Universidade Estadual de Londrina Centro de Ciências Exatas -CCE Departamento de Geociências A VERTICALIZAÇÃO NA GLEBA PALHANO LONDRINA - PR: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO E CONSUMO DA HABITAÇÃO Rubia Graciela de Paula 2006 Universidade Estadual de Londrina Centro de Ciências Exatas -CCE Departamento de Geociências A VERTICALIZAÇÃO NA GLEBA PALHANO LONDRINA - PR: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO E CONSUMO DA HABITAÇÃO Monografia apresentada ao curso de Bacharelado em Geografia ao Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina, com requisito a obtenção de título de Bacharel em Geografia. Orientada pela Profa. Dra. Tânia Maria Fresca. 2006 Aos meus pais, irmãos, avós, amigos e ao meu esposo. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a minha família, que sempre me incentivou e apoiou durante toda a minha vida e principalmente nestes anos de faculdade. Aos meus avós Conceição e Diomar que me incentivam a minha caminhada até a universidade. Ao meu esposo e companheiro de turma Ricardo Sassaki, que nos primeiros anos de curso me incentivou como amigo, ao longo de três anos me apoiou como namorado e noivo e neste último ano vem com muito carinho e dedicação me ajudando como esposo. Aos meus grandes amigos que encontrei na faculdade, e que ficarão sempre em meu coração. Amigos que neste período de caminhada me apoiaram, com muito carinho e compreensão e que me proporcionam muitas alegrias: Gustavo Martins, Jane Carolina, Samuel, Nuno, Rodrigo César e Maykon, obrigada pelo respeito, amizade e companheirismo de todos. A professora Tânia que foi muito mais de que professora e orientadora, uma grande amiga e incentivadora, que sempre impulsionou para perseguir os trabalhos e que me guiou nos caminhos. Aos demais professores e funcionários do depto de Geociências da Universidade Estadual de Londrina, pelo companheirismo e dedicação nos trabalhos. PAULA, Rubia Graciela. A verticalização Gleba Palhano – Londrina - PR: Uma análise da produção e consumo da habitação. 2006. Monografia (Bacharelado em Geografia) - Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina PR. 119p. RESUMO O trabalho compreende na análise da verticalização na porção nordeste da Gleba Palhano em Londrina-PR. Para atender os objetivos do trabalho foram feitas abordagens sobre conceitos de verticalização e sobre os uso do solo, agentes modeladores do espaço urbano e segregação urbana. Abordou-se sobre a gênese da cidade de Londrina e uma caracterização sobre o processo de verticalização entre 1970-2000. Desta forma tivemos referencial sobre a Gleba Palhano e os fatores que levaram a sua valorização, em seguida tratamos sobre as construtoras e incorporadoras que executaram empreendimentos na área. Foram elaborados mapas e tabelas para melhor compreensão do trabalho. Desta forma traçamos, através de levantamentos no local, o perfil dos consumidores e dos apartamentos da Gleba Palhano. PALAVRAS CHAVE: verticalização, construtoras, incorporadoras, Gleba Palhano, mercado consumidor. PAULA, Rubia Graciela. The verticalização Palhano Soil - London - PR: An analysis of the production and consumption of the habitation. 2006. Monograph (Bacharelado in Geography) - Department of Geociências of the State University of Native of London PR. 119p. ABSTRACT The work understands in the analysis of the verticalização in the northeast portion of the Palhano Soil in Native of London. To take care of the objectives of the work boardings on concepts of verticalização and the use of the ground had been made, agents modellers of the urban space and urban segregation. A characterization was approached on gênese of the city of Native of London and on the process of verticalização between 1970-2000. In such a way we had referencial on the Palhano Soil and the factors that had taken its valuation, after that we treat on the constructors and incorporators who had executed enterprises in the area. Maps and tables for better understanding of the work had been elaborated. In such a way we trace, through surveys in the place, the profile of the consumers and the apartments of the Palhano Soil. KEY WORDS: verticalização, constructors, incorporators, Palhano Soil, consuming market. “Centros urbanos modernos não destroem a experiência humana. O que a destrói é a civilização que adotamos” Milton Santos LISTA DE FIGURAS Figura 01 Encarte Publicitário da Plaenge........................................................ 87 Figura 02 Encarte Publicitário da Plaenge. ...................................................... 88 Figura 03 Encarte Publicitário da A. Yoshii. .................................................... 93 LISTA DE MAPAS Mapa 01 Localização de Londrina-PR............................................................. 39 Mapa 02 Áreas de maior intensidade da verticalização na cidade de Londrina: 1970-2006........................................................................... 71 Mapa 03 Localização da Gleba Palhano na cidade de Londrina................. 74 Mapa 04 Localização dos Edifícios no nordeste da Gleba Palhano............. 77 LISTA DE TABELAS Tabela 01 Edifícios construídos em Londrina entre os anos de 1950 a 1957 44 Tabela 02 Evolução de número de Edifícios construídos em Londrina 1970-2000.............................................................................................. 60 Tabela 03 Características dos condomínios verticais na Gleba Palhano...... Tabela 04 Principais edifícios executados pela Construtora Plaenge em Londrina 1973-2006. .......................................................................... 82 Tabela 05 Edifícios executados pela Construtora A. Yoshii em Londrina 1976-2006.. ........................................................................................... 91 Tabela 06 Edifícios executados pela Construtora Artenge em Londrina 1976-2006.............................................................................................. 95 Tabela 07 Edifícios executados pela Construtora Serteng em Londrina 1990-2006.............................................................................................. 103 Tabela 08 Edifícios executados pela Construtora Quadra em Londrina 1988-2006.............................................................................................. 106 Tabela 09 Perfil profissional dos moradores da Gleba Palhano-LondrinaPr........................................................................................................... 111 Tabela 10 Média Salarial do perfil profissional dos moradores da Palhano................................................................................................. 113 78 LISTA DE FOTOS Foto 01 O Edifício Santo Antonio em Londrina. ......................................... 45 Foto 02 Edifício Autolon.................................................................................. 46 Foto 03 Complexo Centro Comercial............................................................. 47 Foto 04 Vista parcial de Londrina na década de 1950................................. 48 Foto 05 Edifício Comendador Júlio Fuganti................................................. 52 Foto 06 Vista parcial de Londrina na década de 1960................................. 53 Foto 07 Vista parcial de Londrina na década de 1970................................. 61 Foto 08 Complexo Empresarial Oscar Fuganti............................................. 65 Foto 09 Edifício Imperador.............................................................................. 66 Foto 10 Vista parcial de Londrina na década de 1980................................. Foto 11 Residencial Quinta da Boa Vista II................................................... 68 Foto 12 Edifício Maison Lac Leman............................................................... 69 Foto 13 Vista parcial de Londrina na década de 1990................................. 69 Foto 14 Edifício Lac Royal .............................................................................. 84 Foto 15 Edifício Palhano Residence............................................................... 89 Foto 16 Edifício Sunflowers............................................................................ 92 Foto 17 “A cidade Artenge” lotes da Artenge na Palhano......................... 98 Foto 18 Portal do Lago..................................................................................... 98 Foto 19 Edifício Mogno.................................................................................... 101 66 Foto 20 Edifício Perola Negra......................................................................... 104 Foto 21 Residencial Paranoá........................................................................... 108 Foto 22 Condomínio Chácara Bela Vista....................................................... 109 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................. 14 1. ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE VERTICALIZAÇÃO..................... 16 1.1 Uso do Solo Urbano........................................................................................... 27 1.2 Agentes Modeladores Do Espaço Urbano...................................................... 30 1.3 Segregação Urbana............................................................................................ 2. LONDRINA: EXPANSÃO URBANA E CARACTERISTICAS GERAIS DA VERTICALIZAÇÃO ................................................................ 37 2.1 Expansão Londrinense 1970-2000.................................................................... 53 2.2 Verticalização Londrinense 1970-2000............................................................ 3. A VERTICALIZAÇÃO NA GLEBA PALHANO – LONDRINA – PR.... 72 3.1 As Incorporadoras E A Produção Dos Edifícios............................................ 79 3.2 Análise Da Produção E Do Consumo Dos Edifícios Da Gleba Palhano Londrina-Pr......................................................................................................... 107 35 59 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 115 REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 117 INTRODUÇÃO A idéia de realizar este trabalho surgiu a partir da disciplina de Geografia Urbano-Industrial, pertencente ao currículo do curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina, onde foram abordados diversos conteúdos em direção a compreensão do espaço urbano. Desta forma a verticalização foi um dos aspectos abordados durante as aulas e no trabalho de campo realizado na disciplina. A partir dos estudos sobre verticalização e os questionamentos que vieram surgindo, procuramos realizar um estudo mais aprofundado sobre o assunto. Londrina foi a cidade escolhida, mais especificamente a sua porção sudoeste, onde localiza-se a denominada Gleba Palhano, da qual uma pequena área, o nordeste foi recentemente incorporada através da construção de edifícios de alto padrão. Nosso propósito de pesquisa é de estudar os principais fatores que permitiram a incorporação desta área, bem como entender a forma desta incorporação por intermédio da construção de edifícios de alto padrão. Para tanto, analisamos as construtoras e incorporadoras responsáveis por essa verticalização, bem como procuramos traçar um perfil do mercado consumidor dos apartamentos. 15 Para elaboração deste trabalho foram necessários levantamentos bibliográficos sobre conceitos de verticalização, produção urbana e sobre a gênese da cidade de Londrina, enfocando também a sua verticalização. Foram necessários levantamentos junto a sede do Corpo de Bombeiros de Londrina, para obtenção de dados dos edifícios construídos na área de estudo. Isto se deve em razão da facilidade para obtenção dos dados, já que na Prefeitura Municipal de Londrina este processo é demorado e lento. Realizamos entrevistas junto a construtoras e corretores imobiliários que atuam na área de estudo. Além disso, várias visitas ao campo possibilitaram obter mais informações sobre os edifícios e seus consumidores. O trabalho foi dividido em três capítulos, sendo que no primeiro abordamos conceitos que permitiram a compreensão sobre verticalização. Abordamos também conceitos sobre o uso do solo urbano, agentes modeladores e segregação urbana. No segundo capítulo trataremos da gênese de Londrina, e a precocidade da construção de edifícios, bem como uma caracterização da verticalização da cidade entre 1970-2000. No último capitulo abordamos especificamente a Gleba Palhano, trabalhando com os agentes que atuam na área, as construtoras e incorporadoras, mais especificamente e traçamos um perfil dos moradores dos edifícios. 16 1. ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE VERTICALIZAÇÃO. A verticalização foi uma das mais acentuadas mudanças ocorridas nas cidades brasileiras ao longo do século XX, especialmente no pós Segunda Guerra Mundial. Os primeiros edifícios foram construídos no Brasil para atender as atividades comerciais e depois adequados à moradia, mas o processo de verticalização ganhou destaque após o ano de 1920, com prédios grandiosos nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. A construção de edifícios é bastante complexa, pois resulta da ação de vários agentes que agem e interagem criando este tipo de moradia. A verticalização seria então, a criação de “solos”, uns sobrepostos a outros, como um empilhamento de solos, adquirindo o que muitos estudiosos chamam de reprodução do solo urbano e desta forma o capital também se reproduz de forma potencial (RAMIRES; GOMES, 2002). Este processo também evidencia no espaço urbano a segregação, de tal forma que a classe com menor poder aquisitivo terá maiores dificuldades para adquirir imóveis destes tipos, salvos quando forem produzidos para atender esta demanda, o que poderá ser sob a forma de conjuntos habitacionais. Esta separação entre classes ou segregação é observada pelos altos valores dos imóveis, do IPTU e condomínios, levando somente a classe com maior poder aquisitivo a adquirir estes imóveis. 