UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE SAÚDE MESTRADO EM BIOLOGIA EXPERIMENTAL CLEONI ALVES MENDES DE LIMA ANÁLISE DA PCR EM PACIENTES SOB INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA DE TUBERCULOSE PULMONAR NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO-RO Orientadora: Profª. Drª. Maria Manuela da Fonseca Moura Professora Adjunta - UNIR Porto Velho 2005 CLEONI ALVES MENDES DE LIMA ANÁLISE DA PCR EM PACIENTES SOB INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA DE TUBERCULOSE PULMONAR NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO-RO Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação – Mestrado em Biologia Experimental do Núcleo de Saúde da Universidade Federal de Rondônia/UNIR, como requisito para obtenção do Grau de Mestre em Biologia Experimental. Área de Concentração Genética Molecular. Orientadora: Profª. Drª. Maria Manuela da Fonseca Moura Porto Velho - Rondônia 2005 Catalogação Biblioteca Central / UNIR M5381a Mendes de Lima, Cleoni A. Análise da PCR em pacientes sob investigação diagnóstica de tuberculose pulmonar no município de Porto Velho / Cleoni Alves Mendes de Lima ; Orientadora Maria Manuela da Fonseca Moura. – Porto Velho, 2005. xv, 75 p. Dissertação (Mestrado) Fundação Universidade Federal de Rondônia, 2005. 1. Tuberculose pulmonar – diagnóstico – Porto Velho 2. PCR - análise I. Titulo CDU: 616.24-002.5(811.1) BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Profª. Drª. Maria Manuela da Fonseca Moura, Presidente Universidade Federal de Rondônia ______________________________________________ Prof.ª Drª. Júlia Ignez Salem, Membro Externo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia ______________________________________________ Dr. Adalberto Rezende Santos, Membro Externo Fundação Oswaldo Cruz Julgada em: 07 de Junho de 2005 Para Sirlei, Corina e Daniel AGRADECIMENTOS À Deus pela condução em minha vida. À minha orientadora Profª. Drª. Maria Manuela da Fonseca Moura, pela oportunidade e confiança. Aos Professores que contribuiram para que esse trabalho fosse realizado: Prof. Dr. Adalberto Rezende Santos/FIOCRUZ/RJ Prof. Dr. Afrânio Lineu Kritski/UFRJ/RJ MSc. Joseane da Fonseca Costa/UFRJ/RJ Profª. Drª. Júlia Ignez Salem - INPA/AM MSc. Maurício M. Ogusku - INPA/AM Aos Professores: Profª. Drª. Ana Lúcia Escobar - UNIR/RO e Prof. Dr. Juan Miguel Vilallobos Salsedo - CEPEM/UNIR/RO sempre colaborando. Aos técnicos do Laboratório de Micobacteriologia do INPA/AM: Sr. Francisco e Sr. Raimundo e aos colegas: Francisco Duarte, Alita, Clarice e Mari pela grande contribuição. À Ednéa, secretária do Mestrado em Biologia Experimental pela dedicação e presteza. À Rosimere, secretária do Centro de Estudo de Saúde do Índio/CESIR/UNIR Às minhas amigas Danielle Calixto, Najla e Socorro, sempre presentes. Ao Laboratório Central de Rondônia - LACEN na pessoa de Mirlene Morais de Souza/Diretora , por permitir que parte da pesquisa fosse realizada nesta Instituição. À Danielle de Castro/LACEN/RO que muito contribuiu para que esta pesquisa fosse realizada, e aos demais colegas contribuidores Acilon, Eunice, Wilson e principalmente a Luzinete. Aos diretores do Centro de Medicina Tropical de Rondônia/CEMETRON pela permissão em permanecer na Instituição na coleta de amostras e dados. À diretora da Policlínica Osvaldo Cruz – Denise Oliveira Rezende. Ao médico Francisco Ivan Braga Faig pela orientação, contribuição no período da coleta. Aos profissionais do CEMETRON: Enfª Helena, Heléia, Ivanice pela colaboração constante. Aos profissionais da Policlínica Osvaldo Cruz: Eliane, Gracilene, Liar, Enfº Flávio, Enfªs Albanete, Elinete, Raimunda e aos médicos: Auristela, Rubens e Sara. Aos Profissionais da Secretaria Municipal de Saúde: Fabrícia, Ruth e Valmira. Aos Pesquisadores do IPEPATRO/CEPEM: Jefferson, Joana, Josileide, Marlene, Neida e Profª. Drª. Vera Engracia. À Sebastião Alves de Sena Neto - Secretaria Estadual de Saúde pela contribuição nos dados e as Coordenadoras do Programa de Tuberculose e Hanseníase: Carmel, Clenice, Jesus e Marlene. À Otilene e Silane que sempre apoiaram e colaboraram. À Glaucione, Regina e Sônia Battini pelo apoio. Aos colegas do Laboratório de Genética - Centro Interdepartamental de Biologia Experimental e Biotecnologia/CIBEBI: Adriana, Aracelly, Chirleide, Denise, Fabiano, Fábio, Francisca, Graciela, Leoniza, Ovídio, Rizelle, Roger e Rosiane. Aos clientes das Unidades de Saúde Policlínica Oswaldo Cruz e CEMETRON por ter cedido gentilmente o material para pesquisa. Quando você precisa tomar uma decisão e não a toma, está tomando a decisão de nada fazer. William James SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................. 17 1 A Tuberculose no Mundo.............................................................................................. 17 1.2 A Tuberculose no Brasil.......................................................................................... 19 1.2.1 Situação na região Norte e especificamente em Rondônia................................ 19 1.3 O Agente Etiológico da Tuberculose ..................................................................... 20 1.4 Transmissão ............................................................................................................ 22 1.5 Patogenia da Tuberculose....................................................................................... 23 1.6 Apresentação Clínica da Tuberculose................................................................... 23 1.6.1 Forma Pulmonar............................................................................................. 24 1.6.2 Forma Extra pulmonar.................................................................................. 24 1.7 O Diagnóstico Tuberculose.................................................................................... 25 1.7.1 Baciloscopia..................................................................................................... 27 1.7.2 Cultura ........................................................................................................... 28 1.7.3 Radiodiagnóstico ........................................................................................... 29 1.7.4 Prova Tuberculínica (PPD) ......................................................................... 29 1.7.5 Técnicas de Biologia molecular..................................................................... 31 1.8 O Tratamento da Tuberculose............................................................................... 33 2 OBJETIVOS................................................................................................................... 35 2.1 Objetivo Gerais......................................................................................................... 35 2.2 Objetivos Específicos............................................................................................... 35 3 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................... 36 4 PACIENTES E MÉTODOS......................................................................................... 37 4.1 Modelos de Estudo................................................................................................... 37 4.2 Período e Locais de estudo...................................................................................... 37 4.3 Procedimentos Éticos............................................................................................... 37 4.4 Processamento das amostras................................................................................... 38 4.4.1 Baciloscopia..................................................................................................... 38 4.4.2 Cultivo.............................................................................................................. 38 4.4.3 Análise pela PCR .......................................................................................... 39 4.4.3.1 Extração de DNA.......................................................................................... 39 4.4.3.2 Purificação.................................................................................................... 39 4.5 Amplificação do DNA bacteriano por PCR........................................................... 40 4.5.1 Cepa de Referência......................................................................................... 41 4.5.2 Controle Positivo de Amplificação ............................................................... 41 4.6 Detecção do produto amplificado........................................................................... 42 4.7 Análise dos Resultados............................................................................................. 42 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 44 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 63 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS.............................................................................. 65 ANEXOS............................................................................................................................ 71 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Distribuição dos casos notificados quanto à Forma Clínica da Tuberculose no estado de Rondônia, 2000 a 2004 ................................... 44 Tabela 02 - Distribuição dos casos quanto a Forma Clínica da Tuberculose no município de Porto Velho, 2000 a 2004 ...................................................... 45 Tabela 03 - Distribuição dos casos de Tuberculose em relação aos exames de cultura no estado de Rondônia, 2000 a 2004 .......................... 47 Tabela 04 - Distribuição dos casos notificados para Tuberculose em relação à cultura no município de Porto Velho, 2000 a 2004 .................. 48 Tabela 05 - Realização do RX em pacientes notificados para Tuberculose no estado de Rondônia, 2000 – 2004 ...............................................................48 Tabela 06 - Distribuição dos casos de Tuberculose quanto à realização do Teste de HIV no estado de Rondônia, 2000 a 2004............................... 50 Tabela 07 - Distribuição dos casos de Tuberculose quanto à realização do Teste HIV no município de Porto Velho, 2000 a 2004 ..............................51 Tabela 08 - Distribuição dos casos investigados para Tuberculose Pulmonar quanto a sexo e idade. ................................................................................ 52 Tabela 09 - Distribuição dos casos em estudo em relação ao PPD............................... 55 Tabela 10 - Distribuição dos casos em estudo em relação ao teste HIV...................... 60 Tabela 11 - Distribuição dos casos em estudo em relação ao BCG.............................. 60 Tabela 12 - Freqüência das manifestações clínicas entre os pacientes estudados...................................................................................................... 61 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Representação gráfica dos casos notificados quanto a baciloscopia no estado de Rondônia, 2000 a 2004 ............................................................... 46 Gráfico 2 – Representação dos casos de Tuberculose notificados em relação a baciloscopia no município de Porto Velho, 2000 a 2004 ........................ 46 Gráfico 3 – Distribuição dos exames de RX realizados no período de 2000 a 2004 no município de Porto Velho....................................................................... 49 Gráfico 4 – Distribuição dos casos investigados para Tuberculose quanto à renda... 53 Gráfico 5 – Distribuição dos casos investigados para Tuberculose quanto à escolaridade.................................................................................. 