Resumo do texto Matrizes Conceituais do Discurso Educacional

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Resumo do capítulo: “Matrizes Conceituais do Discurso Educacional”
Autores: estudantes do 5º p Pedagogia 1/ 2013
Correção e sistematização: Profa Maira Alvarenga de Souza
Neste capítulo, o autor realiza uma reflexão procurando reestabelecer o
lugar dos discursos pedagógicos/ educacionais em sua relação com a Filosofia
e a Ciência. Neste sentido, faz uma crítica pelo modo como veio se articulando
historicamente estas duas áreas do conhecimento à área educacional nos
trazendo novas possibilidades de refletir sobre a Pedagogia como área do
conhecimento.
A relação entre Filosofia e Educação
Segundo Carvalho (2001),
“Até fins do século XIX, as reflexões sistemáticas voltadas para as
práticas e os objetivos educacionais fundamentavam-se, de forma
generalizada, em doutrinas e concepções filosóficas. É nesse sentido,
por exemplo, que podemos falar de uma concepção de educação em
Platão ou em Rousseau. [entretanto] O que encontramos nesses
autores não são esforços que visam à compreensão específica e
sistemática de práticas correntes ou da diversidade de formas e
objetivos pelos quais se educa. Ao contrário, esses discursos
caracterizam-se fundamentalmente por se constituírem em um
conjunto articulado de reflexões sobre os ideais que devem reger
os processos educacionais, vinculando-os às concepções
filosóficas sobre grandes temas como a natureza humana, a vida em
sociedade e os fundamentos da ética e do conhecimento. [no
discurso pedagógico, percebe-se portanto a tendência, errônea,
a inferir que], (...), a cada sistema filosófico corresponderia uma
determinada “teoria da educação”, “deduzida” dessas
concepções ou desses ideais. (CARVALHO, 2001, p.13)
O autor inicia suas reflexões apresentando e criticando o modo como
historicamente se constituiu a relação entre a Pedagogia e a Filosofia,
transpondo as reflexões subjacentes ao pensamento dos grandes filósofos à
constituição de teorias educacionais.
1
Exemplifica o modo como esta transposição vem sendo feita pela
Filosofia da Educação, por meio da dedução de preceitos educacionais das
reflexões filosóficas e aplicação destes preceitos à educação. a partir de uma
citação do filósofo da educação George Kneller, o qual defende que:
[M1] Comentário: Desse modo faz uma
crítica a Kneller, discordando dele,
portanto
“A filosofia educacional depende da filosofia formal, porque quase
todos os grandes problemas da educação são, no fundo, problemas
filosóficos. Não podemos criticar os ideais e as diretrizes
educacionais existentes, nem sugerir novos, sem atentar a problemas
filosóficos de ordem geral, tais como a natureza da vida boa, que é
um dos alvos da educação; a natureza do próprio homem, porque é o
homem que estamos educando; a natureza da sociedade, porque a
educação é um progresso social; e a natureza da realidade suprema,
e todo conhecimento procura penetrar (...). O filosofo educacional
pode estabelecer tais teorias deduzindo-as da filosofia formal e
aplicando-as a educação.” (KNELLER, 1966, p.37 apud
CARVALHO, 2001, p. 16, grifos nossos)
Deste modo, o autor critica os filósofos da educação que procedem na
perspectiva da transposição, dizendo que
“como diferentes doutrinas filosóficas elaboram distintas redes
conceituais relativas a essas questões, a cada “ posição filosófica”
deveria corresponder uma “posição pedagógica ... [deste modo, os
filósofos da educação e teóricos afins] forjaram, assim, ainda que não
necessariamente fosse essa sua intenção, um certo modelo do que
seria um discurso pedagógico – ou uma teoria da educação derivando-o e vinculando-o ao estabelecimento de objetivos e
procedimentos da ação educativa a partir de uma determinada
visão de homem, de valores e de sociedade, quase sempre sob a
égide da reflexão filosófica.“ (CARVALHO, 2001, p.14)
Segue, ainda, criticando a estreita correlação que tais teóricos