17 A verticalização exige um maior investimento do poder público e privado, uma vez que dentro de uma pequena área, irá circular um maior número de pessoas. Geralmente estas adequações são necessárias nas vias de circulação, no sistema de rede de esgoto, água, energia e telefone. Estas readequações são conseguidas porque este processo não só engloba os consumidores dos imóveis, mais também as grandes construtoras e incorporadoras, que fazem pressão junto ao estado para conseguir as melhorias, e assim valorizar a área e conseqüentemente seu empreendimento. Os primeiros edifícios para moradia construídos no Brasil possuíam grandes dimensões, com grandes cômodos, para atender a demanda do público da década de 1920, que eram os grandes comerciantes, banqueiros, etc., que saiam de seus casarões, havendo a necessidade de apartamentos com grandes áreas. A troca de casarões por apartamentos assumiu o sinônimo de bons negócios, de riqueza, sendo também obras que simbolizavam modernidade. Com o passar do tempo houve uma redução na metragem dos apartamentos, para atender outras classes da sociedade, que começou a se diferenciar na composição familiar, em seus hábitos e costumes, podendo chegar a apartamentos com menos de 40 m2. Ramires e Gomes (2002 p.92), trabalharam com o processo de verticalização do bairro Praia do Canto na cidade de Vitória (ES), e explicaram que o 18 berço da verticalização no Brasil foi em São Paulo e Rio de Janeiro na década de 1920. Os autores em suas analises articulam a verticalização brasileira com os processos do “inchaço” urbano, do crescimento desordenado, expansão gigantesca das periferias, a degradação das áreas centrais, resultando no que os mesmos entendem como a “crise das cidades”. Acrescentaram ainda os processos de segregação urbana, ampliava pela renda fundiária, a produção de equipamentos urbanos e dos meios de consumo coletivos, planejamento urbano, e as políticas urbanas com suas leis e normas. O processo de verticalização também é apontado não como uma conseqüência natural da urbanização, mas uma das possíveis opções traçadas pelos diferentes agentes sociais e interesses econômicos envolvidos na estruturação interna das cidades. (RAMIRES; GOMES, 2002). Monbeig (1957 p.91), descreve que no final do século XIX em São Paulo “o aspecto do velho núcleo urbano modificava-se com a construção de casas de vários andares”. Já em outro trecho, o autor menciona que no período inflacionário brasileiro do final do século XIX, foi um dos mais prósperos para os arquitetos e para os vendedores de terrenos. “A inquietude diante da desvalorização da moeda leva freqüentemente os cidadãos da alta burguesia e da classe média à compra de imóveis. São conhecidas as manobras especulativas que acompanharam amiúde a construção dos grandes prédios modernos” (MONBEIG, 1957 p. 102). O autor trabalha com a descrição das primeiras edificações com vários andares e também a 19 maior segurança financeira com investimentos em imóveis, já que na época tratada a oscilação inflacionária era alta. Mendes (1997 p. 211) ao trabalhar com a cidade de Maringá – PR explicita que o processo de verticalização vem se cristalizando como um dos resultados do processo de urbanização. A verticalização se transformou numa marcante mudança da cidade. Os primeiros edifícios eram destinados principalmente ao comércio e atendiam às novas necessidades de divisão do trabalho e da concentração de atividades. Não se deve atribuir a aspectos como a utilização de energia elétrica, do elevador e das grandes estruturas de aço o fator de surgimento do crescimento vertical. É certo que esses aspectos realmente impulsionaram (e impulsionam) o processo de construções de edifícios, mas podemos encontrar a resposta a essa questão no próprio desenvolvimento da tecnologia ligada à acumulação do capital. (MENDES, 1997 p. 213-214). O autor aponta um novo processo de verticalização a partir dos anos de 1970 no Brasil, onde seu crescimento foi importante do ponto de vista da luta de classes com também da fisiologia da cidade, representando a dinâmica do capital que ao se reproduzir, produz e reproduz espaços. Desta forma o espaço não pode ser controlado por seus habitantes e sim por grupos que a negociam. Os EUA tiveram papel importante para avanço da verticalização, ao desenvolver de modo significativo o emprego de tecnologia arquitetônica. Neste contexto, Nascimento (2000), trabalha com os arranha-céus americanos e sua 20 influência tecnológica e urbanística que foi exportada para o mundo. “Monumentalizar é expressão. Criar novos espaços nas cidades como uma espécie de centros irradiadores se torna o objetivo dos investidores para aumentar a capacidade de consumo e lucro e fazer prosperar o ciclo do capital” (Nascimento, 2000, p.108). Os prédios tornam-se “troféus”, um produto que demonstra a identidade das cidades, símbolo do poder das grandes corporações. A autora concorda que a construção de torres altas no Brasil ocorreu tendo como elemento para fortalecer a cultura local, na figura de um arranha-céu ou como cópia de uma sociedade em ascensão, como a estadunidense. SOUZA (s.d) trabalha com o processo de metropolização de São Paulo, estudando a gênese e a evolução da verticalização da cidade, procurando uma identidade do processo de urbanização brasileiro, bem como a identificação de algumas categorias explicativas e agentes responsáveis pela produção e apropriação desses espaços. Para a autora a verticalização da cidade de São Paulo, a partir de 1964, é muito importante do ponto de vista da luta de classes, e da produção e reprodução do espaço, assim como a acumulação e reprodução do capital, onde a verticalização constitui-se em espaço privilegiado em relação às classes mais pobres. Neste processo de produção e apropriação do espaço urbano, a autora explica a existência de uma relação entre o capital imobiliário, o capital financeiro, o capital 21 fundiário e os capitais produtivos, que no processo de verticalização se realizam em um curto espaço de tempo, numa estratégia de interesses mútuo. Para Souza (s.d) o processo de produção e apropriação da cidade de São Paulo conhece especificidades onde o velho e o moderno se batem, estas características são essências na história de produção do espaço onde construção/destruição, público/privado, trabalho/capital configuram espaços e formas muito características nos diferentes períodos históricos. A partir do concreto armado e do elevador, possibilitando a construção do espaço vertical no centro da cidade, no início do século abrigando serviços e moradia, difundem-se formas e usos novos que vão ganhando territórios e especificando novas formas de morar e de produzir espaços. Tecnologias (trabalhos) e novas necessidades do processo de acumulação geram dinâmicas urbanas diferenciadas. (SOUZA, s.d. p. 6) A evolução do espaço metropolitano representado pelas novas formas de morar e de produzir espaços, pelas práticas do cotidiano na vida da metrópole e pelos edifícios que vão surgindo, caracterizam estilos e funções, e lugares. “A verticalização, como se pode ver através do ‘taylorismo’1 e das transferências tecnológicas, tem fortes laços no desenvolvimento das lutas de classes” (SOUZA, s.d. p. 27). 1 Taylorismo é um método de racionalizar a produção, logo, de possibilitar o aumento da produtividade do trabalho, economizando tempo, suprimindo gestos desnecessários e comportamentos supérfluos no interior do processo produtivo, o sistema Taylor aperfeiçoou a divisão social do trabalho introduzida pelo sistema de fábrica, assegurando definitivamente o controle do tempo do trabalhador pela classe dominante. (Rago, 1986, p. 10) 22 Na década de 1920 a cidade de São Paulo gerou um crescimento e readequações nas indústrias de bens de produção, antigas e pequenas indústrias mecânicas, metalúrgicas e fundições vão se expandir. Apesar da indústria da construção não dispensar as importações, fica claro que este surto de industrialização também foi o sustentáculo da expansão da verticalização em São Paulo. Para Souza (s.d) a verticalização foi possível pela evolução dos materiais da construção civil, que permitiu a construção em vários pavimentos refletindo uma maior valorização do solo, além de ser um segmento muito importante da reprodução do capital no espaço, aliado a uma nova forma de morar, um símbolo de modernidade e um separador de classes. O arranha-céu passa a ser um novo elemento da morfologia da cidade produzindo uma ruptura como o passado e a construção da idéia de modernidade. Além disso, difundiam-se através dessa nova forma geográfica, os preceitos de higiene, ordem, moralidade e conforto, que se contrapunham às formas coletivas de moradia até então. (RAMIRES, 1998 p. 39) A arquitetura arrojada pela sua altura, expressa na paisagem urbana a riqueza produzida pelo capitalismo, passando a idéia de modernidade. Ramires (1998) aponta que os maiores prédios construídos ou em construção no mundo estão localizados na Ásia, onde a escassez de terreno é apontada como a principal razão para a proliferação desse tipo de construção. Na sociedade brasileira o apartamento processa-se através da aceitação pela classe média e depois pela alta, como o Edifício 23 Palacete em São Paulo, que dá a idéia de palácio, por outro lado os operários ficaram bem longe deste processo, apesar de termos algumas experiências de verticalização para as camadas populares. Os apartamentos não eram uma opção de moradia barata; em São Paulo os residentes eram constituídos por uma elite cultural mais acendida junto aos padrões de modernidade. Para Ramires (1998) a classe média foi a que primeiro aderiu esta nova forma de habitar e o processo de verticalização acentuou o processo de segregação espacial. Este processo com formas modernas associa-se com a idéia de riqueza/burguesia, saúde/higiene, privacidade/distinção, aprioramento/civilização, ascensão social/status de modernidade. A figura do apartamento ficou fundamentalmente associada às classes médias e altas, que desde o inicio foram atraídas por essa forma de morar, fazendo com que as empresas incorporadoras criassem plantas que, de forma quase que padronizada para as diferentes cidades brasileiras, reproduzissem no seu interior a casa e a suas respectiva organização social do espaço. Assim, no apartamento típico a área social era composta pela sala de visita, sala de jantar, copa e sacada. A sacada era uma versão estilizada da varanda, enquanto que a copa também era uma tentativa de reproduzir algo que existia anteriormente na casa, ou seja, o espaço de socialização dos membros da família e dos empregados. Estes tinham um espaço reservado no apartamento – a dependência de empregada. (RAMIRES, 1998, p. 54). O autor aponta que o processo de verticalização esta passando por uma redução na metragem do apartamento, devido às transformações que vem passando a classe média brasileira. A partir da década de 1970 a criação de condomínios exclusivos, aguça a segurança, formado por vários prédios, totalmente 24 cercados, com equipamentos de segurança e áreas de lazer, localizados em áreas nobres. Ramires (1998 p. 58) intensifica a afirmação que O processo de verticalização altera não apenas as formas geográficas do local onde se desenvolve, como muda também as suas funções e o seu conteúdo social. Esses fatos geralmente não são considerados pelos agentes do mercado imobiliário, nem pelo poder público, responsável em grande parte pela infra-estrutura urbana básica. (RAMIRES, 1998, p. 58) Entendemos que para o autor o processo de verticalização é uma forma de segregação entre classes, representando ao morador um status de modernidade, riqueza e segurança. Mendes (1992) considera que a verticalização é o resultado da multiplicação do solo urbano e que este processo é uma estratégia entre múltiplas formas de capital, o fundiário, o imobiliário e o financeiro. O capital fundiário é representado por investidores em terras que esperam resultados a longo prazo, quando a cidade começa a atingir as localidades rurais, valorizando a terra. O capital imobiliário é formado por construtoras e incorporadoras que adquirem em terrenos para construção e por fim o financeiro que entra com o financiamento junto às construtoras para execução dos projetos. O autor aponta que o capital é uma estratégia de reprodução no espaço e que o Estado interage viabilizando estruturas de planejamento e de 25 legislação urbana. E que o espaço urbano assume o papel de mercadoria dando origem à renda da terra e que ainda gera luta de classes. Verifica-se que a verticalização, além, da produção do edifício realiza plenamente a reprodução, através da combinação das diversas formas de capital, valorizando ou sobrevaloriza o espaço urbano onde se instala. (MENDES, 1992, p. 43) Ramires e Gomes (2002) trabalham com várias conceitualizações sobre verticalização, indicando fragmento de autores, como [...] o processo de verticalização não é uma conseqüência natural da urbanização, mas uma das possíveis opções traçadas e definidas pelos diferentes atores sociais e interesses econômicos que envolvem a estruturação interna das cidades”. (RAMIRES; GOMES 2002, p.92) Correlacionando com tal compreensão, podemos indicar os agentes que configuram e dão forma as cidades. Estes agentes são responsáveis pela produção e reprodução da cidade. São representantes desta classe os agentes imobiliários que podem realizar diversas operações, como: a incorporação, o financiamento, o estudo técnico, a construção ou produção física do imóvel e comercialização ou transformação do capital em capital-dinheiro. Estas operações derivam de vários agentes concretos, incluindo proprietário-construtor do terreno 26 que seriam um agente clássico e as empresas incorporadoras especializadas na construção. A estratégia desses promotores imobiliários, dentro da sociedade capitalista seria de produção habitação a todas as classes sociais, inclusive habitações aos grupos de baixa renda. No entanto, a atuação destes promotores imobiliários se faz de modo desigual, criando e reforçando a segregação residencial que é um das características da cidade capitalista. Junto aos promotores estão os representantes do estado que são responsáveis pela organização do espaço da cidade no que tange a legislação urbana, dentre outras práticas e ações. A verticalização tem-se caracterizado como um elemento responsável pelas modificações morfológicas e funcionais da paisagem urbana. Conceituado como a multiplicidade do solo urbano, é realizada a partir da implantação de elevadores. Esta também é responsável pelas modificações morfológicas urbana, uma vez que é produzido solo adicional (os andares), possibilita a multiplicação do mesmo, havendo assim uma revalorização do espaço. A verticalização além de multiplicar o solo urbano, é também o resultado da ação de diversos agentes urbanos, do fundiário, do imobiliário, do financeiro, entre outros, que criam e recriam o espaço urbano. 27 1.1 Uso do Solo Urbano A cidade concentra inúmeras atividades e o solo urbano é disputado pelo jogo capitalista pautado na propriedade privada do solo, que por sua vez proporciona renda. A propriedade privada dos meios de produção é condição fundamental para a existência da renda da terra. Se a propriedade privada dos meios de produção fosse abolida, o capitalismo desapareceria. Mas, se a propriedade do solo fosse socializada, desapareceria a dedução do lucro representada pela renda da terra, mas o capitalismo não só continuaria existindo mais inclusive se fortaleceria, pois o lucro assim incrementado intensificaria a acumulação de capital. (SINGER, 1979 p. 22) Conforme Singer (1979), o capital imobiliário é, portanto um falso capital. Ele se valoriza, não sendo sua origem na atividade produtiva, mas na monopolização do acesso a terra. O caráter da atividade imobiliária na economia capitalista não aparece de forma imediata, porque ele raramente se apresenta de forma pura. A propriedade urbana pode ser dotada de alguma benfeitoria dando a impressão de valor. Para perceber isso, basta lembrar que imóveis com a mesma benfeitoria podem ter preços completamente diferentes, conforme a sua localização. É comum que o preço de um imóvel seja constituído inteiramente pelo valor do 28 terreno, pois o valor da construção, em termos de materiais usados, podem não cobrir o custo de sua demolição. Enquanto na produção propriamente dita o preço é constituído pelo custo da produção e pela margem de lucro, no mercado imobiliário o preço é determinado pelo que a demanda está disposta a pagar. No mercado imobiliário a oferta de terras não depende do preço corrente, mas de outras circunstâncias. A procura por espaço urbano é realizada por empresas diversas, por indivíduos e entidades que atendem necessidades de uso privado e/ou coletivo. Para determinadas atividades cada espaço é único, pois podem proporcionar vantagens que influenciam diretamente o custo final. Assim como para uso residencial, dependendo de sua localização, o imóvel pode adquirir ou não maior valorização. Ou seja, dependendo da localização dos imóveis pode ser destinado à produção de habitações populares, ou então o imóvel pode ser destinado para atender a classe com padrão mais elevado, dando ao local status e com isso maior valorização. O acesso ao serviço urbano tende a privilegiar determinadas localizações em medidas tanto maior quanto mais escassos forem os serviços em relação à demanda. Em muitas cidades, a rápida expansão do número de seus habitantes leva esta escassez a nível critico, o que exacerba a valorização das poucas áreas bem servidas. O funcionamento do mercado imobiliário faz com que a ocupação destas áreas seja privilégio das camadas de renda mais elevadas, capaz de pagar um preço alto pelo direito de morar. A população mais pobre fica relegada às zonas piores servidas e que, por isso, são mais baratas. 29 O elemento “prestígio” tende a segregar os mais ricos da classe média, que paga muitas vezes um preço extra pelo privilégio de morar em áreas residenciais que os “verdadeiros” ricos estão abandonando exatamente devido à penetração dos arrivistas. Os promotores imobiliários, que conhecem bem este mecanismo, tiram o máximo proveito dele ao fazer “lançamento” em áreas cada vez mais afastadas para os que podem pagar o preço do isolamento e ao mesmo tempo incorporar prédios de apartamentos em zonas residenciais “prestigiosas” (SINGER, 1979 p. 27) A demanda por solo urbano para fins de habitação também distingue vantagens locacionais, como a infra-estrutura e também pelo prestígio social da vizinhança, isto é, existe a tendência dos grupos mais ricos se segregarem de outras frações da sociedade. A partir desta compreensão podemos principiar a análise da Gleba Palhano, localizada na porção sudoeste da cidade de Londrina. Esta área até meados dos anos de 1990 era constituída somente de pequenas chácaras, com uso residencial, com cultivos de hortaliças e alguns cereais. Tendo em vista a implantação de um shopping center em 1990 nas proximidades, construtoras e incorporadoras logo começaram a adquirir estas chácaras, que permaneceram à espera do desenvolvimento e serem alvo de verticalização. O poder público também auxiliou neste crescimento, melhorando e ampliando as vias de acesso a região, linhas de ônibus municipais e intermunicipais foram colocadas em circulação, para garantir o deslocamento da população. 