53 Gráfico 6 – Distribuição dos casos investigados para Tuberculose quanto à Tabagismo e ao Alcoolismo. ....................................................................... 54 Gráfico 7 – Representação gráfica da especificidade entre os diferentes testes laboratoriais utilizados para o diagnóstico de Tuberculose..................... 57 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Mapa - Taxa de incidência estimada 2003................................................... 18 Figura 2 -Análise eletroforética dos produtos da PCR da Região IS6110 123 bp em Gel de Agarose 1,5% ............................................................................... 56 LISTA DE ABREVIATURAS BAAR Bacilos Álcool-Ácido Resistentes dNTP Deoxinucleotídeos Trifosfato EE Escarro Espontâneo EI Escarro induzido FUNASA Fundação Nacional de Saúde IS Seqüência de inserção LBA Lavado Broncoalveolar LJ Löwenstein-Jensen MGIT Tubo Indicador de Crescimento Micobacteriano MS Ministério da Saúde OMS Organização Mundial de Saúde bp Pares de Base PCR Reação de Polimerização em Cadeia PPD Proteína Purificada Derivada de M. tuberculosis SDS Strand Displacement Amplification TB Tuberculose TB-MDR TB-Multidroga-Resistente RESUMO Dado a gravidade e facilidade de propagação, a tuberculose ainda é considerada um sério problema de saúde pública. Aproximadamente 80% dos pacientes com tuberculose estão em idade economicamente produtiva entre 15-49 anos. Em 2003 foram notificados em Rondônia 658 casos de tuberculose pulmonar e extra pulmonar, sendo, 343 casos em Porto Velho. Com baciloscopia negativa e não realizada foram registrados em 2003 e 2004, 343 e 284 casos respectivamente, perfazendo um total de 53,03% e 55,39% sem confirmação diagnóstica para tuberculose, uma vez que a cultura para o Bacilo de Kock em nosso Estado ainda não faz parte dos procedimentos da rotina na investigação diagnóstica para tuberculose. Embora o diagnóstico de probabilidade da tuberculose possa ser feito através de dados da história clínica e achados radiológicos, o diagnóstico definitivo ainda depende da baciloscopia e cultura para micobactéria. As técnicas de biologia molecular passaram a ser utilizadas para o diagnóstico de diversas doenças, inclusive para tuberculose, com a vantagem de poderem oferecer o resultado num tempo muito curto. Desta forma, uma das técnicas mais usadas, a PCR-Reação da Polimerase em Cadeia, é um precursor dos métodos baseados na biologia molecular que permite a detecção de quantidades mínimas de material genético. Com o objetivo de identificar a presença de bactérias do complexo M.tuberculosis em amostras clínicas respiratórias de pacientes sob suspeita e com diagnóstico clínico de tuberculose pulmonar, relacionamos os resultados de baciloscopia, cultura para micobactéria, padrão radiológico e clínica do paciente com análise por PCR. Foram analisadas 52 amostras de escarro em pacientes suspeitos e casos confirmados com Tuberculose Pulmonar, no período de junho a novembro 2004, com baciloscopia, cultura, radiografia e PCR. Das 52 amostras analisadas a técnica de PCR mostrou uma sensibilidade e especificidade de 100%, 96% respectivamente em relação a cultura, a baciloscopia 66% e 73% e o RX 66% e 70%. O resultado confirma uma boa sensibilidade do teste da PCR e sugere que pode ser utilizado para inclusão ou exclusão de pessoas suspeitas de apresentar Tuberculose Pulmonar, que ainda não foi confirmado bacteriologicamente, para tratamento. ABSTRACT Given to the deverity and easiness of propagation, tuberculosis is still considered a serious problem of public health. Approximately 80% of patients with tuberculosis are in economically productive age of 15-49 years. In 2003, 658 cases of pulmonary and extrapulmonary tuberculosis were notified in Rondonia, being, 343 cases in Porto Velho. Were registered in 2003 and 2004, 343 and 284 cases with negative baciloscopy and not realized baciloscopy, respectively, in a total of 53,03% and 55,39% without disgnostic confirmation for tuberculosis. It is known that culture for the Bacillus of Kock in our State is not part of the procedures of the routine in the disgnostic inquiry for tuberculosis. Although the presumptive diagnosis of the tuberculosis can be made through data of clinical history and radiological findings, the definitive diagnosis still depends on the baciloscopy and culture for mycobacterium. The techniques of molecular biology had been used to the diagnosis of many illnesses, also of tuberculosis, with the advantage to be able to offer the result in a very short period of time. So, one of the techniques most used, the PCR-Polymerase Chain Reaction, is a precursor of the methods based on the molecular biology that allows the detention of minimum amounts of genetic material. With the objective to identify the presence of bacteria of the M.tuberculosis complex in respiratory clinical samples of patients under suspicion and with clinical diagnosis of pulmonary tuberculosis, we relate the results of baciloscopy, culture for mycobacterium, radiological and clinical standard of the patient with analysis for PCR. Fifty-two samples of phlegm had been analyzed in patients suspicious and confirmed cases with Pulmonary Tuberculosis, in the period of June November 2004, with baciloscopy, culture, x-ray and PCR. In the 52 analyzed samples the PCR technique showed a sensitivity and specificity of 100% and 96%, respectively in relation to culture. Baciloscopy presented a sensitivity of 66% and specificity of 73% and x-ray 66% and 70%, respectively. Result confirms good sensitivity of PCR and suggests that inclusion or exclusion of suspicion people to present Pulmonary Tuberculosis can be determined, especially in not confirmed cases. INTRODUÇÃO 1.1 A Tuberculose no Mundo A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa crônica, e tem como agente etiológico o Mycobacterium tuberculosis, que é uma bactéria álcool-ácido resistente, aeróbica e de crescimento lento (BROOKS et. al., 1998). Cerca de 1,79 bilhões de pessoas, quase um terço da população mundial, estão infectadas pelo M. tuberculosis e sob risco de desenvolver a doença. Segundo Kuby, (2002) aproximadamente, 80% dos pacientes com tuberculose estão em idade economicamente produtiva entre 15-49 anos. Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a incidência mundial da Tuberculose é de 8,8 milhões de casos novos por ano, com aproximadamente a 52.000 mortes por semana ou 7000 por dia, o que pode indicar mais de 1.000 casos novos por hora, diariamente (WHO, 1997). Dado a gravidade e facilidade de propagação, a TB foi considerada por muito tempo um sério problema de saúde pública, sendo uma das mais comuns causas de morte entre adultos. A partir de 1970, com a introdução de esquemas terapêuticos de menor duração contendo rifampicina, acreditava-se efetivamente na erradicação da doença e a mesma deixou de receber a merecida importância pelos formadores de políticas públicas, cientistas e pela comunidade dos países desenvolvidos. Porém, com o advento da AIDS, ocorreu um aumento da incidência de TB associada ao vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) o que resultou num aumento do número de casos de tuberculose (RODRIGUES; SMITH, 1990; KOCHI, 1991). O diagnóstico da tuberculose em pacientes com AIDS é geralmente mais difícil que em pacientes imunocompetentes, pela rápida evolução e apresentação menos específica. Por isso, vários casos são diagnosticados tardiamente, e muitas vezes nem é possível chegar à confirmação diagnóstica (KRAMER et al., 1990). Tal fato, somado à elevada taxa de abandono ao tratamento, bem como o aparecimento da multidroga-resistência (MDR), levou a OMS em 1993, a reconsiderar a tuberculose como um problema de saúde pública em nível mundial (RAVIGLIONE et al., 1995; KRITSKI et al., 2000). Projeções matemáticas sugerem que até 2020, apesar de tratamento medicamentoso de elevada eficácia, 35 milhões de indivíduos morrerão devido a esta enfermidade no mundo, se não forem identificados novos métodos diagnósticos, novas vacinas, novos medicamentos e atividades mais apropriadas para o real controle do paciente com TB ativa e seus contatos (WHO, 2000). 1.2 A tuberculose no Brasil O problema da tuberculose no Brasil reflete o estágio de desenvolvimento social do país, onde os determinantes do estado de pobreza, a fragilidade na organização do sistema de saúde e as deficiências de gestão limitam a ação da tecnologia e, por conseqüência, inibem a queda sustentada das doenças marcadas pelo contexto social. No caso da tuberculose, duas novas causas concorrem para o agravamento do quadro: a epidemia da AIDS e a multirresistência às drogas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). No Brasil, em 2000 foram notificados 82.249 casos novos, sendo 38.690 no sudeste, 23.196 no nordeste, 9.281 no sul, 5.901 no norte e 3.522 centro-oeste (HIJJAR, 2001). 1.2.1 Situação na região Norte e especificamente em Rondônia Juntamente com a região Sudeste, a região norte é onde se encontra o maior coeficiente de incidência de Tuberculose, com predomínio na Amazônia onde no período entre 1992 e 1996, as taxas de incidência registradas foram de 54,5 e 64,2 por 100.000 habitantes. Enquanto que na região Sudeste, a incidência variou de 56,5 e 61,4 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). O estado de Rondônia apresenta uma taxa de incidência de 64,4/100.000 habitantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Em 2003 foram notificados 561 casos de tuberculose pulmonar e 85 casos extra-pulmonar, e 11 casos pulmonar e extra pulmonar. Destes 657 casos, a baciloscopia foi realizada em somente 503 pacientes (76,4%), dos quais, 308 (46,8%%) pacientes apresentaram baciloscopia positiva e 195 (29,64%) baciloscopia negativa. O exame de baciloscopia não foi realizado em um total de 154 pacientes (23,40%). Especificamente no município de Porto Velho, em 2003 foram notificados no total 343 casos de tuberculose, sendo 93 (27,11%) casos com baciloscopia negativa e 97 (28,28%) não realizadas (SESAU, 2004). Assim, um total de 190 pacientes (55,39%) em 2003 receberam tratamento de prova, uma vez que a cultura para o Mycobacterium tuberculosis ainda não faz parte dos procedimentos da rotina de na investigação diagnóstica, não havendo portanto, confirmação final dos casos notificados. 