estabelecem entre pressupostos e programas educacionais, questionando:
Em que medida, por exemplo, apresentar a natureza humana como
sendo boa, mas corrompida pela vida social, pode implicar ou
condicionar uma visão do que deve ser a pratica educativa? A partir
da aceitação desse principio ou crença, não poderíamos sugerir fins e
mesmo procedimentos não só muito distintos, mas até conflitantes
entre si? (CARVALHO, 2001, p.18-19)
De outro lado, afirma que a filosofia pode auxiliar na reflexão
educacional,
“pois (...) certas escolhas fundamentais relativas à tarefa de educar
exigem posicionamentos valorativos e programáticos que
ultrapassam em muito a posse de dados sobre a eficácia de um
2
[M2] Comentário: Portanto discorda
determinado modo de trabalho para a aprendizagem de certas
habilidades, capacidades ou informações. Elas exigem reflexões
sistemáticas no âmbito dos valores e objetivos educacionais e na
busca de elucidação de conceitos fundamentais para o contexto
escolar, tais como os de “ensino”, “compreensão”, “capacidade
crítica”, etc., tarefas tradicionalmente ligadas à reflexão filosófica. É
evidente que essas observações são extensivas às decisões
educacionais amplas, como as veiculadas em políticas públicas de
educação” (CARVALHO, 2001, p. XXX)
Mas sempre lembrando que
“o objetivo de uma obra teórica em educação não é apenas obter
um quadro descritivo confiável ou mera compreensão de
determinada situação, mas também apontar para uma diretriz de
ação educacional ou mesmo veicular um determinado programa
pedagógico.” (CARVALHO, 2001, p. 22, grifo nosso)
Em síntese, o autor destaca que a Filosofia é uma importante área do
conhecimento para a educação, à medida em que nos informa conceitos e
outras instrumentos para refletirmos sobre nossas práticas alertando que o
conhecimento filosófico não pode ser meramente transposto e se tornar um
discurso educacional/ pedagógico. A teorização em educação exige que
pensemos no campo da ação, indicando diretrizes e criando programas que
orientem as práticas educacionais.
A relação entre Ciência e Educação
Segundo Carvalho (2001), algumas obras de Durkheim tem-se voltado a
estudos educacionais a partir do séc XX. No decorrer de seu pensamento,
compreende-se que a área de sociologia foi sendo substituída pelas influências
de outras perspectivas como as teorias da psicologia do desenvolvimento, que
teve grande contribuições e se tornou a base para estes estudos. Até hoje
percebe-se a presença e a participação da psicologia ligada aos estudo da
sociedade, do comportamento e da educação.
Certas investigações em sociologia ou em psicologia da educação
podem ter como objetivo ampliar o conhecimento de algum aspecto
da realidade educacional, inclusive com a esperança de que tal
3
[M3] Comentário: Não foi indicado o
número da página
conhecimento possa vir a ter aplicação na prática. (CARVALHO,
2001, p. 32)
Na citação abaixo, o autor vem nos mostrar a importância das teorias e
investigações em sociologia e psicologia, fazendo com que o educador amplie
seus conhecimentos. Assim pretende-se que esses conhecimentos sejam
aplicados em suas praticas cotidianas na realidade escolar.
Ainda que as pesquisas psicológicas se debrucem sobre questões
relativas ao desenvolvimento cognitivo e à aprendizagem, quando o
fazem a partir de perspectivas e interesses psicológicos gerais, elas
incidem sobre esses aspectos em contexto não escolares. É evidente
que, em Piaget e em outros psicólogos do desenvolvimento, as
questões relativas aos processos de desenvolvimento cognitivo, à
inteligência e mesmo à aprendizagem são colocadas em abstração
das instituições escolares. Não lhes interessa, em geral,
aprendizagem de capacidades, valores ou fatos tipicamente ligados à
cultura escolar nem à sua aprendizagem como fruto específico da
exposição a essas instituições. Ao contrário, o que se busca em tais
pesquisas ou teorias são grandes traços gerais desses aspectos.