30 A fim de fortalecer e garantir o crescimento da área, as construtoras lançaram um marketing de qualidade de vida, encontrada em locais como a Gleba Palhano, destacando as amenidades naturais e artificiais do local, como o lago com pistas para caminhada, a tranqüilidade por não estar em uma área central, e a facilidade de transporte até o centro. Além de todas estas comodidades, a segurança é vista como fator primordial e decisivo na elaboração de projetos de edifícios na Palhano, com o propósito de morar bem e com segurança. 1.2 Agentes Modeladores do Espaço Urbano. A produção do espaço urbano, no qual se insere o uso residencial, é cada vez mais expressa por influência dos agentes modeladores que dão forma à utilização do espaço urbano. Estes agentes são representados pelas incorporadoras e construtoras imobiliárias, pelos proprietários fundiários, pelo Estado, e pelas instituições financeiras. (CORRÊA, 1989) A relação desses agentes pode assumir um caráter de conflito trazendo mudanças, vista segundo O´Neill (1986, p. 65), como uma “decomposiçãorecomposição” do espaço urbano. Este processo de “decomposição-recomposição” do espaço urbano pode estar relacionado tanto com mudanças de fora para dentro, 31 como de dentro para fora, ou seja, de entrada e saída de pessoas e atividades. Este processo não envolve necessariamente todo espaço urbano, mas pode envolver diversos bairros, trazendo uma noção de manipulação de pessoas e atividades de um lugar a outro. Neste processo o próprio movimento de transformação de espaço urbano, havendo a necessidade de expansão e reprodução de capital. Corrêa (1989) acrescenta que as cidades são produzidas além dos agentes citados, pelos proprietários dos meios de produção, sobretudo os industriais e pelos grupos sociais excluídos. Com isso podemos compreender que cada agente ativo para a produção e constante transformação do espaço urbano, objetivou a redução da renda da terra e de mais valia. Os proprietários fundiários, segundo Corrêa (1989) têm papel fundamental na produção do espaço urbano, sendo representados por agricultores, industriais e comerciantes que vêem na propriedade rural um investimento com resultados a longos prazos. Atuam principalmente no sentido de obter maior renda fundiária de suas propriedades, interessados no uso comercial ou residencial das mesmas, mediante conversão das terras rurais em urbanas. Estes proprietários exercem pressões junto ao Estado para intervir no processo do uso e do zoneamento urbano, buscando transformar as terras, especulando aquelas localidades na periferia da cidade em urbana (CORRÊA, 1989). As terras agrícolas ao serem destinadas ao 32 uso urbano se tornam estéreis, ou seja, deixam de ser destinada à produção de alimentos e de congêneres. A incorporação destas terras ao uso urbano deriva da demanda de terras para habitações, oriundas em parte de fluxos migratórios e de população de mais baixo poder aquisitivo, não exclusivamente. O diferencial das formas de ocupação em terras localizadas na periferia da malha urbana podem assumir caráter residencial distintos como residenciais de status e urbanização popular. Estas estratégias dependem da localização da área em questão, se são ou não valorizadas pelas amenidades físicas da área como proximidade do mar, áreas verdes, rios, lagoas e etc - levando os proprietários a exigirem do Estado a instalação de uma infra-estrutura destinando-se a terra à população com maior status econômicos. Aos terrenos com má localização, em periferias sem amenidades, não restam alternativas, senão a implantação de conjuntos habitacionais ou loteamentos precários destinados à população de menor status social. Conforme aborda Corrêa (1989), os produtores imobiliários são representados por diversos agentes que realizam operações como a incorporação, o financiamento, o estudo técnico, a construção física do imóvel e a sua comercialização ou transformação do capital em capital-dinheiro. Estas operações derivam de vários agentes concretos, incluindo-se o proprietário-construtor do 33 terreno que seria um agente clássico e as empresas incorporadoras especializadas na construção. A estratégia desses promotores imobiliários seria de produção habitação a todas as classes, inclusive as habitações aos grupos de menor poder aquisitivo de baixa renda. A atuação destes promotores imobiliários se faz de modo desigual, criando e reforçando a segregação residencial. Os incorporadores desempenham inúmeras estratégias para a realização de suas atividades, como a aquisição de terreno, atuação junto à prefeitura para aprovação da planta do edifício, registro da incorporação no registro de imóveis. Estes atos por sua vez geram custos, tais como taxas de registro na prefeitura, no registro de imóveis, além do dinheiro empregado na compra do terreno e também com elaboração de projetos civis e arquitetônicos. É o incorporador, como já ficou visto, quem compra o terreno, quem contrato o arquiteto para elaboração do projeto, quem paga os emolumentos à Prefeitura e ao cartório e quem, quando vai fazer uma venda, deverá pagar a campanha de venda. E arca, portanto, com o maior número de custos do processo de produção do edifício, mas também realiza o maior lucro, exatamente na transação da venda do terreno embutida no preço do imóvel. (SOUZA, 1994 p. 192). Construir para a demanda solvável da população envolve ainda grande significado de relativismo espacial que está diretamente relacionado com o preço da terra, o fácil acesso, a segurança, as amenidades naturais e artificiais, ao conjunto de elementos ao seu redor. Este último elemento permite maior valorização 34 dos imóveis, já que o desenvolvimento da área torna-se diferencial nos negócios. O bairro passa a ter status, atraindo cada vez mais investimento para a região, e conseqüentemente a valorização do local. Contudo os incorporadores utilizam segundo Corrêa (1989), grandes artifícios para promover a valorização da área, como a publicidade que ressalta os atrativos e amenidades do local, além de ressaltar o fácil acesso e evidenciar a valorização progressiva do local. Desta forma podemos concluir que os agentes produzem e articulam o desenvolvimento enquanto criam áreas nobres para habitações de um lado e por outro criam habitações. O Estado também é um agente que produz espaço da cidade. Ele pode desempenhar diversos papéis dentro deste processo, podendo: atuar diretamente junto a grandes indústrias, que consomem grandes espaços nas zonas periféricas e que necessitam de uma implantação de serviços públicos, como calçamento, água, luz, esgoto, coleta de lixo, etc., e que se torna propício para a implantação de conjuntos populares. Outro papel que o Estado pode desempenhar seria a auto-segregação desempenhada pela diferenciação do IPTU (Imposto Territorial e Predial Urbano) afetando o preço da terra e dos imóveis. 35 É importante considerar que o Estado está representado em três níveis, o Federal, o Estadual e o Municipal, sendo que o último possui maior influência na cidade. É ele que aprova projetos, que auxilia na fiscalização das infraestruturas locais e que zoneia as áreas das cidades, auxiliando o processo de segregação dentro do município. 1.3 Segregação Urbana De acordo com Corrêa (1989) o processo de segregação está vinculado à existência e reprodução de diferentes grupos sociais e este processo refere-se essencialmente às residências, definindo o processo de divisão social do espaço. O primeiro processo compreende a concentração de tipos de população dentro de um dado território. O conceito de área social é marcado por algumas características como: status socioeconômico, urbanização e etnia. A uniformidade de tais características origina áreas sociais, ou seja, bairros homogêneos, segregados. A segregação é um processo que origina a tendência de uma organização espacial em áreas com homogeneidade social interna e que tenha disparidades entre elas. O autor afirma que a cidade capitalista é lugar privilegiado de ocorrência de uma série de processos sociais, entre eles a acumulação de capital e a reprodução social. Os 36 processos espaciais provocam a organização espacial desigual e mutável da cidade capitalista. O Estado também influencia na criação de unidades auto-segregadas, como por exemplo, a implantação de núcleos habitacionais, nas periferias das cidades, destinadas a classe popular de menor poder de consumo, diferenciando o imposto territorial e predial, e pelo valor do terreno. Ao contrário, a classe de maior poder aquisitivo se auto-segrega, isolando-se em melhores áreas. Subjacente à ação estatal está a classe dominante ou algumas de suas frações. Sua atuação se faz, de um lado, através de auto-segregação na medida em que ela pode efetivamente selecionar para si as melhores áreas, excluindo-as do restante da população: irá habitar onde deseja. A expressão desta segregação da classe dominante é a existência de bairros suntuosos e, mais recentemente, dos condomínios exclusivos e com muros e sistema próprio de vigilância, dispondo de áreas de lazer e certos serviços de uso exclusivo, entre eles, em alguns casos, o serviço de escolas públicas eficientes. (CORRÊA, 1989 p. 64) A classe dominante segrega os outros grupos sociais na medida em que controla o mercado de terras, a incorporação imobiliária e a construção em locais que seletivamente se isola dos demais grupos sociais no espaço urbano. Esta atuação esta diretamente ligada ao Estado, já que o mesmo é o responsável pelas liberações dos loteamentos. 37 A segregação implica na separação espacial das diferentes classes sociais. Esta dinâmica gera novos bairros pelos grupos sociais de alto status, constituindo a parcela solvável para o capitalismo imobiliário, produzindo bairros dotados de novos valores de uso, de novas amenidades. Criando-se assim novas formas, novas áreas sociais, segregadas e dotadas de novos estilos de vida. (Corrêa, 1989). 2. LONDRINA: EXPANSÃO URBANA E CARACTERISTICAS GERAIS DA VERTICALIZAÇÃO. A cidade de Londrina, apresenta-se como a mais importante no norte do Paraná (mapa 01), tanto por seu número de habitantes, como por sua importância econômica, com destaque para a variedade de prestação de serviço, que envolve a maior geração de empregos. Para uma melhor compreensão sobre o processo de verticalização de Londrina é necessário entender aspectos da expansão urbana da cidade, desde sua criação até dias atuais, onde podemos inserir a área de pesquisa, localizada na porção sudoeste da cidade, denominada Gleba Palhano. 38 As primeiras expedições para delimitar a cidade foram feitas por agrimensores que estudaram as formas de relevo da região e as relações com o quadro geológico, Monbeig (1957 p. 38) cita a importância do estudo dos elementos naturais para se definir um sítio urbano Todos os elementos do meio geográfico devem ser submetidos a um exame minucioso e crítico; pois se nós contarmos como enumerar os caracteres topográficos, vegetais ou climáticos nada faremos de útil. Estes caracteres não são interessantes em si mesmos, mais sim na medida em que contribuíram, sob uma forma qualquer, para a formação e crescimento da cidade [...] a geografia [...] procura compreender de que modo os fenômenos isoláveis foram estreitamente ligados uns aos outros pelo jogo das ações e interações. (MONBEIG 1957 p. 38) 39 Mapa 01: Localização de Londrina-PR. Organização: PAULA, 2006. 40 Com gênese em 1929, a cidade começa a se desenvolver, e as primeiras construções foram produzidas. Era interessante para a CTNP – Companhia de Terras Norte do Paraná, que houvesse um núcleo urbano, viabilizando as vendas dos lotes rurais. Este núcleo urbano seria o responsável pelo abastecimento, beneficiamento, transporte da produção, e oferta de bens e serviços que apoiassem o proprietário rural. “O empreendimento de ocupação e viabilização dos assentamentos humanos realizados pela CTNP foi precedido de um Planejamento Global, onde, tanto os assentamentos rurais como urbanos, foram concebidos juntamente com um modelo do esquema de circulação de mercadorias e de pessoas” (CUNHA, 1991, p. 60). Este “planejamento” foi o grande marketing da CTNP para trazer compradores para região, onde em meio a um “sertão”, existia um centro que auxiliaria a agricultura. A planta da cidade foi desenhada em forma de tabuleiro de xadrez e contava com cerca de 250 quadras com aproximadamente 100.000 m2 cada. A perspectiva da companhia era de abrigar cerca de 20.000 habitantes. Já os lotes rurais tinham em média de 10 a 20 alqueires, o que levou a um grande adensamento na área rural. A CTNP também planejou e criou pequenos núcleos urbanos de 10, 15 a 20 Km de distância e outros núcleos com mais infra-estrutura a cada 100 Km, a exemplo de Londrina e Maringá. A derrubada da vegetação e a abertura de estradas levaram aproximadamente 02 anos e dentre as primeiras vias de acesso construídas estão a 41 Rua Hemital, atual Rua Duque de Caxias. Em dezembro de 1929, já chegavam as primeiras caravanas de compradores, formados por oito japoneses onde adquiriram os primeiros lotes rurais. O pagamento dos lotes foram divididos em quatro anos, uma entrada de dez por cento para assegurar o lote, mais vinte por cento em 60 dias, no final do primeiro ano mais dez por cento, e vinte por cento no final dos restantes três anos, com um juros de oito por cento ao ano. A partir de 1930 surgiram diversas construções de madeiras, localizadas nas proximidades do Hotel da Cia. de Terras. Depois foi seguindo a Avenida Paraná até chegar a Praça Willie Davids, seguindo para oeste em direção a futura cidade de Cambé. A cidade crescia sempre acompanhando o traçado da estrada de ferro e da Avenida Paraná. Em 1936 as estatísticas demonstram cerca de 1.120 casas construídas na cidade; neste mesmo ano surgem as primeiras vilas, sendo a primeira delas a Vila Agari na saída para Cambé. Entre 1937 e 1939 cria-se a Vila Casoni, Vila Nova, Conceição etc. todas a norte da área urbana. Em 1940 contava-se 2.224 casas e em 1944 já havia 3.709 (PRANDINI, 1952). Em 1942 houve um pequeno desânimo em decorrência da geada, onde algumas famílias deixaram a cidade enfraquecendo o comércio. Em 1944 em diante a cidade tomou novo impulso pela valorização dos produtos, especialmente o café e a cidade atinge todo seu perímetro urbano e alguns cafezais foram cortados para dar lugar as novas construções. Segundo Prandini (1954, p. 67), o número de construções que era em 1944 de 3.708, passou em 1949 a 42 5.000, e em 1950 a 6.214. Os dados demonstram um rápido crescimento da cidade, sendo relevante lembrar que neste período não se construía somente casas de madeiras, mas também de tijolos. Os edifícios de vários andares começam a surgir, isto para demonstrar a riqueza da cidade. A fácil aceitação de inovações em Londrina e região parece ser em conseqüência do fato da região ser na época ‘boca de sertão’, ou seja, um imenso nada, sem história, sem passado. Pois foi para este nada que, de repente começaram a chegar homens de diferentes culturas e costumes, de estados vizinhos, e mesmo do exterior, da Ásia, da Europa ou América. Chegavam em comitivas, trazendo em comum a dificuldade financeira e muitos sonhos que queriam ver realizados. Os diferentes tipos físicos, a mescla de várias culturas em um mesmo espaço permanece, ainda hoje, como uma característica da população desta cidade. Cidade que nasceu antes mesmo que a ocupação do campo tivesse se consolidado. Ela foi, sobretudo, um elemento estruturador da região. E é justamente este papel que percebemos haver sido desempenhado na prática por Londrina. (LINARDI, 1995 p. 53). De acordo com Linardi (1995), a cidade seria a base estruturadora para organização do espaço regional. A autora também retrata os primeiros sinais da segregação urbana da cidade, onde se estabeleceram áreas com valores diferenciados para os lotes, dando diferencial de ocupação em terrenos de classe sociais. Outro fato marcante é que em 1936 com a criação das primeiras vilas, isto revela a complexidade das relações sociais que envolviam o projeto da Companhia, já que estas vilas ficavam localizadas a Norte e a Leste da cidade, obrigando assim a população de menor poder aquisitivo, a residirem fora da cidade, devido ao baixo preço do terreno. 