1.3 O Agente Etiológico da Tuberculose Pertence a Ordem Actinomycetales, Genero Mycobacterium, espécie Mycobacterium tuberculosis. O genero Micobacterium contém grande número de espécies, sendo que várias delas somente foram reconhecidas como espécies recentemente. Todas as espécies do gênero caracterizam-se por serem bacilos finos, retos ou ligeiramente encurvados (PELCZAR, 1981). São relativamente resistentes aos ácidos e álcalis. Provavelmente devido a grande quantidade e tipos de lipídeos complexos em sua parede celular. Calcula-se que 60% do peso da parede do M. tuberculosis é devido a presença de ácidos graxos e ceras ésteres de ácidos graxos. A velocidade de crescimento das micobactérias é bastante variável, o tempo de geração do M. tuberculosis é de 18 e 20 horas (BETHLEM, 1995). Runyon (1959), classificou as micobactérias em quatro grupos de acordo com a taxa de crescimento, produção de pigmento e característica morfológica. Os três primeiros foram designados por algarismos romanos e, para o quarto, foi usada a expressão “crecimento rápido”, uma vez que as micobactérias deste grupo formam colônias visíveis em menos de uma semana, enquanto que as dos outros grupos crescem lentamente. Fazem parte do Grupo I as micobactérias fotocromógenas, isso é, que produzem pigmento apenas em presença de luz. No grupo II têm-se as espécies escotocromógenas, que produzem pigmento quer na ausência ou na presença de luz. As espécies do grupo III são consideradas não cromógenas, pois geralmente não produzem pigmentos ou quando produzem, somente são visíveis em culturas envelhecidas. Vale ressaltar que as espécies M. tuberculosis, M. bovis, M. avium e M. marinum não estão inseridas em nenhum dos grupos da classificação de Runyon. Posteriormente e devido a algumas características morfológicas e fenotípicas, como também por razões operacionais, certas espécies foram agrupadas e definidas como “complexos”. Entre eles tem-se o “complexo tuberculosis” que inclui as espécies M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. microti e M. Canetti (BRASIL, 2001). Com exceção das espécies do “Complexo M. tuberculosis”, as demais são, na prática clínica, rotineiramente denominadas de micobactérias oportunistas, uma vez que freqüentemente causam infecções em indivíduos que estão com as defesas do organismo diminuídas devido a processos diversos, incluindo AIDS (TRABULSI, 2002). O M. tuberculosis é a principal bactéria deste complexo, patogênica para o homem. Casos de tuberculose humana devido a M. africanum e M. canetti já foram reportados, principalmente na África (SOOLINGEN, 1997). O M. bovis, agente etiológico de tuberculose bovina, também pode infectar o homem e outros animais. Informações sobre a tuberculose humana causada pelo M. bovis são escassas (COSIVI et al., 1998). Estudos na Argentina e Inglaterra reportaram que esta espécie é responsável por 0,4% a 1% dos casos de tuberculose humana (YATES 1988; BARRERA, 1997). Em muito países, a proporção de casos de tuberculose humana por M. bovis não é bem conhecida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Não existem dados sobre a incidência de tuberculose causada pelo M. bovis no Brasil. Esta espécie é naturalmente resistente a Pirazinamida (PZA), droga utilizada no tratamento da tuberculose humana, o que justifica a diferenciação destas espécies em determinados casos, principalmente quando houver evidência epidemiológica que justifique esta suspeita, ou quando houver falha na resposta ao tratamento com esquemas que incluem PZA. O genoma do M. tuberculosis tem 4,4 Mb, é rico em sequências de inserção (IS), sequências repetidas e famílias conservadas de multigenes. (COLE et al, 1998). O genoma compreende 4.411.529 bp e tem uma taxa média de G+C de 65.6%, embora algumas áreas com índice excepcionalmente elevado, detectando até 80% de G+C, para corresponder a uma família do gene (COLE et al, 1999). 1.4 Transmissão da Tuberculose A transmissão do M. tuberculosis é causada pela dispersão de gotículas no ar proporcionadas por um paciente com tuberculose pulmonar ao tossir, falar, cantar ou espirrar. Em geral, as secreções desses pacientes contêm bacilos álcool ácido resistentes (BAAR) que são visualizados no exame microscópico da amostra de escarro. Uma simples tossida pode produzir mais de 3.000 dessas gotículas, que podem permanecer em suspensão no ar por pelo menos 30 minutos após a tosse. O núcleo dessas gotículas contém um ou mais bacilos da tuberculose, com menos de 5μm de diâmetro, permanecem em suspensão no ar e, quando inaladas, podem alcançar o alvéolo pulmonar. A transmissão geralmente ocorre em áreas fechadas, pouco ventiladas. A luz solar direta inativa os bacilos, mas eles podem sobreviver na penumbra ou num ambiente úmido por várias horas e mesmo por dias. Em ambientes fechados e com pouca ventilação, habitados por muitas pessoas, eles podem facilmente causar infecção. Uma vez que o bacilo de Koch alcança os pulmões e penetra nos alvéolos, ele se multiplica. Durante as quatro semanas sequintes, o organismo ativa mecanismo de defesa do hospedeiro, por meio de células que conseguem circundar e destruir as bactérias. O avanço da doença pode ser impedido pelos linfonodos, ou as bactérias podem passar para a circulação geral e atingir outras partes do corpo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). O hospedeiro normalmente desenvolve mecanismos de defesa específicos e, na grande maioria dos casos, o processo termina num equilíbrio entre o hospedeiro e o patógeno. As pessoas infectadas são reservatório da tuberculose. Algumas delas (5 a 10%) vão desenvolver a doença. Estima-se que um indivíduo bacilífero não diagnosticado e não tratado possa infectar entre 10 a 15 pessoas por ano (MURRAY et al., 1990, 1993). 1.5 Patogenia da Tuberculose A integridade do sistema imunológico é o elemento central de proteção. Outros elementos como a virulência da cepa infectante e o tamanho da dose inalada têm papel importante na patogenia. Somente pessoas com o sistema imunológico deficientes, aproximadamente 10% dos infectados, vão desenvolver a doença ativa. Dentre esses, cerca da metade vai adoecer nos cinco primeiros anos seguintes à primo infecção, casos esses denominados tuberculose primária. O restante adoecerá após os cinco anos, e são os casos de tuberculose pós- primária. Os casos de tuberculose secundária podem ocorrer devido aos bacilos da primo-infecção que permanecem em estado de latência, mas que posteriormente se tornam ativos e começam a se multiplicar, produzindo a doença por meio da reativação endógena ou uma nova infecção - reinfecção exógena, que pode ocorrer desde o os cinco anos após a primo infecção até o final da vida. (BRASIL, 2004). 1.6 Apresentação Clínica da Tuberculose 1.6.1 Forma Pulmonar As manifestações clínicas podem variar e dependem da interação entre hospedeiro, bacilo e ambiente. A forma pulmonar é a apresentação clínica mais freqüente, representando cerca de 80% do total de casos. O sintoma mais freqüente é a tosse. Pode ser inicialmente seca, e posteriormente produtiva. A expectoração pode ser mucóide ou purulenta. O dado que mais chama a atenção na maioria dos casos é a febre vespertina, sudorese noturna, anorexia, dor torácica, hemoptise (DUNLAP et al, 2000). Segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica, (2002), os doentes com tuberculose pulmonar podem ser classificados conforme a seguir: 1. Tuberculose Pulmonar positiva - quando apresentam: Duas baciloscopias diretas positivas; Uma baciloscopia direta positiva; Uma baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de tuberculose; Duas ou mais baciloscopias diretas negativas e cultura positiva; 2. Tuberculose pulmonar negativa-quando apresentam: Duas baciloscopias negativas, com imagem radiológica sugestiva e achados clínicos ou outros exames complementares que permitam ao médico efetuar o diagnóstico de tuberculose. 1.6.2 Forma Extrapulmonar A tuberculose pode se expressar por formas disseminadas como a miliar ou extra pulmonares classificadas segundo sua localização: pleural, ganglionar periférica, óstearticular, geniturinária, meningoencefálica e assim por diante, com base nos achados clínicos e exames complementares que permitam ao médico diagnosticar tuberculose (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). As formas extrapulmonares podem ser divididas em dois grupos, as que ocorrem precocemente (até um ano após a primoinfecção) e as que ocorrem tardiamente (após este intervalo). As formas serosas (pleura, pericárdio, peritônio e meninges) costumam ser precoces. As formas pleural e pericárdica podem também ocorrer a partir de um foco pulmonar contíguo. As formas tardias mais freqüentes são a ganglionar e a do sistema geniturinário (KRITSKI et al, 2000). 1.7 O Diagnóstico Tuberculose Entre os pacientes atendidos em Unidades de Saúde, um dos maiores problemas refere-se à dificuldade diagnóstica da tuberculose em atividade. Pois, nas mesmas, são admitidos pacientes com tuberculose de difícil diagnóstico e associada a outras comorbidades, como a infecção pelo HIV, neoplasias malignas, diabete mellitus, insuficiência renal crônica e outras situações de imunossupressão que usualmente estão associadas a apresentações incomuns da Tuberculose, como a tuberculose pulmonar paucibacilar e as formas extrapulmonares. Tais situações clínico-radiológicas e laboratoriais dificultam sobremaneira o diagnóstico da tuberculose ativa, bem como retardam o início de uma investigação apropriada (KRISTSKI, 2003). Neste cenário, aumenta a morbi/mortalidade destes pacientes e também aumenta o risco de transmissão do M. tuberculosis nas Unidades de Saúde onde o paciente se encontra sob investigação diagnóstica. Além da baixa sensibilidade da baciloscopia, dependendo do serviço, um percentual acima de 20% de pacientes com baciloscopia negativa apresenta posteriormente cultura positiva para micobactéria. Entre os novos métodos de diagnóstico rápido para a TB, em 1995 e 1996, o “Food and Drugs Administration – FDA” aprovou o uso dos seguintes kits comerciais de biologia molecular em espécimes clínicos respiratórios: 1. Amplified Mycobacterium tuberculosis Direct Test (MTD) da Gen-Probe Inc, San Diego, CA, que amplifica e detecta RNA ribossomal do M. tuberculosis e; 2. AMPLICOR Mycobacterium tuberculosis Test, da Roche molecular Systems, Brancburg, NJ, que amplifica e detecta o DNA do M. tuberculosis. Entretanto, tais métodos caracterizam-se pelos elevados preços e tem sido escassos os estudos que tenham avaliado a real aplicabilidade destes kits comerciais, principalmente onde se encontram pacientes com condições clínicas que usualmente estão associadas a maior taxa de resultados falso-positivos pela PCR, como os pacientes com TB prévia e/ou aqueles com co-infecção pelo HIV (KRITSKI et al, 2000). Embora o diagnóstico de probabilidade da tuberculose possa ser feito através de dados da história clínica e achados radiológicos, o diagnóstico definitivo ainda depende da baciloscopia e cultura para micobactéria. A microscopia direta após coloração pelo ZiehlNeelsen, em busca de bacilos álcool resistentes (BAAR), é um método rápido e de baixo custo. No entanto, tem acurácia inferior, devido a baixa sensibilidade em pacientes HIV positivos e aqueles com co-morbidades. São necessários, no mínimo 5.000 bacilos para que o teste seja positivo. A confirmação do diagnóstico da tuberculose através da cultura requer de 4 a 8 semanas para um diagnóstico definitivo, pela própria característica de replicação lenta do M. tuberculosis. (KONEMAN, et al., 1992). Partindo-se do pressuposto de que o genoma de qualquer organismo é o que existe de mais específico para sua identificação, as técnicas de biologia molecular passaram a ser utilizadas para o diagnóstico de diversas doenças, inclusive para tuberculose, com a vantagem de poderem oferecer um resultado em algumas horas (BRASIL, 2002). Desta forma foram desenvolvidas várias técnicas para esta finalidade, sendo uma das mais usadas a PCR (Polymerase Chain Reaction), que permite a detecção de quantidades mínimas de material genético (BRASIL, 2002). Resumidamente o diagnóstico da tuberculose é estabelecido através de detecção de bacilos álcool-ácido resistentes no escarro, em outros fluidos ou tecidos corporais, ou pela combinação de sintomas clínicos, anormalidade radiológica e teste tuberculínico positivo (ROUILLON et al., 1976 apud MELLO, 2001). A pesquisa bacteriológica é o método de importância fundamental, tanto para o diagnóstico como para o controle de tratamento. A baciloscopia direta do escarro permite descobrir as fontes mais importantes de infecção: os casos bacilíferos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). A hierarquização diagnóstica inclui outros métodos, em particular na tuberculose pulmonar, a serem utilizados de acordo com a complexidade do caso e de sua relação de custo efetividade: escarro induzido; broncoscopia com LBA e/ ou biópsia transbrônquica; tomografia computadorizada de tórax; técnicas de biologia molecular. Até o presente momento, os testes sorológicos não apresentam sensibilidade e especificidade que justifiquem seu uso rotineiro na investigação clínica da tuberculose. Testes bioquímicos (como dosagem de Adenosina-deaminase (ADA) podem ser utilizados apenas na investigação da tuberculose pleuropulmonar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). 