(CARVALHO, 2001, p. 34)
A pedagogia em si detalha características que vão muito além de uma análise
apenas do desenvolvimento cognitivo, o professor é capaz em sua prática de
descrever, avaliar, julgar e conhecer as diferenças entre uma criança e outra,
ainda que ambas estejam em níveis de desenvolvimento próximo. Desse
modo, o autor defende que a psicologia tenta compreender questões de
perspectiva psicológicas e não de perspectiva educacional (voltada para as
demandas escolares).
“o fato é que tais investigações sobre aspectos da educação tem sido
realizados até hoje, sobretudo a partir de diversas disciplinas, como a
sociologia, a psicologia, a história, a antropologia,etc., e não a partir
de uma disciplina autônoma denominada ‘ciência da educação...
[desse modo] a educação parece constituir-se mais como uma área
ou campo de estudo e interesse de várias disciplinas do que como
uma disciplina independente ou autônoma com seus conceitos.”
(CARVALHO, 2001, p. 30)
Assim, o autor compreende a educação como objeto de estudo de várias
disciplinas a educação não é considerada uma área ou campo de estudo
autônomo. De outro lado, não há um estudo psicológico voltado para embasar
os discursos pedagógicos, mas sim uma transposição das teorias psicológicas,
em especial das teorias construtivistas, para a compreensão de situações
4
pedagógicas que acaba por legitimar cientificamente estes discursos, pois que
“uma análise do discurso educacional construtivista (...) parece ser o exemplo
mais marcante dessa tendência a imprimir nos discursos pedagógicos uma
alegada base científica psicológica” (Carvalho, 2001, p.30)
Entretanto, apresenta aspectos que apontam a inconsistência de tal
transposição
a descrição de duas crianças, do ponto de vista da psicologia do
desenvolvimento pode corretamente apresentar dados muito
parecidos entre si, supondo que ambas estejam em níveis de
desenvolvimento próximos. No entanto, a descrição dessas mesmas
crianças feita por um professor pode, a partir de sua relação
institucional com elas, apresentá-las como alunos radicalmente
diferentes. Os critérios pelos quais um professor descreve, avalia,
julga, ou seja, conhece um aluno podem até envolver dados sobre
seu desenvolvimento cognitivo, mas estão longe de caracterizar-se
primordialmente por eles (CARVALHO, 2001, p.34-36)
Isto porque
“(...) é preciso ressaltar que a especificidade de sua condição de
aluno não pode ser reduzida a nenhum desses aspectos, nem
tampouco sua compreensão ser lograda através da simples adição de
várias perspectivas, sem levar em consideração o contexto social em
que ele, como criança, se constitua como aluno, um novo ser, com
novas relações sociais (...) . em que medida, por exemplo, a simples
compreensão desses aspectos gerais em uma perspectiva do
individuo pode ser elucidativa do processo de aprendizagem dos
conteúdos, das capacidades e dos valores específicos da escola, no
qual a criança se situa em um contexto de ensino coletivo, e não de
preceptorado individual? (” (CARVALHO, 2001, p.35)
Deste modo, é possivel percebemos que a psicologia e a pedagogia (ou
os discursos pedagógicos, como se refere o autor, apresentam sujeitos
epistemológicos distintos que , portanto, exige conhecimentos distintos para
explicá-lo.
Segundo o autor, entretanto, as teorias ou projetos construtivistas para a
educação, não trazem uma linha de investigação empírica que se debruça com
seus procedimentos sobre problemas escolares em sua complexidade e o
discurso educacional construtivista é, antes, uma tentativa de apropriação de
certos resultados e de certa aplicação de uma investigação psicologica em um
campo distinto, que é o da educação escolar.
