protocolo de assistência aos portadores de feridas

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Prefeitura Municipal de Vila Velha
Secretaria Municipal de Saúde
PROTOCOLO DE ASSISTÊNCIA AOS
PORTADORES DE FERIDAS
Vila Velha – ES
2016
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
Rodney Rocha Miranda
Prefeito Municipal de Vila Velha
Andréia Passamani Barbosa Corteletti
Secretária Municipal de Saúde
Carla Estela Lima
Subsecretária de Atenção à Saúde
Eduardo Tonole Dalfior
Subsecretário de Atenção Especializada
Maria José Foeger
Subsecretária Administrativa
Comissão Elaboradora
André Luis Barros de Souza – Médico PROPÉ
Andressa Almeida Barbosa – Enfermeira Responsável Técnica CEMAS
Eduarda Cassia Reis – Enfermeira SAD (Serviço de Atendimento Domiciliar)
Eluid Garcia Duarte Junior – Médico PROPÉ
Karla Oliveira dos Santos Cassaro Heringer – Farmacêutica/Assistência Farmacêutica
Manuela Martins Cruz – Coordenadora da Assistência Farmacêutica
Rossana de Lócio Oliveira Dantas – Coordenadora do CEMAS
Vila Velha – ES
2016
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 5
2. OPERACIONALIZAÇÃO ................................................................................................... 5
2.1. Inserção...................................................................................................................................... 5
2.1.1. Público alvo ........................................................................................................................ 5
2.1.2. Critérios ............................................................................................................................... 5
2.1.3. Capacidade operacional ................................................................................................... 5
2.2. Acompanhamento..................................................................................................................... 5
3. ATRIBUIÇÕES .................................................................................................................. 5
3.1. Auxiliar de Enfermagem/ Técnico de Enfermagem ............................................................. 5
3.2. Enfermeiro ................................................................................................................................. 6
3.3. Médico ........................................................................................................................................ 6
3.4 Farmacêutico .............................................................................................................................. 6
4. ATENDIMENTO NA UNIDADE BÁSICA ........................................................................... 7
4.1. Fluxo do Atendimento da Unidade Básica de Saúde e Equipe de Saúde da Família ... 7
4.2. Fluxo para Abastecimento de Coberturas e Soluções ....................................................... 8
5. ENCAMINHAMENTOS PARA O PROPÉ .......................................................................... 8
5.1 Critérios de admissão................................................................................................................ 8
5.2 Fluxo de encaminhamento ....................................................................................................... 8
6. FERIDAS ULCEROSAS MAIS COMUNS ....................................................................... 10
6.1. Úlceras de Perna .................................................................................................................... 10
6.1.1. Tratamento específico de úlcera venosa ..................................................................... 12
6.1.2. Tratamento específico para úlcera neurotrófica de MMII.......................................... 12
6.2. Úlceras de Pressão ................................................................................................................ 13
6.2.1. Conceito e fisiopatologia ................................................................................................ 13
6.2.2. Classificação .................................................................................................................... 13
6.2.3. Localizações mais comuns das úlceras de pressão .................................................. 14
6.2.4. Cuidados preventivos ..................................................................................................... 15
6.3. Queimaduras ....................................................................................................................... 16
6.3.1. Classificação .................................................................................................................... 16
6.3.2. Cálculo da superfície ...................................................................................................... 17
6.3.3. Critérios para atendimento nas unidades básicas de saúde .................................... 17
6.3.4. Cuidados em pacientes queimados ............................................................................. 19
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
7. ORIENTAÇÕES GERAIS ................................................................................................ 20
7.1. Técnica de Limpeza da Ferida ............................................................................................. 20
7.1.1. Realização de curativo na unidade de saúde ............................................................. 20
7.1.2. Realização de curativo no domicílio ............................................................................. 21
7.2. Desbridamento ........................................................................................................................ 22
7.3. Técnica de Mensuração da Área Lesada ........................................................................... 22
7.4. Técnica de Mensuração da Profundidade da Ferida ........................................................ 23
7.5. Técnica de Mensuração do Solapamento da Ferida ........................................................ 23
7.6. Técnica de Mensuração da Circunferência de Membros Inferiores ............................... 23
7.7. Escalas de Avaliação ............................................................................................................. 23
7.7.1. Dor ..................................................................................................................................... 24
7.7.2. Classificação da úlcera de pressão .............................................................................. 24
7.7.3. Edema ............................................................................................................................... 24
7.7.4. Tecido necrótico .............................................................................................................. 24
7.7.5. Exsudato ........................................................................................................................... 25
7.7.6. Pele ao redor da ferida ................................................................................................... 25
7.7.7. Pulso .................................................................................................................................. 25
7.7.8. Teste de sensibilidade .................................................................................................... 26
7.8. Técnica de Enfaixamento ...................................................................................................... 28
8. COBERTURAS E SOLUÇÕES PADRONIZADAS PELA SEMSA/PMVV ....................... 28
8.1. Ácido Graxos Essenciais (AGE) ........................................................................................... 28
8.2. Bota de Unna 10cmx9m ........................................................................................................ 29
8.3. Curativo de Alginato de cálcio com prata ........................................................................... 30
8.4. Curativo de Carvão ativado com prata 10x10cm............................................................... 30
8.5. Curativo de Hidrocolóide 10x10cm ...................................................................................... 31
8.6. Curativo em pomada de iodo 40g ........................................................................................ 32
8.7. Curativo de poliuretano 10x10cm ........................................................................................ 32
8.8. Curativo não aderente 7,5x7,5cm e rolo de 7,5cmx1,5m................................................. 33
8.9. Gel amorfo com Alginato 85g ............................................................................................... 34
8.10. Critérios de avaliação para indicação de coberturas ...................................................... 34
8. BIOFILME.............................................................................................................................34
ANEXOS ............................................................................................................................. 36
ANEXO I – CUIDADO COM OS PÉS ......................................................................................... 36
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
ANEXO II – ÍNDICE TORNOZELO BRAÇO .............................................................................. 39
ANEXO III – PARECER TÉCNICO COREN .............................................................................. 40
ANEXO IV – MODELO DE IMPRESSO DE REQUISIÇÃO DE COBERTURAS E
SOLUÇÕES PARA TRATAMENTO DE FERIDAS ................................................................... 42
ANEXO V – MODELO DE IMPRESSO DE CONTROLE E DISPENSAÇÃO ....................... 43
Ficha individual de solicitação de insumos para assistência domiciliar ................................ 43
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................46
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
1. INTRODUÇÃO
A rede de serviços da Secretaria Municipal de Saúde de Vila Velha atende paciente cujas
etiologias são várias, Hanseníase, Diabetes Mellitus (Pé diabético), venopatias, hipertensão
arterial, dentre outras.
É importante lembrar que pacientes portadores dessas patologias podem apresentar como
consequências lesões crônicas, que em geral foram tratadas sem resolutividade.
Preocupados em proporcionar aos pacientes portadores de feridas um atendimento
humanizado segundo os princípios do SUS, a Comissão de Feridas de Vila Velha identificou
a necessidade de uniformizar e padronizar o atendimento e os cuidados com esses
pacientes.
2. OPERACIONALIZAÇÃO
2.1. Inserção
2.1.1. Público alvo
Pacientes portadores de feridas, cadastrados pelo sistema de saúde do município de
Vila Velha.
2.1.2. Critérios
- Enquadrar-se no público alvo.
2.1.3. Capacidade operacional
O acompanhamento dos pacientes será de acordo com a disponibilidade dos profissionais
das Unidades de Saúde.
A admissão de novos pacientes no PROPÉ pressupõe existência de vaga na agenda.
Enquanto o paciente aguarda a vaga fará o tratamento convencional na Unidade de Saúde
de referência.
2.2. Acompanhamento
Os pacientes serão acompanhados por toda equipe de saúde, levando em consideração as
atribuições de cada profissional e as particularidades de cada paciente.
A primeira avaliação será realizada pelo enfermeiro, que o encaminhará ao médico após
suas condutas iniciais, caso necessário.
As trocas das coberturas, cremes e soluções ocorrerão de acordo com a necessidade do
paciente e critério do profissional de saúde.
Os retornos ao médico ocorrerão quando necessário.
3. ATRIBUIÇÕES
3.1. Auxiliar de Enfermagem/ Técnico de Enfermagem




Organizar e manter a sala de curativo em condições adequadas para o atendimento;
Receber o paciente, acomodando-o em posição confortável que permita boa
visualização da ferida;
Orientar o paciente quanto ao procedimento a ser executado;
Executar o curativo conforme prescrição do enfermeiro ou médico e sempre sob a
supervisão do enfermeiro;
5






Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
Orientar o paciente quanto à data do retorno, cuidados específicos e gerais;
Registrar o procedimento executado no prontuário, caracterizando o aspecto da
ferida, queixas do paciente e conduta;
Organizar a sala de atendimento;
Proceder à limpeza do instrumental;
Fazer a desinfecção de superfície.
Abastecer a sala com os materiais semanalmente.
3.2. Enfermeiro








Fazer consulta de enfermagem;
Prescrever o tipo de curativo, padronizado pela PMVV/SEMSA;
Prescrever, quando indicado, as coberturas, soluções e cremes para curativo das
feridas, conforme padronizado neste protocolo;
Executar o curativo;
Encaminhar o paciente para clínico ou atenção especializada para avaliação clínica
conduta;
Capacitar e supervisionar a equipe de enfermagem nos procedimentos de curativo;
Registrar a dispensação e verificar o consumo dos produtos de curativo através do
impresso Controle e Dispensação (Anexo V).
Fazer a previsão dos produtos de curativo utilizando o Impresso de Requisição de
Coberturas e Soluções para Tratamento de Feridas (anexo VI);
3.3. Médico






Avaliar clinicamente o paciente e definir a etiologia da ferida;
Prescrever, quando indicadas coberturas, soluções e cremes para curativo das
feridas, conforme padronizado neste protocolo;
Solicitar, quando necessário, os seguintes exames: hemograma completo, albumina
sérica, glicemia Jejum e outros;
Encaminhar o paciente para avaliação por especialista, quando necessário;
Acompanhar a evolução do quadro clínico junto ao especialista e à equipe de
enfermagem da unidade de saúde;
Programar retorno no período máximo de 60 dias ou quando necessário;
OBS.: em caso de suspeita de infecção local, deverá sempre ser solicitada cultura* com
antibiograma. O tratamento com antibiótico sistêmico deverá ser iniciado logo após a coleta
de material. O principal valor da cultura é guiar o tratamento quando houver falha
terapêutica após um esquema inicial.
* A cultura da ferida deve ser realizada após assepsia. A retirada de material deve ser em
ambiente estéril e encaminhada em pote estéril para análise e antibiograma.
3.4 Farmacêutico




