiva da ascite, resolução da diarréia e normalização dos valores de K+ e enzimas canaliculares. Recebeu alta dia 23/03/07 com orientação de seguimento conjunto com a gastroenterologia. Atualmente a paciente encontra-se em uso de MMF 500 mg 12/12h, Captopril 12,5 mg 12/12h , mantendo bom estado geral e sem proteinúria. Clearance estimado de 77,7 ml/min. Biópsia Biópsia CASO CLÍNICO 2 Andreia Bonato da Silva Residente de Reumatologia - Hospital Heliópolis CASO CLÍNICO 2 – História Atual IDENTIFICAÇÃO: Mulher, 46 anos, parda, do lar Internação maio/2006 – Dor abdominal difusa, tipo cólica, com episódios de diarréia aquosa/ constipação, náuseas e vômitos, distensão abdominal com duração de 1 mês. Exame físico – REG, descorada +/4+, desidratada +/4+, anictérica, acianótica, afebril, PA 110x70mmHg, FC 100bpm. Pele e anexos: ndn ACV: ndn AResp: ndn Músculo-esquelético: ndn. Neurológico: ndn Abdome: distendido, RHA ↓, hipertimpânico à percussão, doloroso à palpação difusa com DB negativo. Toque Retal sem alterações. CASO CLÍNICO 2 – Antecedentes Pessoais GIII PIII (partos cesáreas) 3 internações prévias: - Julho/2003 - Junho/2005 - Julho/2005 CASO CLÍNICO 2 – Antecedentes Pessoais Internação em julho/2003 – Síndrome de Evans + Suboclusão intestinal + Serosite (Ascite, Derrame Pleural), Poliartrite, Úlceras orais. FAN + 1/200 pontilhado, C3 ↓, C4 ↓. US abdome: Ascite e espessamento de vesícula biliar. EDA: Esofagite erosiva distal, estase gastrica biliosa volumosa. Investigação Síndrome Disabsortiva: NEGATIVA. Tratamento: Corticóide (PD 1mg/kg/dia) + γ globulina IV → EVANS e Dieta parenteral (Suboclusão). Melhora quadro abdominal e persistência da plaquetopenia → Esplenectomia (sem intercorrências), com normalização sustentada plaquetas e Hb. CASO CLÍNICO 2 – Antecedentes Pessoais Internação em junho/2005 – Disúria (ITU) + Incontinência urinária + quadro abdominal semelhante à internação anterior + IRA. US abdome – Distensão alças intestinais, hidronefrose bilateral (importante dilatação pielo-calicial e ureteral) → Mielite transversa? Uretrocistografia retrógrada: Sem alterações Exame neurológico: sem alterações ENMG: Sem alterações Introduzido antibioticoterapia (ceftriaxone) e paciente recebeu alta com melhora relativa do quadro. Trigonite? CASO CLÍNICO 2 – Antecedentes Pessoais Reinternação em julho/ 2005 – Sintomas urinários semelhantes + Poliartralgia + Úlceras Orais. Urocultura: Klebsiella sp sensível somente à Imipenem. US rins e vias urinárias – dilatação pielocalicial e ureteral bilateral. Introduzido antibioticoterapia específica + corticoterapia (prednisona 60mg/dia) Evoluiu bem até a internação atual. EXAMES LABORATORIAIS Hb 11,4 Na 140 Ht 34,1 K 4,7 Plaq 516.000 Ca 9,5 Leuco 11.800 Mg 1,6 VHS 50 Ureia 81 PCR 2,62 Creat 2,1 DHL 541 Amilase 87 Albumina 2,7 C3 44 (50-90) TP 99% C4 < 5 (10-40) INR 1,00 Urina I ndn CASO CLÍNICO 2 – Exames RX Abdome: Distenção alças intestinais, níveis hidroaéreos. US Abdome: Distensão alças intestinais, hidronefrose bilateral (importante dilatação pielo-calicial e ureteral). CASO CLÍNICO 2 – TC Abdome Pré Líquido Peri-hepático Derrame Pleural CASO CLÍNICO 2 – TC Abdome Pré Líquido Peri-hepático Líquido Ascítico CASO CLÍNICO 2 – TC Abdome Pré Dilatação Alças Níveis hidro-aéreos Dilatação Pelve Renal CASO CLÍNICO 2 – TC Abdome Pré Dilatação Alças Dilatação Pielo-calicial CASO CLÍNICO 2 – TC Abdome Pré Dilatação Alças Dilatação Ureter CASO CLÍNICO 2 – TC Abdome Pré Dilatação Ureter Dilatação Ureter CASO CLÍNICO 2 – TC Abdome Pré Espessamento de Parede Vesical E agora??? CASO CLÍNICO 2 – Evolução Introduzido jejum VO, hidrocortisona IV 300mg (equivalente a 60mg de PD), Ciprofloxacino + Metronidazol (gastroenterite aguda). Nova pesquisa de síndrome disabsortiva: NEGATIVA. Sangue oculto fazes: negativo Retossigmoidoscopia: sem alterações CASO CLÍNICO 2 – Evolução Paciente evoluiu sem resposta ao tratamento clínico, sendo submetida à Laparotomia exploradora (bridas?) → sem alterações/branca. Iniciado pulsoterapia Metilprednisolona 1g por 3 dias (atividade LES?), mantendo PD 60mg/dia. Melhora significativa do QC dias após, recebendo alta hospitalar após 33 dias internação → Pseudoobstrução intestinal crônica (secundária à atividade do LES). ANTES Melhora Ascite DEPOIS ANTES Melhora da Distensão e Edema de Alças DEPOIS Melhora do Espessamento de ParedeVesical ANTES DEPOIS DEPOIS OBRIGADA