GET – MEDICINA Luiz Henrique Ribeiro Santos Letramento em saúde A comunicação é essencial para a prestação eficaz de cuidados de saúde, e é uma das ferramentas mais poderosas do arsenal clínico. Infelizmente, muitas vezes há um descompasso entre o nível de comunicação do médico e do nível de compreensão do paciente. Evidencias mostram que os pacientes frequentemente entendem errado ou não entendem muitas das informações dadas pelos médicos. Isso culmina em erros de medicação, perda de consulta e até mesmo de processos jurídicos. (Barry D. Weiss, 2009) Por que ocorre essa incompreensão entre médicos e pacientes? A causa é multifatorial: Dificuldade do médico em traduzir a linguagem cientifica para a linguagem do paciente. Questões administrativas tais como o reduzido tempo para a consulta. O foco do médico está na doença e não no paciente. Baixo letramento em saúde Abordarei a questão do letramento em saúde. O que é letramento em saúde? Letramento em saúde geralmente refere-se à capacidade dos indivíduos de acessar e utilizar informações de saúde para tomar decisões de saúde adequadas e manter a saúde básica. Ampliando o conceito, pode também ser entendido como a capacidade de ler e agir sobre as informações obtidas, bem como a habilidade de comunicar as necessidades de saúde para o médico e, por último, a capacidade de ouvir e entender sobre as instruções que recebem. Implicações de um limitado letramento em saúde Estudos mostram que a alfabetização é um dos principais preditores de saúde – maior ainda do que a renda, situação de emprego, nível de escolaridade e grupo racial ou étnico. Pacientes com letramento em saúde limitado > menor consciência de medidas preventivas e menos conhecimento de suas condições médicas e instruções de auto-cuidado do que suas contrapartes mais alfabetizados. Comportamentos menos saudáveis. o Mais tabagismo durante gestação o Maior exposição à violência o Menos aleitamento materno o Menos acesso aos cuidados de saúde infantil de rotina Menor controle de doenças (ex: diabetes, HAS, DRC) Maior custo para o sistema de saúde. Comentado [LH1]: No hiperdia, alguns pacientes realmente não sabiam os sintomas da hipoglicemia. A relação com os anos de estudos muitas vezes não era uma relação direta. Alguns pacientes com mais anos de estudo, as vezes mostrava um desempenho menor do que um paciente com menos anos de estudo. Alguns contavam muito da vida pra gente, e a gente percebia as diferenças: um sujeito mais ativo, que tem que cuidar de outros, que tem mais responsabilidades > geralmente se mostravam com um melhor letramento em saúde. Entretanto, não é possível predizer qual o nível de letramento de um paciente apenas olhando. Nesse sentido, é importante fornecer informações de fácil entendimento e de modo claro para todos os pacientes. Na entrevista História social: alguns médicos acharam interessante adicionar perguntas para estimar o letramento em saúde do paciente O quão feliz você está com o seu jeito de ler? Qual o melhor modo para você aprender coisas novas? Com qual frequência você precisa de ajuda para ler instruções de panfletos, ou outros materiais de seu médico ou farmácia?* O quão confiante você fica ao preencher formulários médicos sozinho?* * Essas questões foram avaliadas em alguns estudos e detectou-se uma sensibilidade para detectar baixo letramento em saúde variando de 54% a 83%. Revisão de medicamentos: outro modo de identificar pacientes com baixo letramento em saúde é através da revisão de medicamentos. Pergunta-se ao paciente o nome da medicação, sua função e seu modo de uso. É importante avaliar como o paciente irá responder: olhando para a caixa, abrindo o remédio e pegando o comprimido Estratégias para melhorar/lidar com o letramento em saúde do paciente Existem estratégias para melhorar a compreensão das informações médicas dos pacientes. Na verdade, uma RMP bem firmada, uma comunicação mais clara e de fácil entendimento por si só já são terapêuticas. Pode-se ainda utilizar materiais escritos e verificar a compreensão das informações dos pacientes que você fornece. Atitude atenciosa o Tanto do médico, como de todo o staff: encorajar o paciente a perguntar sobre os procedimentos, médicos, burocráticos... Marcação de consultas o Conversar diretamente com um atendente e não com uma secretária eletrônica. o Colher apenas informações úteis o Perguntar se o paciente precisa de informações sobre como chegar ao local o Formulários que sejam de fácil compreensão, com uma disposição adequada Referencias e exames complementares o Para muitos pacientes (e até mesmo para nós acadêmicos) é difícil conhecer os caminhos do sistema e, portanto, a marcação de consultas e exames complementares pode ser complicada. Logo, é necessário dar suporte ao paciente, explicando onde marcar, como chegar, se o plano de saúde irá cobrir Dar informações de maneira clara e simples. o É uma boa ideia ler as informações em voz alta. o Pedir ao paciente que repita o que foi dito para assegurar o entendimento. Comentado [LH2]: 2- A dificuldade em explicar com detalhes para o paciente. Quanto mais detalhado a explicação, mais difícil elaborar na linguagem do paciente. 3- Tabela de horário de remédio (atitude paternalista??). Explicar como deve ser o prato de comida: o desenho facilita 4- Quando se tem um atendimento que prosseguirá em outras consultas, vc pode optar em fracionar as informações. Mas em um serviço como o pronto atendimento, como contornar isso? Usando as outras técnicas enumeradas. 5 > Não pergunte ao paciente “você entendeu?” A maioria dirá que “sim”. Peça-o para explicar ou demonstrar o que ele deverá fazer Se o paciente não explicar corretamente, assuma que você não ensinou adequadamente. Ensine novamente usando métodos alternativos 6- BOA RMP! Bibliografia 1. Health literacy and patient safety: Help patients understand. Manual for clinicians. Second edition. Barry D. Weiss, MD. 2007, American Medical Association Foundation and American Medical Association.