efeito da reeducação postural global na força muscular

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EFEITO DA REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL NA FORÇA
MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS
Alice Chang Chao1, Érica Caroline Carvalho Martines 1, Franciele Gazola 2,
Graziela Rayciki Behne1 , Gladson Ricardo Flor Bertolini 3.
Introdução: A Reeducação Postural Global (RPG) foi descrita originalmente por Philippe
Emmanuel Souchard, em 1987. É um dos métodos que envolvem exercícios com
característica de contração muscular isométrica gerando alongamento global da cadeia
muscular, entre elas a respiratória. Conforme Rosário et al. (2004), a criadora da técnica
Méziéres percebeu que o encurtamento de um músculo cria compensações em músculos
próximos ou distantes. Portanto, a idéia do alongamento global é, em vez de alongar o
músculo isoladamente, alongar vários músculos organizados em cadeias. Como suspensores
do tórax, os músculos inspiratórios acessórios são tônicos, portanto, um dos princípios da
RPG é alongar esses músculos tônicos, insistindo na expiração, para que eles recuperem seu
comprimento, sua flexibilidade e, portanto, força ativa. Um tórax que abaixa livremente pode,
em seguida, elevar-se com maior amplitude, aumentando assim as trocas. Existem relatos
publicados de que quadros clínicos de fraqueza ou fadiga muscular respiratória podem
favorecer significativamente a presença de falência respiratória, aguda ou crônica. A fraqueza
muscular torna o músculo incapaz de gerar tensão, produzindo assim o desenvolvimento de
pressão e movimentos anormais durante a respiração. Todas as posturas do método de RPG
permitem o alongamento da cadeia muscular respiratória. O alongamento é conseguido
devido à participação do paciente em suas próprias correções e contrações isométricas em
posições cada vez mais excêntricas dos músculos encurtados. O aumento de força muscular
em função do alongamento deve-se possivelmente à melhor interação entre os filamentos de
actina e miosina, em virtude do aumento do comprimento funcional do músculo. A
reeducação da respiração interfere diretamente no trabalho e na ação muscular respiratória e,
uma das maneiras de quantificar os efeitos desta técnica terapêutica consiste na mensuração
da força muscular respiratória por meio de um manovacuômetro introduzida em 1969 por
Black e Hyatt. Esse instrumento mede quantitativamente a função dos músculos respiratórios
pela pressão respiratória estática máxima gerada na boca, após inspiração e expiração
completas, Pressão Inspiratória máxima (PImáx) e Pressão Expiratória máxima (PEmáx),
respectivamente. A PImáx mede a força desenvolvida pelos músculos inspiratórios em
conjunto, enquanto a PEmáx é uma medida que indica a força dos músculos abdominais e
intercostais. A PEmáx é a mais alta pressão que pode ser obtida no esforço respiratório
_________________________
1
Discentes do 5º ano do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
2
Discente do 4º ano do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Email: [email protected]. Fone: (45)99785896
3
Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
forçado contra a via aérea ocluída, é medida a partir da capacidade pulmonar total (CPT); já a
PImáx é medida a partir da posição de expiração máxima, quando o volume de gás contido
nos pulmões é o volume residual (VR). Objetivo: Avaliar o efeito do método de Reeducação
Postural Global (RPG) na força muscular respiratória em indivíduos saudáveis. Materiais e
métodos: Estudo de ensaio clínico desenvolvido na Clínica de Fisioterapia da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Instituição. Foi realizado com dez indivíduos do gênero feminino, saudáveis e sedentários,
não tabagistas, idade 21,63 ± 2,13 anos. A intervenção foi constituída por um programa de
alongamento da cadeia muscular respiratória do método de RPG nas posturas conhecida como
Rã Horizontal (rã no chão) e Rã Ortostática Sustentada (em pé contra parede) com duas
sessões semanais durante três semanas. A postura de rã horizontal é realizado com o indivíduo
em decúbito dorsal com os membros superiores abduzidos em 45º e palmas das mãos voltadas
para cima, quadris retrovertidos, membros inferiores em flexão com abdução e rotação
externa de quadril, joelhos fletidos e pés com as regiões plantares em contato uma com a outra.
Durante a evolução desta postura, o indivíduo realiza contrações isométricas excêntricas e
concêntricas de grupos musculares localizados na região anterior e posterior de tronco e
membros inferiores. Durante todo o processo, o indivíduo realiza o realinhamento da cabeça.