43 Estas vilas estavam localizadas quase todas ao norte e lesta da cidade [...] não obedecendo seu traçado a nenhuma técnica urbanística [...] ao mesmo tempo que a cidade ia se espalhando, a área propriamente urbana permanecia com quadras inteiramente vazias, pois eram mais caras. (PRANDINI, 1952, p. 66) Nos anos de 1950, Londrina apresentava um grande crescimento econômico e populacional, marcado pelo aumento da produção e exportação agrícola, e a cidade foi adjetivada de “capital mundial do café”, onde o norte do Paraná se tornou grande centro desta produção (FRESCA, 2002 p. 244). O café impôs outros serviços, como o armazenamento, o transporte e também o beneficiamento, além das indústrias de café solúvel e moído. A cidade crescia em ritmo acelerado e Prandini (1952) chama a atenção para a precocidade dos edifícios que surgiram nesta época. “Os edifícios de vários andares já começam a surgir, não como índice de falta de espaço, mas atestando a riqueza da cidade e sua chegada a uma base de principio de maturidade” (PRANDINI, 1952, p. 67). Os primeiros grandes edifícios surgiram com linhas arquitetônicas modernas como as três torres do conjunto Centro Comercial, o Edifício do Bosque, América, Comendador Julio Fuganti, Manella, Cinzia, Galeria Folha de Londrina e Panorama, construídos entre 1953-1957 (TAKEDA, 2004). 44 A partir do Edifício Santo Antonio, rapidamente outros foram sendo construídos, como se vê na tabela 01 a seguir. TABELA 01: Edifícios inaugurados em Londrina entre os anos de 1950 a 1957 Nome do Edificio Edifício Santo Antonio Edifício Autolon Edifício Sahão Edifício Monções Edifício Bosque Conjunto Centro Comercial Edifício Manella Edifício Tókio Edifício América Edifício Alvorada Ano de Inauguração 1950 1951 1952 1953 1955 1955 1956 1956 1957 1957 Número de pavimentos 11 6 9 9 18 18 10 14 - Fonte: Folha de Londrina, 1970. Organizado por Fresca, 2005. A partir do Edifício Santo Antonio (foto 01), rapidamente outros foram sendo construídos, como o Edifício Autolon (foto 02) e o Edifício Sahão, todos com elevado número de pavimentos entre 6 a 18 pavimentos, como se pode ver na tabela 1. Fresca (2005) chama atenção para a precocidade do aparecimento dos primeiros edifícios altos no inicio de 1950. Devido ao acentuado desenvolvimento econômico pelo qual passava a cidade e o município que estava vinculado às atividades agrárias, sobretudo pela retomada da produção e exportação do café no período pós Segunda Guerra Mundial; aliado a expansão das atividades urbanas, oriundas de investimentos locais (transporte-Viação Garcia; industria – Baterias 45 Reifor; hotel – Hotel São Jorge; comércio multivariado e prestação de serviços diversos); dotação de infra-estrutura urbana com pavimentos de ruas, fornecimento de energia elétrica e rede de água, que geraram condições para os “anos dourados”. Foto 01 – O Edifício Santo Antonio em Londrina. Inaugurado em 1950, possui 11 pavimentos e está localizado na Av. Paraná. Destaca-se pela grandiosidade e pela arrojada arquitetura. (Foto: PAULA, 2006) 46 Foto 02: Edifício Autolon- Londrina: Localizado na Rua Minas Gerais foi o segundo prédio construído no inicio da verticalização de Londrina. A obra é datada de 1950, apresenta sete pavimentos. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). Um dos aspectos para o entendimento do investimento na construção de edifícios em Londrina, é a de colocá-la na “modernidade”, como visto na tabela 01, ficando evidenciado o número elevado de pavimentos, como o caso do Edifício Bosque e o Centro Comercial que atingiram 18 pavimentos, sendo o último formado por três blocos de 18 pavimentos cada, conforme podemos observar na foto 03. 47 Foto 03: Complexo Centro Comercial em Londrina: Localizado na Rua Piauí a obra foi executada pela construtora Veronezi construído entre 1953 e 1955. O complexo é formado por três blocos de apartamentos independentes. O térreo do Centro Comercial abriga setenta e uma lojas. A circulação principal apoiada em pilotis denuncia a clara tendência modernista. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). Takeda (2004) aponta que: O precoce processo de verticalização em Londrina, sobretudo de sua área central, reflete a busca de elementos que justificassem a cidade como moderna. A precocidade do processo refere-se ao fato de Londrina em meados da década de 1950, com pouco mais de 25 anos, possuir um numero representativo de grandes edifícios, como por exemplo, as três torres do Conjunto Centro Comercial cada uma delas com 18 andares. (TAKEDA, 2004, p. 98) Contudo dentro da fisionomia urbana de Londrina, neste período, em sua área central havia uma marca constante, de um lado os grandes edifícios com 48 estilos arrojados e arquitetura moderna, e de outras antigas construções dos anos iniciais da cidade, ainda em madeira. O processo de verticalização circunscrito à área central da cidade, provocou a constituição de uma fisionomia peculiar, aproximando das feições modernas das áreas centrais de grandes cidades. No entanto, o tipo de uso predominante destes edifícios em Londrina seria o uso residência e não o comercial, já que apesar do desenvolvimento econômico da cidade, não era necessário adensar a área central, pois não existia uma grande demanda por espaços neste setor pra alojar serviços e escritórios que justificassem a verticalização. (TAKEDA, 2004, p. 99) A verticalização de Londrina, além de caracterizar uma cidade moderna também serviu para atrair e reter os ganhos provenientes do café e das outras atividades. Com a definição da área central e a intensificação do uso do solo, principalmente no CBD, acentuou-se o processo de redefinição do uso do solo central, havendo a maior valorização do mesmo. As atividades que necessitavam de terrenos maiores deslocavam-se para as margens da área central, que possuía um preço reduzido, podendo usufruir das vantagens locacionais centrais. A década de 1950 foi um período onde a cidade de Londrina afirmou-se como pólo dinâmico da região, vivendo o auge da cultura cafeeira e a área central tornou-se mais dinâmica, as funções realizadas atendiam tanto a população local como boa parte da região norte do estado. (TAKEDA, 2004 p. 101). A expansão de Londrina não se resumia nas lojas de elite e nos salões de chá, e de 49 outras formas de consumo moderno, mas também se expressava pela melhoria dos serviços médico-hospitalares; de transporte; no ensino superior, com a criação em 1956 da Faculdade de Direito de Londrina; nos vários jornais e revistas locais; nos vários prédios públicos e privados, projetados por vários arquitetos de renome nacional, que também marcava a modernidade da cidade de Londrina. No final da década de 1950, Londrina seria marcada por outra etapa: a das grandes transformações agrárias, sociais, econômicas, populacionais, etc., que impuseram à cidade outras formas de expansão urbana. (FRESCA, 2002 p. 245) Foto 04: Vista parcial de Londrina na década de 1950. Inicia-se a pavimentação do centro, solucionando o principal problema dos dias chuvosos. Este período também é marcado pelas obras que constituem um acontecimento e caracteriza este tempo, é o caso do edifício da Rodoviária. A paisagem londrinense ganha mais complexidade com as edificações verticais, contrapondo as construções horizontais, demonstrando a expressividade deste tipo de construção. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). 50 A década de 1960 foi marcada pelo grande crescimento populacional da cidade, que neste período dobraria o número de sua população, tanto como conseqüência da desaceleração da cafeicultura como a base principal da agricultura do norte do Paraná, como também pelo início do processo de modernização da agricultura, que acarretou em uma grande liberação dos empregados da zona rural. A atividade rural deste período passou por uma transformação, onde o Paraná adotou a política de erradicação do café, refletindo em um aumento das áreas de pastagens e a introdução de novas culturas como a soja e o trigo e uma diminuição de gêneros alimentícios como o arroz, feijão etc. Iniciou-se a uma nova forma de comercialização de produtos através de cooperativas. Na década de 1960 também se intensificou a atividade industrial e o aprimoramento da atividade comercial, de prestação de serviço e financeira que se tornaram os grandes responsáveis pelo comando da economia local. Segundo Takeda (2004, p.104), o crescimento populacional e a expansão urbana de Londrina na década de 1960, acabou por desencadear propostas de mudanças e reestruturação da área central, devido ao crescimento demográfico da cidade; a circulação de pessoas afetou expressivamente as formas de acesso à área central, surgindo problemas de circulação, já que não foram projetadas para receber este volume de tráfego de pessoas e de veículos. 51 Foi grande a expansão urbana após a década de 1960, grandes áreas foram incorporadas à cidade, devido a abertura de novos loteamentos, na qual segundo Linardi (1995 p. 55), era de forma desordenada, respondendo especialmente à especulação imobiliária. A década de 1960 foi marcada pela expansão urbana e com isso houve a criação em 1963, de outra Lei de Zoneamento para a cidade. Em 1965 criou-se a COHAB-LD que acorda às tendências em nível federal, tratou da a questão da habitação, em Londrina. (FRESCA, 2002 p. 246). Neste período foram construídos edifícios como o Comendador Júlio Fuganti (foto 05), localizado na Rua Souza Naves esquina com Celso Garcia Cid, construído entre os anos de 1959 e 1965, com suas amplas janelas atraíram muita gente para apreciar a cidade, desde sua inauguração o edifício possui caráter comercial abrigando diversos escritórios. Na foto 06 é possível observar a verticalização da década de 1960. (SHIMBA; UREN, s/d). 52 Foto 05: Edifício Comendador Júlio Fuganti em Londrina. Também construído pela Construtora Veronezi localiza-se na Rua Souza Naves esquina com Celso Garcia Cid, tendo sido construído entre os anos de 1959 e 1965. Seus idealizadores foram os irmãos Julio, Jorge e Oscar Fuganti. Suas amplas janelas atraíram muitas pessoas para apreciarem a paisagem da cidade. Desde sua inauguração o edifício abriga diversos escritórios. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). 53 Foto 06: Vista parcial de Londrina na década de 1960. Observa-se maior presença do número de edifícios na cidade, todos concentrados na área central. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). 2.1 Expansão Londrinense: 1970-2000 O inicio da década de 1970 foi marcada por grandes alterações na estrutura urbana de Londrina, decorrentes das transformações do quadro agrário, econômico, social e populacional, com imensos dos reflexos na estrutura da cidade. Houve nesta época um forte crescimento da população total e urbana, oriunda do intenso êxodo rural. Em 1970 a população total era de 228.532 habitantes, sendo 68,41% na área urbana, passando em 1980 para 301.749 habitantes, 85,46% na área urbana. Torna-se claro a demanda por habitação, pelo se intenso crescimento, é neste período então que houve uma grande expansão da periferia, com as construções de moradias populares. Segundo Fresca (2002) entre 1970-1980, a 54 COHAB-LD entregou à comunidade 32 conjuntos habitacionais, totalizando 9.055 unidades, 12 localizados na porção norte, perfazendo 7.821 unidades. Em 1980 a expansão urbana de Londrina ganhou um salto qualitativo e quantitativo, onde o crescimento demográfico seguiu em ritmos acelerado, resultando em um continuo processo migratório, impostos pela seqüência de mudanças na zona rural da região. Algumas tendências foram a implantação dos conjuntos habitacionais ao norte e ao extremo sul da cidade, a COHAB-LD foi a principal responsável pela implantação dos mesmos, de 1981-1986 foi feitos 23 conjuntos habitacionais, totalizando 10.552 unidades habitacionais. Até 1982 os recursos para construção destes conjuntos habitacionais eram oriundos os BNH, a partir de então a Caixa Econômica Federal com recursos do FGTS assumiu juntamente com a COHAB-LD, os financiadores para habitação. (FRESCA, 2000 p. 247). Não é à toa, também, que no final da década de 80 a cidade de Londrina apresentou o maior índice de crescimento vertical, e segue aumentando sua população e expandindo sua área urbana. Nesta cidade, as transformações espaciais foram tão intensas e aceleradas, que se tornou difícil perceber que o ambiente tenha sofrido ação do tempo e envelhecimento (LINARDI, 1995 p.6) Nos anos de 1980 Londrina presencia anomalias econômicas que passavam a economia nacional. Segundo Fresca (2005 p. 49) ao longo dos anos de 1980 a recessão atingiu fortemente a economia e a sociedade brasileira, adjetivada de 55 “década perdida”, resultado lingüístico para demonstrar a perda do ritmo de crescimento. A expansão londrinense no período de 1987-2001, abrangeu áreas em toda a cidade, havendo uma menor concentração na porção noroeste e sudeste. Neste período também houve uma grande incorporação de terras à área urbana, tendo um maior destaque nos anos de 1993-1996, período onde ocorreu estabilidade econômica após o plano real, retomando após 1994 os loteamentos. Em relação a porção norte da cidade, em meados dos anos de 1970, inicia-se a construção de conjuntos habitacionais, incorporando novas áreas a malha urbana, processo este que teve prosseguimento nos anos de 1980 e 1990, com pequenas mudanças nas formas de incorporação e dos agentes responsáveis. Esta área até meados dos anos 1980, foi incorporada basicamente pelo poder público, num processo contínuo de construção de conjuntos habitacionais, havendo destaque nos anos de 1990, para uma intensa proliferação de loteamentos particulares. Os agentes produtores deste espaço foram em geral pequenas construtoras que se associou com os proprietários fundiários e com imobiliárias para revenda de terrenos. De outro lado existem também outro grupo social que interage na formação do espaço urbano, através dos assentamentos urbanos dos grupos sociais excluídos, que se proliferou nos anos de 1990, principalmente em áreas de fundo de vale. (FRESCA, 2002). 