Arquivos Catarinenses de Medicina ISSN (impresso) 0004- 2773 ISSN (online) 1806-4280 RESUMO EXPANDIDO Apresentação precoce da síndrome de Parry-Romberg: relato de caso Early presentation of the syndrome of Parry-Romberg: a case report Gustavo Palmeiro Walter -M.D., Margel Pivetta Cantarelli, Leandro Soares Grangeiro - M.D., Marcus Hubaide Carneiro - M.D., Jorge Bins Ely - M.D. - M.Sc. - Ph.D. 1 Resumo Introdução A síndrome de Parry-Romberg é definida por atrofia facial que pode acometer a pele, tecido subcutâneo, músculos, nervos e, até mesmo, cartilagens e ossos. Esta condição, apesar de rara, costuma acometer jovens de 2 a 20 anos. Neste trabalho é relatado um caso de uma criança de 14 meses que foi atendida no Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, que iniciou com os sintomas precocemente, com 10 meses de idade. Este artigo mostra algumas alternativas de terapêutica e faz uma revisão da literatura a fim de buscar uma padronização de tratamento. Entretanto, conclui-se que ainda não existe consenso quanto ao melhor tratamento, tampouco a melhor idade para o mesmo. A síndrome de Parry-Romberg (PRS), ou Hemiatrofia Facial Progressiva, descrita inicialmente em 1825 por Parry e em 1946 por Romberg, é caracterizada por uma atrofia facial que afeta pele, tecido subcutâneo, músculos, nervos e, eventualmente, cartilagens e ossos. A doença é rara, tem uma evolução lenta e progressiva e seus primeiros sintomas aparecem na primeira ou segunda década de vida, variando de 2 a 20 anos. É mais comum no sexo feminino e se acredita que sua causa é adquirida e esporádica, no entanto, foram descritos casos entre familiares (¹,3). Na maioria dos casos a atrofia facial é unilateral e pode haver uma série de manifestações associadas, como dermatológicas, neurológicas, oftalmológicas, cardíacas, endócrinas, auto-imunes, crânio-maxilofaciais e anormalidades ortodônticas (4). Alguns pacientes possuem uma atrofia linear na região medial da fronte associada, que apesar de não existirem evidências de se tratarem de processos distintos, é considerada como Escleroderma “em coup de sabre” (3,5). Descritores: Parry-Romberg, Atrofia facial, Hemiatrofia Facial Progressiva Abstrat The Parry-Romberg syndrome is defined by facial atrophy that can affect the skin, subcutaneous tissue, muscles and even bones and cartilages. This condition, although rare, usually affects young people 2-20 years. We report a case of a child of 14 months was seen in the Service of Plastic and Burns, University Hospital, Universidade Federal de Santa Catarina, which began with very early with the symptoms, just with 10 months old. This article shows some alternative therapy and reviews the literature in order to find out a standard treatment. However, there is no consensus regarding neither the best treatment nor the best age for the same. Keywords: Parry-Romberg, Facial atrophy, Progressive facial hemiatrophy 1.Residente do Serviço de Cirurgia Plastica e Queimados Hospital Universitário UFSC. Objetivo Relatar um caso precoce em da Síndrome de ParryRomberg e discutir alternativas de terapêutica Metodo Relato de Caso: Paciente HSA, feminina, branca, com 14 meses de idade, natural e procedente de Florianópolis. Há 4 meses foi observado assimetria facial. Foi encaminhada ao serviço de Cirurgia Plástica e Queimados do HU. No exame clinico não foi constatado atraso no desenvolvimento psicomotor ou outras alterações clínicas. Familiares negaram história de trauma ou problema gestacional. Exame de imagem (RNM) evidenciou assimetria facial com hipoplasia Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 43 - Suplemento 1 - 2014 XXX Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Gramado - RS 1 27 Apresentação precoce da síndrome de Parry-Romberg: relato de caso maxilo-zigomática na hemiface direita, sem demais alterações pertinentes Resultados