1.7.1 Baciloscopia A baciloscopia é necessária para se fazer a investigação sistemática de sintomas respiratórios em pacientes adultos. É geralmente realizada em dois ou três amostras de escarro. O exame de três amostras aumenta o valor preditivo positivo da baciloscopia, atingindo quase o mesmo valor da cultura (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). O método de coloração mais usado para as micobactérias é o Ziehl-Neelsen (ZN). Este método se baseia na propriedade dos bacilos serem álcool-ácido resistentes, ou seja, depois da coloração com fucsina básica, manterem coloração vermelha, mesmo depois de submetidos à ação de solução de ácido clorídrico a 3% em álcool, para descoloração. As micobactérias após coloração por esse método, apresentam-se como bastonetes delgados, ligeiramente curvos, aos pares ou em grupos. Para que a baciloscopia direta seja positiva, é necessária a presença de pelo menos 5.000 bacilos/mL de escarro (YPUGE, 1996). Existem ainda o método Kinyoun, uma variante do ZN com a exclusão de etapa de aquecimento e a coloração fluorescente com auramina. Apresentando a mesma acurácia do ZN, com tempo de leitura menor, só está recomendado para laboratórios que façam mais de 100 lâminas por dia. O equipamento é mais caro, e além disso as lâminas precisam ser confirmadas pelo ZN (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). 1.7.2 Cultura A cultura é o método de escolha para o diagnóstico das infecções por micobactérias porque, além de permitir o diagnóstico específico, possibilita isolamento da bactéria para a realização de testes de sensibilidade. É um método diagnóstico altamente sensível que permite a detecção de um mínimo de 10 a 100 bacilos viáveis no volume do material cultivado. Existem vários meios de cultura para micobactérias, o Löwenstein-Jensen (LJ), o mais utilizado no Brasil e aprovado pela Organização Mundial de Saúde. A cultura é indicada para os casos suspeitos de tuberculose pulmonar persistentemente negativos ao exame direto e para o diagnóstico de formas extrapulmonares como meningoencefálica, renal, pleural, óssea ou ganglionar. A cultura também está indicada nos casos de suspeita de resistência bacteriana às drogas, seguida do teste sensibilidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Os métodos de detecção automatizados ou semi-automatizados do crescimento micobacteriano utilizam meios líquidos e possibilitam o diagnóstico mais precoce, com a detecção em uma a três semanas ao invés das três a oito semanas do meio sólido. Devem ser realizada em paralelo com a cultura em meio sólido, para garantia de isolamento das cepas de Mycobacterium tuberculosis que não crescem em outros meios, e por permitir a preservação da cepa para estudos posteriores (HANNA, 1998). 1.7.3 Radiodiagnóstico O exame radiológico é auxiliar no diagnóstico da tuberculose, pois permite a identificação de pessoas portadoras de imagens sugestivas de tuberculose ou de outras patologias (BRASIL, 2002). Apesar de serem altamente sensíveis para detecção de anormalidades (lesões), não tem como objetivo a detecção do M. tuberculosis. Seu uso não é recomendado na descoberta de casos. A especificidade na interpretação do raio X pode ser muito baixa mesmo quando os analistas são experientes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). A radiografia de tórax pode ser normal, embora pequenos nódulos periféricos possam estar presentes e não serem visualizados (KRITSKI et al 2000, DUNLAP, 2000). Radiologicamente, a tuberculose pulmonar pode apresentar-se de diversas formas (OH YW et al, 1994; WOODRING et al, 1996). Apesar de algumas apresentações radiológicas serem sugestivas de tuberculose pósprimária (velamento nos segmentos apicais e posteriores do lobos superiores, com ou sem cavitações), as manifestações radiológicas da tuberculose são geralmente muito variadas, incluindo cavitações, infiltrados alveolares, intersticiais, nodulação miliar e derrame pleural. A apresentação radiológica da tuberculose pode variar ainda mais, nos pacientes infectados pelo HIV (FRASER et al., (1991). 1.7.4 Prova tuberculínica –PPD A prova tuberculínica utilizando o PPD (Derivativo de Proteína Purificada de M. tuberculosis), é um exame complementar que pode ser utilizado. Quando positiva isoladamente indica apenas infecção, e não é suficiente para o diagnóstico tuberculose doença (BRASIL, 2002). Baseia-se na reação celular desenvolvida após a inoculação intradérmica de um derivado protéico do M. tuberculosis. A aplicação intradérmica de tuberculina em um indivíduo previamente infectado pelo M.tuberculosis desencadeia uma reação de hipersensibilidade do tipo tardia, que atinge seu pico máximo entre 48 e 72 horas após o teste. Apresenta-se com um infiltrado de linfócitos T CD4 e T CD8 no local da injeção, assim como monócitos e macrófagos. São liberados citocinas mediadoras do processo inflamatório, produzindo edema e eritema (ROITT et al., 1999). A técnica de aplicação e o material utilizado são padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A leitura da prova tuberculínica é realizada 72 a 96 horas após a aplicação, medindo-se, com régua milimetrada, o maior diâmetro transverso da área de endurecimento palpável. O resultado, registrado em milímetros, origina a seguinte classificação: A) 0 a 4mm – não-reator: indivíduo não infectado pelo M.tuberculosis ou por outra micobactéria; infectado pelo M.tuberculosis em fase de viragem tuberculínica ou excepcionalmente em pessoas infectadas ou doentes pelo M.tuberculosis (e.g.: paciente imunodeprimido). B) 5 a 9mm – reator fraco: indivíduo vacinado com BCG, infectado pelo bacilo da tuberculose ou outras micobactérias; C) 10mm ou mais – reator forte: vacinado com BCG recentemente, indivíduo infectado pelo bacilo da TB, que pode estar doente ou não. Esta classificação somente é válida para paciente com teste sorológico anti-HIV negativo. As pessoas infectadas pelo HIV são consideradas co-infectadas pelo bacilo da tuberculose desde que apresentem teste tuberculínico com duração igual ou superior a 5 mm (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). 1.7.5 Técnicas de Biologia Molecular As técnicas de amplificação de ácidos nucléicos, tendo como alvo seqüências específicas de microorganismos, surgiram como promissores instrumentos para o diagnóstico da tuberculose sensível ou resistente. Podem ser aplicadas a diferentes espécimes clínicos e compreendem as seguintes alternativas: reação em cadeia da polimerase, amplificação mediada por transcrição, amplificação por descolamento de fita e reação em cadeia da ligase (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). A tecnologia da reação em cadeia da polimerase, rotineiramente conhecida como PCR, foi concebida por Kary Mullis em meados da década de 80. Desde sua concepção, esta tecnologia tem sido aplicada a diferentes áreas do conhecimento incluindo principalmente o diagnóstico de várias doenças de etiologias diversas. A facilidade, rapidez, versatilidade, sensibilidadee especificidade da PCR, a torna particularmente útil para estudos genéticos moleculares (FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1998). Basicamente a técnica da PCR requer alguns componentes básicos, listados abaixo: DNA alvo, que contém a região que será amplificada; Dois iniciadores, que determinarão o início e o final da região que será amplificada; DNA polimerase que tem como característica principal, ser termoestável, já que a técnica da PCR utiliza altas temperaturas para que o processo de desnaturação. Deoxinucleotídeos trifosfato (dNTP), que são as bases nitrogenadas usadas para formar a nova fita de DNA; Tampão, que promove um ambiente adequado para o funcionamento da DNA Polimerase. A reação da PCR consiste em uma série de ciclos que podem variar de vinte a quarenta. Cada ciclo consiste em três etapas. A primeira, chamada de etapa de desnaturação, consiste na separação da fita dupla em duas fitas simples através do aquecimento. A segunda, chamada de anelamento, consiste no pareamento entre as seqüências dos iniciadores às seqüências complementares no DNA alvo, e finalmente a chamada de fase de extensão, que consiste na polimerização da nova fita de DNA pela DNA Polimerase (GIBBS, 1990). Todo esse processo se dá em um termociclador que permite as modificações de temperatura necessárias a cada passo da reação. Vários sistemas de amplificação pela PCR têm sido descritos para a detecção de M. tuberculosis ou de cepas do complexo M. tuberculosis diretamente em espécimes clínicos, com o objetivo de agilizar o diagnóstico de TB (BRISSON-NOËL et al., 1989; EISENACH e et al., 1990). No entanto, cada sistema utiliza diferentes estratégias de extração e purificação de DNA, amplificação, alvos, modalidade de detecção e enfoque para o controle de eventual contaminação durante a reação. Um dos primeiros trabalhos sobre a aplicação da PCR no diagnóstico da tuberculose diretamente no escarro foi feito por EISENACH et al, 1991, com a amplificação de um fragmento de 123 pares de bases da seqüência de inserção IS6110 em 162 amostras. A sensibilidade e especificidade encontradas foram de 98% (ANJOS FILHO, 1999). Estudos realizados com a tecnologia “in house” para a detecção da seqüência IS6110 do DNA do bacilo da tuberculose, mostraram sensibilidade de 90% e especificidade de 97% em lavados broncoalveolares (MELLO et al., 1998). A mesma tecnologia, em escarros induzidos, mostrou sensibilidade de 72% e especificidade de 95% (MELLO, 2000). Avaliação feita por Bollela (2000), usando como alvo o fragmento de 123 pb da Sequência IS6110 em 357 amostras, provenientes de 222 pacientes com suspeita de tuberculose pulmonar, apresentou sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivos e negativos de 88%, 98%, 91% e 98% respectivamente. Ogusku; Salem (2004), analizaram pela PCR a mesma seqüência IS6110 e demais seqüências encontradas na literatura – 38 kDa, MPB64 e 65 kDa em amostras clínicas congeladas de escarro paucibacilares de pacientes do estado do Amazonas e nas cepas de M. tuberculosis isoladas das mesmas, e constataram que as seqüências alvo descritas estão preservadas em todas as cepas analisadas. O percentual de positividade para amplificação do fragmento de 123 pb do alvo IS6110, foi de 92,1%, a sensibilidade e especificidade foram de 94,7% e 100% respectivamente, superior aos encontrados na literatura. Demonstrando assim, que os primers para IS6110 (123 pb) são os mais indicados para essa região, como também o protocolo utilizado. 1.8 O Tratamento da Tuberculose Desde 1979 o MS padroniza dois esquemas de tratamento: um de primeira linha, para os casos virgens de tratamento (II CONSENSO BRASILEIRO, 2004). Seis medicamentos são geralmente considerados essenciais para o tratamento da tuberculose: Isoniazida(H), Rifampicina (R ), Pirazinamida (Z), Estreptomicina (S), Etambutol (E) e Etionamida (Et). Os regimes terapêuticos são constituídos por uma fase inicial intensiva, geralmente com duração de dois meses (60 doses), com administração de três drogas: Rifampicina, Isoniazida e Pirazinamida e uma fase de manutenção (quatro meses), com administração de duas drogas R+H. Durante a fase inicial, ocorre uma rápida eliminação dos bacilos de tuberculose (efeito bactericida). Os pacientes infecciosos se tornam não infecciosos e ocorre uma melhora dos sintomas. A grande maioria dos pacientes com escarro positivo se torna BK negativo em dois meses (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). O tratamento de bacilíferos é a atividade prioritária de controle da tuberculose, uma vez que permite anular rapidamente as maiores fontes de infecção. A associação medicamentosa adequada, as doses corretas, e o uso por tempo suficiente, com supervisão da tomada dos medicamentos são os meios para evitar a persistência bacteriana e o desenvolvimento de resistência às drogas, assegurando assim, a cura do paciente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). 