56 A porção oeste de Londrina está praticamente toda ocupada, não havendo muitas áreas de vazios ou de propriedades fundiárias para englobamento à área urbana, fato este que se deve aos limites administrativos com a cidade de Cambé. No sentido leste, a expansão foi mais intensa que à oeste, favorecida pela presença de áreas disponíveis. Esta expansão não é recente, sendo que a partir de 1980, se confirmava um aglomerado físico territorial entre Londrina e Ibiporã. Em 1990, esta expansão se intensifica devido a construção dos conjuntos habitacionais, ligadas também a aglomeração industrial ao longo da BR-369. A porção sul é marcada pela área com presença de vários assentamentos urbanos, havendo também a construção de vários conjuntos habitacionais pela COHAB-LD, e loteamentos particulares. (FRESCA, 2002) Na porção sudoeste verifica-se a maior expansão urbana londrinense neste período. Esta porção da cidade só passou a ser incorporada a partir de 1990, quando da inauguração do Shopping Center Catuaí. Mediante este fato a área foi valorizada e voltou as classes mais altas de Londrina, sendo então direcionada a áreas para construção de condomínios exclusivos, edifícios luxuosos, e chácaras de lazer. A construção do Shopping Center Catuaí na porção sudoeste da cidade, é um elemento importante para análise daquela área, vinculada à ação dos promotores imobiliários. Este shopping-center foi construído pela Construtora Khouri, de origem local, e inaugurada em novembro de 1990. Trata-se do maior shopping center da cidade e região, tendo como lojas âncoras o Supermercado Carrefour, as 57 Casas Pernambucanas, a Magazine Luiza, as Lojas Americanas, variadas lojas de franquias nacionais, além de praça de alimentação, área para lazer (boate e boliche) e eventos. (FRESCA, 2002 p. 257) A implantação do Shopping Center Catuaí nesta área deveu-se a um critério bastante conhecido, como estar em um local afastado da área de maior densidade de ocupação urbana. Levando então a implantação na porção sudoeste, onde o terreno adquirido na época era de uso rural. Outro fator que favoreceu a escolha do terreno foram as vias de acesso ao local, tendo via local e regional, pois o terreno margeia a PR-445, que faz a ligação com sul do estado e também o fácil acesso à BR-369 que liga todo o norte do Paraná com o Estado de São Paulo. O Shopping ainda tinha um atrativo que era de estar próximo a Universidade Estadual de Londrina e ao Instituto Agronômico do Paraná. O poder público também teve participação neste processo, viabilizando recursos para a infra-estrutura e o setor viário do local. (FRESCA, 2002) A implantação deste shopping acabou por se tornar um fator atrativo à expansão da área urbana na porção sudoeste da cidade, implicando em forte valorização das terras no seu entorno – que forma em grande parte adquirida por construtoras, loteadoras etc. em momento anterior ou ao longo da construção do mesmo – retratando mais uma vez a especulação imobiliária. (FRESCA, 2002 p. 259) Com a transposição da Avenida Maringá sobre o Lago Igapó, dando acesso à Avenida Madre Leônia Milito, a Gleba Palhano, localizada na porção 58 sudoeste, na margem direita do lago Igapó II e que antes era constituído por um vazio urbano, passou a ser alvo de construções de edifícios de elevado status social. Na ampla área valorizada pelo Shopping Center Catuai tem ocorrido vários tipos de incorporação, sendo a primeira área a Gleba Palhano, através de edifícios de alto padrão, executados por construtoras como a Plaenge, Galmo, Artenge, Serteng, Quadra e a A. Yoshii. Existe ainda a incorporação para os condomínios exclusivos. A execução destes condomínios foi um sucesso, aumentando a cada dia os novos lançamentos, todos nas proximidades do shopping. O atrativo para a população seria a segurança, áreas de lazer, comodidade em relação as compras, proximidades com faculdades e outras mais. O primeiro condomínio lançado no mercado em 1990 foi o Terras de Santana, sob a designação de chácaras. O segundo foi, o Royal Golf Resindence, aprovado em 1995, com 179 lotes executado pela Teixeira e Holzmann. Devido ao sucesso deste empreendimento outros dois condomínios foram lançados, o Royal Park Residence & Resort, em agosto de 2001 e o Royal Tennis Residence e Resort, lançado em junho de 2002, e sucessivamente vieram outros como o Alphaville – Londrina. O marketing utilizado para a venda destes lotes foi a qualidade de vida, 59 proporcionada pelas amenidades do lugar, como lago, mata e campo de golfe, além é claro da segurança. 2.2 Verticalização Londrinense: 1970-2000 Como visto no tópico anterior, a construção de edifícios foi a partir 1950 em Londrina, nas décadas seguintes esse processo foi acentuando, constituindo maior destaque nos anos de 1980. Neste item faremos uma caracterização da verticalização no período compreendido entre 1970-2006. As décadas de 1960 e 1970 foram de intensas mudanças na dinâmica econômica social da cidade, e com isso alterações ocorreram no processo de verticalização. De acordo com Passos (2006) Londrina até o ano de 1970 possuía 36 edifícios com mais de 3 pavimentos. No período de 1970-1980 a economia local e regional passou por profundas transformações, devido a intensificação da industrialização e profundas alterações no campo, que refletiu-se em uma desaceleração dos investimentos na construção de edifícios. 60 Passos (2006), chama a atenção para o aumento do número de edifícios construídos na década de 1970, que perfizeram 139 novos edifícios, conforme a tabela 02. TABELA 02: Evolução do número de Edifícios Construídos em Londrina: 1970-2000 Ano N.º de Edifícios 1970 7 1971 5 1972 7 1973 21 1974 11 1975 14 1976 18 1977 20 1978 6 1979 7 1980 23 Total 139 Fonte: Passos (2006) Ano 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 N.º de Edifícios 19 100 42 66 92 82 148 136 182 80 947 Ano 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 N.º de Edifícios 232 52 70 31 26 58 62 34 21 31 617 No que diz respeito a verticalização de Londrina neste período Linardi aponta que Mesmo com esta vertiginosa expansão da malha urbana, a paisagem urbana desta cidade ainda pode se caracterizar pela horizontalidade até a década de 80. Foi sobre tudo ao longo dessas duas ultimas décadas que um acelerado processo de verticalização, principalmente na área central, impôs, sem poupar esforços, uma intensa renovação do espaço existente; a construção de edifícios, com 10 andares ou mais, reconstitui e modelou a paisagem urbana desta cidade. (LINARDI, 1995 p. 55) 61 A década de 1970 foi um período importante para o processo de verticalização londrinense, uma vez que entre 1971-74 foram construídos 33 edifícios, um número expressivo uma vez que até o ano de 1970, Londrina contava dados de 36 edifícios. Na década de 1970 destaca-se a tendência de prédios mais altos, acima de 9 pavimentos, com fins principalmente residenciais. (FRESCA, 2005) No período de 1970-1980 foram construídos 139 edifícios, onde devemos levar em consideração que a cidade era relativamente nova e não tinha problemas com falta de áreas, o que poderia justificar a crescente construção de edifícios. A foto 07 é de Londrina na década de 1970 onde fica claro que a cidade apresentou maior crescimento vertical, se comparada à foto 06 referente a década de 1960. Foto 07: Vista parcial de Londrina na década de 1970. Chama a atenção a densidade de prédios construídos na cidade, especialmente em sua área central, com destaque aos edifícios com elevado número de pavimentos. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). 62 É neste período que se estabelecem e consolidam várias construtoras e incorporadoras em Londrina como a Brasília, Cebel S/A, Otair Sebastião Gonçalves, Simamura Daiwa House S/A, Armando Moreira Ltda, Imobiliária Caminhoto Ltda, Plaenge S/A e Imobiliária Esplanada Ltda. (PASSOS, 2006) A década de 1980 por sua vez, é marcada por uma acentuada crise econômica que se arrastou desde o fim do “milagre econômico” em 1973. Em 1986 verificou-se um acentuado crescimento no número de construções de edifícios, com andares superiores a registrada anteriormente. A evolução do processo de verticalização em Londrina, se dá no contexto das políticas econômicas adotadas pelo Governo Federal, materializadas na elaboração de planos econômicos, como o Plano Cruzado em 1986, o Plano Bresser em 1987, o Plano Verão em 1989, em que grande parte das cidades médias do Brasil tiveram nesse período um ‘boom’ na construção civil, evidenciado pelo aumento na construção de edifícios altos. (PASSOS, 2006). Passos (2006) salienta que quase 50% da área de edifícios construídos em Londrina se deu entre o período de 1981-1990 seguindo um aumento de 684% se comparado ao número de construção da década anterior. Shimba (s/d p. 22) acrescenta que na década de 1980 Os grandes e pequenos edifícios, se constroem em conjunto desordenado conforme projetos de um continuo processo de influência, de intercâmbio, como forças em aço de composição arquitetônica. Se constrói de acordo com 63 leis específicas, cujas diretrizes urbanísticas, são adequações sugeridas pelo mercado imobiliário. (SHIMBA, s/d p. 22). A partir de 1980, com a situação econômica brasileira bastante alterada, houve uma retomada na construção de edifícios. Entre os anos de 1980-1990 foram aprovados 871 projetos, dos quais 800 eram para fins residenciais, sendo que 9,18% eram com mais de 15 pavimentos; 14,69 entre 9 e 14 pavimentos; 27,78% ente 5 e 8 pavimentos e 48,33% com 4 pavimentos. Em relação aos dados, é pertinente destacar que os prédios anteriores a este período eram destinados a classe alta, porém neste período de 1980-1990 foram construídos 400 edificações com 4 pavimentos que foram destinados a um outro público. Estas construções com 4 pavimentos passaram a serem edificados como conjuntos habitacionais, viabilizados por órgãos como a COHAB-LD, Inocoop-PR, Caapsml e a Cohapar. Os consumidores destes tipos de prédios não eram os que poderiam comprar em um melhor padrão de edifícios e nem de conjunto habitacional. No geral uma parcela dos consumidores foram representados comerciários, funcionários públicos, professores da rede pública, funcionários de prestação de serviços, etc., onde o pagamento pelo imóvel era feita através de uma entrada, e o restante parcelado via financiamento, por longos anos, sendo que a metragem dos apartamentos dificilmente ultrapassavam 60m2. (FRESCA, 2005). Fresca (2000 p. 248) acrescenta que 64 [...] nos anos de 1980 que o processo de verticalização assumiu grandes dimensões, não mais como símbolo da modernidade, mas como área de investimentos na qual a reprodução do capital estava bastante viável. (FRESCA, 2000 p. 248) O período caracterizou-se pelas alterações econômicas a nível nacional, representadas pelas sucessivas alterações nos planos econômicos, e a construção civil teve momentos favoráveis à acumulação de capital. Destaca-se neste processo a atuação dos promotores imobiliários, responsáveis pelas operações diversificados para a viabilização do empreendimento, concentrando parte de suas atuações na área central (foto 08) e adjacências, tornando a área central de Londrina fortemente verticalizada. Ao mesmo tempo promotores imobiliários criaram nas imediações da Avenida Higienópolis (foto 09), correspondente a Rua Goiás, Rua Paranaguá, Rua Belo Horizonte, um quadrilátero residencial, com muitos edifícios para a classe alta londrinense no final dos anos de 1980 e inicio de 1990, que representou no período a área o maior valor por m2 da cidade. (FRESCA, 2000 p. 249). A foto 10, Londrina na década de 1980 apresenta o estágio de verticalização do período. 65 Foto 08: Complexo Empresarial Oscar Fuganti em Londrina. O complexo fica localizado na Rua Santa Catarina e foi executado pela Construtora Khouri, com inicio em 1986. Inovador, o complexo abriga salas comerciais, lojas e garagens possuindo trinta e dois pavimentos sendo considerado um dos edifícios mais altos de Londrina. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). 66 Foto 09: Edifício Imperador em Londrina. Localiza-se na Av. Higienópolis e foi construído pela Brastec Eng. e construção em 1983. Embora esta avenida seja uma das principais da cidade, até a década de 1980 o que predominava eram as construções horizontais residenciais. Aproveitando o potencial construtivo, a construtora então lançam o Edifício Imperador com fachadas, floreiras e varandas revestidas em mármore. O edifício possui dezoito pavimentos de apartamentos, um por andar e com uma cobertura duplex. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). Foto 10: Vista parcial de Londrina na década de 1980. Chama a atenção o contínuo processo de construção de edifícios, criando uma densidade construtiva elevada na cidade (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). 67 Na de 1990, houve contudo, um declínio no número de construções de edifícios, tal fato relaciona-se ao contexto econômico nacional, à partir do governo Collor de Melo, do Plano Collor (1990), confisco das poupanças disponíveis nas instituições financeiras. Desta forma houve um declínio acentuado no número de edifícios em Londrina, entrando em um momento recessivo. (PASSOS, 2006). Embora os anos de 1990 seja um marco temporal econômico-social importante, Fresca (2005) aponta um importante número de aprovações de projetos, apesar de ser 41,81% menor que os de 1989. Em 1991 ocorreu o maior número de projetos aprovados no período 19711996, com 225, concentrados em 81,33% na classe de edifícios com 4 pavimentos. E aqui alguns comentários se fazem importantes. Dos 183 prédios do ano referido, tem-se a seguinte distribuição: 35 foram edificados pela Cohaban, como o Residencial Daniela (5 prédios) e o Santa Rita (30); a Khouri com o Sabará II (9) e a Santa Cruz Engenharia Ltda com 134 prédios – 16 para o Residencial Catuaí, 19 para o Ouro Verde, 10 pra o Bourbon, e 89 para o Residencial das Américas, ocupando este ultimo varias quadras na porção norte da cidade. (FRESCA, 2005). Em relação às construtoras que atuaram neste período Fresca (2005) aponta duas construtoras extralocais a Encol e a Santa Cruz e as locais como a Dinardi, com a execução de 6 edificios, a Khouri (33), Mavilar (24), Plaenge (6), Nova (5), Plano’s (35), Quadra (7). Tendo início ainda a atuação neste ramo da construção civil da Saconato, Stann, Vetorial, Serteng, Protenge, Moro, dentre outras. A foto 11, é um dos empreendimentos da Construtora Plano’s Ltda neste período, o Quinta do Boa Vista II, localizado na porção sudoeste da cidade. A foto 12, é do Edifício Maison 68 Lac Leman, construído pela Moro na Rua Dr. Elias César, próximo a prefeitura municipal e o lago Igapó. A foto 13 é de Londrina na década de 1990, onde se observa maior presença de edifícios. Foto 11: Residencial Quinta da Boa Vista II – Londrina. O empreendimento foi executado pela Construtora Plano´s Ltda desde 1995, está localizado a Av. Garibalde Deliberador. O Residencial Quinta da Boa Vista II faz parte de um planejamento da construtora de lançar três torres de 21 pavimentos no mesmo terreno, mas somente um foi executado, devido ao encerramento das atividades da construtora após a implantação do Plano Real. A implantação foi condicionada pelo bosque existente no terreno e pela necessidade de garagens no térreo. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). 69 Foto 12: Edifício Maison Lac Leman – Londrina. Localizado na Rua Dr. Elias César, o edifício foi executado pela Moro Construções Civis desde 1995. Este empreendimento foi o segundo executado pela construtora tendo como característica um estilo arquitetônico diferenciado. (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). Foto 13: Vista parcial de Londrina na década de 1990. Mais uma vez o destaque é a intensa presença de edificios . (Fonte: SHIMBA; UREN, s/d). 70 Desta forma, o mapa a seguir traça esquematicamente o percurso da verticalização londrinense, onde até o início dos anos de 1980 ficou concentrado principalmente na área central, passando para as mediações da Avenida Higienópolis, Rua Goiás, Rua Paranaguá, Rua Belo Horizonte de meados de 1970 até o princípio dos anos de 1990. A partir deste período a verticalização de Londrina toma outros rumos, sendo implantados edifícios na margem esquerda do Lago Igapó, próximo ao centro cívico, a Prefeitura, Câmara dos vereadores e o Fórum. A partir da década de 1990, a construção de edifícios passou a ocorrer na porção sudoeste da cidade, no nordeste da Gleba Palhano, analisado no próximo capítulo. 71 MAPA 02: Áreas de maior intensidade da verticalização na cidade de Londrina: 1970-2006. (Org. PAULA, 2006) 72 3. A VERTICALIZAÇÃO NA GLEBA PALHANO – LONDRINA – PR. A porção sudoeste de Londrina, onde está a Gleba Palhano, é alvo recente e de forte valorização imobiliária, mediante a construção de diversos edifícios. Esta valorização teve vários fatores, começando pela construção do Catuaí Shopping Center. A gleba tem sua origem na fazenda Palhano, de propriedade dos irmãos Palhano com 1.200 alqueires. As primeiras expedições que vieram pra Londrina feitas para demarcação das terras foram feitas por Mábio Palhano, muito antes da CTNP (Companhia de Terras Norte do Paraná) fazer levantamentos na região. Conforme Jornal de Londrina (22/01/2001 p. 8A): Mábio Gonçalves Palhano, agrimensor maranhense, tinha 25 anos de idade, ao ser designado comissário de terras (autoridade para demarcar e arbitrar em nome do Estado) para o Norte do Paraná. Desde Jaguariaíva (Norte Velho) até o limite do Rio Pirapó além da margem esquerda do Tibagi. Foi em 1918-19 que Mábio entrou no sertão. Em 1927, ele e os irmãos Edson, Heber (também mencionado Herbert) e Kepler – todos agrimensores, nascidos no Maranhão – ocupam uma velha casa em Jataí de onde saem para as tarefas. Mábio morreu aos 88 anos, deixando 750 alqueires da fazenda, estendendo-se de um ponto no distrito Espírito Santo até a margem direita do Igapó (Ribeirão Cambézinho), abrangendo ainda a Viação Velha, os espaços onde hoje está localizado o Catuaí Shopping e a UEL. Toda esta área fazia parte da Gleba Palhano (mapa 03) herdada por Dalvina. “Dalvina loteou em chácaras, hoje um dos espaços 73 urbanos mais valorizados para os condomínios residenciais” (Jornal de Londrina ,22/01/2001 p. 8A) 74 Mapa 03: Localização da Gleba Palhano na cidade de Londrina. Fonte: IPPUL, 2002. Organizado por PAULA, 2006. 