A segunda postura é conhecida como Rã Ortostática Sustentada (RAOS), o indivíduo
permanece em posição ortostática, em tensões excêntricas, concêntricas de grupos musculares
encontrados no tronco, cabeça e nos membros inferiores. Nessa postura, o indivíduo fica com
o dorso em contato com a parede, membros superiores ao longo do corpo em leve abdução,
olhar ao horizonte, membros inferiores em semi-flexão de quadril, joelhos em abdução e
rotação externa e pés em abdução de 15º com contato de calcâneos. O trabalho iniciou-se com
posições de menor tensão da cadeia, evoluindo no grau de alongamento, respeitando a
condição individual de cada paciente, até chegar ao máximo de evolução. Portanto, a duração
da manutenção da postura foi progressiva: 10 minutos na primeira e na segunda sessão, 12
minutos na terceira, 15 minutos na quarta, 17 minutos na quinta e 20 minutos na sexta e
última sessão. As participantes foram submetidas a quatro avaliações das pressões
respiratórias máximas (PImáx e PEmáx) por meio da manovacuometria; a primeira foi
realizada uma semana antes da aplicação do método RPG, a segunda, um dia antes da
primeira intervenção, a terceira foi imediatamente ao final da última intervenção e a quarta
uma semana após a última intervenção. As pressões respiratórias foram medidas com um
manovacuômetro (Gerar®), com intervalo operacional de ±300 cmH2O. Todas as medidas
foram coletadas sob comando verbal homogêneo, sendo realizadas com as voluntárias
sentadas, estando o tronco em um ângulo de 90 graus com as coxas, cadeira com encosto em
aproximadamente 90 graus, os pés apoiados e os membros superiores sem apoio, a cabeça foi
mantida em posição neutra e fixa e com as narinas ocluídas por um pinça nasal. Antes da
avaliação, cada voluntária foi instruída pelo avaliador e foi orientada a realizar uma inspiração
máxima contra válvula ocluída partir do volume residual, para a mensuração da PImáx. Para a
determinação da PEmáx, a voluntária realizava uma expiração máxima a partir da capacidade
pulmonar total, contra a referida válvula. Cada voluntária executou cinco manobras de
inspiração e expiração máximas, sustentados por pelo menos 2 segundos, com valores
próximos entre si (≤10%) e o maior valor entre as manobras reprodutíveis foi selecionado
para o estudo. Resultados: Os valores da primeira e da segunda avaliação não apresentaram
alterações significativas entre elas (p>0,05). Já entre a segunda e a terceira avaliação, foi
observada uma melhora significativa da PImáx (de -40 ± 7,07 para 52,50 ± 8,45cmH2O) e da
PEmáx (de 64,38 ± 12,37 para 85,63 ± 14,00cmH2O). Em relação à terceira e à quarta
avaliação, também não houve alterações significativas entre os valores das pressões
respiratórias (p>0,05). Conclusão: concluiu-se que o método RPG promoveu efeitos positivos
na força muscular respiratória elevando significativamente os valores das pressões
respiratórias máximas (PImáx e PEmáx) medidos por meio da manovacuometria.
Palavras chaves: Músculos respiratórios, força muscular, reeducação postural global,
manovacuometria.
Referências:
1. Mota YL, Barreto SL, Bin PR, Simões HG., Campbell CSG.. Respostas cardiovasculares
durante a postura sentada da Reeducação Postural Global (RPG). Rev. bras. fisioter.
2008;12(3):161-8.
2. Neder JA, Andreoni S, Lerario MC, Nery LE. Reference values for lung function tests: II.
Maximal respiratory pressures and voluntary ventilation. Braz. J. Med. Biol. Res.1999; 32
(6):719-27
3. Souchard PE. RPG: fundamentos da reeducação postural global. 1.ed. São Paulo: É
Realizações; 2003.
4. Souza RB. Pressões respiratórias estáticas máximas: Diretrizes para testes de função
pulmonar. J. bras. pneumol. 2002;28 supl.3:155-65.
5. Fozatti MCM, Palma P, Herrmann V, Dambros M. Impacto da reeducação postural global
no tratamento da incontinência urinária de esforço feminina. Rev. Assoc. Med. Bras.
2008;54(1):17-22.
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