exercício e diabetes

Propaganda
EXERCÍCIO E DIABETES
Todos os dias ouvimos falar dos benefícios que os exercícios físicos
proporcionam, de um modo geral, à nossa saúde. Pois bem, aproveitando a
oportunidade, hoje falaremos sobre a Diabetes, e como a atividade física pode ajudar
na prevenção e no seu tratamento.
A Diabetes vem aumentando em grandes proporções a nível mundial devido
principalmente ao aumento da obesidade e do sedentarismo em todo o mundo.
Para termos idéia de sua gravidade, vamos entender o que é a Diabetes.
Diabetes é uma doença que pode ter várias causas. Geralmente ocorre por
falta da insulina ou por incapacidade dessa insulina agir no organismo.
A insulina é o hormônio responsável por colocar a glicose que ingerimos e/ou
fabricamos para dentro das células. Quando ela não se apresenta em quantidade
suficiente ou não consegue agir da forma correta, a glicose não penetra nas células e
se acumula no sangue. Como glicose é açúcar, a diabetes é também conhecida como
açúcar no sangue ou hiperglicemia.
1
O acúmulo de açúcar no sangue pode trazer inúmeras complicações e afetar
órgãos importantes, como olhos, rins, nervos, e os próprios vasos sanguíneos. Essas
alterações são cumulativas e irreversíveis, podem evoluir cada vez mais, chegando a
causar visão turva e até mesmo cegueira, insuficiência renal, gangrena, amputação de
membros, infarto, derrame.
Essas complicações ocorrem 7 (sete) vezes mais nos diabéticos do que nas
pessoas que não tem a doença.
Existem vários tipos de Diabetes, porém dois deles são os mais freqüentes.
O tipo 1, também chamado de Diabetes insulino-dependente, ocorre quando o
organismo não produz a própria insulina.
Existe também a Diabetes tipo 2, que ocorre quando a insulina é produzida
pelo organismo, mas não tem a capacidade de agir como deveria, ou seja, não coloca
a glicose para dentro das células.
O tipo 2 de Diabetes é a forma mais freqüente de apresentação da doença, e
tende a aumentar com a idade (20% das pessoas acima dos 75 anos têm Diabetes do
tipo 2).
Há grande influência genética (filhos de diabéticos têm40% de chance de ter a
doença). O fator genético, associado às dietas hipercalóricas, à obesidade, ao
sedentarismo e ao avanço da idade, favorece o desenvolvimento da diabetes tipo 2.
Os sintomas aparecem apenas quando o nível de glicose no sangue está
elevado. O que ocorre é que parte da glicose acumulada na corrente sanguínea é
eliminada pela urina e carrega muita água. Com isso, existe um aumento da diurese
(excesso de urina), sede, emagrecimento, fraqueza e fome. Geralmente nas crianças
os sinais aparecem de forma mais acelerada, enquanto no adulto, a doença pode ser
assintomática por anos.
Mesmo nas pessoas em que a glicemia ultrapassa os níveis normais apenas
após as refeições, pode haver associação com doenças coronarianas (DAC). Nessa
situação a falta de controle da obesidade, do sedentarismo e de infecções, podem
levar à Diabetes clássica.
1
2
Por isso, o diagnóstico precoce é importante
visando, principalmente, a
prevenção das complicações. A visita ao médico e os exames adequados devem ser
feitos periodicamente nas pessoas que apresentam risco para a doença.
Nas pessoas com obesidade central (acúmulo de gordura no abdômen) o risco
é maior, pois há uma tendência a agravar a dificuldade da ação da insulina, que é o
fator determinante no aparecimento do diabetes, pois o tecido adiposo central produz
substâncias que comprometem a secreção e a atuação desse hormônio.
É sempre importante atenção nas doenças chamadas silenciosas, como a
Diabetes, e cuidados gerais são sempre bem-vindos. Esses cuidados incluem a
mudança no estilo de vida (exercícios, alimentação e controle do açúcar do sangue),
evitar o fumo, cuidar da higiene, tratar as lesões de pele. O uso de calçados especiais
e a inspeção diária dos pés previnem lesões cutâneas que poderiam chegar ao quadro
de gangrena.
A visita periódica ao médico é muito importante também para garantir o
controle da doença.
No tratamento da Diabetes são usadas drogas, dependendo do tipo da doença
que cada um apresente. São drogas especiais para cada caso, e vão desde a insulina
aos medicamentos hipoglicemiantes orais, passando por dietas e mudanças de
hábitos.O controle de peso corporal e a prática de exercícios físicos são fundamentais
no sucesso terapêutico.
Os
exercícios
físicos
adequados
proporcionam
importantes
alterações
metabólicas, neuroendócrinas e cardiovasculares, contribuindo para a prevenção,
redução e reversão das alterações metabólicas presentes nos diabéticos e
melhorando a qualidade de vida desses indivíduos.
Existem com isso, diminuição das complicações crônicas, melhoria no controle
dos fatores de risco para doenças coronarianas (como redução da pressão arterial,
redução do peso corporal, melhoria dos níveis de colesterol e melhoria da saúde dos
vasos e capilares).
2
3
O aumento da capacidade física está diretamente relacionado à melhoria dos
fatores de risco para a diabetes e à redução da resistência à insulina. Isso significa
dizer que com o exercício físico, a insulina consegue agir de forma mais eficiente.
Nos diabéticos do tipo 1 (insulino-dependentes), os exercícios não conseguem
estimular a produção de insulina, porém têm a capacidade de favorecer a ação da
insulina usada como droga (medicamento), melhorando a entrada de glicose nas
células. Com isso, existe a possibilidade de haver uma adaptação da dose de insulina
administrada no repouso e nos exercícios. É importante lembrar que as atividades
físicas nos diabéticos tipo 1 só deverão ser realizadas quando os níveis de glicose
estiverem controlados.
Já nos diabéticos do tipo 2, nos exercícios realizados após as refeições, os
níveis de glicose podem se manter normais, por um período de até 5h após a
realização das atividades, mesmo com a administração de drogas hipoglicemiantes.
Nesse grupo, os tecidos conseguem captar a insulina com mais facilidade por até 24h
após os exercícios. Até mesmo nas pessoas obesas que realizam exercícios leves por
30 min, pode haver diminuição nas doses dos hipoglicemiantes orais ou insulina.
Os exercícios de musculação também são importantes no controle da glicemia
nos portadores da Diabetes tipo 2.
Não esquecer que o exame médico pré-participação de atividade física é muito
importante. Nele é feito o diagnóstico e, se for o caso, o tratamento de possíveis
complicações associadas ao diabetes.
O recado mais importante de hoje é que a mudança do estilo de vida com mais
exercícios e com alimentação mais saudável diminui em 58% o desenvolvimento de
Diabetes do tipo 2, enquanto o uso preventivo apenas de drogas hipoglicemiantes
previne em torno de 31%.
3
4
SOBRE ESTE ARTIGO
Dra. Andréa Bello, médica com 20 anos de experiência nas áreas de Ortopedia
e Medicina do Exercício.
4
Download