Aquisição dos materiais médicos hospitalares e coberturas;
Solicitação mensal ao almoxarifado dos produtos médico hospitalares e coberturas;
Armazenamento;
Dispensação dos materiais à equipe de enfermagem.
6
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
4. ATENDIMENTO NA UNIDADE BÁSICA
4.1. Fluxo do Atendimento da Unidade Básica de Saúde e Equipe de Saúde da Família
Paciente
Agente Comunitário de Saúde
Paciente
UNIDADE DE SAÚDE
Recepção
Acolhimento sala de
curativo
Consulta de enfermagem
Inserção no Programa de
Curativos
Avaliação Médica (caso necessário)
Desligamento
Cura
Retorno em
15 dias
Abandono
Curativo
Em casa
Óbito
Sem
acompanhamento
Retorno em
30 dias
7
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
4.2. Fluxo para Abastecimento de Coberturas e Soluções
Previsão semanal das coberturas e soluções pelo enfermeiro - Controle
Preenchimento pelo enfermeiro do Impresso de Requisição de Coberturas e Soluções
para feridas (anexo VI)
Encaminhamento da Requisição preenchido na data prevista pelo cronograma
definido pela farmácia
Encaminhamento pela farmácia dos Mapas preenchidos ao almoxarifado
mensalmente, conforme pedido mensal
Distribuição das coberturas e Soluções do almoxarifado para as Unidades de Saúde e
CEMAS (e SAD)
Distribuição dos itens pela farmácia à enfermagem
5. ENCAMINHAMENTOS PARA O PROPÉ
Seguir o fluxo e orientações de encaminhamentos para especialidades que deverá ser feito
pelo médico conforme sua avaliação e discussão com a equipe de enfermagem.
5.1 Critérios de admissão
Serão admitidos no programa, pacientes oriundos de unidades de saúde diabéticos, com
feridas/lesões em membros inferiores, com necessidade de atendimento especializado.
5.2 Fluxo de encaminhamento
Para ser encaminhado ao Ambulatório do Pé Diabético o médico da unidade (básica,
atenção secundária, Pronto Atendimento (PA) ou hospital) deverá preencher a Guia de
Referência, constando justificativa do encaminhamento e situação do paciente (exames e
tratamentos realizados, medicamentos em uso). O paciente dever trazer os últimos exames
realizados e a última receita e no caso de egresso hospitalar o Sumário de Alta completo.
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Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
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Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
6. FERIDAS ULCEROSAS MAIS COMUNS
6.1. Úlceras de Perna
Síndrome extremamente freqüente, com múltiplos aspectos e numerosas causas. Fatores
predisponentes importantes são ortostatismo, vulnerabilidade da perna a traumas e infeções
e os efeitos do aumento da pressão venosa e a diminuição do fluxo arterial.
10
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
ETIOLOGIA
VENOSA
CAUSAS
Trombose venosa e profunda
e varizes
LOCALI-ZAÇÃO
1/3 inferior da perna próximo
ao maléolo medial
NÚMERO
COMPROMETIMENTOTECIDO
S VIZINHOS
Única
Dermatites, eczemas e
edema sem comprometer
aponeurose e músculos,
anquilose do tornozelo ou
retração de tendão.
ARTERIAIS
Aterosclerose,
arterites,
microangiopatias
diabéticas e
hipertensiva
Dorso ou borda
externa do pé,
lateral da perna ou
áreas de traumas
Uma ou mais
Margens vermelhas
ou vinhosas às
vezes exposição de
aponeurose,
músculos e tendões
Dolorosa com
comprometimento
do sono e
atividades habituais
Presentes nos
casos de dor em
repouso
ARTERIOVENOSAS
NEUROPÁTICAS
NEOPLÁSICAS
METABÓLICAS
HEMATOLÓGICAS
INFECTOPARASITÁRIAS
Isquemia,
hipertensão venosa
e fístula arteriovenosas
Neuropatia
diabética,
hanseniana ou
alcoólica
Carcinomas de pele e
tecido celular
subcutâneo
Porfirias
Anemias
crioglobulinemia
Bactérias, fungos,
protozoários e parasitas
Variável
Região plantar e
áreas de pressão
Variável
Variável (áreas
de exposição
solar)
1/3 inferior da
perna
Variável
Uma ou mais
Várias
Variável
Uma ou mais
Uma ou mais
Uma ou mais
Margens vinhosas
ou vermelhas com
edema
Calosidades,
hiperceratose e
deformidades
ósseas
Depende da invasão
dos tecidos vizinhos
Áreas cicatriciais
externas,
deformantes e
bolhas
Não há
Depende da extensão do
quadro
Dolorosa com
comprometimento
do sono e
atividades habituais
Geralmente sem
dor
Variável
Pode apresentar
dor
Dolorosas
Variável
Às vezes pode
estar presente
Ausente
Ausente
Ausente
Às vezes pode
estar presente
Às vezes pode estar
presente
Diminuída
Normal
Normal
Normal
Pode estar
diminuída
Normal ou aumentada
Superficial
Bordas circulares,
hipeceratose e
profunda
Normalmente com
bordas irregulares e
feridas vegetantes
-
Normalmente
com presença
de tecido
necrótico
Fundo amarelado e
secretante, às vezes com
feridas vegetantes
Não fazer
Pode fazer
Não pode
Biópsia e avaliação
do especialista
Pode fazer
Após avaliação
Pode fazer
Laboratorial
Laboratorial
Laboratorial e clínico
QUEIXAS
Geralmente só apresentam
dor quando infectada
EDEMA
Presente
TEMPERA-TURA
MEMBRO
Normal ou aumentada
ASPECTO FERIDA
Leito fibroso com bordas
infiltradas superficial
DESBRIDA-MENTO
Pode fazer
DIAGNÓS-TICO
Clínico
Clínico
Clínico
Clínico
PULSOS
Geralmente palpável
Ausente ou
diminuído
Diminuído ou
normal
Palpáveis
Palpáveis
Palpáveis
Palpáveis
Palpáveis
ENFAIXA-MENTO
COMPRESSIVO E
BOTA DE UNNA
Indicado desde que não
tenha infecção ou pulso
ausente
Lisa e brilhante, descamativa,
hiperemiada, hemossiderose,
dermatite ocre.
Lipodermatoesclerose.
Não fazer
Não fazer
Sem indicação
Sem indicação
Sem indicação
Sem indicação
Sem indicação
Ressecada, pêlos
escassos
Normal ou
descamativa
Seca com
rachaduras e
quente
Normal
Normal ou fria
Normal ou fria
Normal ou quente e
hiperemiada
PELE AO REDOR
Diminuída
Bordas irregulares
e isquêmicas, rosa,
nacarada,
superficial ou
profunda
Não fazer
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Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
Ressalvas:
Úlcera de Marjolin
É o desenvolvimento de carcinoma espinocelular em ulceração crônica ou cicatriz.
Caracteriza-se pela progressão da ulceração com aspecto vegetante ou verrucoso,
particularmente na borda. É imprescindível a biopsia.
Leishimaniose Tegumentar
Lesões de pele ou mucosas normalmente com bordas elevadas, em moldura, fundo
granuloso, com ou sem exsudação e normalmente indolores. Podem ser localizadas (única
ou múltipla), disseminadas (lesões muito numerosas em várias áreas do corpo) ou difusas.
Na maioria das vezes, a doença apresenta-se como uma lesão ulcerada única.
O diagnóstico laboratorial deverá ser parte fundamental para conclusão do diagnóstico.
Tendo suspeitas desta patologia encaminhar o paciente para Centro de Pesquisa “René
Rachou” – Fiocruz/MG, ver detalhamento no item 5.3.2 p. 9.
Diagnóstico Diferencial de Úlceras











Pioderma gangrenoso
Desglobulinemias
Neoplasias cutâneas
Síndrome de Klinefelter
Eritema endurado (TBC cutânea)
Necrobiose lipoídica
Vasculites
Micoses profundas (Esporotricose, Cromomicose, Paracoccidioidomicose)
Sífilis terciária
Acroangiodermatite (Pseudo Sarcoma de Kapossi)
Úlceras factícias
6.1.1. Tratamento específico de úlcera venosa
O tratamento das feridas de etiologia venosa deve envolver medidas que auxiliem o retorno
venoso, uma vez que estas lesões cicatrizarão mais rapidamente se o edema for reduzido.
Para tal, utilizar-se-ão os seguintes métodos:




Terapia compressiva: meias compressivas, atadura elástica ou bota de Unna. A
escolha dependerá da cobertura utilizada e do volume do exsudato.
Repouso: deve ser diário, duas horas no período da manhã e da tarde, ou dez
minutos a cada hora, no mínimo. É imprescindível manter os MMII elevados, acima
do nível do coração, sem fletir os joelhos.
Exercícios: orientar a realização de 20 exercícios, três vezes ao dia, de elevação e
abaixamento do corpo, apoiando-se nas extremidades dos pés.
Deambulação: é permitida a deambulação moderada se for seguida de repouso,
como já descrito.
6.1.2. Tratamento específico para úlcera neurotrófica de MMII
O tratamento das feridas de etiologia neurotrófica, decorrentes de hanseníase, diabetes ou
alcoolismo, deve envolver medidas para reduzir as áreas de pressão, uma vez que este é
um dos fatores responsáveis pelo surgimento e cronicidade dessas feridas. Recomenda-se:
12
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida




Pesquisar áreas de risco: inspecionar freqüentemente as áreas de calosidade e
orientar o paciente a fazê-lo.
A utilização de calçados adaptados: encaminhar o paciente à fisioterapia para que
seja confeccionado calçado especial ou palmilha.
O lixamento das calosidades: ensinar o paciente a fazer o lixamento das áreas
calosas utilizando lixa d’água fina após o banho.
A deambulação com muletas: orientar a supressão de apoio na região da ferida
durante todo o tratamento.
6.2. Úlceras de Pressão
6.2.1. Conceito e fisiopatologia
São feridas isquêmicas que ocorrem em tecidos moles, normalmente em áreas de
proeminências ósseas.
Ocorrem quando uma pressão aplicada à pele excede a pressão capilar normal,
ocasionando diminuição da irrigação sangüínea e, conseqüentemente, falta de oxigênio e
nutrientes para os tecidos, o que leva à formação do processo inflamatório e morte celular.
6.2.2. Classificação
Estadiamento: refere-se à classificação dos danos nos tecidos em relação à profundidade.
GRAU
I
DEFINIÇÃO
Alteração
da
pele
intacta
envolvendo
comprometimento da
epiderme
com
mudança
na
temperatura,
consistência do tecido,
sensação de coceira e
queimação.
APRESENTAÇÃO
TRATAMENTO
Pele clara: pode ocorrer
eritema
que
não
desaparece
após
remoção da pressão.
Pele
escura:
pode
apresentar
descoloração, manchas
roxas ou azuladas.
-Prevenção da evolução para
grau II;
-Hidratação da pele;
- Utilização de coberturas
protetoras;
-Utilização de dispositivos de
alívio de pressão nas áreas de
risco.
II
Perda
tecidual
envolvendo epiderme,
derme ou ambas.
Pele hiperemiada com
presença de bolhas que
podem ou não estar
rompidas.
III
Perda
tecidual
envolvendo danos ou
necrose
do
subcutâneo,
não
chegando à fáscia
muscular.
Úlcera superficial com
margens bem definidas,
com ou sem tecido
necrótico e geralmente
com exsudato.
IV
Perda tecidual total
envolvendo destruição
Úlcera
profunda,
frequentemente
com
- Prevenção da evolução para
grau III.
- Hidratação da pele.
- Manutenção do meio úmido,
utilização de coberturas;
- Utilização de dispositivos de
alívio de pressão nas áreas de
risco.
- Prevenção de evolução para
grau IV.
- Desbridamento instrumental
(mecânico) conservador ou
autolítico, se necessário.
- Manutenção de meio úmido,
utilização de coberturas.
- Utilização de dispositivos de
alívio de pressão nas áreas de
risco.
- Desbridamento instrumental
(mecânico) conservador ou
13
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
extensa ou danos dos
músculos e tecidos
subjacentes.
tecido
necrótico,
exsudato e podendo ter
infecção associada.
autolítico, se necessário.
- Manutenção de meio úmido,
utilização de coberturas.
- Utilização de dispositivos de
alívio de pressão nas áreas de
risco.
6.2.3. Localizações mais comuns das úlceras de pressão
14
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
Fonte: Hess (2002).
6.2.4. Cuidados preventivos







Limpeza freqüente e sempre que necessária, porém sem força ou fricção. Não usar
água quente. Usar sabonete suave;
Usar hidratantes na pele;
Não massagear as proeminências ósseas;
Não deixar a pele em contato com umidade de urina, fezes ou secreções;
Proteger áreas de fricção com coberturas protetoras;
Usar técnicas corretas para reposicionamento e mudanças de decúbito;
Providenciar equipamentos para auxiliar na manutenção da atividade;
15
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida











Manter boa hidratação oral;
Aumentar o consumo de proteínas, carboidratos e vitaminas, principalmente A, C e
E, conforme avaliação individual do paciente;
Orientar o paciente e familiares sobre os riscos e cuidados;
Reposicionar a cada 2 horas para pacientes acamados e a cada 1 hora quando
sentado. Descompressão isquiática nos paraplégicos a cada 15 minutos;
Evitar posicionar sobre o trocânter do fêmur em ângulo de 90º;
Estabelecer protocolos de horários por escrito para reposicionamentos;
Utilizar almofadas, travesseiros ou coxins para reduzir a pressão nas proeminências
ósseas (calcâneos, joelhos);
Não utilizar almofadas com orifício no meio (roda d’água), pois aumentam a
pressão na região central;
Limitar o tempo que a cabeceira da cama fica elevada a mais de 30º, se as
condições permitirem;
Usar o lençol móvel com duas pessoas para movimentar o paciente (ao invés de
puxar ou arrastar);
Utilizar colchão especial para aliviar a pressão;
6.3. Queimaduras
6.3.1. Classificação
Grau da
Agente
queimadura
Aparência da
Superfície
Seco, sem
bolhas, mínimo
edema
Cor
Nível Dolorido
Avermelhada
Doloroso
Superficial (1°
grau)
Sol, raios
ultravioletas
Parcial (2°
grau)
Líquidos
aquecidos,
vapor quente
Úmida,
presença de
bolha
Cor-de-rosa
intermeado por
coloração
branca ou
vermelha
Muito dolorido
Total (3° grau)
Chama direta,
líquidos
aquecidos,
químico e
elétrico
Seca, sem
retorno capilar,
vasos
sanguíneos
coagulados,
aparência de
couro
Avermelhado,
marrom, preto,
cor de cera
Mínimo ou
indolor
16
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
6.3.2. Cálculo da superfície
A regra dos Noves é utilizada para o cálculo da Superfície Corporal Queimada (SCQ):
ÁREA
Cabeça e pescoço
Membro superior direito
Membro superior esquerdo
Tronco anterior
Tronco posterior
Genitais
Membros inferiores direito
Membros inferiores esquerdo
ADULTO
9%
9%
9%
18%
18%
1%
18%
18%
CRIANÇA
21%
9%
9%
18%
18%
1%
12%
12%
6.3.3. Critérios para atendimento nas unidades básicas de saúde
Poderão ser tratados nas Unidades Básicas de Saúde apenas pequenos queimados, em
áreas não críticas e não complicados, ou seja:


Queimaduras de 1º grau;
Queimaduras de 2º grau com menos de 10% em adultos e 6% a 8% em crianças.
São consideradas áreas críticas:


Face e seus elementos,
Região cervical,
17
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida





Região anterior do tórax (as queimaduras nestas regiões podem causar obstrução
das vias respiratórias pelo edema),
Região axilar,
Punhos, mãos e pés,
Cavidades,
Períneo e genitália.
Queimaduras em crianças e idosos ou acompanhadas por patologias agudas e crônicas
(stress, hipertensão arterial, Diabetes Mellitus), fraturas, lesões externas ou lacerações em
órgãos internos são mais graves.
18
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
6.3.4. Cuidados em pacientes queimados
Pequenas Queimaduras
Resfriamento do local
lesado
Presença de Flictenas
preservados sem infecção
Sem risco
Manter a
Flictema
-Protegê-la
do trauma;
-Orientar o
paciente a
não rompêla
Presença de flictenas
rompidos
Com risco
Aspirar a
Flictena
- Limpeza
delicada com
SF 0,9% em
jato;
-Aspirar a
flictena na base
com seringa de
1ml e agulha
25x8mm;
-Preservar a
pele queimada;
TRATAMENTO TÓPICO:
-Hidrocolóide
Desbridar
a Flictena
-Usar paramentação
para desbrida-mento;
- Limpeza delicada
com SF 0,9% em
jato;
-Aspirar a flictena na
base com seringa de
1ml e agulha
25x8mm;
-Usar pacote de
retirada;
-Fazer uso de luvas
cirúrgicas;
-Retirar todo tecido
desvitalizado com
auxílio de tesoura ou
pinças;
-Não esquecer de
fazer o campo
cirúrgico (pode ser
usada gaze aberta);
TRATAMENTO
TÒPICO:
-Hidrocolóide;
-Alginato de Cálcio;
-Espuma;
-Sulfadiazina de
prata (Ver item 8.10).
Avaliar sinais de infecção e
presença de sujidade
Sem infecção
-Usar
paramentação
para desbridamento;
- Limpeza
exaustiva com SF
0,9% em jato;
-Usar pacote de
retirada;
-Fazer uso de
luvas cirúrgicas;
-Retirar todo
tecido
desvitalizado com
auxílio de tesoura
ou pinças;
-Não esquecer de
fazer o campo
cirúrgico (pode ser
usada gaze
aberta);
TRATAMENTO
TÒPICO:
-Hidrocolóide;
-Alginato de
Cálcio;
-Espuma;
-Sulfadiazina de
prata (Ver item
8.10).
Com infecção
-Usar
paramentação
para desbridamento;
- Limpeza
exaustiva com SF
0,9% em jato;
-Usar pacote de
retirada;
-Fazer uso de
luvas cirúrgicas;
-Retirar todo
tecido
desvitalizado com
auxílio de tesoura
ou pinças;
-Não esquecer de
fazer o campo
cirúrgico (pode ser
usada gaze
aberta);
TRATAMENTO
TÒPICO:
-Alginato de
Cálcio;
-Espuma;
-Sulfadiazina de
prata (Ver item
19
8.10).
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
7. ORIENTAÇÕES GERAIS
7.1. Técnica de Limpeza da Ferida
Segundo o dicionário da língua portuguesa, limpeza é o ato de tirar sujidades. Logo, limpeza
das feridas, é a remoção do tecido necrótico, da matéria estranha, do excesso de exsudato,
dos resíduos de agentes tópicos e dos microrganismos existentes nas feridas objetivando a
promoção e preservação do tecido de granulação. A técnica de limpeza ideal para a ferida é
aquela que respeita o tecido de granulação, preserva o potencial de recuperação, minimiza
o risco de trauma e/ou infecção.
A melhor técnica de limpeza do leito da ferida é a irrigação com jatos de soro fisiológico a
0,9%.
A seguir estão as etapas da técnica de limpeza do soro fisiológico em jato.
7.1.1. Realização de curativo na unidade de saúde
Material necessário:

















Pacote de curativo (Pinça Kelly e anatômica);
Luvas de procedimento;
Luva estéril (caso não disponha de pacote de curativo);
Bacia;
Saco plástico de lixo (branco);
Soro fisiológico 0,9% - 250 ml ou 500 ml;
Agulha 40 x 12 mm (canhão rosa) para promover pressão adequada do jato;
Lixeira;
Máscara;
Óculos protetores;
Gorro;
Cobertura ou soluções indicadas;
Gaze estéril;
Atadura crepom, conforme a necessidade;
Esparadrapo, fita hipoalergênica e hospitalar;
Álcool a 70% ou álcool gel 70%;
Sabão líquido apenas para pele íntegra.
Descrição do Procedimento:





Lavagem das mãos (vide Procedimento Operacional padrão presente na Unidade);
Reunir e organizar todo o material que será necessário para realizar o curativo
(avaliar a quantidade antes de realizar o procedimento para não haver desperdício);
Colocar o paciente em posição confortável e explicar o procedimento;
Realizar o curativo em local que proporcione uma boa luminosidade e que preserve a
intimidade do paciente;
Fazer uso do EPI (óculos, máscara, luvas, gorro e jaleco branco);
Obs.: Não realizar curativo trajando bermudas, saias e sandálias, para assim evitar
acidentes de trabalho.
20
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida





















Envolver a bacia com o saco plástico, retirar o ar e dar um nó nas pontas. Depois,
usá-la como anteparo para a realização do curativo;
Utilizar frasco de soro fisiológico a 0,9%, fazer a desinfecção da parte superior do
frasco com álcool a 70%, e perfurar antes da curvatura superior, com agulha 40 x 12
mm (somente um orifício);
Calçar as luvas de procedimento;
Retirar a atadura e a cobertura da ferida;
Se na remoção da cobertura e/ou atadura da ferida, os mesmos estiverem bem
aderidos (grudados) na ferida, aplicar o soro fisiológico em jatos, removendo com
muita delicadeza, evitando traumas e assim, retrocessos no processo cicatricial;
Desprezar o curativo retirado juntamente com a luva no lixo;
Calçar novas luvas de procedimento;
Irrigar o leito da ferida com o jato de soro;
Fazer limpeza mecânica (manual) da pele ao redor da ferida com gaze umedecida
em SF 0,9%. Em caso de sujidade pode-se associar sabão líquido hospitalar;
Fazer a limpeza mecânica (manual) com gaze umedecida em SF 0,9% no leito da
ferida para remoção de sujidade e/ou excesso de cobertura (caso presente).
Não secar o leito da ferida;
Fazer desbridamento se necessário;
Aplicar a cobertura escolhida conforme a prescrição do enfermeiro ou médico (calçar
luvas cirúrgicas quando a cobertura demandar);
Passar AGE na pele íntegra adjacente à ferida, quando necessário, sempre após a
colocação de coberturas;
Fazer uso da cobertura secundária, se necessário;
Enfaixar os membros em sentido distal-proximal, da esquerda para a direita, com o
rolo de atadura voltado para cima. Em caso de abdômen utilizar a técnica em z
(Procedimento operacional padrão presente na Unidade);
Fazer o enfaixamento compressivo em caso de úlcera venosa;
Registrar a evolução em Ficha específica (BUP e prontuário);
Desprezar o frasco com resto de soro no final do dia;
Promover a limpeza dos instrumentais utilizados conforme o Manual de Esterilização
PMVV/SEMSA (em elaboração);
Realizar a limpeza e organizar a sala de curativo.
7.1.2. Realização de curativo no domicílio


Organizar todo o material que será necessário para a realização do curativo no
domicílio; (Ver item 7.1.1)
Encaminhar-se ao domicílio após agendamento prévio com a família ou cuidador;
Obs: é de fundamental importância, a presença de um dos familiares ou cuidador para
acompanhar a realização do curativo com o objetivo de prepará-lo para o
procedimento;



Providenciar um local bem iluminado, confortável e que preserve a intimidade do
paciente durante o atendimento;
Utilizar um recipiente, providenciado pelos familiares, para servir de anteparo durante
a realização do curativo. O mesmo ficará separado e será utilizado apenas para este
procedimento.
Lavar as mãos com água e sabão e se não for possível, fazer a anti-sepsia das
mesmas com álcool gel (levar almotolia);
21
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida






Colocar o paciente em posição confortável e orientar sobre o procedimento a ser
realizado;
Fazer uso do EPI (óculos, máscara, luvas e jaleco branco);
Envolver o recipiente em saco plástico conforme já descrito;
Realizar procedimento de curativo especificado no item “Realização de Curativo da
Unidade de Saúde” – (Ver item 7.1.1);
Retirar o plástico da bacia, de forma que não a contamine, desprezando o mesmo no
lixo;
Organizar o local onde foi realizado o curativo e fazer as anotações devidas;
7.2. Desbridamento
Desbridar é o ato de remover da ferida o tecido desvitalizado e/ou material estranho ao
organismo.
O desbridamento mecânico deve ser realizado pelo Enfermeiro (conforme deliberação
COREN/ES – Parecer Técnico 02/2013 – Anexo III) e/ou Médico.



Desbridamento Autolítico: significa autodestruição, autodegradação natural do tecido
necrótico. Para que este processo possa acontecer, é necessário que o leito da
ferida seja mantido com umidade fisiológica e temperatura em torno de 37ºC,
utilizando coberturas que são detentoras de umidade. Sua vantagem é ser um
método indolor, não invasivo e seletivo (destrói somente o tecido desvitalizado).
Desbridamento Químico: método onde são utilizadas enzimas proteolíticas para
obter remoção mais rápida do tecido desvitalizado. Não é um método seletivo.
Exemplo: colagenase, estreptoquinase e papaína.
Desbridamento Mecânico: consiste na remoção da necrose do leito da ferida
utilizando força física. Pode ser usada fricção com gaze, irrigação com jato de soro,
curativo úmido-seco, instrumental cortante, podendo ser necessária ou não a
analgesia. Em unidades básicas este desbridamento pode ser realizado apenas em
feridas que se estendem até a fáscia, desde que não haja necessidade de analgesia
ou comprometimento arterial.
OBS.: este procedimento deverá ser executado por profissional enfermeiro habilitado.
7.3. Técnica de Mensuração da Área Lesada






Proceder à limpeza da ferida conforme técnica descrita;
Colocar parte interna do acetato (parte transparente da embalagem das coberturas)
sobre a ferida;
Desenhar o contorno da ferida com caneta para retroprojetor;
Traçar uma linha na maior extensão vertical e maior extensão horizontal formando
um ângulo de 90°entre as linhas;
Anotar medidas das linhas em cm (no impresso de evolução) para comparações
posteriores.
Multiplicar uma medida pela outra para se obter a área em cm².
Ressalvas:

Na presença de duas ou mais feridas, separadas por pele íntegra de até 2 cm, deve
se considerar como ferida única. Fazer a mensuração das feridas, calcular a área
lesada e somá-la;
22
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida

Durante o processo cicatricial com a formação de ilha de epitelização, que divide a
ferida em várias, deve-se considerar na horizontal a medida da maior ferida e, na
vertical, somar a medida de todas as feridas. Calcular a área posteriormente,
considerando apenas uma ferida.
7.4. Técnica de Mensuração da Profundidade da Ferida




Limpar a ferida;
Introduzir uma espátula, seringa de insulina (sem agulha) e ou sonda vesical de
alívio no ponto mais profundo da ferida;
Marcar no instrumento o ponto mais próximo da borda;
Medir com uma régua o segmento marcado e anotar resultados em cm para
comparação posterior.
7.5. Técnica de Mensuração do Solapamento da Ferida
Solapamento é o descolamento do tecido subjacente da pele íntegra devido à destruição
tecidual.






Introduzir sonda uretral número 10 na ferida;
Fazer varredura da área no sentido horário;
Identificar o ponto de maior descolamento tecidual (direção em horas). A referência
de 12 horas deverá estar no sentido cefálico;
Marcar na sonda o ponto mais próximo da borda;
Medir na régua o segmento marcado;
Registrar na ficha o tamanho (cm) e direção (H) da medida feita para comparação
posterior. Exemplo: 2 cm em direção a 3 horas.
Fonte: Hess (2002)
7.6. Técnica de Mensuração da Circunferência de Membros Inferiores




Posicionar fita métrica 2 cm acima do maléolo e medir a circunferência;
Posicionar fita métrica 4 cm abaixo do joelho e medir a circunferência;
Anotar as medidas do membro afetado e do contralateral;
Comparar os resultados para avaliar edema.
7.7. Escalas de Avaliação
23
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
7.7.1. Dor
O paciente informa o escore de dor, segundo avaliação própria, após ser esclarecido da
correspondência de cada valor:




0 – ausência de dor;
1 – leve: dor sem demanda de analgésico;
2 – moderada: dor com demanda de analgésico relativa;
3 – intensa: dor com demanda de analgésico em horários específicos.
7.7.2. Classificação da úlcera de pressão
Esta classificação verifica o comprometimento tecidual:




Estágio I: comprometimento da epiderme;
Estágio II: comprometimento até a derme;
Estágio III: comprometimento até o subcutâneo;
Estágio IV: comprometimento do músculo e tecido adjacente.
7.7.3. Edema
Avalia-se a profundidade do cacifo formado a partir da pressão do dedo sobre os tecidos
contra a estrutura óssea. Quanto mais profundo o cacifo (depressão), maior o número de
cruzes, conforme escala abaixo:





0/4+: sem edema
1+/4+: leve cacifo
2+/4+: cacifo < 5mm, mas com pé e perna com contornos definidos.
3+/4+: cacifo entre 5 e 10 mm, acompanhado por pé e perna edemaciados.
4+/4+: cacifo > 1 cm acompanhado por edema severo da perna e pé.
Esta avaliação não se aplica em caso de edema duro (linfedema).
7.7.4. Tecido necrótico
O tecido necrótico é um tecido desvitalizado, avascular (não sangra), desprovido de
terminações nervosas (não dói) e possui odor desagradável. É uma barreira mecânica para
o crescimento tissular, é fonte de infecção e faz oposição à cicatrização.
O tecido necrótico pode mascarar a verdadeira extensão e profundidade da ferida.
Caracteriza-se conforme a cor e consistência:


Necrose coagulativa ou por coagulação (escara): necrose seca e endurecida com
coloração de branca a preta.
Necrose liquefeita ou de liquefação (esfacelo): necrose amolecida com coloração
amarelada.
A avaliação da quantidade de tecido viável e inviável ocorre através da atribuição de valores
percentuais do que está sendo observado. Exemplo: 20% de tecido necrótico e 80% de
tecido viável.
24
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
7.7.5. Exsudato
Característica:




Serosa
Sero sanguinolenta
Sanguinolenta
Purulenta
Volume:



Pouco: até 05 gazes
Moderado: de 05 a 10 gazes
Acentuado: mais de 10 gazes
Odor:



Ausente
Discreto
Acentuado
7.7.6. Pele ao redor da ferida
Característica:






Intacta
Prurido
Dermatite
- 1+/4+: presença de hiperemia ou descamação na área peri-ferida;
- 2+/4+: preença de hiperemia ou descamação que ultrapassa a área peri-ferida;
- 3+/4+: hiperemia associada a descamação;
- 4+/4+: hiperemia associada com pontos de exsudação em área além da peri-ferida,
podendo ou não estar associada a descamação.
Eritema
Macerada
Descamação
7.7.7. Pulso
O pulso é verificado por meio de palpitação de uma artéria, durante 1 minuto verificando as
características de intensidade e ritmicidade.
Esta avaliação deve ser feita nos pulsos pedioso, tibial posterior e poplíteo comparando com
os seguimentos homólogos para se estabelecer a medição. Sempre iniciar do ponto distal
para o proximal.





4+/4+: pulso normal
3+/4+: discretamente diminuído
2+/4+: diminuição moderada
1+/4+: diminuição importante
0 /4+: ausência de pulso
25
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
Fonte: SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 21ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2000
7.7.8. Teste de sensibilidade






Exame de sensibilidade deve ser realizado em um ambiente calmo e relaxante;
Aplique o monofilamento na mão ou no cotovelo ou na fronte do paciente de modo
que ele saiba o que será testado;
Paciente não deve ver quando o examinador aplica o filamento;
Aplique o monofilamento perpendicularmente à superfície da pele;
Aplique apenas com força suficiente para encurvar o filamento;
A duração total do procedimento, do contato com a pele não deve exceder 2
segundos.
Diabéticos:
O teste de sensibilidade deverá ser realizado através de monofilamento de 10g em
ambas as regiões plantares em 3 locais: hálux, 3° e 5° pododáctilos e 1°, 3° e 5°
metatarsos.
26
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
1. Aplique o monofilamento em torno do perímetro de uma
úlcera, calo, cicatriz ou necrose. Nunca sobre tais lesões.
2. Evite deslizar o monofilanto sobre a pele, não faça
toques repetitivos sobre a área;
3. Pressione o monofilamento sobre a pele e pergunte ao
paciente:
 SE ele sente a pressão aplicada (sim/não)
 ONDE a pressão está sendo aplicada (pé
direito/esquerdo).
4. Repita a aplicação duas vezes no mesmo local e
alterne com, pelo menos, uma aplicação simulada, na
qual o monofilamento não é aplicado;
5. Faça três perguntas por local de aplicação.
 Sensação protetora presente: resposta correta a
duas das três perguntas;
 Sensação ausente: resposta incorreta a duas das
três perguntas, então o paciente é considerado em
risco de ulceração.
Hanseníase:
Pontos de aplicação
Filamento
0,05g
0,2g
Cor
Verde
Azul
2g
Roxo
4g
10g









Verm.
Escuro
Laranja
Interpretação
Sensação Normal
Sensação diminuída
Sens. Protetora
diminuída
Perda Sens. Protetora
Perda Sens. Protetora
A sequencia de testagem dos pontos pode ser aleatória;
Evite deslizar o monofilamento sobre a pele, não faça toques repetitivos sobre a área de teste;
Iniciar o teste com o filamento verde (0,05g) em todos os pontos indicados;
Nos pontos em que o paciente não sentir o filamento verde, prossiga a avaliação passando
para o filamento azul e assim sucessivamente
A cada ponto testado, o filamento verde (0,05g) e o azul (0,2g) devem ser tocados três vezes
seguidas, para garantir que o paciente recebeu o toque. Os demais filamentos geralmente
devem ser tocados apenas uma vez, não causando problemas se forem tocados mais de uma
vez;
Se o filamento escorregar na pele no momento do toque, não considerar a resposta e repetir o
teste no mesmo ponto;
Começar o teste com o fio em uma distância de 2cm da área a ser testada. (OBS.: evitar
movimentos bruscos ou muito lentos);
Solicitar ao paciente que responda: SIM quando sentir o toque. Em caso de dúvida, voltar a
cada ponto mais duas vezes para certificar-se da resposta;
No caso de respostas positivas e negativas em um mesmo ponto, considera-se certa se o
paciente acertar pelo menos 1 das 3 tentativas.
27
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
7.8. Técnica de Enfaixamento
É a aplicação de uma faixa com o objetivo de:




Envolver, conter e proteger partes lesadas;
Manter curativos e talas (apenas profissional médico);
Facilitar a circulação venosa através de compressão;
Imobilizar membros.
OBSERVAÇÕES:




O enfaixamento deve ser feito sempre da parte distal para a proximal;
Atentar para garroteamento sobre a ferida;
Em úlceras venosas o enfaixamento sobre a ferida;
Em úlceras arteriais o enfaixamento não deverá ser compressivo.
8. COBERTURAS E SOLUÇÕES PADRONIZADAS PELA SEMSA/PMVV
8.1. Ácido Graxos Essenciais (AGE)
a) Apresentação
Loção oleosa em frasco de 100ml e 200ml
b) Disponibilidade
No serviço de atenção ao pé diabético (PRÓPÉ), Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD),
Unidades de Saúde, Pronto atendimento e Hospital Municipal de Cobilândia para
atendimento interno. Os frascos de 100ml podem ser dispensados aos pacientes para
tratamento contínuo único e exclusivo nos finais de semana.
c) Mecanismo de ação
Composto por ácido linoleico, ácido caprílico, ácido cáprico, vitamina A, vitamina E e lecitina
de soja, promove quimiotaxia para leucócitos, facilita a entrada de fatores de crescimento na
célula e promove mitose, proliferação celular e angiogênese. Vitamina A, vitamina E e
lecitina de soja auxiliam na restauração da integridade cutânea proporcionando nutrição
celular local. ATENÇÃO: Não é agente debridante, porém estimula o debridamento autolítico
ao manter o meio úmido.
d) Indicação e posologia

Adjuvante na prevenção:
ÚLCERA DE PRESSÃO: Previne escoriações pela formação de película protetora e pela
sua capacidade de hidratação.
ÚLCERA DIABÉTICA: Por manter a elasticidade dérmica é considerado importante
adjuvante no cuidado diário com membros inferiores. Sua prescrição deverá ser precedida
de avaliação das comorbidades dos membros inferiores e registro em prontuário.
 Tratamento de feridas abertas limpas:
Após a remoção do tecido inviável, utilizar quantidade suficiente de forma a umedecer todas
as gazes e cobrir a extensão da lesão e bordas. Caso haja excesso de exsudato, fazer a
troca de coberturas. A troca do curativo deve ser feita a cada 24 horas.
28
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
ATENÇÃO: Não há necessidade de lavar a ferida antes deste prazo exceto nos casos de
presença de sujidades advindas após a troca do curativo. Somente deve-se acrescentar
gazes umedecidas com o AGE.
 Fase final de queimaduras:
Granuladas até total cicatrização: realizar curativo diário com gaze, mantendo-o sempre
úmido no restante do dia com utilização do AGE.
 Úlcera por pressão:
Estágio I: aplicar após o banho e sempre que for mudar de decúbito.
ATENÇÃO: Não massagear pois a pressão aplicada nesse momento pode ocluir os
capilares, diminuindo a circulação sanguínea e comprometendo o suprimento sanguíneo
dessas áreas.
 Deiscências cirúrgicas, limpas ou infectadas:
Irrigar a lesão com soro fisiológico 0,9% em jato. Não secar o leito da ferida à exceção das
bordas e pele perilesional. Colocar gazes umidecidas com AGE e cobrir a extensão da lesão
e bordas. Fazer curativo oclusivo. A troca do curativo deve ser feita a cada 8 horas ou
conforme avaliação.
e) Reações adversas/Interações
Uso excessivo e sem avaliação contínua pode ocasionar hipergranulação. Neste caso,
deve-se continuar a realização do curativo, porém com leve compressão da área afetada
com atadura ou esparadrapo.
f) Contraindicação
Pacientes com hipersensibilidade a qualquer um dos componentes do produto.
8.2. Bota de Unna 10cmx9m
a) Apresentação
Faixa de crepom embebida em óxido de zinco 10cmx9m
b) Disponibilidade
No serviço de atenção ao pé diabético (PRÓPÉ)
c) Mecanismo de ação
O enfaixamento com compressão ascendente facilita o retorno venoso, enquanto a glicerina
mantém o meio úmido e a gelatina transforma o exsudato líquido em gel. O óxido de zinco
tem ação secativa para as áreas de eczemas.
d) Indicação e posologia

Tratamento de úlceras venosas e linfedema:
Lavar a ferida, elevar o(s) membro(s) por 10 minutos, enfaixar desde os artelhos até o joelho
de forma espiral reversa, cobrindo 1/3 de cada camada de faixa ao se dar a volta na perna.
A última camada é a faixa com indicador de pressão. A troca deve ser feita de 3 em 3 dias
chegando até 7 dias de intervalo.
e) Reações adversas/Interações
Água gelada não deve ser empregada como veículo, pois reduz a capacidade adsorvente do
29
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
carvão.
Recomenda-se que os medicamentos de uso contínuo sejam administrados por via
parenteral, em virtude do potencial de redução de absorção gastrointestinal durante o
tratamento com carvão ativado.
f) Contraindicação
Na presença de úlceras arteriais ou mistas e infecção.
8.3. Curativo de Alginato de cálcio com prata
a) Apresentação
Placa estéril de aproximadamente 10x10cm.
b) Disponibilidade
No serviço de atenção ao pé diabético (PRÓPÉ)
c) Indicação e posologia
Tratamento de feridas profundas a superficiais, abertas, sanguinolentas ou altamente
exsudativas, limpas ou infectadas, tais como úlcera de perna (venosa, arterial ou mista),
úlcera diabética e por pressão, feridas e deiscentes, incisões pós cirúrgicas, feridas
traumáticas e fístulas.
Usado como curativo primário, por ser aplicado sobre o leito da ferida, necessitando de um
curativo secundário (gaze) para ocluir ou fixa-lo. Feridas infectadas trocar a cada 24horas. O
uso em feridas infectadas deve ser feito sob supervisão e avaliação criteriosa do enfermeiro
e/ou médico.
d) Reações adversas/interações
Se aparecerem sinais de irritação/inflamação/vermelhidão, hipergranulação, maceração ou
sensibilidade, suspender a aplicação.
Não deve ser utilizado em associações com antibióticos tópicos, pois componentes da
formulação podem inibir o processo de geleificação do Alginato de cálcio.
e) Contraindicação
Não é indicado para queimaduras de terceiro grau.
Não pode ser usado para controlar sangramento intenso.
8.4. Curativo de Carvão ativado com prata 10x10cm
a) Apresentação
Placa envolvida em rayon, nylon ou material similar 10x10cm
b) Disponibilidade
No serviço de atenção ao pé diabético (PRÓPÉ)
c) Mecanismo de ação
O carvão tem propriedade adsorvente e a prata tem ação bactericida ao penetrar no DNA
das bactérias, precipitando suas proteínas.
d) Indicação e posologia
30
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida

Tratamento de feridas infectadas com exsudado e odor fétido e feridas neoplásicas
fétidas:
Lavar a ferida, secar as bordas e aplicar o curativo diretamente na lesão, podendo ser
dobrado, amassado ou enrolado mas não cortado. Colocar, de maneira uniforme, quantas
gazes forem necessárias para absorver o exsudato. Ocluir totalmente a lesão. Trocar
somente as gazes ao visualizar o exsudato no curativo secundário, quantas vezes for
necessário. A troca pode ser feita de 3 a 5 dias, observando-se a saturação da placa.
ATENÇÃO:
Para a fixação pode ser utilizado atadura de crepom de acordo com a região anatômica.
e) Interações relevantes/interações
Não colocar produtos oleosos como curativo primário pois há diminuição da adsorção do
curativo.
f) Contraindicação
Na presença de feridas limpas e/ou sem exsudato e lesões por queimaduras.
8.5. Curativo de Hidrocolóide 10x10cm
a) Apresentação
Placa de 10x10cm
b) Disponibilidade
No serviço de atenção ao pé diabético (PRÓPÉ)
c) Mecanismo de ação
Age como barreira protetora e em contato com exsudato transforma-se numa camada de
gel. Este forma um ambiente úmido e aquecido permitindo que haja remoção do leito da
ferida sem trauma e sem dano ao tecido neo formado, porém auxiliando na remoção de
tecido desvitalizado (debridamento autolítico). É composto por duas camadas: uma interna
auto-colante, contendo hidrocoloíde (carboximetilcelulose sódica) e adesivo e outra externa
formada por filme de poliuretano que permite visualizar e monitorar a saturação do curativo.
d) Indicação e posologia
Tratamento de feridas de leve a moderada exsudação como: úlceras por pressão, áreas
doadoras de transplantes de pele e feridas superficiais:
ATENÇÃO: Para sua utilização em úlceras de pressão é necessário total preenchimento da
placa, ou seja, sem cavitações. Caso contrário pode-se ter seu uso associado ao alginato
com preenchimento total.
Limpar a ferida com remoção do excesso de exsudato e tecidos desvitalizados e aplicar o
curativo diretamente na lesão. A troca pode ser feita de 3 a 7 dias, observando-se a
saturação da placa. O tempo médio de troca, se não houver descolamento ou
extravasamento de exsudato, é de 5 dias. Caso ocorra extravasamento de exsudato e/ou
gel ou desprendimento das bordas o curativo deverá ser trocado.
e) Reações adversas/interações
Uso excessivo e sem avaliação contínua pode ocasionar hipergranulação. Neste caso,
deve-se continuar a realização do curativo, porém com leve compressão da área afetada
31
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
com atadura ou esparadrapo.
f) Informações complementares

Secar bem a região perilesional e escolher adequadamente o tamanho da placa
(exceder em minimamente 2 cm a ferida) para facilitar sua adesão.

Evitar ao máximo o corte da placa.
8.6. Curativo em pomada de iodo 40g
a) Apresentação
Bisnaga de 40g estéril
b) Disponibilidade
No serviço de atenção ao pé diabético (PRÓPÉ)
c) Mecanismo de ação
O curativo a base de iodo libera lentamente níveis sustentados de Iodo enquanto o
cadexômero de amido absorve esfacelo, debris e exsudato do leito da ferida. Essa liberação
lenta do Iodo é benéfico como propriedade bacteriostática e bactericida já bem conhecidas.
Além disso, possui uma atividade antimicrobiana de largo espectro por até 72 horas,
dependendo da quantidade de exsudato.
d) Indicação e posologia
É indicado para desbridamento de esfacelo, tratamento tópico de lesões exsudativas e
infectadas. Pode ser associado à terapia compressiva. A infecção deve ser inspecionada e
tratada conforme protocolo local. Utilizado na prefeitura exclusivamente nos casos de
biofilm.
e) Reações adversas/Interações
- Não é efetivo em feridas secas e limpas.
- Não usar em pacientes que possuam sensibilidade ao iodo.
- Não usar em crianças, mulheres grávidas ou lactentes.
- Não usar em pacientes com transtornos na glândula tireóide ou disfunção renal
(Tireoidismo de Hashimoto ou nódulos de bócio).
- Há possível risco de interação com lítio, que pode levar ao hipotireoidismo.
- Não usar junto com antissépticos como mercúrio ou taurolidina
f) Informações complementares
- A duração do tratamento não deve ser superior a 3 meses.
- Se o paciente for realizar exame de tireóide deverá avisar o médico.
8.7. Curativo de poliuretano 10x10cm
a) Apresentação
Placa de 10x10cm
b) Disponibilidade
32
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
No serviço de atenção ao pé diabético (PRÓPÉ)
c) Mecanismo de ação
Curativo secundário absorvente. Seu mecanismo de ação dar-se-á pela absorção do
exsudato no leito da ferida, além de manter o meio úmido favorecendo a cicatrização.
d) Indicação e posologia
É indicado para o tratamento de lesões de pele superficiais que cicatrizam por segunda
intenção, em lesões em fase de granulação com níveis de exsudato moderados ou
elevados, incluindo úlceras em membros inferiores, úlceras diabéticas e úlceras por
pressão. Também é indicado para o tratamento de lesões profundas que cicatrizam por
segunda intenção incluindo úlceras por pressão grau III e IV, úlceras profundas de perna,
excisões e deiscências pós-operatórias.
O curativo de Poliuretano deve ser trocado antes que o curativo fique saturado. Isso
ocorrerá quando for observada uma mancha escura sob a película externa,
aproximadamente a 1 a 2 cm de distância da borda, quando o curativo secundário
apresentar sinais de saturação (como aumento de volume) ou quando o curativo for retirado
para trocas rotineiras. O curativo pode permanecer na ferida por até sete dias, dependendo
da quantidade de exsudato. Durante o início do tratamento o curativo deve ser inspecionado
regularmente. A necessidade da frequência da troca deve ser avaliada pelo profissional da
saúde responsável.
e) Informações complementares
De preferência que o curativo não seja utilizado em feridas secas, pois há probabilidade de
aderência ao leito da ferida.
O curativo não deve ser usado em queimaduras de terceiro grau ou lesões com vasculite
ativa.
8.8. Curativo não aderente 7,5x7,5cm e rolo de 7,5cmx1,5m
a) Apresentação
Tela de 7,5x7,5cm e rolo 7,5c,x1,5m
b) Disponibilidade
No serviço de atenção ao pé diabético (PRÓPÉ)
c) Mecanismo de ação
Proteção do leito da ferida contra a adesão de outros curativos. Protege o tecido regenerado
e possibilita a passagem do exsudato para o curativo secundário.
d) Indicação e posologia
Indicado para feridas planas com formação de tecido de granulação, sem cavidade e com
pouco exsudato. Feridas com exposição de tensão e osso. Indicado para queimaduras de 1
e 2º graus, lacerações, enxertos, úlceras venosas ou por pressão, extração de unhas,
eczemas, linhas de suturas e grampos, incisões cirúrgicas e procedimentos de
reconstrução.
Aplicar diretamente sobre a ferida. Cobrir com curativo estéril secundário. Trocar o curativo
a cada 3 a 5 dias ou conforme avaliação. Pode ficar no leito da ferida até 10 dias, variando
conforme a quantidade de exsudato e tipo de ferida.
33
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
8.9. Gel amorfo com Alginato 85g
a) Apresentação
Gel amorfo com Alginato em bisnaga 85g
b) Disponibilidade
No serviço de atenção ao pé diabético (PRÓPÉ), programa de atenção domiciliar ao Idoso
(PADI), Unidades de Saúde, Pronto atendimento e Hospital Municipal de Cobilândia para
atendimento interno.
c) Mecanismo de ação
Favorece a umidade do meio e consequentemente, desbridamento autolítico. O
propilenoglicol da fórmula estimula a liberação de exsudato.
d) Indicação e posologia
 Tratamento de feridas abertas com crostas e/ou tecidos desvitalizados
Deve irrigar a ferida e aplicar camada de aproximadamente 1mm. Ocluir com filme
transparente em feridas de espessura parcial de gazes ou Alginato em feridas de espessura
total, fixando com um curativo adesivo. A troca deve ser feita de 3 em 3 dias ou conforme
avaliação.
ATENÇÃO: em feridas infectadas, associar ao curativo de carvão ativado e prata.
e) Informações complementares
Contraindicado em pacientes com sensibilidade ao gel ou aos componentes da fórmula.
8.10. Critérios de avaliação para indicação de coberturas
EXSUDATO NECROSE
OBJETIVO
INDICAÇÃO
-Hidrocolóide
Ausente
-Manter umidade
-Hidrogel
(tecido
-Proteger
-AGE
granulado)
-Malha não aderente
-Hidrogel
Nenhum ou
-desbridar
Liquefeita/
-Hidrocolóide
baixo
-controlar exsudação
Esfacelo
-Hidrocolóide + Hidrogel
-proteger
-Alginato + Hidrogel
-Hidratar
Coagulativa/
-Desbridar
-Hidrocolóide + Hidrogel
Escara
-Proteger
Ausente
- Controlar exsudação
-Hidrocolóide
(tecido
- Proteger
-Alginato
granulado)
- Desbridar
-Hidrocolóide
Liquefeita/
Baixo a
- Controlar exsudação
-Hidrocolóide + Hidrogel
Esfacelo
Moderado
- Proteger
-Alginato + Hidrogel
- Absorver
Coagulativa/ - Hidratar
-Alginato de cálcio com prata
Escara
- Desbridar
-Carvão ativado com prata
- Proteger
34
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
Ausente
(tecido
granulado)
Moderado a
Acentuado
Liquefeita/
Esfacelo
Coagulativa/
Escara
- Absorver
- Controlar exsudação
- Redução dos níveis
bacterianos
- Adsorção de odores
desagradáveis
- Desbridar
- Absorver
- Redução dos níveis
bacterianos
- Adsorção de odores
desagradáveis
- Desbridar
- Absorver
- Redução dos níveis
bacterianos
- Adsorção de odores
desagradáveis
- Alginato de cálcio com prata
- Carvão ativado com prata
- Espuma de poliuretano
- Alginato de cálcio com prata
- Carvão ativado com prata
- Espuma de poliuretano
- Alginato de cálcio com prata
- Carvão ativado com prata
- Espuma de poliuretano
OBSERVAÇÕES:





ODOR: usar carvão ativado com prata. Em caso de baixa exsudação, associar com
hidrogel.
SANGRAMENTO: usar Alginato de cálcio para promover hemostasia. Não utilizar
carvão ativado com prata.
EXPOSIÇÃO ÓSSEA OU TENDINOSA: utilizar Alginato de cálcio. Não utilizar carvão
ativado com prata.
INFECÇÕES: verificar sinais de infecção (dor, calor, rubor, edema e aumento de
exsudação). Se houver aderência das coberturas, usar hidrogel.
CAVIDADE: toda cavidade deverá ser parcialmente preenchida, lembrando que os
produtos saturam e se expandem. Opções de coberturas: hidrogel, carvão ativado
com prata, Alginato com prata. O hidrogel poderá ser associado às outras coberturas
conforme o volume de exsudato.
9. BIOFILME
O biofilme compreende uma estrutura multicelular complexa entre microrganismos que ficam
envoltos de uma camada de polissacarídeos e aderidos entre si (Costernon et al., 1995).
As células no biofilme possuem características próprias que as tornam resistentes a grande
maioria dos antibióticos utilizados na prática clínica, pois permitem o crescimento e
proliferação de microrganismos aeróbios e anaeróbios muito próximos.
A melhor forma de combate ao biofilme é a prevenção, principalmente na manutenção dos
curativos, lavagem correta, utilização correta dos materiais e curativos. Além disso, o iodo
tem se mostrado eficaz no combate a este tipo de estrutura.
35
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
ANEXOS
ANEXO I – CUIDADO COM OS PÉS
O pé diabético é uma das mais graves onerosas complicações do diabetes mellitus. A
amputação de uma extremidade inferior ou parte dela é geralmente uma consequência de
uma úlcera no pé. Uma estratégia que inclua prevenção, educação dos paciente e dos
profissionais de saúde, tratamento multidisciplinar das úlceras dos pés e sua rígida
monitorização podem reduzir as taxas de amputação entre 49 e 85%.
A) Inspeção regular e exame do pé em risco
Todos os pacientes devem ser examinados pelo menos uma vez ao ano para
detectar potenciais problemas no pé. Pacientes com fatores de risco comprovados
devem ser examinados mais frequentemente no intervalo de um a seis meses. A
ausência de sintomas não significa que os pés sejam saudáveis, pois os pacientes
podem ter neuropatia, doença vascular periférica ou mesmo uma úlcera sem
quaisquer queixas. Os pés devem ser examinados com o paciente deitado e em pé;
os pés calçados e as meias também devem ser examinados.
História: úlcera e ou amputação prévias, educação terapêutica prévia, isolamento
social, falta de acesso ao sistema de saúde, caminhar descalço.
Neuropatia: sintomas: dor, formigamento, perda de sensibilidade.
Condição vascular: claudicação, dor em repouso, pulsação dos pés, palidez à
elevação e rubor postural.
Pele: coloração, temperatura, edema, patologia ungueal (unhas encravadas), cortes
errados das unhas, úlcera, calos, anidrose, rachaduras, maceração interdigital.
Osso e articulação: deformidades (dedos em garra, em martelo ou proeminências
ósseas), perda de mobilidade (hálux rígido).
Calçados e meias: avaliação do interior e exterior do calçado e do tipo de tecido e
confecção da meia.
B) Identificação do pé em risco
Sistema de classificação de risco
Categoria
Risco
Frequência de avaliação
0
Neuropatia ausente
Uma vez ao ano
1
Neuropatia presente
Uma vez a cada 06 meses
Neuropatia presente, sinais de doença
2
vascular periférica e/ou deformidades nos Uma vez a cada 03 meses
pés
Amputação/úlcera prévia
Uma vez entre 01 e 03
3
meses
C) Educação do paciente, da família e dos profissionais de saúde
Para o paciente, objetiva incentivar a motivação e a habilidade para os auto-cuidados
e a capacidade para reconhecer potenciais problemas e capacidade para agir diante
deles. Enquanto para os profissionais, a instrução periódica visa melhorar o cuidado
com os pacientes em risco.
Itens de instrução para pacientes
- Inspecionar diariamente os pés, inclusive as áreas entre os dedos, se necessário
usar espelho ou pedir auxílio a outra pessoa;
36
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
- Higienizar diariamente os pés;
- Avaliar a temperatura da água antes de usá-la que não deve ultrapassar 37ºC;
- Usar sabão de glicerina;
- Escolher esponja macia para o dorso dos pés e áspera para a planta dos pés;
- Limpar entre os dedos;
- Enxaguar para remover todo resíduo de sabão;
- Secar os pés sem fricção, principalmente entre os dedos;
- Não deixar os pés de molho;
- Hidratar a pele dos pés e pernas e não aplicar creme ou óleo entre os dedos;
- Massagear os pés (dos dedos para a perna, exceto com varizes);
- Remover calosidades (somente com lixa d’água);
- Cortar e lixar reto as unhas sem aprofundar nos cantos e deixá-las aparadas. Não
tentar cortá-las se a visão estiver deficiente;
- Usar somente tesoura ou cortador para o corte das unhas e não remover cutículas;
- Não usar esmalte leitoso e escuro;
- Usar meias de algodão e não-apertadas. Nunca usar meias de nylon (apertam e
retêm umidade);
- Não cruzar as pernas ou ficar na mesma posição por muito tempo;
- Se o peso da coberta causar dor ou incomodo, colocar um travesseiro ou almofada
embaixo da coberta,
entre os pés e o guarda-cama ;
- Não usar bolsa de água quente ou aquecedor para aquecer os pés;
- Reduzir o peso corporal e adotar uma boa hidratação oral;
- Proteger os pés de pernilongos e de Tunga penetrans;
- Redobrar cuidados com a parte que restou de uma amputação e com o outro pé;
- Evitar fumo e álcool;
- Providenciar avaliação regular dos pés com a equipe de saúde e sempre que notar
qualquer alteração nos pés (lesão, bolhas, calos, diferença de temperatura,
dormência, micoses, doenças das unhas, “bicho-depé” etc.).Calçados:
- Evitar calçados inadequados (couro duro, com muitas costuras, sintéticos, bico fino,
abertos, fáceis de sair
dos pés, com solados muito finos, deformados ou furados);
- Não existe calçado perfeito. O melhor é aquele que se adapta a cada pessoa;
- O ideal é que sejam de pano ou de couro macio, com forro e poucas costuras,
fechados com cadarços, de bico largo, arredondado e de boa altura, salto baixo, com
apoio nos calcanhares e de solados antiderrapantes;
- Comprar calçados no período da tarde do dia, com um número a mais e iniciar seu
uso progressivamente;
- Inspecionar e apalpar diariamente a parte interna dos calçados antes de usá-los,
verificando se há pedras, pregos, deformação nas planilhas ou qualquer coisa que
possa ferir os pés;
- Somente usar as palmilhas sob medida;
- Não andar descalço;
- O calçado adequado têm que estar adaptados às deformidades e às alterações
biomecânicas são essenciais à prevenção.
D) Tratamento da patologia não-ulcerativa
Nenhuma lesão deve ser desconsiderada no pé diabético. Os calos, patologias nas
unhas e na pele devem
ser tratados adequadamente.
Screening do pé diabético: identificação dos pacientes de maior risco.
- pobre controle metabólico (glicohemoglobina maior que 10)
37
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
- maior duração do diabetes – mais de 10 anos do tipo I e qualquer tempo do tipo 2
- problemas prévios com os pés: deformidades congênitas ou adquiridas
- doença vascular periférica
- limitação da mobilidade articular (LMA) com sinal da prece positivo
- retinopatia ou nefrapatia diabética
- obesidade e/ou dislipidimia
- consumo de álcool
- senilidade (maior de 60 anos)
- escolaridade e/ou renda baixa.
38
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
ANEXO II – ÍNDICE TORNOZELO BRAÇO
É um teste não-invasivo, que utilizando o Doppler ultra-som manual, verifica-se a pressão
sistólica das artérias braquiais e nos membros inferiores, a pressão sistólica das artérias
femorais, poplíteas ou tibiais posteriores e pediosas. O índice tornozelo/braço é determinado
dividindo-se a pressão sistólica do tornozelo (Pt) pela pressão sistólica do braço (Pb), ou
seja, ITB = Pt/Pb.
A finalidade do teste é detectar a insuficiência arterial e graduá-la.
Relação entre ITB e as diferentes fases de isquemia
Resultados
Interpretação
1,11 ± 0,10
Indivíduo normal
0,59 ± 0,15
Doente com claudicação intermitente
0,26 ± 0,13
Doente com dor em repouso
0,05 ± 0,08
Doente com risco de gangrena
O ITB não é útil em avaliar a presença de comprometimento microvascular associado à
artrite reumatóide, vasculite sistêmica e diabetes mellitus.
Em pacientes com diabetes, com artérias calcificadas, estes índices podem mostrar-se
elevados mesmo em vigência de doença arterial obstrutiva.
39
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
ANEXO III – PARECER TÉCNICO COREN
CÂMARA TÉCNICA ASSISTENCIAL
PARECER TÉCNICO 02/2013
SOLICITANTE:
Dr. Gustavo Rigoni da Silva
Enfermeiro
ASSUNTO: Parecer sobre debridamento de ferida por Enfermeiro.
INTRODUÇÃO

Considerando a Lei 7498/86, que regulamenta o exercício da enfermagem, em seu
artigo 11.

Considerando a Resolução COFEN-311/07 que aprova o Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem em seus artigos, 12, 13, 14, 18, 21 e 25.

Considerando o Parecer 13/2009, do COREN-SP, que dispõe sobre a Realização
de desbridamento pelo Enfermeiro.

Considerando a publicação “Protocolos de Enfermagem. Prevenção e Tratamento
de Úlceras por Pressão”. Hemorio 1ª edição, 2010.

Considerando
o
arquivo
“Desbridamento”,
disponível
em:
http://www.unifesp.br/denf/NIEn/PEDIABETICO/mestradositecopia/pages/desbrida.ht
m. Acesso em 25 de março de 2013.
DOS FATOS:
Solicitado parecer se há algum impedimento para os enfermeiros realizarem o debridamento
mecânico de feridas.
DA ANÁLISE
No tratamento de feridas, as palavras limpeza e debridamento ou desbridamento, fazem
parte de uma terminologia única, denominada processo de limpeza. Enquanto a limpeza
refere-se ao uso de fluídos para suavemente remover microorganismos, fragmentos,
exsudatos, corpos estranhos e resíduos de agentes tópicos, o debridamento ou
desbridamento, consiste na remoção de tecidos necrosados, aderidos, ou de
corpos/partículas estranhos, presentes no leito da ferida, usando técnicas mecânicas,
enzimáticas autolíticas ou cirúrgicas.
O procedimento de debridamento a ser utilizado para o paciente deverá ser criteriosamente
avaliado pelo profissional, considerando a condição única de cada ferida. A combinação de
técnicas pode ser o método mais eficaz.
A seguir, iremos discorrer sobre o conceito de cada tipo de debridamento:
1)
Debridamento mecânico: pode ser realizado com curativos de gaze úmido ou
secos, irrigação e lavagem em jato. Estes métodos são os menos seletivos dentre
todas as técnicas de debridamento e podem lesar o tecido de granulação saudável
40
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
e o epitélio novo. Os curativos secos a úmidos são usados frequentemente para
envolver feridas necróticas extensas, que podem ocorrer nas lesões cirúrgicas que
não cicatrizam.
2)
Debridamento enzimático: é o método seletivo que utiliza enzimas exógenas
para quebra de tecido necrótico. Historicamente, algumas enzimas como a
colagenase, papaína, uroquinase e sulfadiazina, tem sido usadas como agentes
desbridantes de escaras e crostas. Sua ação é seletiva, mas é lenta, dispensiosa e
trabalhosa. Em muitos casos estes agentes podem agravar infecções localizadas
nos detritos liquefeitos e aumentam ou provocam dor local.
3)
Debridamento autolítico: método natural que ocorre na presença de meio úmido
que ativa células fagocíticas e enzimas proteolíticas do próprio indivíduo. Este
método pode ser promovido utilizando-se coberturas como hidrogel, hidrocolóide,
alginatos e películas transparentes. É seletivo e liquefaz as crostas e escaras, além
de promover a formação do tecido de granulação.
4)
Debridamento cirúrgico: requer uso de instrumentais cirúrgicos. Pode ser de dois
tipos: conservador e cirúrgico.
- Conservador: método seletivo de remoção de tecido aderente não viável, por
instrumental cortante, que se limita até a fáscia; não há necessidade de anestesia,
pode ser feito por enfermeiro e médico não cirurgião.
- Cirúrgico: método seletivo de remoção de grande área de tecido aderente não
viável, por instrumental cortante, que não se limita até a fáscia; há necessidade de
anestesia, realizado apenas por médico cirurgião.
DA CONCLUSÃO
O debridamento ou desbridamento de feridas, é um procedimento que faz parte da prática
do enfermeiro no tratamento de feridas. O tipo de debridamento a ser utilizado, ou mesmo a
combinação de técnicas deverá ser criteriosamente avaliada pelo profissional para cada
paciente.
Todos os tipos de debridamento são permitidos ao enfermeiro, considerando apenas que no
debridamento do tipo cirúrgico, cabe ao profissional enfermeiro, somente o tratamento
conservador.
Esse é o parecer da Câmara Técnica Assistencial
Vitória, 25 de março de 2013.
_________________________________
Alessandra Murari Porto
Membro da Câmara Técnica Assistencial
Enfermeira – COREN-ES: 162208
41
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
ANEXO IV – MODELO DE IMPRESSO DE REQUISIÇÃO DE COBERTURAS E
SOLUÇÕES PARA TRATAMENTO DE FERIDAS
FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE CURATIVOS
Curativo
Quantidade
solicitada
Quantidade
dispensada
Responsável
pela solicitação
Responsável pela
dispensação
Setor a ser
abastecido
Data
FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE CURATIVOS
Curativo
Quantidade
solicitada
Quantidade
dispensada
Responsável
pela solicitação
Responsável pela
dispensação
Setor a ser
abastecido
Data
FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE CURATIVOS
Curativo
Quantidade
solicitada
Quantidade
dispensada
Responsável
pela solicitação
Responsável pela
dispensação
Setor a ser
abastecido
Data
42
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
ANEXO V – MODELO DE IMPRESSO DE CONTROLE E DISPENSAÇÃO
Ficha individual de solicitação de insumos para assistência domiciliar
( ) Inclusão ( ) Modificação/Reavaliação
( ) Suspensão: (1 - alta; 2 - óbito; 3 - transferência outra US)
Nome: _______________________________________________________________
ID:_______________ DN: _____________ Prontuário: _________________________
US: ________________________ Cartão SUS: ______________________________
Endereço: ____________________________________________________________
Telefone: __________________________ Recado: ___________________________
Diagnóstico base: ( ) HAS ( ) DM 1 ( ) DM 2 ( ) Outros ___________________
( ) Acamado ( ) Deambula com dificuldade ( ) Cuidador: ( ) Sim ( ) Não
Lista de material mensal
Material
Quantidade
máxima permitida
Atadura___________cm
30 unid.
Bolsa coletora de urina
sistema fechado
4 unid.
Compressa de gaze estéril
(pacote com 10 unid.)
Equipo para dieta enteral
30 unidades
01 rolo
Fita adesiva hospitalar
01 rolo
Lidocaína geleia
Luva cirúrgica
nº_____________
(somente para pacientes
TQT)
Luva de procedimento tam.
____
Seringa de 1ml com agulha
Sonda uretral nº
_____________ (para
cateterismo vesical)
Quantidade
dispensada
150 pacotes 10
unid.
Esparadrapo e/ou
esparadrapo cirúrgico
Frasco para dieta enteral
500ml
Quantidade
solicitada
30 unidades
02 tubos
300 pares
01 caixa
30 unidades
240 unid.
43
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
Sonda uretral nº
_____________
(somente para aspiração
TQT)
Soro fisiológico 0,9% (frasco
250ml)
300 unid.
15 frascos
Obs.:
1. Os quantitativos máximos permitidos são baseados em 1 (uma) troca diária de
curativo/insumo;
2. Os quantitativos necessários que ultrapassarem aos listados, deverão ser justificados
abaixo.
Justificativa pata liberação de curativo em quantidade superior ao máximo permitido
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
______________
Profissional responsável: _________________________________________________
Em:
/
/
RECIBO DE INSUMOS PARA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR
(Para uso da dispensação – VERSO APENDICE)
FARMÁCIA DA US:
__________________________________________________________________________
NOME DO PACIENTE:
__________________________________________________________________________
N° DO PRONTUÁRIO NA US:
__________________________________________________________________________
DATA
__/__/____
DATA
__/__/____
DATA
__/__/____
RECIBO
ASSINATURA DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL
x
ASSINATURA DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL
x
ASSINATURA DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL
x
Declaro que foi dispensado no período acima discriminado conforme assinatura do paciente
ou responsável, o(s) insumos solicitado (s) bem como foram fornecidas as orientações.
44
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
ANEXO VI – TERMO DE COMPROMISSO
Objetivos do tratamento
No tratamento de feridas o Serviço tem por objetivos:
Avaliar e acompanhar o portador de ferida;
Encaminhar para outros profissionais quando se fizer necessário;
Propiciar condições que facilitam a cicatrização da ferida;
Orientar e estimular o autocuidado.
Entendimento por parte do paciente
Fica claro ao paciente o direito e a oportunidade de fazer perguntas relacionadas ao
Serviço, tratamento, seus objetivos e suas regras, sendo que os profissionais do serviço
estarão sempre aptos a respondê-las.
É de sua responsabilidade:
-Não faltar aos retornos agendados por duas vezes consecutivas ou três alternadas sem
comunicação prévia;
-Respeitar e seguir todas as orientações fornecidas pelos profissionais de saúde;
-Não retirar ou trocar o curativo no domicílio sem a autorização do profissional;
-Procurar o Serviço de Saúde fora da data agendada em caso de intercorrências ou
complicações;
-Assumir as atividades relativas a limpeza e higiene pessoal.
Consentimento
De acordo com o exposto acima, aceito participar do tratamento proposto pelo Serviço.
____________________________________________________
Assinatura do Participante
Nome legível: ___________________________________
Autorização
Autorizo que os dados referentes a evolução do meu tratamento sejam publicados na forma
de pesquisa, desde que resguarde sigilo sobre minha identidade.
____________________________________________________
Assinatura do Participante
Data:___/___/______
_______________________, _____ de ___________________de_________
Foi discutido o protocolo de tratamento com o paciente, usando linguagem acessível e
apropriada.
Acredita-se ter fornecido as informações necessárias e bom entendimento das mesmas.
____________________________________________________
Assinatura e Carimbo do Profissional Responsável
45
Protocolo de Assistência aos Portadores de Ferida
REFERÊNCIAS
ANVISA. Controle de Infecção – Uso de antimicrobiano. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/faqdinamica/asp/usuario.asp?usersecoes=30&userassunto=65
BARROS, A. L. B. L.; et all. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de
enfermagem no adulto. PortoAlegre: Artmed, 2002. 272 p.
BORGES, E. L.; GOMES, F. S. L.; LIMA, V. L. A. N.; et al. Feridas: como tratar. Belo
Horizonte: Coopmed, 2001. 144 p.
BORGES, E. L.; LATINE, F. ; CARVALHO, D. V.; MACHADO, A. M . A Utilização do Açúcar
NoTratamento de Feridas Cutâneas-Revisão Bibliográfica dos Últimos 2o Anos. Revista
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