5
[M4] Comentário: Ver a questão da
epistemologia e metodologia
Deste modo, compreende que o construtivismo educacional, com sua
perpectiva psicologica, afasta o contexto e os problemas característicos das
escolas e produz uma teoria pedagógica supostamente centrada na criança e
em seu desenvolvimento, mas esquecida do professor, do aluno e da própria
escola.
Na conclusão de suas argumentações, carvalho (2001) defende que
a educação, em particular a educação institucional e escolar, nao
constitui uma ciência em um campo autônomo do conhecimento, mas
uma arte-prática. Nessa condição, ela não só pode apoiar suas açoes
em estudos cientificos de seus diferentes elementos constitutivos,
como também ser objeto das mais variadas abordagens que
permitem conhecer tais elementos em maior profundidade
(CARVALHO, 2001, p. 38)
Assim , podemos compreender que a educação é um fenômeno
complexo que não se configura em um campo único de conhecimento,
a esse respeito, Scheffler acertadamente assinala que o fato de
existir o "domínio da educação” (...) não implica a existência, positiva
ou presumida, de uma disciplina ou de um ramo de investigação
científica próprio e exclusivo desse domínio como no caso das
relações entre o domínio social e a sociologia". (CARVALHO, 2001,
p.29)
O autor refere que a compreensão da educação como objeto de estudo
se dá pelo estudo de disciplinas e de perspectivas teóricas diferentes. São
vários os caminhos possíveis para o entendimento deste objeto de estudo
posto que, ainda, na educação os atores envolvidos no processo têm muito a
contribuir, como no caso, o olhar do professor sobre seu aluno.
Por mais que haja várias teorias que trazem justificativas para as
“deficiências” na escola e o entendimento do sujeito aluno, acreditamos que o
caminho esta dentro do contexto escolar. Como aplicar em um aluno fórmulas
prontas e desconsiderar a sua realidade? Quem melhor para entender o aluno
do que o professor? Os problemas relativos aos alunos e a escola são
compreendidos dentro do contexto da mesma, reavaliando o trabalho,
pensando em maneiras de superar as dificuldades. Classificar determinado
problema somente a um discurso psicológico ou a determinada ciência é
desconsiderar o objetivo e os atores da educação escolar.
6
[M5] Comentário: Não defende a
educação integral e nem o discurso
educacional fora da perspectiva racional.
Em suma, percebemos, a partir da leitura do texto que, o conhecimento
teórico que incide sobre o objeto educação apresenta-se como transposição de
estudos de outras áreas adaptadas ao contexto educacional.
Carvalho (2001) defende a não existência de uma ciência específica
para educação. Os saberes da educação estariam sempre atrelados a teorias
filosóficas, psicológicas, sociológicas, epistemológicas gerais. Desta forma, por
exemplo, no Construtivismo Educacional as relações do discurso pedagógico
estão interligadas às investigações na área da Psicologia do Desenvolvimento
e que áreas de investigações como a Psicologia da Educação e a Sociologia
tem como objetivo ampliar o conhecimento da realidade educacional.
Porém, é necessário proceder a uma análise dos pressupostos desta
psicologização que ocorre no discurso educacional, como a compreensão de
que as ações relacionadas a uma criança dependem do contexto em que está
inserida, da especificidade de sua condição de aluno.
Segundo o autor o discurso pedagógico deve abranger estudos
sistemáticos sobre os procedimentos de ensino e aprendizagem das
instituições educacionais, reforçando a idéia da necessidade em desenvolver
procedimentos adequados e
eficazes. Fatores como a aprendizagem de
capacidades, valores ou fatores ligados á cultura escolar devem ser
considerados a fim de viabilizar uma significativa renovação na idealização de
novos planos e práticas educacionais.
Referência
CARVALHO. Jose Sérgio Fonseca de. Construtivismo: uma pedagogia
esquecida da escola. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001, p.13 a 39
7
[M6] Comentário: E não critica
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