2 OBJETIVOS 2.1. Gerais Revisão dos casos de tuberculose notificados no estado de Rondônia, quanto à forma clínica, baciloscopia, cultura, Raios X e Teste de HIV . Identificar a presença de bactérias do complexo M.tuberculosis em amostras clínicas respiratórias de pacientes sob suspeita e com diagnóstico clínico de tuberculose pulmonar mediante o uso da PCR. 2.2 Específicos Estimar a sensibilidade e especificidade da PCR “in house” diretamente em amostras respiratórias; Relacionar os resultados da PCR com os de baciloscopia, cultura para micobactéria, padrão radiológico e clínica do paciente. Avaliar o percentual de tratamento empírico em pacientes sob suspeita de tuberculose cujo diagnóstico por PCR não foi confirmado. 3 JUSTIFICATIVA Atualmente o exame para diagnóstico para tuberculose continua sendo baseado na baciloscopia direta do escarro, técnica utilizada há cinco décadas e que apresenta sensibilidade em torno de 50%. O cultivo do bacilo no meio usualmente utilizado apresenta maior sensibilidade, porém seus resultados demandam tempo, de quatro a seis semanas (LOPES SILVA, 2001). O diagnóstico da forma como é feito, proporciona atraso na identificação do doente, retardando seu tratamento medicamentoso e facilitando a transmissão do bacilo em nível domiciliar e nas Unidades de Saúde. Hoje, tornou-se preocupante o aumento dos casos de tuberculose diagnosticados sem a realização da baciloscopia de escarro, dando oportunidade ao diagnóstico incorreto e ao tratamento empírico (FIUZA DE MELO, et al., 1992). Assim, o desenvolvimento e/ou aplicação de metodologias sensíveis e específicas possibilitam um diagnóstico de certeza, representando um avanço qualitativo para o Programa de Controle da Doença, permitindo um tratamento eficaz, chave para a redução da transmissão da doença. Dentre os métodos alternativos para o diagnóstico da TB a técnica de PCR é uma das mais promissoras, pois é capaz de detectar até uma cópia de DNA do M. tuberculosis eventualmente presente em diferentes tipos de amostras clínicas (BARNES, BARROWS, 1993). 4 PACIENTES E MÉTODOS 4.1 Modelo de Estudo Utilizou-se estudo com temporalidade serial, no qual foram processadas amostras de secreções pulmonares de duas origens distintas, ambas constituídas de pacientes voluntários residentes em Porto Velho, com suspeita de tuberculose pulmonar, que procuraram atendimento nas Unidades de Saúde – Policlínica Oswaldo Cruz e Centro de Medicina Tropical de Rondônia. 4.2 Período e Locais do estudo Os dados da amostra populacional foram coletados no período de 15 de julho a 16 de novembro de 2004. Este estudo teve dois órgãos como sede para a realização dos experimentos o recebimento das amostras e o exame baciloscópico foram realizados no LACEN/RO, enquanto que os procedimentos de processamento das amostras para cultura e análise pela PCR, foram executados no Laboratório de Micobacteriologia do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA em Manaus/AM. 4.3 Procedimentos Éticos Para realização do presente trabalho, o projeto foi previamente submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Rondônia, e aprovado sob o parecer nº 02/2004 em 02 de Junho de 2004. 4.4 Processamento das Amostras 4.4.1 Baciloscopia A baciloscopia direta das amostras de escarro foi realizada conforme normas do Programa de Controle da Tuberculose, tanto as que foram realizadas no LACEN-RO, quanto no Laboratório de micobacteriologia/INPA/Manaus /AM, pelo método Ziehl Neelsen (ZN). A baciloscopia após-concentração realizada no Laboratório de micobacteriologia/INPA, foi realizada conjuntamente com o cultivo, conforme estabelecido por Salem et al (1990). 4.4.2 Cultivo Todas as amostras foram descontaminadas pelo método Petroff modificado, conforme Salem et al (1990), tanto para a execução da cultura quanto para análise pela PCR. A secreção pulmonar (aproximadamente 5 mL) foi transferida para um tubo de centrífuga estéril (de 15 mL) e adicionado igual volume de NaOH 4% estéril. A mistura foi homogeneizada em agitador tipo Vórtex. Após 15 minutos de repouso a temperatura ambiente, o volume foi completado para 10 mL com água destilada estéril e a amostra foi centrifugada a 3000 x g durante 15 minutos. O sobrenadante foi desprezado, o sedimento foi ressuspenso em 2 mL de água destilada estéril e neutralizado com solução de ácido clorídrico (HCl) 4%, tendo como auxiliar o indicador azul de bromotimol. Cinco tubos de ensaio contendo meio de Lowenstein-Jensen foram semeados, cada um com 0,2 mL da suspensão, e o restante da amostra foi armazenada em tubos tipo eppendorf em freezer a 20ºC, para posterior análise pela PCR. Os meios semeados foram incubados a 37ºC, pelo período de dois meses antes de serem consideradas negativas. As culturas positivas para micobactérias foram submetidas a testes de identificação fenotípica, conforme Salem et al. (1990). 4.4.3 Análise pela PCR 4.4.3.1 Extração de DNA A extração do DNA dos sedimentos das amostras foi realizada conforme protocolo de Ogusku et al, 2003. Após o descongelamento, 200L de cada amostra foi submetida à centrifugação, por 10 min a 12.000 rpm. O sobrenadante foi descartado e o precipitado ressuspenso em 200L de TE (10mM HCl, pH 8,0) e EDTA (0,1mM). As amostras foram então novamente centrifugadas a 12.000 x g por 10 min. Posteriormente desprezaram-se os sobrenadantes e em cada uma acrescentou-se 250L de tampão de lise: TL: 100mM TrisHCl –pH 8,0; EDTA 5mM; Tween 20-1% TritonX100 1%. Proteinase K 0,4 mg/mL (50L). Agitou-se em vortex, e incubou-se por um pernoite a 56°C. Incubaram-se as amostras num suporte a 100° por 10 minutos, e imediatamente acondicionou-se em banho de gelo por 2 minutos. As amostras foram submetidas a esse processo por 3 vezes, intercalando aquecimento e banho de gelo 2 minutos para cada etapa. Centrifugaram-se as amostras por 15 segundos a uma velocidade de 2000 x g. 4.4.3.2 Purificação Nas suspensões da etapa anterior foi adicionados 250L de solução constituída de fenol:clorofórmio:álcool isoamílico (25:24:1). Depois foi homogeneizada em vortex por 10 segundos e centrifugada a 12.000 rpm por 5 minutos a 4°C. O sobrenadante foi transferido para um micro tubo de 1,5 mL e adicionado 250 L de clorofómio : álcool isoamílico (24:1). Foi homogeneizado por 10 segundos e centrifugado a 12.000 x g por 5 minutos a 4°C. O sobrenadante foi transferido para novo microtubo 1,5mL. Adicionou-se 25L acetato de sódio a 3M,pH 5,2. Em seguida foi adicionado 625L de etanol absoluto gelado e homogeneizado por inversão. Incubou-se a solução por 2 horas a –20°C. Centrifugado a 14.000 x g por 15 minutos a 4°C. Descartados o sobrenadantes e os DNAs precipitados foram adicionados 625L de etanol 70° gelado e homogeneizado por inversão. Centrifugou-se novamente a 14.000 x g a 4° C. Desprezou-se o sobrenadante, o “pellet” de DNA deixou-se secar em temperatura ambiente. O “pellet”foi ressuspenso em 150L de TE (10mM Tris HCl pH 8,0 e 0,1 mM EDTA) e armazenado a 20°C até a realização da PCR. 4.5 Amplificação do DNA bacteriano por PCR. Na amplificação do DNA micobacteriano, foi utilizado primers descritos por Eisenach et al (1990), para realização da PCR. O protocolo de realização da PCR, foi o estabelecido por Ogusku;Salem (2004), que amplificam a sequência de inserção repetitiva IS6110 do genoma das micobactérias do Complexo M. tuberculosis. Iniciadores denominados IS-1 e IS-2: IS-1 5’- CTC GTC CAG CGC CGC TTC GG - 3’ IS-2 5’- CCT GCG AGC GTA GGC GTC GG – 3’ Que proporcionam a amplificação de um fragmentos de 123 pares de bases. A amplificação foi realizada em um volume final de reação de 50L contendo: tampão (20mM Tris-HCL e 50mM KCl), 200M de dNTPs, 40 pmoles IS1 (sense), 40 pmoles IS2 (antisense), 3mM MgCl2, 2U Taq polimerase. e 5l de DNA extraído da amostra clínica, em um termociclador (GeneAmp PCR System 2400, Applied Biosystems). O termociclador foi programado para as seguintes temperaturas: 94°C – 1 min 64°C – 1 min 35 Ciclos 72°C – 1 min Um controle positivo, contendo DNA de M. tuberculosis, e um controle negativo da reação, contendo água Milli-Q estéril, foram acrescentados a cada série de amplificação. 4.5.1 Cepa de Referência A cepa de referência de Micobacterium tuberculosis H37Rv foi utilizada para a padronização dos parâmetros e avaliação da efetividade da PCR. 4.5.2 Controle Positivo de Amplificação Para o controle positivo de amplificação, foi utilizado um par de primer da β-actina, presente em DNA humano, seqüência: β-actin 1- 5’AGC GGG AAA TCG TGC GTG 3’ β-actin 2 - 5’CAG GGT ACA TGG TGG TGC 3’, para controle de qualidade da extração de DNA (RICHTER, 1995). O protocolo de realização da PCR para a -actina foi o estabelecido por Ogusku et al (2003), onde, em um microtubo para PCR estéril de 200 L, foi adicionado 5 L do DNA extraído e 40 L da mistura de reagentes, reagentes da PCR, contendo 2U de Platinum® Taq DNA Polimerase (Invitrogen); 200 M de cada dNTP (Sigma); 5L de tampão de PCR – Sigma (10 mM Tris-HCl pH 8,3; 50 mM KCl; 1,5 mM MgCl2 e 0,01% gelatina) e 0,1 M de cada iniciador -actin 1 e -actin 2 (Invitrogen). 4.6 Detecção do produto amplificado O produto amplificado foi detectado através de eletroforese em gel de agarose a 1,5%. Posteriormente, o DNA foi corado com brometo de etídeo e transiluminado em luz ultravioleta para visualização e fotodocumentação em equipamento EagleEye® II, imagens gravadas em disquete no formato “JPEG”. 4.7 Análise dos Resultados Para a revisão dos casos de tuberculose notificados no Estado de Rondônia, obtivemos os dados através do Setor de Epidemiologia da Secretaria Estadual de Saúde, do Sistema de Informação de Agravos de Notificação/SINAN. A análise dos resultados da PCR em relação às informações clínicas e bacteriológicas dos pacientes arrolados no estudo foi realizada às cegas. Posteriormente foi feita uma avaliação da sensibilidade e especificidade, valor preditivo positivo e negativo, e acurácia da PCR versus cultura, cultura versus baciloscopia e RX, segundo as fórmulas: Sensibilidade (S) É a proporção de verdadeiros positivos entre todos os doentes. Expressa a probabilidade de um teste positivo na presença da doença, Istoé, avalia a capacidade do teste detectar a doença quando ela está de fato presente. S = a/b+c Especificidade (E) É a proporção de verdadeiros negativos entre todos os sadios. Expressa a probabilidade de um teste dar negativo na ausência da doença, isto é, avalia a capacidade de o teste afastar a doença quando ela está ausente. E = d/b+d Valor Preditivo Positivo (VPP) É a proporção de verdadeiros positivos entre todos os indivíduos com teste positivo. Expressa a probabilidade de um paciente com teste positivo ter a doença. VPP = a/a+b Valor Preditivo Negativo (VPN) É a proporção de verdadeiros negativos entre todos os indivíduos com teste negativo. Expressa a probabilidade de um paciente com teste negativo não ter a doença. VPN = d/c+d Acurácia (A) É a proporção de acertos de um teste diagnóstico, ou seja, a proporção entre verdadeiros positivos e negativos em relação a todos os resultados possíveis. A = a+d/a+b+c+d Foi realizada comparação dos dados da cultura e clínica compatível com tuberculose, através de análises de freqüência relativa. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi feita uma revisão dos casos de tuberculose notificados no estado de Rondônia e em particular no município de Porto Velho referente à forma clínica, exames laboratoriais complementares como baciloscopia, cultura e Raios X, e também teste HIV, para análise e conhecimento da situação em tuberculose, conforme tabelas (1-7) e Gráficos (1-3). Na primeira tabela verifica-se a distribuição da tuberculose com relação as formas clínicas nos últimos 5 anos. Em Rondônia o número de casos notificados no período de 2000 a 2004 foram de 3.237, com uma média anual de 647 casos, desses 87% de forma clínica pulmonar, 11,10% extra pulmonar e 1,68% pulmonar e extra pulmonar. Deve-se ressaltar que o número de casos de tuberculose tem se mantido constante ao longo desses anos, mostrando assim que a tuberculose ainda não está sob controle. Tabela 01 - Distribuição dos casos notificados quanto à Forma Clínica da Tuberculose no estado de Rondônia no período de 2000 a 2004. Ano Ext. Pulm + Extra Pulmonar Pulm Pulmonar Total 2000 571(87,98%) 75(11,55%) 03(0.46%) 649 2001 609(88,13%) 70(10,13%) 12(1,73%) 691 2002 572(88,40%) 62(9,58%) 13(2,00%) 647 2003 561(85,26%) 85(12,92%) 11(0,02%) 658 2004 510(86,15%) 67(11,31%) 15(2,53%) 592 Total 2823 359 54 3237 Fonte: SESAU/2005 Na tabela 2, verifica-se a distribuição da tuberculose no município de Porto Velho, onde o número de casos nesse mesmo período foi de 1.461, com uma média anual de 292 casos. Sendo 84,51% de forma clínica pulmonar, 13,40% extra pulmonar, e pulmonar e extra pulmonar 2,09%. Constatou-se que em 2003 houve um aumento no total de casos de 17% em relação à média dos últimos cinco anos, sem ter havido um aumento populacional. Tabela 2 - Distribuição dos casos quanto a Forma Clínica da Tuberculose em Pacientes do município de Porto Velho no período de 2000 a 2004. Ano Pulmonar Extra Pulm Pulm+Extra Total 2000 250(87,74%) 35(12,24%) 1(0,35%) 286 2001 225(86,87%) 29(11,20%) 5(1,93%) 259 2002 252(87,20%) 32(11,07%) 5(1,73%) 289 2003 276(80,47%) 61(17,78%) 6(1,75%) 343 2004 229(80,63%) 42(14,79%) 13(4,58%) 284 Total 1232 199 30 1461 Fonte: SESAU/2005 Quanto à baciloscopia, conforme gráfico 1, no período de 2000 a 2004, aproximadamente 47,72% dos pacientes notificados com tuberculose em Rondônia não foram confirmados bacteriologicamente, sendo, baciloscopia negativa (27,49%) e não realizada (20,23%). A média de baciloscopia positiva nos últimos 5 anos foi de 52,28%. Gráfico 1 – Representação gráfica da situação de casos notificados quanto a baciloscopia no Estado de Rondônia no período 2000 a 2004. 400 380 308 300 200 363 350 210 161 108 147 131 137 195 154 292 186 114 100 0 2000 2001 2002 BK+ BK- 2003 NR 2004 BK+ Baciloscopia positiva BK- Baciloscopia Negativa NR Não realizada Em Porto Velho gráfico 2, a média de casos de tuberculose com baciloscopia positiva foi de 51,75%, a baciloscopia negativa representou 25,15% e a não realizada 23,10%. A partir destes resultados constata-se que 48,25% não apresentaram confirmação bacteriológica do total de casos notificados. Também observa-se um aumento de casos de tuberculose sem confirmação bacteriológica nos anos 2003 e 2004, 55,39% e 53,87% respectivamente. Gráfico 2 -– Representação gráfica da situação de casos notificados quanto a baciloscopia no Município de Porto Velho no período 2000 a 2004 200 193 153 151 150 131 125 100 50 86 5043 48 88 9397 BK+ 87 66 BK_ BKNR 50 BK+ Baciloscopia positiva BK- Baciloscopia Negativa NR Não realizada 0 2000 2001 2002 2003 2004 Existem referências na literatura, mostrando que cerca de 30% dos casos de pacientes cujo diagnóstico de tuberculose foi feito sem confirmação bacteriológica foram tratados de modo equivocado, apresentando outras enfermidades (KRITSKI, 2000). Escobar (2001), já havia registrado um aumento dos casos sem confirmação bacteriológicas na década de 90 em Rondônia (50,8%), sugerindo que nesse grupo podem estar incluídos indivíduos cuja tuberculose não era de fato. Quando o paciente suspeito de tuberculose, apresenta duas baciloscopias negativas, o Guia de Vigilância Epidemiológica (2002), indica outros exames como, imagem radiológica sugestiva e achados clínicos ou outros exames complementares, o que permite ao médico efetuar o diagnóstico de tuberculose. No entanto, observa-se que o médico diagnostica como tuberculose sem efetivação desses exames complementares, conforme gráficos (1 e 2) e tabelas (3 e 4), onde os exames de cultura não realizados representam 93% do número total de casos notificados, sendo que mais de 50% dos casos estão com baciloscopia negativa ou não foi realizada, abrindo assim espaço para o diagnóstico presuntivo da doença. Tabela 3 -Distribuição dos casos notificados para Tuberculose em relação aos exames de Cultura em Rondônia no período de 2000 a 2004. Ano Positiva Negativa Em Andamento Não realizado Total 2000 9(1,38%) 7(1,07%) 14(2,15%) 619(95,37%) 649 2001 16(2,31%) 6(0,87%) 14(2,03%) 655 (94,80%) 691 2002 18(2,80%) 3(0,47%) 18(2,78%) 608(93,97%) 647 2003 17(2,58%) 7(1,06%) 25(3,80%) 608(92,40%) 658 2004 8(1,35%) 11(1,86%) 29(4,90%) 544(92,00%) 592 Total 68 34 100 3034 3237 SESAU/2005 A média do número de pessoas notificadas com tuberculose que realizaram cultura nos anos 2000 a 2004 foi de 6,24% casos por ano. Tabela 4 - Distribuição dos casos notificados para Tuberculose em relação ao exame de cultura em Porto Velho no período de 2000 a 2004. Positivo Negativo Em Andamento Não realizada Total 2000 2(0,70%) 3(0,95%) 4(1,40%) 277(96,85%) 286 2001 2(0,77%) 5(1,93%) 6(2,31%) 246(95,00%) 259 2002 9(3,11%) 0 14(4,84%) 266(90,02%) 289 2003 6(1,75%) 3(0,87%) 18(5,25%) 316(92,13%) 343 2004 1(0,35%) 3(1,06%) 18(6,34%) 262(92,25%) 284 Total 20 14 60 1367 1461 SESAU/2005 O número médio de exames de cultura para BK em Porto Velho foi de 6,43%. Esse pequeno número de realização da cultura deve-se ao fato que Rondônia é o único Estado da federação em que não é realizado esse exame. Conforme mostra a tabela abaixo a realização da radiografia de tórax apresentou os seguintes valores: Tabela 5 - Realização do RX em pacientes notificados para Tuberculose em Rondônia no período 2000-2004. Ano Sugestivo Normal Outro Padrão Não realizada Total 2000 513(79,00%) 18(2,77%) 12(1,85%) 106(16,33%) 649 2001 549(79,45%) 18(2,60%) 23(3,33%) 97(14,4%) 691 2002 527(81,45%) 15(2,32%) 6(0,93%) 96(14,84%) 647 2003 568(86,20%) 18(2,73%) 10(0,02%) 59(8,95%) 659 2004 484(81,75%) 28(4,73%) 8(1,35%) 68(11,50%) 592 Total 2641 97 59 426 3238 SESAU/2005 Em Rondônia os resultados sugestivos de RX predominaram com 81,58%, Normal 3,03%, outro padrão 8,98% e Exame não realizado 13,13%. Apesar de que grande número dos casos notificados ter realizado radiografia de tórax (86,87%), e haver um elevado número de radiografia com imagem sugestiva (81,58%), a radiografia como único exame complementar para o diagnóstico da tuberculose, não é recomendado. Assim, os dados da baciloscopia deveriam confirmar o diagnóstico da imagem sugestiva. Mas, essa confirmação não é verificada conforme o grande número de casos sem bacterioscopia realizada. Gráfico 3 – Distribuição dos exames de RX realizados no período de 2000 a 2004 no município de Porto Velho. 296 300 247 250 238 216 200 231 Sugestivo 150 Normal 100 Outro padrão 50 31 não realizado 20 11 28 14 24 20 28 98 9 517 5 3 0 2000 2001 2002 2003 2004 Em Porto Velho os resultados sugestivos de RX predominaram com uma média de 83,94%, raios X normal representaram 3,88%, outro padrão 2,96% e exame não realizados 9,02%, semelhante ao Estado, numa distribuição homogênea. A infecção pelo HIV é o maior fator de risco para se adoecer por tuberculose em indivíduos previamente infectados pelo bacilo. O aparecimento do vírus da aids, modificou a epidemiologia da tuberculose. Em 1999, a Organização Mundial de Saúde estimava a existência de 33,6 milhões de pessoas vivendo com HIV/AIDS e de 637.000 casos de TB associada com HIV, no mundo. No Brasil, entre as notificações em pessoas com 13 anos ou mais de idade, a tuberculose representava 26,9% do total de casos de AIDS notificados (BRASIL, 2004). O Programa de Controle da Tuberculose recomenda a realização do teste sorológico de HIV para todos casos de TB (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). As tabelas 6 e 7 mostram a distribuição quanto a realização do teste de HIV em pacientes notificados para tuberculose em Rondônia e Porto Velho respectivamente. Tabela 6 –Distribuição dos casos notificados para tuberculose quanto à realização do Teste HIV em Rondônia. Teste HIV Ano Ignorado Positivo Negativo Em anda// NR Total 2000 9(1,39%) 12(1,85%) 17(2,62%) 16(2,46%) 595(91,68%) 649 2001 12(1,74%) 15(2,17%) 54(7,81%) 14(2,03%) 596(86,25%) 691 2002 4(0,62%) 20(3,10%) 71(11,00%) 62(9,60%) 490(75,73%) 647 2003 5(0,76%) 40(6,08%) 51(7,75%) 142(21,58%) 420(63,83%) 658 2004 2(0,34%) 19(3,21%) 58(9,80%) 126(21,28%) 387(65,37%) 592 Total 32 106 251 360 2488 3232 SESAU/2005 Quanto ao teste HIV destaca-se o número de exames não realizados com a média de 76,98%, seguido do número em andamento 11,14%. Testes HIV negativos foram de 7,77%, exames Positivos 3,28% e Ignorados 0,99% nos últimos cinco anos em média. Em 2004 cerca de 76,87% dos indivíduos notificados para Tuberculose não realizaram o exame, além dos casos sem informação 392 (12,11%). Apesar da melhora na quantidade de exames realizados para HIV no no período de 2000 a 2003, não verificou aumento no número de exames realizados em 2004. Tabela 7 – Distribuição de Teste HIV realizados em pacientes notificados para Tuberculose no município de Porto Velho no período 2000 a 2004. Ano Ignorado Positivo Negativo Em anda// NR Total 2000 2(0,70%) 11(3,85%) 11(3,84%) 10(3,50%) 252(0,88%) 286 2001 0 9(3,47%) 30(11,59%) 10(3,86%) 210(81,08%) 259 2002 0 16(5,54%) 32(11,07%) 49(16,96%) 192(66,44%) 289 2003 1(0,30%) 35(10,20%) 30(8,75%) 117(34,11%) 160(46,65%) 343 2004 1(0,35%) 14(4,93%) 32(11,27%) 81(28,52%) 156(55,00%) 284 Total 4 85 135 267 970 1461 Em Porto Velho destaca-se também o número de casos de Testes para HIV não realizados com a média de 66,39%, seguidos dos exames em andamento 18,30%, Negativos 9,24%, Positivo 5,82% mostrando um aumento em relação ao Estado, e Ignorado 0,27%. Verifica-se que o teste de HIV em Porto Velho foi realizado com maior freqüência que no restante do Estado. AMOSTRAS ANALISADAS No período de junho a novembro de 2004, foram coletadas 52 amostras de escarro de pacientes suspeitos e ou notificados no Programa e Controle para Tuberculose e analisadas quanto à baciloscopia, cultura e PCR. Em 2004, nas duas Unidades de Saúde, Policlínica Oswaldo Cruz e Centro de Medicina Tropical de Rondônia, os casos notificados representaram 81,69% do total de pacientes no município de Porto Velho. Das 52 amostras, 43,15% são provenientes de pacientes da Policlínica Oswaldo Cruz, e os demais 46,85% do Centro de Medicina Tropical de Rondônia-CEMETRON. Em Rondônia, na década de 90 do total de casos registrados para tuberculose, 66% ocorreram em indivíduos entre 15 e 49 anos, sendo que 59% eram do sexo masculino (ESCOBAR, 2001). Nos anos de 2000 a 2004, a média de casos registrados para tuberculose em indivíduos de 15 a 49 anos foi de 66% e 62,28 % do sexo masculino (SESAU, 2004). Em nosso estudo essa diferença entre sexos não foi significativa. Esse resultado pode ser devido ao número relativamente pequeno da amostra. Quanto à idade entre os casos confirmados, observou-se um percentual de 75% entre os pacientes de 15 a 50 anos (tabela 8), estando de acordo com a literatura. Tabela 8- Distribuição dos casos investigados para Tuberculose Pulmonar quanto a sexo e idade. Casos Estudados Faixa Etária < 15 a 15-34ª 35-50ª >50 a Total Casos Confirmados Masc Fem Total Mas Fem Total 03( 9,09%) 10(30,30%) 12(36,36%) 08(24,24%) 33 01(5,26%) 08(24,00%) 08(42,00%) 02(10,52%) 19 04( 7,69%) 18(34,00%) 20(38,46%) 10(19,23%) 52 01( 5,88%) 06(35,29%) 05(29,41%) 05(29,41%) 17 06(54,54%) 04(36,36%) 01(09,09%) 11 01( 3,57%) 12(42,85%) 09(32,14%) 06(21,43%) 28 Entre os 52 casos estudados, 18 amostras haviam sido confirmadas através do exame baciloscópico, e os demais 34 casos apresentavam baciloscopia negativa. Destes, 7 haviam sido notificados sem confirmação baciloscópica e iniciado o tratamento para tuberculose. A tuberculose está intimamente associada à situação sócio-econômica, conforme literatura mundial. Em nosso estudo, também confirmou que a baixa renda é um dos fatores importantes para o acometimento dessa patologia. Mostrando que quanto maior a renda menor o número de casos de tuberculose, conforme Gráfico 4. Gráfico 4 – Distribuição dos casos investigados para tuberculose quanto à renda. 