Após investigação clínica e avaliação do caso por especialista em cirurgia crânio maxilo facial, foi confirmado diagnóstico de Síndrome de Parry-Romberg. Discussão O caso clínico relatado apresenta uma doença rara que acomete paciente muito jovem e tende a ser progressiva e deformante. Não existe consenso quanto ao melhor tratamento e a idade para tal. Por isso, a paciente encontrase em acompanhamento no serviço. Há diversas opções terapêuticas na literatura para o tratamento da PRS. A reconstrução facial é muito importante no tratamento dessa síndrome para recuperar a simetria da face, tanto no parâmetro estético, como no funcional (3). Além disso, a reabilitação desses pacientes exige acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, o que demanda um serviço capacitado e preparado para o tal. O tratamento da Síndrome de Romberg se baseia nos sintomas apresentados pelo paciente. O principal objetivo é repor os tecidos perdidos para reestabelecer a simetria da face. Para isso pode ser feito inicialmente enxerto autógeno de tecido adiposo, ósseo e cartilaginoso. Podem ser realizados também retalhos pediculados, uso de biomateriais, cirurgia ortognástica e transposição de tecido livre com base em anastomoses microvasculares (6). Os retalhos microadiposos têm um potencial limitado quando uma grande quantidade de tecido adiposo é utilizado, logo, os pacientes com esta doença muitas vezes precisam são tratados com retalho livre de transposição microvascular (microvascular free flap transfer)(6,2). Segundo K. Koh el al., apesar disso, há limitação desta técnica pela imprevisível absorção de tecido gorduroso quando grande quantidade de gordura é usada. Assim, nestes casos, um microenxerto com simultânea aplicação de células-tronco mesenquimais adiposas vem se mostrando como uma alternativa em substituição de retalho microvascular,(2). 2. Koh KS, Oh TS, Kim H, Chung IW, Lee KW, Lee HB, Park EJ, Jung JS, Shin IS, Ra JC, Choi JW. Clinical application of human adipose tissue-derived mesenchymal stem cells in progressive hemifacial atrophy (Parry-Romberg disease) with microfat grafting techniques using 3-dimensional computed tomography and 3-dimensional camera. Annals of plastic surgery. 2012; 69(3): 331-7. 3. Raposo-Amaral CE, Denadai R, Camargo DN, Artioli TO, Gelmini Y, Buzzo CL Raposo-Amaral CA. ParryRomberg syndrome: severity of the deformity does not correlate with quality of life. Aesthetic plastic surgery. 2013; 37(4): 792-801. 4. Tang X, Liu W, Yang B, Shi L,Yin L Zhang Z. ParryRomberg syndrome with rare maxillofacial deformities: A report on two cases. Journal of cranio-maxillo-facial surgery : official publication of the European Association for Cranio-Maxillo-Facial Surgery.2013:1-4. 5. Tollefson MM, Witman PM. En coup de sabre morphea and Parry-Romberg syndrome: a retrospective review of 54 patients. Journal of the American Academy of Dermatology. 2007; 53(2): 257-63. 6. Wójcicki P, Zachara M. Surgical treatment of patients with Parry-Romberg syndrome. Annals of plastic surgery. 2011; 63(3): 267-72. 7ACCIOLI, João Justino Vasconcelos de ; VASCONCELLOS, Zulmar Antônio Accioli de ; SILVA, Luis Gustavo F ; BINS ELY, J. ; NEVES, Rodrigo D`eça ; VIEIRA, Rodrigo . Hemiatrofia facial progressiva: Síndrome de Romberg. Revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Craniomaxilofacial, v. 7, p. 5-8, 2004. Conclusão Ainda não existe consenso na literatura sobre a melhor terapêutica. Referências 1. El-Kehdy J, Abbas O, Rubeiz N. A review of ParryRomberg syndrome. Journal of the American Academy of Dermatology. 2012;67(4):769-84. Endereço para correspondência RUA FREI CANECA – 450 - AP 202 BL A - AGRONOMICA CEP 88025000 – FLORIANOPOLIS – SC - BR 4891321001 / 4837218058 Arquivos Catarinenses de Medicina - Volume 43 - Suplemento 1 - 2014 XXX Jornada Sulbrasileira de Cirurgia Plástica - Gramado - RS 1 28