75 Até o inicio dos anos de 1990, a porção norte da Gleba era predominantemente ocupada por chácaras e somente após a transposição da Avenida Maringá sobre o Lago Igapó, garantindo acesso a Madre Leônia, é que a Gleba passou a ser alvo da construção de edifícios. Estas obras foram executadas pelo poder público mediante pressão das construtoras e incorporadores, que requeriam a construção da mesma por garantir fluidez do trânsito e infra-estrutura em suas terras previamente adquirida. Os discretos congestionamentos da Avenida Maringá proporcionaram pressão pública em direção a instalação de infra-estrutura com recursos públicos. Outro fator que permitiu a valorização da área foi questão ambiental que algumas construtoras incorporam em relação ao Lago Igapó, que devido a ocupações no seu entorno, acarretou diversos processos erosivos e a degradação do lago. Desta forma houve a necessidade do esvaziamento e limpeza do Lago para torná-lo novamente de qualidade. Esta amenidade precisava ser restabelecida para viabilizar os grandes empreendimentos no seu entorno. (FRESCA, 2002). Outro fator que levou a valorização da área foi a construção em 1990, do Shopping Center Catuaí. Trata-se do maior shopping da cidade e da região tendo diversas lojas âncoras, como o Supermercado Carrefour, as Casa Pernambucanas, o Magazine Luiza, as Lojas Americanas, com varias lojas de franquias, praça de alimentação, área de lazer e eventos. Outro empreendimento na região foi a criação 76 de condomínios exclusivos, com a comercialização somente dos terrenos. (FRESCA, 2002). Contudo, é necessário explicar que a área de estudo deste trabalho abrange a parte nordeste da gleba, demarcada e indicada no mapa 03 que equivale à área onde foram construídos os edifícios em período de 1992-2006. Isto porque, outra parcela da Gleba Palhano, a sudoeste, foi direcionada por distintos agentes à implantação dos condomínios horizontais fechados. No mapa 04 a seguir, identificamos a localização de cada edifício da Gleba Palhano, compreendendo a área entre o Lago Igapó II, até a Av. Madre Leônia Milito. Podemos perceber no mapa que na área encontramos grandes vazios urbanos, com uma maior concentração próxima a Rua João Wyclif. Na tabela 03 encontra-se dados sobre cada edifício construído na área. De acordo com a tabela, a construção do primeiro edifício na Gleba Palhano foi o Pérola Negra em 1992, construído pela Serteng, cujos apartamentos tem área de 170 m2. 77 Mapa 04: Localização dos Edifícios construídos no Nordeste da Palhano – Londrina PR, 2006. Fonte: ALBUQUERQUE, 2005. Adaptado pela autora. 78 TABELA 03: Características dos Edifícios construídos na Gleba Palhano, Londrina - 2006 Ano* Proprietário Construtora Nome edifício localização 2003 Plaenge Empreendimentos Ltda Plaenge Empreendimentos Ltda Ed. Arquiteto Vilanova Artigas Rua 1 - Lote 06 - A5/1B 1996 Cond. Residencial Bosque Wilmar Berbert Dresdem Bosque Wilmar Berbert Rua João Huss 1999 GE-Sul Engenharia de Concreto Ltda GE-Sul / Plaenge Empreendimentos Ltda Ed. Resid. Central Park área unid*** área total**** 92 R 235 30.250,97 115 17 68 R 253 17.207,42 Rua João Wyclif 447 19 76 R 79 ------------- 460 8.622,01 Empreita Chacara Bela Vista Rua Caracas 2002 Iara Aparecida Oliveira Secco Serteng Ed. Resid. Enseadas Rua Ernani L. Athaide 2002 Artenge S/A Construções Civis Artenge S/A Construções Civis Forest Park Rua Jerusalém 2003 Plaenge Empreendimentos Ltda Plaenge Empreendimentos Ltda Gaudi Rua João Wyclif 1998 Construtora Canaã Ltda Canaã Lac. Rochelle Quadra 03 - Lote 01/09 2002 Plaenge Empreendimentos Ltda Plaenge Empreendimentos Ltda Lac. Royal Rua João Huss pav 16 R 450 44 R 147 6.448,98 120 11 96 R 104 ------------- 255 24 96 R 277 ------------- 7 56 R 78 4.369,40 92 R 181,67 23.896,01 ------------- 24 Serteng Lago Azul Plaenge Empreendimentos Ltda Ed. Le Carbusier Rua Airton Senna da Silva, sub. L 6/117 G5 13 2003 Plaenge Empreendimentos Ltda Plaenge Empreendimentos Ltda Joan Miró Rua João Huss 2003 Plaenge Empreendimentos Ltda Plaenge Empreendimentos Ltda Marc Chagall Rua João Wyclif, lote 07 B 2001 Cond. Edificio Mogno Galmo Mogno Rua João Wyclif, lote 07 F - 01A 2005 Artenge S/A Construções Civis Artenge S/A Construções Civis Ed. De Hab Col. Portal do Lago Lote 3B - Subdivisão lote 03-Conj. Res. Lago 20 2000 Cond. Residencial Costa Esmeralda Serteng Res. Costa Esmeralda Rua Ernani L. Athaide, 188 13 2000 Cond. Residencial Paranoá Dresdem Res. Paranoá Rua Caracas, 495 - Lote 06 - Gleba 05 19 1992 Cond. Edificio Perola Negra Serteng Res. Perola Negra Rua João Huss 2005 Plaenge Empreendimentos Ltda Plaenge Empreendimentos Ltda Solar Rivera Rua Projetaa B -* Lote 7C -(Rem A) Subd. L 7 C 1999 Artenge S/A Construções Civis Artenge S/A Construções Civis Saint Raphael Lote 3A - Sub. Lote 6a, 120, 120a - E 118 2001 A. Yoshii Engenharia e Construções Ltda A. Yoshii Engenharia e Construções Ltda Sun Flowers Rua Caracas 2000 Quadra Const. Ltda Quadra Terra Brasil 2002 Cond. Residencial Toulouse Serteg Ed. Residencial Toulouse Galmo 1993 Great Incorporadora e Emp Im Ltda 2006 Plaenge Empreendimentos Ltda uso** 11 200 16 2001 Plaenge Empreendimentos Ltda Cond. Edifício Torre de Málaga nº unid 23 1996 Cond. Edificio Chácara Bela Vista número 24 380 24 27 112 138,05 19.221,23 96 R 258 ------------- R 225 24.316,19 40 R 275 ------------- 76 R 173 13.157,40 82 R 151 12.460,63 72 R 354 25.545,64 10 20 R 170 4.537,22 27 108 R 246 26.603,27 20 177 52 R 96 R 108 9 68 R 88 6.019,53 405 17 64 R 248 15.925,60 Rua Maria Lucia da Paz 400 18 72 R 167 12.054,17 Rua João Huss 199 17 35 R 313 10.977,60 Torre de Málaga Rua João Huss 75 34 34 R 645 Great/Quadra Vision Residence Rua Caracas 15 15 R 300 Plaenge Empreendimentos Ltda Palhano Residence 19 76 R 83 * Ano de aprovação do projeto junto ao Corpo de Bombeiros ** R = residencial *** Média das áreas construidas por apartamentos em m2 **** Total de área construída em m2 Fonte: Corpo de Bombeiros. Setor de vistorias Vila Nova. Setembro de 2006. 450 4.629,88 79 A produção das cidades está diretamente relacionada com a ação dos agentes imobiliários e incorporadores. Estes influenciam o mercado produtivo e consumidor, havendo reflexos nos preços dos imóveis e na renda da terra. Este processo depende também do desenvolvimento de cada localidade e das suas atuações no contexto urbano. Em Londrina, algumas empresas incorporadoras e construtoras tradicionalmente estão relacionadas e especializadas com a produção dos apartamentos, enquanto outras variam mais os seus empreendedorismo as relacionarem com as obras dos edifícios residenciais e dos loteamentos. (ALBUQUERQUE, 2005 p. 46) Há ainda empresas antigas e aquelas que surgiram recentemente ou que vieram de outras cidades, atraídas pelo mercado. Existem vários tipos de aquisição e quitação de obras, algumas investem nos prédios para então vender, outras são formadas por grupos de proprietários, outra são pela formação de grupos pela própria construtora para edificar a construção. 3.1 As Incorporadoras e a Produção dos Edifícios. A fim de entender a dinâmica do processo de verticalização da área de estudo, fez-se algumas análises sobre as construtoras e incorporadoras, 80 responsáveis pela produção dos edifícios na Palhano, como a Plaenge, a A.Yoshii, Artenge, Galmo, Serteng, Quadra e a Dresden. A Construtora Plaenge destaca-se por ser a líder de mercado na região da Gleba Palhano. Fundada em 31 de março de 1970, por um engenheiro de 30 anos, seu escritório contava com alguns móveis e duas máquinas de escrever, e assumiu no mesmo ano, seu primeiro contrato, a construção de uma gráfica em Londrina. Com pouco mais de um ano de existência, a empresa obteve o contrato para execução de uma fábrica de Coca-Cola em Cambé e em 1974 entregou seu primeiro edifício comercial, o “Olga”, no centro de Londrina. (www.plaenge.com.br). A construtora ao longo da sua história executou em Londrina projetos de loteamentos populares, além de condomínios de apartamentos de padrão médio-popular financiado pela CEF (ALBUQUERQUE, 2005). Atualmente a Plaenge segue um ramo da produção de apartamento vendido na planta, oferecem a opção das plantas flexíveis, onde cada família pode escolher a planta de acordo com suas necessidades. A Plaenge oferece um seguro de entrega, e é certificada pela ISO 9001 e pelo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat – nível A, garantindo o nível de qualidade dos apartamentos. (www.plaenge.com.br). 81 Ao longo dos anos, a Plaenge foi criando filiais, além de Londrina, nas cidades do Rio de Janeiro (depois transferido para Curitiba), Campo Grande e Cuiabá. Com o crescimento e acumulação de atividades, experiência e capitais, criou-se outra empresa, a GE-SUL, a segunda marca da Plaenge no ramo de edifícios residenciais. Hoje o crescimento do volume das atividades e das atuações vinculadas com a Plaenge impressiona, além da influência que ela causou no mercado imobiliário e à dinâmica entre as empresas com o seu objetivo de uso do solo. (ALBUQUERQUE, 2005). Além da GE-SUL, que é a segunda marca, também pertencem ao grupo Plaenge a Emisa Plaenge e a Plenart. A Emisa é especializada em montagens eletromecânicas industriais, atua montando fábricas e projetando unidades industriais. A Plenart é pioneira em soluções em argamassa armada e em estruturas de concreto pré-fabricado. A Plenart é o resultado de mais de 25 anos de experiência e evolução tecnológica iniciada pela PLAENGE Pré-Moldados e que posteriormente teve seqüência com a GE-SUL Engenharia de Concreto, empresas dedicadas ao projeto e fabricação de soluções para estruturas em concreto pré-fabricado. (www.plaenge.com.br). A tabela a seguir demonstra as principais obras executadas pela Plaenge em Londrina, no período de 1973 -2006. 82 TABELA 04: Edifícios executados pela Construtora Plaenge em Londrina 1973-2006. Ano Nome edifício localização pav nº unid Uso 1973 Olga Pará 13 24 M 1973 Manuel Gonçalves Centro Av. São Paulo 10 -------- C 1973 Gonçalves Paraná 11 16 M 1973 Renault Sergipe 5 8 R 1974 Benini Quintino Bocaiuva 4 12 M 1976 Ed. Itapema Av. JK 4 12 R 1982 Ilha das Flores JK 8 28 R 1982 Amaralena Pará 8 28 R 1982 Aeroporto I Graúna 4 16 R 1982 Regina Izabel Piauí 13 48 M 1983 Hotel Zollern Palace Hugo Cabral 5 -------- C 1983 Porto Real Andirá 8 28 R 1984 Azaléias Espírito Santo 7 24 R 1984 Serra Dourada Espírito Santo 7 24 R 1985 Portal do Vale Centro Av. J.K. 13 52 R 1985 Saveiros Espírito Santo 13 48 R 1985 Jabur Pio XII 25 22 R 1985 Vitória Régia JK 7 24 R 1985 Conj. Res. Interlagos Magaba 4 16 R 1986 Philadelpho Garcia Solar Centro R. Belo Horizonte 20 40 R 1986 Savana Pará 13 48 R 1987 Itatiana Alagoas 14 48 R 1987 Conj. Res. Vale do Sol R. da Lapa 4 16 R 1987 Conj. Res. Água Branca Rua das Américas 4 16 R 1988 Conj. Res. Aeroporto II Rua projetada 1 4 16 R 1988 Itamaracá Santos 15 56 R 1988 Estelamaris Goiás 14 52 R 1988 Iguatemi Alagoas 14 48 R 1989 Conj. Res. Porto Alegre São Salvador 4 16 R 1989 Boulevard Park Belo Horizonte 17 64 R 1991 Green Park Santos 13 44 R 1991 Mar del Plata Alagoas 14 48 R 1994 Saint Germain Goiás 16 56 R 1995 River Side Residence Alagoas 12 44 R 1995 Escritório Plaenge Tiradentes 4 -------- C 1996 Ed. Res. Central Park Rua João Wyclif 19 76 R 1997 Ed. Solar Monet Rua Esp. Sto 18 34 R 1998 Ed. Solar Cezanne Rua Alagoas 17 32 R 1999 Ed. Res. Lac Royal R. João Huss 24 92 R 2000 Ed. Lê Corbusier R. Caracas 24 96 R 2003 Ed. Arq. Vilanova Artigas Rua 1-Lote 06-G. Palhano 23 92 R 2003 Gaudi Rua João Wyclif 24 96 R 2003 Joan Miró Rua João Huss 24 96 R 2003 Marc. Chagall Rua João Wyclif 27 108 R 2005 Solar Rivera Rua B-lote 7C-G.Palhano 27 108 R 2006 Palhano Residence 19 76 R Fonte: Corpo de Bombeiros (Vila Nova) Set./2006; FRESCA, 2006; Pesquisa in loco Nov./2006 83 Desta forma podemos destacar que a Plaenge entre o ano de 19731980, construiu 6 edifícios, todos na área central da cidade, contendo de 4 a 13 pavimentos e possuindo áreas de 70 a 180 m2. Entre 1981-1990 forma construídos 24 edifícios, sendo a maioria no centro, com tamanhos entre 60 a 314 m2, com número de pavimentos de 4 a 25. Merece destaque o Edifício Jabur, localizado na Rua Pio XII, com 25 pavimentos e 313,93 m2 de área cada unidade. Neste período a verticalização londrinense cresce de maneira surpreendente, sendo construídos mais de 900 edifícios entre 1981-1990. Entre 1991-2000, a construtora executou 9 edifícios, localizados na área central e seus primeiros edifícios na Gleba Palhano. Compreende edifícios de 4 a 19 pavimentos com metragens entre 80 a 180m2. No período de 2001-2006, a Plaenge executou somente na Gleba Palhano, 6 edifícios com metragens de 83 a 246m2, todos acima de 19 pavimentos. Diante da tabela podemos notar o andamento da construção no período, onde existe varias construções de edifícios de 4 pavimentos com fins residenciais até 1989, sendo o restante do período constituídos por construções com média de 24 pavimentos, como é o caso do Ed. Le Corbusier, na Palhano. Nota-se ainda que em 1999 tem-se o primeiro edifício, executado pela Plaenge, Ed. Res. Lac Royal (foto 14). Além do já citado, estão também localizados na Palhano com execução da Plaenge, o Ed. Arquiteto Vilanova Artigas, Res. Central Park, Ed. Gaudi, 84 Ed. Joan Miro, Marc Chagall, Solar Rivera, e o Palhano Residence, ainda em construção. A Plaenge é a construtora com maior número de edifícios na Palhano, com mais de 30% de todos os prédios edificados na área, conforme tabela anterior. Foto 14: Primeiro empreendimento da Plaenge na Palhano, o Edifício Lac Royal com 24 pavimentos. A Plaenge ao lançar seus empreendimentos no mercado, inicia a venda na planta, ou seja, a construtora lança o empreendimento e começa a comercializá-lo; caso não sejam vendidos todos os imóveis, a empresa pode requerer empréstimos bancários para finalizar a obra, a fim de garantir o prazo de entrega e assegurar o compromisso junto aos compradores e aos veículos publicitários. 85 A empresa também se destaca pela pontualidade na entrega se suas obras. No próprio terreno da construção, a construtora instala outdoors especificando a quantidade de dias que faltam para a conclusão da obra. Desta forma a empresa demonstra ao consumidor a importância com o prazo de entrega, já que é muito comum o atraso de outras construtoras nas obras. Em relação à equipe de vendas da Plaenge, esta possui uma equipe própria com profissionais colaboradores da própria construtora, possuindo ainda um plantão de vendas com apartamentos decorados na Avenida Madre Leônia Milito, próximo a Gleba Palhano. A construtora não possui terrenos na área, isto é, não tem terrenos adquiridos para futuro uso; eles adquirem através de permutas, desta forma ela incorpora e constrói na área com objetivo usufruir as vantagens locacionais, o crescimento dos efeitos úteis pelas aglomerações valorizadas. A área da Gleba Palhano, como outras áreas do sudoeste da cidade, são extremamente estratégicas devido a sua localização, havendo valores relativamente baixos do solo constantemente acrescidos e que repercutem nos valores corrigidos dos apartamentos, além de haver valorização de acordo com as características do produto e das demandas vinculadas. (ALBUQUERQUE, 2005) 86 A Plaenge utiliza intensamente a publicidade, relacionado-a com a sua tradição, solidez e eficiência, muito comum de ser encontrada pela cidade em “outdoor e banners”. A Plaenge esta sempre inovando, buscando adequações para atender ao mercado consumidor cada vez mais exigente. Segundo Célia Catussi, gerente regional da Plaenge, em entrevista sobre marketing de relacionamento ao Jornal Folha de Londrina (24/09/2006) afirmou que “A comunicação na sociedade contemporânea transformou o consumidor. Hoje, ele é mais esclarecido e exigente. Quanto mais caro e importante é o produto, mais pesquisa e questionamentos gerará. Passamos a vender estilos de vida com qualidade”. A figuras a seguir demonstram o marketing utilizado pela Plaenge, sendo que na figura 01, ela ressalta o sonho da família, ter um lugar de qualidade para residir e para investir. Na figura 02, a construtora ressalta as vantagens locacionais da Palhano, novamente enfocam a valorização e a localização, além de tratar sobre a questão do condomínio econômico e da segurança. A foto 15 é do Palhano Residence que será o próximo edifício a ser entregue pela Plaenge no segundo semestre de 2007, e esta localizado próximo a Avenida Madre Leônia Milito. 87 Figura 01: Encarte Publicitário da Plaenge. A imagem foi extraída de um de seus encartes comerciais, onde o poder publicitário é marcado com a questão dos sonhos e de uma melhor qualidade de vida para a família. (PLAENGE 2006) 88 Figura 02: Encarte Publicitário da Plaenge.Nesta outra parte do encarte, a construtora utiliza o recurso publicitário, demonstrando as vantagens locacionais, a questão novamente de qualidade de vida e de segurança. (PLAENGE 2006) 89 Foto 15: Edifício Palhano Residence em construção. Será o próximo edifício a ser entregue pela Plaenge na Palhano (PAULA, 2006) Outra empresa consolidada em Londrina no ramo da construção civil é a Construtora A. Yoshii, fundada em 1965, em Londrina. Comprometida com os princípios de qualidade de serviço, transparência, pontualidade, responsabilidade e respeito aos clientes, colaboradores e fornecedores, a empresa sempre construiu um sólido conceito, sendo uma referência de qualidade no setor da construção civil. Atuando em grande parte do território nacional, a construtora possui ampla experiência em diversos segmentos: incorporação residencial, construção industrial e agro-industrial, construção de escolas e universidades, teatros, hospitais, varejo e tecnologia. (www.ayoshii.com.br) 90 A A. Yoshii é construtora e incorporadora e constrói com recursos próprios e também trabalha com o sistema de vendas na planta. A empresa na área residencial opera com media de 1 lançamento por ano, não sendo este segmento o mais representativo da empresa. A construtora é especializada na construção de escolas, indústrias e comércio, com obras em diversos estados como Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo, Pernambuco e Bahia, alcançando consideráveis escala da produção nacional. Algumas empresas utilizam constantemente o serviço da A. Yoshii, como os Colégios Maxi e Marista (Londrina), PUC (Porto Alegre), Banco do Brasil, Banco Itu, Bunge Alimentos, Monsanto, Pepsi Refrigerantes, FTD Editora, Global Telecom, grupo Pão de Açúcar, Lojas Pernambucas, entre outras.(ALBUQUERQUE, 2005). A parte comercial é terceirizada tendo parceria com a Imobiliária Raul Fulgêncio, mas possui também um plantão de venda de apartamentos decorados na Avenida Madre Leônia Milito, junto a Gleba Palhano. 91 TABELA 05: Edifícios executados pela Construtora A. Yoshii em Londrina: 1976-2006. Ano nome edifício Localização Centro R. Hugo Cabral pav nº unid uso 10 40 R 1976 Vila Velha 1982 Ilha do Sol - Bloco A Iporã 5 16 R 1982 Ilha do Sol - Bloco B Iporã 5 16 R 1984 Maison Chamonix Pernambuco 7 12 R 1986 Araxá Samuel Moura 8 28 R 1986 Jatiuca Astorga 8 14 R 1987 Parque Resid. Primavera Voluntários da Pátria 13 48 R 1987 Ilha do Sul Alto do Araxá 8 28 R 1989 Ilha de Itapema Voluntários da Pátria 8 28 R 1989 Graciosa Prof. Samuel Moura 13 48 R 1991 Pontal do Araxá Prof. Samuel Moura 17 60 R 1991 Belvedere Voluntários da Pátria 16 60 R 1991 Vermont Tower Residence Centro R. Paranaguá 19 76 R 1997 Ed. Res. Pontal do Araxá Prof. Samuel Moura 17 64 R 1999 Ed. Garagem-Estacenter R. Sta Catarina 4 -------- C 2000 Ed.Res. Four Seasons R. Henrique Dias 14 25 R 2001 Ed. Sun Flowers Rua Caracas 17 64 R Fonte: Corpo de Bombeiro (Vila Nova) Set./2006; FRESCA, 2006; Pesquisa in loco Nov./2006 Na tabela podemos notar que foi apenas em 1976 nos primeiros anos que a empresa executou seu primeiro edifício em Londrina, o Edifício Vila Velha que possui 10 pavimentos; na década de 1980-1990 a construtora executou 9 edifícios, localizados na área central da cidade, todos acima de 5 pavimentos com áreas de 65 a 160m2. No período de 1991-2000 a A. Yoshii construí 5 edifícios acima de 4 pavimentos com áreas superiores a 80m2. Em 2001 aparece o primeiro edifício da construtora na Palhano, o Sunflowers (foto 16) com 16 pavimentos, localizado na Rua Caracas, possuindo 248m2 . 92 Foto 16: Edifício Sunflowers, primeiro empreendimento da construtora A. Yoshii na Gleba Palhano. (PAULA, 2006) A construtora como a anterior, também investe no marketing para atrair os consumidores, tendo em vista que o mercado é bastante concorrido. O Residencial Manacá o último lançamento da A. Yoshii tem em seu encarte divulgado a seguinte frase: “Longe da agitação da cidade perto da tranqüilidade do lago, na região de maior valorização imobiliária de Londrina”. Mais uma vez o que as construtoras ressaltam é a tranqüilidade e amenidades do local. Localizado na Rua João Huss o edifício será entregue, conforme Cláudio Xavier corretor da Raul Fulgêncio, em 2 anos e o valor médio dos apartamentos é de R$ 200.000,00, contendo 140m2, sendo que a maior parte já esta vendido. 93 Figura 03: Encarte Publicitário da a. Yoshii. Mais uma vez a publicidade é o carro chefe para seduzir os consumidores, a construtora ressalta a qualidade de vida e as amenidades da região. Fundada em 8 de fevereiro de 1967, a Artenge nasceu de um projeto empreendido pelo engenheiro civil Mitomu Simamura. Incialmente voltada para edificações comerciais e educacionais, a construtora obteve dois grandes impulsos logo nos seus primeiros cinco anos de atuação: a participação como acionista de seu então administrador e diretor superintendente, o advogado e economista Toshio Imai, e a incorporação societária, no ano 1973, da empresa Daiwa House Indústria e Comércio, com sede no Japão e tradicional produtora de material perfilado, em parceria com a Artenge trouxe a tecnologia para o domínio do mercado regional no 94 segmento de construções industriais nas décadas de 1960 e 1970, o que permitiu à consolidação no mercado na década de 1980. Até esse período foram mais de 753 mil metros quadrados de construções (8.439 casas e 3.856 apartamentos) realizadas para 10 mil 949 famílias, clientes de cooperativas habitacionais, em mais de duas dezenas de municípios do Paraná - incluindo Londrina e o Norte do Estado, Curitiba e cidades da região sul do Paraná, muitas das quais compõem hoje a Região Metropolitana da capital paranaense. A Artenge acreditou no potencial imobiliário da Gleba Palhano, localizada às margens do Lago Igapó, e começou uma série de projetos residenciais que passaram a ser denominado pela empresa como Residencial do Lago. Hoje, com 6 empreendimentos já construídos , totalizando cerca de 480 apartamentos. O último deles, o Portal do Lago, repete o sucesso dos anteriores em termos de modernidade, conforto, segurança e beleza. 95 TABELA 06: Edifícios executados pela Construtora Artenge em Londrina: 1976-2006. pav nº unid uso 1976 Ano Ed. Lígia Maria nome edifício R. Pará localização 13 24 R 1977 C. Ed. Corcovado Av. Rio de Janeiro 14 22 R 1980 Ed. Leblon R. S. Souza Naves 11 40 R 1981 Grajaú Prof João Cândido 11 40 R 1982 San Conrado Belo Horizonte 11 40 R 1984 C. Água Verde Palhano - Rua A 4 12 R 1984 C. Água Verde Palhano - Rua A 4 12 R 1986 Conj. Res. Vale dos Tucanos II Osvaldo Baggio 4 16 R 1986 Conj. Res. Vale dos Tucanos I Osvaldo Baggio 4 16 R 1987 Conj. Res. Novo Horizonte Serra do Maracajú 4 16 R 1987 Solar dos Tucanos Orlando Maimone 4 16 R 1988 Residencial do Lago I Jerusalém 8 30 R 1989 Res. Do Lago III Jerusalem 8 30 R 1989 Residencial do Lago II Sebastião Chapp Galindo 8 32 R 1990 Conj. Res. Vale dos Tucanos II Rua Projetada C 4 16 R 1995 Saint Maarten Residence 9 28 R 1999 Saint Raphael Residence Jorge Velho R. Sebastião Chapp Galeano 8 32 R 2002 Forest Park Rua Jerusalém 11 96 R 2005 Portal do Lago Lote 03B-G. Palhano 20 73 R 1999 Saint Raphael Lote 03A-G. Palhano 9 68 R Fonte: Corpo de Bombeiro (Vila Nova) Set./2006; FRESCA, 2006; Pesquisa in loco Nov./2006 A Artenge foi uma das pioneiras na Gleba Palhano, conforme mostra a tabela. A construtora executou o Residencial Água Verde em 1984 e logo a seguir em 1989, o Residencial do Lago, ambos na Palhano. É conveniente ressaltar que o foco do nosso estudo é a verticalização da Gleba Palhano, no período após 1992, sendo importante destacar que antes deste período já haviam construções na área. Em entrevista com o diretor adjunto da Artenge, sr. Sérgio Balsan Cavalaro, explicou que inicialmente a Artenge construía principalmente casas para o sistema de habitação popular – os conjuntos habitacionais - e as obras não ficavam limitadas somente na cidade de Londrina, eles também conjuntos habitacionais em 96 Rolândia, Lapa, São Mateus, Araucária, Campo Largo entre outras cidades. Além da construção de conjuntos habitacionais, a construtora também edificava fábricas, ginásios de esportes e conjuntos de edifícios com poucos andares. A partir de 1988, a empresa começou a expandir para um novo padrão de construção, onde a construtora adquire o terreno, executa a obra, para então vender os apartamento, num sistema de incorporação. Como a construtora já havia tido experiência com o Residencial Água Verde na Gleba Palhano (pelo sistema de contratação para execução da obra), o diretor em gestão Toshio Imai, adquiriu terrenos na região nordeste da Gleba Palhano em 1986 e em 1988 entrega as primeiras unidades do Residencial do Lago I, já pelo sistema de incorporação. “A aquisição e construção de edifícios nesta região foi uma tentativa bem sucedida por Toshio. Ele viu que a região tinha um potencial, pois a cidade não tinha mais onde construir prédios deste porte” diz Cavalaro. A Artenge adquiriu um grande terreno na região que inicialmente iria abrigar a residência do diretor presidente, e por motivos de mudança para a cidade de Curitiba, a área passou a ser um grande canteiro de obra da Artenge. Hoje a então chamada “cidade Artenge” (foto 17) abriga seis empreendimentos e tem projetos para mais nove edifícios, no nordeste da Gleba Palhano. A Palhano tornou-se a âncora da empresa, diz Cavalaro, sendo que as maiores obras da construtora estão nesta área. O ultimo empreendimento da construtora, já entregue, é o Portal do Lago (foto 18) com 76 unidades, possuindo 2 97 vagas de garagem com um total de 165m2 e o valor comercial atual destes apartamento gira em torno de R$ 200.000,00; segundo o diretor adjunto, os consumidores deste empreendimentos foram médicos, advogados, vendedores autônomos, representantes comerciais, professores, profissionais liberais, engenheiros, pecuaristas e agricultores. A Artenge trabalha hoje com dois padrões de apartamentos na Palhano, os médios, que seriam o primeiro apartamento da família, com uma metragem de até 80m2; e o segundo seria um apartamento com uma área maior, por volta de 160m2 que seria hoje os mais procurados naquela localidade. Cavalari aponta que os terrenos da Gleba Palhano estão muito valorizados, o que esta inviabilizando a construção de edifícios com poucos pavimentos e com muito espaço para lazer, por exemplo. Ele explica que a Plaenge por não ter terrenos na Palhano, está moldando edifícios com cada vez menos terreno e com maior quantidade de andares, garantindo o retorno da obra. A Artenge por ter grande terreno na Palhano, ainda pode oferecer edifícios com mais áreas de lazer. Ele aponta que a tendência na área será empreendimentos que utilizará poucos terrenos e com grande quantidade de andares, o que implica em um forte adensamento. 98 Foto 17: A Construtora Artenge adquiriu diversos lotes na Gleba Palhano, criando “a cidade Artenge”, com vários edifícios construídos e com várias áreas a serem construídas. Fonte: Folheto da construtora. Embora a foto demonstra vários prédios da Artenge, apenas os assinalados estão em nossa área de estudo. Foto 18: Portal do Lago, último empreendimento entregue pela Artenge na Palhano, com 20 pavimentos. Foto: PAULA, 2006 99 Segundo o sr. Edgar Silverio2, corretor da Imobiliária Bonato & Santos, representantes da Artenge, o Edifício Portal do Lago, com área de 173m2, iniciou a construção em 2002 e o valor por apartamento era de aproximadamente R$ 90.000,00, e hoje a última unidade à venda tem o valor de R$ 230.000,00, uma valorização de mais de 150% em 4 anos. Os compradores deste edifício, segundo o corretor foram corretores de seguros, dentistas, empresários, entre outros profissões. O valor do condomínio é em torno de R$ 350,00 e segundo o entrevistado, o imóvel é altamente procurado pelo seu baixo custo de manutenção, se for comparado com outros prédios da área. A construtora Galmo tem vinte e cinco anos de existência atuando na construção de edifícios residenciais e comerciais de alto padrão, residências e prestação de serviços na área de Engenharia Civil. Seus produtos diferenciam-se pelo padrão de qualidade, do projeto ao acabamento, fruto da incorporação de tecnologias de ponta que agreguem valor e conforto aos imóveis. Possuímos uma logística de trabalho que oferece ao cliente a possibilidade de personalização total dos apartamentos, num relacionamento estreito e transparente, onde cada um é atendido em suas necessidades particulares; Seriedade, qualidade e respeito: Adjetivos que sempre acompanham o nome GALMO. (www.galmo.com.br) A Galmo possui vários edifícios entregues em Londrina, sendo os mais recentes o Edifício Araucária, Elbano, Íbis, Laguna, Paranoá, Itacolomi e Taquari. A construtora possui 2 empreendimentos na Palhano, e o primeiro edifício 2 Informações obtidas no plantão de venda do Edifício Portal do Lago junto ao corretor Edgar Silvério da Imobiliária Bonato e Santos em Setembro/2006. 100 entregue na foi o Mogno (foto 19) em 2001, com 20 pavimentos, e 40 unidades, e segundo ainda em fase de construção é o Torre de Málaga, que segundo a Folha de Londrina (30/07/2006) é a maior torre de Londrina “... às margens do Igapó 2, a Torre de Málaga tem 120 metros de altura. Cada andar é 10% maior que o de um prédio comum, fazendo com que o 34º andar equivalha a 39º de um edifício tradicional” A Galmo, assim como a Serteng e a Dresden, trabalham pelo sistema de condomínio3, onde a construtora comercializa seus apartamentos formando um grupo, no caso de desistência por centro membro do grupo, um terceiro pode adquirir os custos com o condomínio e passar a pertencer ao grupo. No sistema de condomínio, as buscas pelas inovações e pelos diferenciais nas obras dependem grandemente das decisões dos grupos investidores e não da empresa, fato diferenciado das empresas que vendem na planta (ALBUQUERQUE, 2005) Segundo Albuquerque (2005 p. 74), a procura para aquisição dos imóveis da Galmo na Palhano é de 80% para quem vai residir no local e os 20% representam os que compram imóveis como um investimento. 3 Segundo Albuquerque (2005 p. 70) o sistema de condomínio é regido de forma que a construtora recebe pelo trabalho de administração da obra um percentual dos recursos pagos mensalmente pelos condôminos. Esse percentual varia de acordo com a obra, porém normalmente costuma ser de 15%. O financiamento poderá existir somente pela pessoa física como por cada membro do grupo de condôminos, já que não existe linha de credito especifico a este sistema de construção. 101 Foto 19: Edifício Mogno primeiro edifício entregue pela Construtora Galmo na Gleba Palhano. (Foto: www.galmo.com.br). Trabalhando com o sistema de condomínios na Palhano, a Construtora Serteng Ltda iniciou suas atividades em 18 de agosto de 1983 na vizinha cidade de Sertanópolis. Durante esses vinte e três anos, executou obras com diversas finalidades, como residências, agroindústrias (silos, moegas e barracões), edifícios residenciais, lojas, conjuntos habitacionais e reformas, além de perícias técnicas. Atua com execução de obras no sistema de empreita global, administração e preço de custo. A empresa tem por compromisso de “Proporcionar obras com execução dentro das melhores técnicas do mercado, proporcionando um excelente produto com o 102 menor custo/benefício, conforto e satisfação aos seus clientes. Atuar com honestidade, ética e preocupação social, procurar garantir contínua melhoria de relacionamento com seus colaboradores e contribuir para o progresso da nação” (www.serteng.com.br). A empresa conforme a tabela 06 começa a construir edifícios na Palhano em meados dos anos de 1990, sendo a partir de então uma seqüência de edifícios entregues como: Residência Perola Negra (20 apartamentos), Residencial Costa Esmeralda (80 apartamentos), Enseadas (44 apartamentos), Tolouse (35 apartamentos, Lago Azul (52 apartamentos), todos pelo sistema de condomínio. Segundo a Serteng a empresa trabalha com sistema preço de custo, ou sistema de condomínio como havíamos posto anteriormente, este sistema constitui-se na execução da obra de acordo com a capacidade financeira do proprietário, que paga mensalmente uma parcela equivalente ao rateio do custo da obra. Essa parcela é definida de comum acordo entre condôminos e construtora, e normalmente tem reajuste anual. A empresa construtora administra a aplicação dos recursos, prestando conta mensalmente aos representantes do grupo ou a qualquer condômino interessado. É uma forma de construção segura e econômica. Este sistema possui vantagens e desvantagens, as vantagens é que se paga menos impostos, executa-se a obra sem que haja a necessidade do recolhimento de alguns impostos, como PIS e COFINS, já que todo o recurso utilizado na obra é do grupo de condôminos, não estando sujeita à tributação como uma empresa normalmente 103 constituída. A economia proporcionada é da ordem de 8% a 9% somente em impostos. O ajuste das parcelas é anual, de acordo com o índice do CUB-Custo Unitário Básico, que reflete a variação de preços da construção civil. Este índice é regional e é divulgado pelo Sinduscon (Sindicado da Indústria da Construção Civil). Caso os condôminos assim o desejarem, as parcelas poderão ter seus valores mantidos ou alterados, conforme definido pela maioria. A obra é custeada com os recursos mensais disponibilizados pelos condôminos, e o cronograma caminha na mesma velocidade da entrada desses recursos. O imóvel fica desde o início em nome do condômino. Caso a empresa construtora venha a sofrer descontinuidade, seja qual for o motivo, uma outra é contratada pelo grupo de condôminos e a obra é concluída sem interrupções. As desvantagens que o sistema desencadeia é com o prazo de entrega, pois o fato das parcelas da obra terem seu valor definido pelos condôminos, faz com que nem sempre os recursos colocados à disposição da construtora sejam suficientes para manter o cronograma, em virtude das oscilações de preço dos insumos. Isso faz com que a obra possa vir a sofrer atrasos, frustrando a previsão inicial. (www.serteng.com.br) TABELA 07: Principais edifícios executados pela Construtora Serteng em Londrina 1990-2006. pav nº unid uso 1990 Ano Nova Londres nome edifício Doutor Elias Cesar localização 8 28 R 1991 Rembrandt Bartolomeu Bueno 7 10 M 1992 Costa Esmeralda Rua Ernami L Athaide 13 80 R 1992 Pérola Negra Rua João Huss 10 20 R 2002 Enseadas Rua Ernami L Athaide 11 44 R 2002 Ed. Resid. Toulouse Rua João Huss 17 35 R ---------- Lago Azul Rua Ernami L Athaide 13 52 R Fonte: Corpo de Bombeiro (Vila Nova) Set./2006; FRESCA, 2006; Pesquisa in loco Nov./2006 104 Foto 20: Edifício Perola Negra primeiro edifício entregue pela Serteng na Gleba Palhano, possuindo 10 pavimentos. Foto: PAULA, 2006. A Construtora Quadra Ltda, fundada em 1986, é uma empresa com características contemporâneas: modernidade, criatividade e qualidade dos seus produtos e serviços. Atenta as constantes mudanças no mercado imobiliário, busca aprimoramento constante de sua tecnologia e capacitação de seu capital humano. A soma desses fatores resultam na produtividade, no baixo custo das obras e na elevação cada vez (www.quadra.com.br) maior da qualidade oferecidos pela construtora. 105 Segundo Albuquerque (2005), a Quadra já realizou além de residências, bom número de empreendimentos comerciais em Londrina como a Norpave Com. de Caminhões e Motos Ltda, Ed. Comercial Francisco Januário (centro), Condomínio Comercial Ouro Vende e Maranhão (centro), Hotel Vancouver (centro), Quadra Sul Shopping (avenida Inglaterra), Show Room Cerâmica Porto Belo (centro) e Escola Humberto Puigare Coutinho (Conjunto Ernami Moura Lima), além do São Paulo Towers (2 torres residenciais e comerciais no centro), residencial Tera Bela (zona Oeste) Fontainebleu Residente (região central). Além dos empreendimentos citados, a Quadra também possui várias experiências com a construção de edifícios, conforme a tabela 07, porém com poucas participações na Palhano. A construtora executou somente duas obras na região, sendo uma delas o Vision Residence, que foi erguido pela Great Incorporadora e finalizado pela Quadra, o outro edifício é o Terra Brasil com 18 pavimentos na Palhano. 106 TABELA 08: Edifícios executados pela Construtora Quadra em Londrina: 1988-2006. Ano nome edifício localização 1988 Vancouver Palace Hotel Maranhão pav 7 nº unid uso 1988 Visconde de Barbacena Pio XII 23 20 R 1988 Adriana Grã Bretanha 8 28 R 1988 Jatahy Ana Nery 5 16 R 1989 Dom Guilherme Inglaterra 8 30 R 1989 Flor da Mata Belo Horizonte 16 15 R 1989 Malena Januário Pio XII 19 34 R 1989 Ouro Verde Pará 10 -------- C 1989 Dirceu Adelei Januário Higienópolis 8 -------- C 1989 Maranhão Maranhão 10 -------- C 1989 Ville France Ana Nery 8 21 R 1989 Res. Guatupê R. Alagoas 14 26 R 1990 Meridiam Residences Fujita - R. Marcílio Dias 18 36 R 1990 Ville Bordeaux Marcílio Dias 8 28 R 1990 San Vicente Escócia 8 31 R 1990 Centro Em. Fran. Januario Av. Higienopolis 10 -------- C 1991 Campo Belo Alfredo Battini 8 42 R 1991 C. Ex. Center Skowronek R. S. Souza Naves 16 -------- C 1992 Princes Inglaterra 8 28 R 1992 Princes Inglaterra 8 28 R 1993 Vision Residence Rua Caracas 15 15 R 1994 Saint Petersburgo União Soviética 8 31 R 1995 Solar Montraux Santos 14 26 R 1996 New Port Residence Rio de Janeiro 12 44 R 1996 Fontainebleu Residence R. São Francisco de Assis 16 30 R 1998 Ed. Res. Bella Torre Rua Alfredo Batini 19 68 R 2000 Ed. Portobelo Rua Alfredo Batine 19 72 R 2000 Terra Brasil Rua Maria Lucia da Paz 18 72 R -------- C Fonte: Corpo de Bombeiro (Vila Nova) Set./2006; FRESCA, 2006; Pesquisa in loco Nov./2006 Ainda com relação à tabela, a Quadra no período de 1988 a 1990, executou 16 edifícios acima de 5 pavimentos com áreas superiores a 78m2, localizados a maior parte na área central da cidade de Londrina. No período de 1991 a 2000, a construtora construiu 12 edifícios, sendo 2 na Gleba Palhano. Todos os edifícios construídos neste período possuem mais de 8 pavimentos e tem áreas acima de 74m2. 107 Por último a Dresdem Engenharia Ltda. que possui um empreendimento entregue na Palhano, o Residencial Paranoá (foto 21) com 19 pavimentos e que também foi construído pelo sistema de condomínio. A construtora está com mais um empreendimento a ser construído na área, o Sonato Residence, localizado na Rua Maria Lucia da Paz. Segundo a corretora de Eliza Salles4, da Imobiliária Bonato e Santos, este edifício também será construído no sistema de condomínio, onde se fecha um grupo e com a mensalidade dos condôminos inicia-se a construção do edifício. Salles afirma que o grupo do Sonata Residence deve ser fechado em dezembro deste ano, e o início da obra deve ser no primeiro semestre de 2007. A corretora afirma que a aceitação dos consumidores deste tipo de construção é boa, já que o local e a experiência anterior com o Residencial Paranoá garantirem a credibilidade do negócio. 4 Informações obtidas no plantão de venda da construtora Dresdem, Setembro de 2006. 108 Foto 21: Residencial Paranoá, empreendimento da Dresdem edificados sob forma de sistema de condomínio. Foto: PAULA, 2006. Além dos edifícios construídos pelas construtoras citadas, existe ainda um edifício construído também por sistema de condomínio, porém não foi executado por construtoras, mas por empreitas. Este é o caso da Chácara Bela Vista (foto 22) que foi construído por um grupo da área médica e que não teve participação de construtoras diretamente. O edifício é um dos primeiros da Palhano e tem 16 pavimentos sendo 1 apartamento por andar. Em outro edifício na Palhano erguido pelo sistema de condomínio, o Chácara Bela Vista, um grupo de médicos da cidade formou um caixa necessário para erguer o condomínio que apresenta 1 apartamento por andar, cada um possuindo 450m2, estas que são características de empreendimentos que na região da Palhano somente a Torre de Málaga (pela empresa Galmo) e o edifício Vision Residence possuem (ALBUQUERQUE, 2005 p. 73) 109 Foto 22: Condomínio Chácara Bela Vista, construído pelo sistema de condomínio por médicos da região. Foto: PAULA, 2006. 3.2 O mercado consumidor dos edifícios da Gleba Palhano - Londrina-Pr No presente item procuramos identificar o mercado consumidor dos apartamentos construídos na Palhano. Para isso foram feitos levantamentos de campo, junto às portarias dos edifícios e com os síndicos dos mesmos, a fim de levantar características dos moradores dos edifícios. Foram feitas pesquisa junto a órgãos públicos, privados e Internet para elaborar um quadro com o perfil profissional e a remuneração média dos mesmos. 110 Assim procedemos tendo em vista as dificuldades para obtenção dos dados, já que estes perpassariam pela renda familiar, elemento delicado de ser questionado. Da mesma forma, pela dificuldade dos moradores em atender uma estudante, por mais que apresentasse os elementos para sua identificação junto às portarias e síndicos dos edifícios, não era recebida. Portanto, os dados e informações apresentados, são apenas uma aproximação do que é o mercado consumidor atual dos apartamentos na Gleba Palhano. A fim de traçar um perfil dos moradores foi elaborada a tabela 9, a seguir. 111 TABELA 09: Perfil Profissional Dos Moradores Da Gleba Palhano-Londrina-Pr Edifício Qtde Aptos Profissões Advogado Agrônomo Aposentado Arquiteto Avicultor Bancário Dentista Empresário Engenheiro Escrivão policia Func. estatal Juiz Médico Pecuarista Professor Promotor de justiça Propriet. Rural Psicólogo Repr.Comercial % de morador Portal do Lago 76 Qtde %* 3 Costa Esmeralda 82 Qtde %* 3,94 Mogno Central Park Sunflowers 40 76 Qtde %* Qtde Qtde %* 4 10,0 4 Perola Negra 64 Lac Royal 20 %* Qtde 92 %* Qtde 1,21 2 1 15 18,30 3 3,66 3 3 4 2 1 1 3,94 5,26 3 2,63 1,31 7,5 3 Qtde 96 %* 96 Qtde %* Qtde %* 30 31,25 10 10,41 2 1 1 2,08 1,04 1,04 1 1,04 2 2,08 2 4 2,08 4,16 11 4 2 11,45 4,16 2,08 3 3,12 1,08 10,00 2 Forest Park 2,08 1,31 3,95 8 12,5 2 1 5 3,13 1,56 7,81 5 25,00 5 5,43 2 2,18 2 2,18 8 8,70 5 5 5,20 7,29 1 1,04 5 5,20 1 1,04 7,5 1 2 2,5 5,0 3 3,95 1 2,5 2 2,63 1 5,00 1,31 1 2 2 Le Cabusier 96 %* 5,26 1 1 Gaudi 1,08 2,63 2,63 21,02 23,17 35,0 * porcentagem de moradores com a profissão indicada no edifício. FONTE: Pesquisa in loco – Outubro-Novembro/2006 26,3 25,0 40,0 20,65 21,85 62,47 13,52 112 Na tabela 09 podemos observar que os moradores dos edifícios da Gleba Palhano são na maioria formadas por profissionais liberais de nível superior, havendo alguns empresários e aposentados, na qual não podemos afirmar a escolaridade. Conforme a tabela a profissão com maior representatividade são os advogados, seguidos pelos empresários e médicos. Observa-se no Edifício Costa Esmeralda que a maior parte dos moradores são bancários, o que podemos apontar que o condomínio que fechou com a Serteng seja composto estes profissionais. Podemos apontar ainda, que os moradores dos edifícios são mistos, não havendo diferenciação das profissões em relação à metragem e valor dos apartamentos. A tabela aponta que os moradores dos edifícios da Palhano são profissionais liberais, profissionais da área de saúde, advogados (juiz, promotor de justiça), proprietários de estabelecimentos rurais, bancários, professores, agrônomos, aposentados, arquitetos, engenheiros e funcionários estatal. Um grupo misto, que fazem parte da elite da sociedade. Para uma melhor análise houve a necessidade de produzir uma tabela com as profissões predominante dos residentes e o salário médio. Os valores das remunerações foram levantadas, levando em consideração que o profissional está em inicio de carreira, não sendo considerado as bonificações e ajudas de custos. 113 TABELA 10: Média Salarial do perfil profissional dos moradores da Palhano. Profissões Advogado Agrônomo Arquiteto Bancário Dentista Engenheiro Escrivão da Polícia Juiz Médico Professor Promotor de justiça Psicólogo Remunerações R$ 2.500,00 R$ 2.500,00 R$ 2.500,00 R$ 1.800,00 R$ 2.500,00 R$ 2.500,00 R$ 4.000,00 R$ 10.000,00 R$ 3.000,00 R$ 2.000,00 R$ 8.000,00 R$ 2.500,00 Fonte: Instituições estaduais, privadas e Internet. Nov/2006 Organização: PAULA, 2006 Conforme demonstrado na tabela 10, os profissionais moradores nos edifícios consultados na Palhano, possuem em sua maior parte nível superior, com remunerações de R$ 1.800,00 a R$ 10.000,00, valores consultados para um individuo de inicio de carreira. É importante ressaltar que a maior parte dos profissionais podem ser autônomos, gerando uma oscilação nos valores mensais de rendimentos; porém poderiam ter atuação também em órgãos públicos. Diante destas informações pode-se afirmar que a parcela da população que hoje reside nestes prédios formam o complexo grupo dos profissionais liberais, o que ousadamente, poderíamos considerar como parcela da classe média londrinense. 114 Também foi pesquisado em campo, o padrão familiar dos moradores, onde foi identificado que as famílias na maior parte são formadas por casais com média de dois filhos e também por casais aposentados. 115 CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho compreendeu no estudo da verticalização da porção sudoeste da Gleba Palhano em Londrina, onde abordamos os principais aspectos que levaram a construção de edifícios na área. Nos levantamos foi verificado que até meados de 1990 a área era predominantemente formada por chácaras. A construção do Shopping Center Catuaí e com as adequações dos acessos ao local, viabilizaram a aquisição destas chácaras para construção de edifícios. A revitalização do Lago Igapó II também foi um dos atrativos que consistiu em valorizar a área, devido suas amenidades naturais. Tanto as adequações das vias de acesso quanto a revitalização do Lago Igapó, foram diretamente influenciadas pelas construtoras e incorporadoras que viam no local bons negócios em seus empreendimentos. Ao fazer o levantamento sobre os edifícios construídos em nossa área de estudo, verificou-se que os responsáveis pela incorporação e construção dos edifícios são construtoras locais, a Plaenge, A. Yoshii, Artenge, Galmo, Serteng, Quadra e Dresdem. Verificou-se que o primeiro edifício construído na área foi no inicio da década de 1990 pela construtora Serteng. E a construtora que atualmente possui o maior número de empreendimentos na Gleba Palhano é a Plaenge representando mais de 30% dos edifícios construídos. 116 Na Palhano encontramos duas formas de construção de edifícios, a Plaenge, A. Yoshii, Artenge e a Quadra lançam seus edifícios e começam a vendê-los ainda na planta, com prazos determinados para entrega. Já a Galmo, a Serteng e a Dresdem trabalham com o sistema de condomínios, onde um grupo fecha com a construtora, fazendo pagamentos mensalmente, este sistema não possui prazo para entrega, já que os recursos são exclusivamente dos compradores. Com referência aos consumidores dos apartamentos na Palhano, verificou-se nos levantamentos que é formado por um grupo de profissionais liberais, privado e público, na qual consideramos fazer parte da classe média londrinense. Em relação ao perfil familiar, verificou-se o predomínio de casais com média de dois filhos e casais aposentados. Assim sendo, o estudo da verticalização da Gleba Palhano possibilitou a nossa compreensão sobre as dinâmicas do espaço urbano londrinense onde na área estudada foi diretamente influenciada pelas construtoras/incorporadoras locais e o Estado que viabilizou as adequações necessárias para a construção destes edifícios de alto padrão. 117 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, V.B.P. de. Especulação e valorização imobiliária na Palhano em Londrina: Rítmica pelo espaço e tempo da produção condominial. 2005. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. CONSTRUTORA A.YOSHII. Acesso em 30 set. de 2006. Disponível em: <http://www.ayoshii.com.br> CONSTRUTORA ARTENGE. Acesso em 30 set. de 2006. Disponível em: <http://www.artenge.com.br> CONSTRUTORA GALMO. <http://www.galmo.com.br> Acesso em 30 set. de 2006. Disponível em: CONSTRUTORA PLAENGE. Acesso em 30 set. de 2006. Disponível em: <http://www.plaenge.com.br> CONSTRUTORA QUADRA. Acesso em 30 set. de 2006. 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