29 30 20 10 0 17 9 7 7 4 4 0 S/ renda < 1 1a3 Estudado 3a5 3 0 5 ou + S/ renda < 1 salário mínimo 1 a 3 salários mínimos 3 a 5 salários mínimos 5 ou + salários mínimos Confirmado Nos casos confimados de tuberculose predominou a renda de 1 a 3 salários mínimos com 17 (60%) casos. (P=0,0073). Outra variável importante para verificar a situação sócio econômica é a escolaridade, que em nosso estudo predominou os que apresentavam menos de 8 anos de escolaridade (78,57%) (Gráfico 5). Gráfico 5- Distribuição dos casos investigados para tuberculose quanto à escolaridade. 40 36 30 Estudado 20 17 Confirmado 12 10 0 5 6 5 S/ esc 1 <8 08-12 0 12 e mais Vários estudos têm mostrado a relação entre tabagismo/alcoolismo e a tuberculose. O gráfico 6 representa na população estudada a distribuição destes dois grupos nos casos estudados (suspeitos) e confirmados como pacientes de tuberculose. Gráfico 6 – Distribuição dos casos investigados para tuberculose quanto à Tabagismo e Alcoolismo. 38 40 35 30 25 20 15 29 23 19 15 14 13 9 10 5 0 Estudado Confirmado Estudado Confirmado Tabagismo Sim Alcoolismo Não No total dos casos estudados quanto ao tabagismo 55,77% são fumantes, enquanto que nos casos confirmados 55,17% são fumantes. No total de casos estudados 26,92% são dependentes de álcool versus 17,30% nos casos confirmados de tuberculose. A partir desses dados não foi observado uma relação tuberculose versus fumo e álcool. O PPD é um exame complementar que pode ser utilizado, mas, quando é positivo isoladamente indica apenas infecção, e não é suficiente para o diagnóstico da tuberculose como doença. Também se encontra na literatura, em diversos trabalhos que a reatividade ao PPD diminue de forma acentuada em média 10 anos, pelo uso da vacina BCG (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1997). Em nosso estudo o teste tuberculínico foi realizado em 25 pacientes estudados (48%) conforme tabela 9. Tabela 9 - Distribuição dos casos em estudo em relação ao PPD. PPD Casos estudados Casos confirmados % Confirmados RF 16 06 37% Rf - - Não reator 09 05 Total 25 11 56% RF – Reator Forte Rf – Reator Fraco Dos 28 casos confirmados, apenas 11 fizeram o teste tuberculínico. Seis apresentaram-se como reatores fortes e 5 não reatores. Esses valores mostram que o PPD não foi significativo como auxiliar no diagnóstico. REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE Nas 52 amostras utilizadas para a amplificação do fragmento de 123 bp da IS6110, em 28 amostras foram positivas. A figura 2 representa alguns resultados obtidos das amostras submetidas à PCR Figura 2 –Análise eletroforética dos produtos de PCR para amplificação da IS6110123 bp em Gel de Agarose 1,5%. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Resultado da amplificação das seguintes amostras: Observa- se resultado Negativo nas colunas 1, 2, 5, 6,10, 12, 14, 15, 16, 17e 22. Positivo nas colunas 3, 4, 7, 8, 11, 19 e 20. Nas colunas 18 e 21 Branco e Mix na coluna 24 para controle Negativo e possível contaminação. O marcador de peso molecular (123bp Ladder) nas colunas 13 e 26. Controle positivo H37Rv - 23. A PCR apresentou positividade para a região IS6110 123 bp em todos os casos com cultura positiva (27), e em um caso apresentou positividade com baciloscopia e cultura negativas conforme Gráfico 7. Em análise estatística da PCR versus exames complementares, observou-se a variável cultura foi altamente significante X21 = 48,12. P< 0,001. Gráfico 7 – Representação gráfica da especificidade entre os diferentes testes laboratoriais utilizados para o diagnóstico de tuberculose. 30 28 27 25 20 18 18 BAAR RX Sug 15 10 5 0 PCR Cultura A PCR apresentou sensibilidade, especifidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo e acurácia de 100%, 96%, 96%, 100% e 98% respectivamente em relação à cultura. A PCR pode ser positiva em duas situações em que a cultura pode dar negativa. Uma delas envolve o paciente submetido a tratamento em que a PCR permanece positiva, em alguns casos, até mesmo depois de 6 meses (BRISSOL, et al., 1989). Outra possibilidade (ainda não demonstrada) é decorrente da existência de lesões quiescentes, particularmente em áreas com elevada prevalência da infecção (DE WIT, et al., 1992). Acreditamos que este caso positivo na PCR, pode ser devido à primeira situação, visto que o paciente já tinha feito o tratamento por 3 meses, e abandonado há 6 meses antes de coleta do material, mostrando assim, uma melhor sensibilidade da PCR, já que o paciente continua com sintomas de tuberculose pulmonar. O resultado negativo na cultura, pode ser devido a que os bacilos não estejam viáveis, por causa da medicação anterior e ou não se apresentarem em quantidade suficiente (10 a 100 bacilos por mL) para cultivo que é necessário para que o exame dê positivo. Nas 34 amostras negativas na baciloscopia realizadas pelo método Ziehl Neelsen, 9 apresentaram-se positivas em cultura, mostrando uma baixa positividade da baciloscopia, devido amostra ser paucibacilar. Em relação às 18 amostras com baciloscopia positiva foi confirmado a presença do Micobacterium tuberculosis após o cultivo. Devido a sua maior sensibilidade, comparada com a baciloscopia, a cultura contribue em certa proporção para o diagnóstico dos casos de Tuberculose Pulmonar entre pacientes sintomáticos respiratórios que tem resultados repetidamente negativos na baciloscopia. Na maioria dos países, esse tipo de paciente de tuberculose constitui aproximadamente 20% de todos casos de TBP (PNCT, 2004). Considerando que nossas amostras negativas baciloscopicamente foram 34 (65,38%), o índice de positividade no cultivo foi de 26,5% para detecção do M.tuberculosis. Apresentando um percentual um pouco acima aos descritos em outros estudos realizados conforme descrição do Programa Nacional de Tuberculose. Ao analisarmos baciloscopia versus cultura, quanto à sensibilidade, especificidade, VPP, VPN e acurácia, foi observado uma freqüência relativa de 66,66%, 73,52%, 66%, 100% e 82% respectivamente. Nos casos em que a baciloscopia e ou cultura foram positivas a PCR apresentou 100% de positividade. Já foi demonstrado que a baciloscopia e a cultura para TB após centrifugação do sedimento do escarro tem um rendimento 4 a 10 vezes maior, respectivamente, do que os exames realizados nas amostras sem este tratamento (SALEM et al., 1990; KRISTKI et al., 2000). Em Rondônia esse tratamento não é realizado até o momento, e pode interferir num resultado negativo da baciloscopia, diminuindo assim a sua sensibilidade. Em nosso trabalho não foi realizado o experimento em relação à centrifugação versus cultivo. Mas, quanto a baciloscopia direta e concentrada realizada no Laboratório de Micobacteriologia do INPA, observou-se em 7 amostras das 18 positivas, 1 grau de positividade maior, concordando com pesquisas já realizadas. Dos 52 casos analisados, os RX mostraram-se sugestivos em 27 casos. Nos casos posteriormente confirmados para tuberculose, somente 18 casos foram confirmados pela PCR, representando 64,28%, sugerindo uma baixa especificidade em radiografia no diagnóstico da tuberculose. Os raios X apresentaram uma sensibilidade, especificidade, VPP, VPN e acurácia, com valor de 66%, 70%, 69%, 73% e 71% respectivamente. Apesar do uso da radiografia não ser recomendada na descoberta de casos, o exame radiológico é auxiliar no diagnóstico da tuberculose, pois permite a identificação de pessoas portadoras de imagens sugestivas de tuberculose ou de outras patologias (BRASILMS,2002). Em nosso estudo, observou-se uma deficiência no preenchimento das fichas quanto a achados radiológicos, por não vir acompanhada de laudo. Às vezes o registro somente era feito através de desenho, e a leitura por outros profissionais pode levar a diversas interpretações. O procedimento de registro não padronizado ou simplesmente deixar de registrar os resultados no prontuário do paciente, deixam comprometidas as análises em relação à radiografia. Entre 7 pessoas notificadas com tuberculose pulmonar sem confirmação bacteriológica, em 5 foram suspensos os tratamentos, depois de avaliadas novamente pelo médico assistente após resultado do cultivo e PCR negativos. Nos outros 2 casos os tratamentos continuaram, pois, foram confirmados através da cultura e PCR. Em outros 5 suspeitos de Tuberculose Pulmonar que apresentaram cultura e PCR positivo, iniciaram tratamento. Houve contaminação na cultura em 2 (3,85%) amostras de escarro no total das 52 amostras analisadas, essas amostras não foram descartadas para o estudo, por terem sido submetidas ao cultivo em outra Unidade, onde uma apresentou resultado positivo para M.tuberculosis e a outra negativa. Entre os 52 pacientes analisados para tuberculose pulmonar 50% dos pacientes não realizaram o teste para HIV, 7,69% apresentaram teste para HIV positivo, 7,69% negativo e 21,15% estão aguardando os resultados e Ignorados 13,46%. Tabela 10 - Distribuição dos casos em estudo em relação ao Teste HIV. Casos estudados Casos confirmados % Confirmados Positivo 4 4 14% Negativo 4 2 7% Em andamento 11 8 17% Não realizado 26 13 50% Ignorado 7 1 2% Total 52 28 Teste HIV Entre os 28 pacientes confirmados com tuberculose pulmonar em nosso estudo, 4 apresentavam co-infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) 14,28%, negativo 7,14%, 46,42% não realizaram o exame, 28,57% aguardam o resultado e 3,57% ignorado, estando de acordo com a situação de registro da capital. Tabela 11 - Distribuição dos casos em estudo em relação ao BCG. Casos estudados Casos confirmados % Confirmados Presença 20 09 45,% Ausência 32 19 59% Total 52 28 Cicatriz BCG Num total de 20 pessoas que apresentavam cicatriz vacinal para BCG, 9 confirmaram tuberculose. Dos 32 casos com ausência de cicatriz, 19 confirmaram Tuberculose. Houve confirmação para Tuberculose em 45% dos pacientes que apresentaram cicatriz vacinal, enquanto os que não apresentaram cicatriz, a positividade para Tuberculose foi de 59%, estatisticamente não significante χ23= 1,002. Os sinais e sintomas, dos 52 pacientes estudados podem ser observados na tabela 12, onde foram comparados os pacientes com diagnóstico de tuberculose pulmonar confirmados, e casos não confirmados. Tabela 12 - Freqüência das manifestações clínicas entre os pacientes estudados Sintomas Casos Confirmados Não Confirmados Tosse 28 (100,00%) 23 (95,83%) Expectoração 26 (92,86%) 22 (91,67%) Hemoptise 8 (28,57%) 12 ( 50,00%) Sudorese noturna 18 (64%) 14 (58,33%) Emagrecimento 23 (82,14%) 20 (83,33%) Dor toráxica 23 (82,14% 18 (75,00%) Dispnéia 19 (67,86%) 18 (75,00%) Anorexia 18 (64,29%) 14 (58,33%) Febre 23 (82,14%) 18 (75,00%) Calafrio 12 (42,86%) 12 (50,00%) Pacientes que tiveram confirmação diagnóstica para Tuberculose não apresentaram resultados estatisticamente diferentes em relação aos sem confirmação diagnóstica. A execução com qualidade da PCR “in-house” para detecção do M.tuberculosis auxilia num diagnóstico mais preciso e rápido, como foi demonstrado em nosso estudo. O resultado confirma uma boa sensibilidade do teste e uma alta inclusão para iniciar ou não o tratamento, enquanto aguarda o exame de