Infectologista tenta explicar o zika vírus e a chikungunya

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Cidades
Quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
portalnews.com.br
Saúde
Para especialista, falta de informação sobre as doenças é parecida como a de quando surgiu a Aids nos anos 80
Infectologista tenta explicar
o zika vírus e a chikungunya
Fabio Miranda
Os dois novos vírus transmitidos pelo mosquito Aedes
aegypti, o zika e a chikungunya,
aliados a já conhecida dengue,
estão deixando a comunidade
médica do Estado de São
Paulo, e a população, com o
alerta ligado. No Alto Tietê
não é diferente. Moradores
da região já sabem dos riscos
de manter criadouros do
mosquito em casa, e diferente
de anos anteriores, o inseto
agora se reproduz, também,
em água suja. Nenhumas
dessas doenças possui tratamento, no entanto uma
vacina para a dengue está
sendo desenvolvida.
Apesar disso, ainda pouco
se sabe sobre o futuro dessas
duas doenças. Até mesmo
se, após ser infectado uma
vez, a pessoa seria imune
pelo resto da vida. Para o
professor de medicina da
Universidade de Mogi das
Cruzes (UMC), e infectologista do Instituto Emilio
Ribas, na capital, Jean Carlo
Gorinchteyn, os médicos
e pesquisadores possuem
uma sensação semelhante
aos profissionais dos anos
1980, quando se depararam
com o surgimento da Aids,
ou seja, atualmente há mais
perguntas do que respostas.
Em conversas com os
jornalistas na tarde de ontem,
na própria UMC, o infectologista falou sobre o que está
sendo feito para entender as
doenças, mas no final o ponto
a ser destacado é sempre o
mesmo: a prevenção.
Gorinchteyn revelou que de
fato o zika vírus não circula
em território paulista. Os
dois casos registrados são
considerados ‘importados’,
ou seja, a pessoa foi infectada
em outro estado, mas nem
por isso o alerta não deva
ser acionado. “Seguramente,
neste momento, o vírus não
circula em São Paulo. Mas
estamos em alerta, não pânico. O alerta é você estar
vigilante e atuante. Não é
ficar pensando ‘será que o
vírus vem?’. Pelo contrário,
as medidas que estão sendo
tomadas são muitos mais
intensas, como a brigada
da Polícia Militar, fazendo
e permitindo com que os
vigilantes sanitários entrassem
na casa das pessoas, o que
antes era proibido”.
Mortalidade
Fora a dengue, os casos
de mortes envolvendo essas
duas doenças são pouco
conhecidos, no entanto já
há casos de mortes. Em ambas as situações, as vítimas
tinham outra doença. “A
mortalidade do chikungunya
é baixa. Em um congresso
estávamos discutindo sobre
essa doença e ela tem uma
referência de 1% de morte.
Quem são aquelas pessoas
que morrem de chikungunya?
São pacientes idosos, que já
tem alguma doença crônica,
e que pioram com o quadro
viral”, apontou.
No caso do zika, Gorinchteyn afirmou que um paciente,
morador do nordeste, morreu
por causa desse vírus. “Teve
um caso de zika em Pernambuco que o paciente morreu,
mas ele tinha uma doença
reumatológica, que é o lúpus.
Por causa da doença, ele
não conseguiu se defender
do zika”, finalizou.
Fique por dentro
Sintomas
Chikungunya: Começa com dores nas articulações,
depois evolui para febre alta e repentina. Nos
primeiros dias também começam a surgir pontos
avermelhados que podem estar agrupados, ou não.
Zika: Febre baixa, dores musculares e nas
articulações, conjuntivite e dor nos olhos. O
indivíduo ainda pode desenvolver dor abdominal,
diarreia, perda de apetite, aftas e tonturas.
Dengue: Na dengue clássica, a pessoa pode
desenvolver diarreia, tosse, congestão nasal e
pequenos sangramentos na gengiva e no nariz.
A dengue hemorrágica apresenta alterações na
coagulação do sangue e inflamação dos vasos
sanguíneos.
Daniel Carvalho
Para Jean Gorinchteyn, vírus não circula no Estado, mas é preciso ficar alerta
Zika vírus na gravidez
Impossível falar do meses, a gravidez fica inviável
zika e não relacioná-lo à de ocorrer. Já nos últimos
gravidez. Caso a gestante três meses, os efeitos que
contraia a doença, a criança o vírus tem sobre a criança,
pode nascer com a cabeça ainda não são conhecidos.
menor do que o normal, “Em que momento da gestação
caracterizando a microce- ocorre essa gestação, nós
falia. O infectologista do não sabemos. É uma doença
Instituto Emilio Ribas, na nova e que está trazendo uma
capital, Jean Gorinchteyn, série de dúvidas. Sabemos
informou que o Brasil é sim que a gravidez é como primeiro País que fez a posta por três trimestres. O
relação dessas condições primeiro, qualquer infecção
dos bebês com o vírus, nesse período, é igual a uma
transmitido pelo Aedes não viabilidade da gestação.
aegypti, no entanto há No início do segundo, existe
outras poucos pontos a possibilidade de ocorrer
discutidos sobre a doença. uma alteração neurológica,
Gorinchteyn afirmou como a microcefalia. No
que a microcefalia pode terceiro trimestre, muito proocorrer no segundo tri- vavelmente essa microcefalia
mestre da gestação, antes não ocorra, mas o que nós
disso, nos primeiros três não sabemos são os efeitos
neurológicos que essas
crianças vão ter”.
Repelentes
O médico afirmou que é
preciso se atentar quanto
aos repelentes. Existem
alguns que dificultam
a presença do Aedes no
local, no entanto o produto
não deve ser passado em
crianças com menos de
dois anos, uma vez que a
pele do bebê é muito fina
e pode absorver o produto
de forma mais rápida, podendo trazer complicações.
Quanto ao aleitamento, o
infectologista disse que a
mãe não pode amamentar
a criança, uma vez que
existem traços do vírus
no leite. (F.M.)
Fonte: Ministério da Saúde
PMMC
Prevenção
Mogi já prepara grande
mobilização contra vírus
A Prefeitura de Mogi das
Cruzes promoverá o “Dia
D da Cidadania – Mogi no
Combate ao Aedes aegypti” no
próximo dia 18 de dezembro.
Dois dias antes, na quarta-feira, uma grande reunião
preparatória será realizada
com servidores municipais,
formadores de opinião, lideranças, representantes
de entidades de classe, sindicatos, condomínios, imobiliárias, clubes de serviços
e outros voluntários para
prestar orientações sobre a
mobilização municipal. O
encontro será realizado no
auditório do Cemforpe, a
partir das 9 horas.
O Dia D da Cidadania será
realizado das 8 às 13 horas
em toda a cidade. No total,
35 equipes formadas por
funcionários da administração municipal e voluntários
percorrerão casas, empresas
e comércios do município
levando informações sobre
o combate ao mosquito
transmissor de três graves
doenças: Dengue, Febre
Chikungunya e Zika Vírus.
Secretário de Saúde tem realizado reuniões para definir ações de prevenção
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