Qual o legado das Olimpíadas no Brasil?

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Qual o legado das Olimpíadas no Brasil?
Por Stephan Sawitzki - Economista e professor do curso de Ciências Econômicas da FAHOR
Quando os países se candidatam a sediar grandes eventos, eles o fazem, ou deveriam fazer,
pelo legado que esses deixam para as cidades, os estados ou o país envolvido. No caso das
Olimpíadas Rio 2016, não foi diferente. Diferente da Copa do Mundo da FIFA em 2014, as
Olimpíadas são realizadas em apenas uma cidade, portanto o Rio de Janeiro estava no centro
das atenções. Basicamente, os investimentos realizados para a realização dos jogos são
destinados à cidade sede.
A grande pergunta que fica é se vale a pena tão vultoso investimento em apenas uma cidade,
visto que o Brasil, de forma geral, sofre com problemas básicos de infraestrutura e outras
carências. E quais são os reais benefícios para a nação de tais investimentos?
Na história olímpica recente, temos dois grandes exemplos dissonantes a esse respeito.
Barcelona, na Espanha, conseguiu utilizar as Olimpíadas para revitalizar a cidade, melhorar a
infraestrutura e atrair os olhares do mundo para a mesma, que hoje é um grande ponto
turístico mundial e aproveita bem o legado dos jogos. Já Atenas, na Grécia, conta hoje com
total abandono das obras, não deu continuidade às melhorias de infraestrutura e não gerou a
atração que se esperava.
Não só o legado físico tem que gerar resultados, mas, sobretudo, a melhora social que esse
legado traz como melhora nos transportes, geração de empregos, melhoras ambientais, entre
outras. O valor investido para os jogos do Rio 2016, seja da iniciativa pública, seja da privada,
giraram ao redor dos R$ 40 bilhões. Desse valor, segundo o G1, cerca de R$ 25 bilhões ficarão
como legado.
Porém, basta saber se a cidade será capaz de aproveitar e impulsionar tal legado. Alguns sinais
já são claros, como a melhoria em áreas degradadas e/ou não utilizadas pela população, as
melhorias no transporte público, a criação de centros esportivos que serão utilizados para
desenvolvimento de atletas, escolas, entre outros. Também, durante os jogos, houve grande
movimentação no comércio e serviços, sobretudo em hotéis, bares e restaurantes.
Segundo a BBC, o gasto médio ao dia dos turistas estrangeiros (cerca de 410 mil turistas)
durante os jogos foi de R$ 424,62 e dos turistas brasileiros (cerca de 760 mil turistas) foi de R$
310,42. Isso representa em torno de R$ 4 bilhões a mais circulando na economia. Com esse
aporte, novas cadeias de valores se criam, novas empresas nascem e empregos são gerados.
Sem dúvida, o legado existe. Mas, é importante ficar atento para que ele não sucumba com a
mesma brevidade dos jogos. Ele precisa gerar resultados em longo prazo para que o
investimento realizado tenha, de fato, valido a pena. Não são apenas as medalhas que
importam nos jogos Olímpicos, e sim o legado que fica e como ele é aproveitado pelas cidades
que sediam tais eventos.
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