cultivo. Nossos resultados de sensibilidade e especificidade (100% e 96%) estão de acordo com trabalhos realizados por outros pesquisadores, como (Eisenach et al, 1991), que encontrou uma sensibilidade e especificidade de 98%. O trabalho de Bollela (2000), apresentou sensibilidade e especificidade de 88%, 98%, respectivamente. Ogusku; Salem (2004), com uma sensibilidade e especificidade de 94,7% e 100% respectivamente. DIFICULDADES OBSERVADAS Foi observado que o retorno dos pacientes com baciloscopia negativa, dependia do agendamento com pneumologista pelo próprio paciente, que muitas vezes pelo difícil acesso, não retornavam a Unidade de Saúde, o que também dificulta mais o atendimento para as pessoas suspeitas. É importante que profissionais que atuam em nível laboratorial, realizem pesquisas operacionais em tuberculose juntamente com profissionais da área clínica, identificando problemas da prática clínico laboratorial, participando também de cursos de capacitação para atividades rotineiras de suma importância como coleta, armazenamento, envio das amostras e registro das informações. Quanto ao número de casos ainda há problemas quanto à informação repassadas para Secretaria Estadual e Municipal de Saúde, os números registrados em ambas são diferentes. Desta forma, observa-se que os coeficientes de prevalência apresentados, embora aproximações de valores reais, devido às desvantagens que um sistema de informação possa apresentar, ainda são alguns dos indicadores disponíveis para a tuberculose no momento. CONCLUSÃO Ainda não há mudança no número de casos de tuberculose nos últimos anos, e existe necessidade de incrementar as técnicas de diagnóstico em Rondônia, já que é o único estado da federação que não realiza o exame de cultura para o bacilo de Koch. A radiografia de tórax que é comumente utilizada, mas tem baixa sensibilidade e especificidade. A PCR apresentou uma excelente sensibilidade e especificidade semelhante aos encontrados na literatura. O trabalho demonstrou que a PCR foi capaz de diagnosticar efetivamente casos de tuberculose pulmonar, além de uma excelente capacidade de diferenciar M. tuberculosis de outras micobactérias, por não apresentar falsos positivos. O uso como rotina da PCR poderá contribuir com a descoberta precoce dos casos, reduzindo a gravidade dos mesmos e risco de transmissão. 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TERMO DE CONSENTIMENTO TERMO DE CONSENTIMENTO PARA INVESTIGAÇÃO CLÍNICA Confirmação Molecular do Diagnóstico de Tuberculose Através da PCR em Pacientes sob Tratamento no Município de Porto Velho-RO Este estudo tem como objetivo avaliar um novo teste diagnóstico para pacientes sob suspeita de apresentarem tuberculose no pulmão e será coordenado pela Bióloga Cleoni Alves Mendes de Lima e Dra Maria Manuela da Fonseca Moura (profissionais em atividade na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Denise de Oliveira ResendeDiretora Policlínica Oswaldo Cruz – PVH/RO, O Dr Francisco Ivan Braga Faig – MédicoCentro de Medicina Tropical de Rondônia-CEMETRON/RO, Mirlene Morais de Souza (diretora do Laboratório Central – LACEN-RO) e seu corpo técnico. Terá como colaboradores externos o Dr. Afrânio Lineu Kritski e a Bióloga Joseane da Fonseca Costa da Univervidade Federal do Rio de Janeiro, Dr. Adalberto Rezende Santos da Fundação Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro, Profª Drª Júlia Ignez Salem/Pesquisadora/INPA/AM e Ms.Maurício M. Ogusku/Pesquisador/INPA/AM. Procedimento Se eu concordar em participar deste estudo, eu responderei a um questionário padronizado que investigará aspectos do meu perfil sócio-econômico, os fatores de risco que estão associados ao adoecimento por tuberculose, o consumo de bebidas alcoólicas e sintomas atuais. O material coletado, seguindo modelo de investigação da tuberculose pulmonar nesta Unidade de Saúde, será submetido à rotina do laboratório da micobacteriologia. Caso eu permita, uma alíquota deste material também será submetida a um teste de pesquisa chamado PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) para melhorar as possibilidades de diagnóstico da tuberculose. Benefício Os procedimentos médicos as quais eu me submiterei aumentarão as possibilidades de um diagnóstico mais apurado e, desta forma, tratamentos inapropriados poderão ser evitados. Com isto, espera-se que mais conhecimentos científicos sejam obtidos com conseqüente melhoria no diagnóstico e tratamento futuro de pessoas que estejam na mesma condição que eu. Alternativa Se eu optar por participar do estudo, ou mesmo sair dele durante o seu andamento, minha situação presente ou futura como paciente não será afetada. Custos e Reembolso Eu não serei cobrado por qualquer dos procedimentos realizados no estudo como também não serei reembolsado por participar do mesmo. Confidencialidade dos dados A participação em projetos de pesquisa pode resultar em perda de privacidade, entretanto, procedimentos serão tomados pelos responsáveis por este estudo, no intuito de proteger a confidencialidade das informações que eu forneça. As informações serão codificadas e mantidas num local reservado o tempo todo. Após o término deste estudo, as informações serão transcritas dos questionários para arquivos em computador e aqueles serão mantidos arquivados em local reservado. Os dados deste estudo poderão ser discutidos com pesquisadores de outras instituições e encaminhados para a unidade de atendimento. Consentimento A participação em pesquisa é voluntária. eu tenho o direito de não concordar em participar ou mesmo de me retirar do estudo em qualquer momento que eu queira, sem riscos para o meu tratamento médico. Se eu desejar e concordar em participar, devo assinar na linha abaixo. Porto Velho,___/____/____. _______________________________ Assinatura do paciente ___________________________________ Pessoa que obteve o consentimento FORMULÁRIO PARA PACIENTES COM SUSPEITA DE TUBERCULOSE PULMONAR Nome Completo: _______________________________________________________ 1) Data do Questionário: _______/_______/__________ Nº Amostra____________Nº Registro US___________Nº Laboratório_________ 2)Endereço Residencial: ____________________________________________ Bairro: ___________________________ Cidade:____________________________ Há quanto tempo mora neste endereço______________________ Residência anterior:_____________________________________________________ Telefone: (______) (______) __________________________________ ( ) IGN 3) Endereço do trabalho: ________________________________________________ Bairro: ___________________________ Cidade: ____________________________ Telefone: (______) (______) __________________________________ 4) Data de Nascimento: _____/_____/_____ ( ) IGN ( ) IGN 5) Idade: _________ Local de Nascimento:_____________________________________ 6) Gênero: ( ) Masc ( 7) Estado Civil: ( 8) Cor de Pele: ( ) Branca ( ) Acompanhado 9) Renda Familiar: ( mínimos ( ) Fem ( ( ) Negra ) Sem renda ) 3 a 5 salários mínimos ( ( ) IGN ) Não acompanhado ( ) Parda ) >q1 ( ( ( ) Outros ) IGN ( ) IGN ) 1 a menos de 3 salários ) Mais de 5 salários mínimos ( ) IGN 10) Profissão: 11) Grau de instrução ( ( ) 1o grau completo o ) 1 grau incompleto ( ( ) 2o grau completo o ) 2 grau incompleto ( ( ) 3o grau completo o ) 3 grau incompleto ( ) IGN ( )S/ Esc 12) Fatores Preditivos Positivos a) Tosse ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN b) Escarro ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN c) Hemoptise ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN d) Sudorese noturna ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN e) Emagrecimento ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN f) Dor torácica ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN g) Dispnéia ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN h) Anorexia ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN i) Febre ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN j) Calafrios ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN a) Já Fumou? ( ) Sim (1) ( a1) Maços – ano: _________________ ( ) IGN b) Você Fuma atualmente? ( ) Sim c) Hepatopatias? ( d) Diabetes Mellitus (DM) 13) História patológica pregressa (HPP) ) Não ( ) IGN ( ) Não ( ) IGN ) Sim ( ) Não ( ) IGN ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN e) Neoplasia maligna ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN f) Doença do colágeno ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN g) Hanseníase ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN h) Outra? ( ) Sim (1) ( ) Não ( ) IGN i) Uso de Corticóide ou imunossupressores ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN l) Doença pulmonar obstrutiva crônica ( (DPOC) ) Sim ( ) Não ( ) IGN m) Desnutrição (perda >15% do peso corporal) ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN n) Alcoolismo ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN o) Tuberculose pulmonar anterior ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN j) Insuficiência renal crônica (IRC) 01) Número de episódios: ______________ ( ) IGN 02) Ano do último episódio: _____________ ( ) IGN ( ) Abandono 03) Desfecho do último episódio: p) Contato de Bacilífero ( ( ) Cura ) Sim ( ) Não ( ) IGN Época do contato: ___________________________________ ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN r) Tuberculose extrapulmonar no passado ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN ( ) Positivo q) Profilaxia prévia para tuberculose s) Realizou teste HIV ( ) Negativo ( ) S/inform 14) Exames realizados b) Cicatriz de BCG ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN c) PPD ( ) Sim ( ) Não ( ) IGN Resultado: _____________mm Data: _____/_____/_____ d) Baciloscopia d.1) Escarro Espontâneo 1a amostra: 2a amostra: 3a amostra: Data do pedido: ____/____/____ Data da coleta: ____/____/____ Data do resultado: ____/____/____ Resultado: _______________ Data do pedido: ____/____/____ Data da coleta: ____/____/____ Data do resultado: ____/____/____ Resultado: _______________ Data do pedido: ____/____/____ Data da coleta: ____/____/____ Data do resultado: ____/____/____ Resultado: _______________ d.2) Escarro Induzido Data do pedido: _____/_____/_____ Data da coleta: _____/_____/_____ Data do resultado: _____/_____/_____ Resultado: _________________ d.3) Lavado Broncoalveolar Data do pedido: _____/_____/_____ Data da coleta: _____/_____/_____ Data do resultado: _____/_____/_____ Resultado: _________________ e) Cultura para micobactérias No da Cultura: ______________ 1a Data do pedido: ____/____/____ Resultado: _________________ Material: _________________ No da Cultura: ______________ 2a Data do pedido: ____/____/____ Resultado: _________________ Material: _________________ f) RX do tórax ( ) Sim ( ) Não ( ) Normal ( ) Seqüela de TB ( ( ) IGN ( ) IGN Data: _____/_____/_____ g) Laudo da radiografia do tórax ( ) TB em atividade ) Outra doença pulmonar h) Técnica de PCR 1a Data do pedido: ____/____/____ No do Laboratório: _____________ Material: ________________ Resultado: ___________________ 2a Data do pedido: ____/____/____ No do Laboratório: ____________ Material: ________________ Resultado: ___________________ 15) Diagnóstico Diagnóstico principal: ____________________________________________________ Diagnóstico (s) acessório (s): ______________________________________________ 16) Tratamento: ( ) Sim ( ) Não Data do início do tratamento: _____/_____/_____ Esquema de tratamento inicial: ____________________________ 17) Evolução a) ( ) Alta por cura b) ( ) Transferência c) ( ) Abandono d) ( e) ( ) Óbito ) Outra Unidade Data: ____/____/____ Causa do óbito: ( ) Não associada à tuberculose ( ) Associada à tuberculose TERMO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA