Isolamento de enterobactérias em cédulas de

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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ – UNOCHAPECÓ
Curso de Graduação em Farmácia
Fernando Kranz
ISOLAMENTO DE Staphylococcus aureus, Streptococcus sp, Pseudomonas sp E
DE BACTÉRIAS DA FAMÍLIA Enterobacteriaceae ENCONTRADAS EM CÉDULAS DE
DINHEIRO CIRCULANTE NA CIDADE DE CHAPECÓ – SC
Chapecó – SC, 2010
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FERNANDO KRANZ
ISOLAMENTO DE Staphylococcus aureus, Streptococcus sp, Pseudomonas sp E
DE BACTÉRIAS DA FAMÍLIA Enterobacteriaceae ENCONTRADAS EM CÉDULAS DE
DINHEIRO CIRCULANTE NA CIDADE DE CHAPECÓ – SC
Monografia apresentada à Universidade Comunitária da
Região de Chapecó - UNOCHAPECO como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Bacharel em
Farmácia.
Orientadora: Lucinara Regina Cembranel
Chapecó – SC, 2010
3
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
LUCINARA REGINA CEMBRANEL
Pós Graduada em Ciências Farmacêuticas
Professora Orientadora
___________________________________________
SCHEILA MARCON
Farmacêutica
Professora da UNOCHAPECÓ
___________________________________________
ESTEFANIA LUIZA BERNARDI
Farmacêutica Bioquímica
Professora da UNOCHAPECÓ
4
Dedico este trabalho em primeiro lugar a meu pai, Clair,
que infelizmente não está mais aqui conosco, mas que
com certeza ainda vive entre nós, pois foi devido ao
esforço do mesmo que tive a oportunidade de aqui estar.
Também fica a dedicatória a minha mãe, Marilis, meu
irmão Lucas e em especial a minha esposa Natalia, que
sempre estiveram do meu lado me dando apoio e
incentivo para continuar batalhando em busca de meus
ideais. Meus sinceros agradecimentos a vocês, que
sempre me deram apoio em tudo, inclusive nos
momentos mais difíceis.
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AGRADECIMENTOS
Depois de uma longa jornada de quatro anos e meio passados, muitas pessoas
estiveram presentes e deram sua contribuição. A estas pessoas devo agradecer;
Primeiramente a minha família (meus pais, irmão e esposa), que foram uma
inspiração para mim, foram meu alicerce em todos os momentos;
A minha orientadora, Lucinara Regina Cembranel, que se dispôs a orientar um
trabalho já orientado no começo por outro professor, este que não demonstrou o mesmo
respeito e incentivo que a mesma a mim demonstrou;
Aos professores, todos eles sem exclusão de nenhum, pois com certeza os mesmos
queriam passar tudo o que sabiam, desde conhecimentos até experiências de vida.
Obrigado pelos ensinamentos que a mim deixaram nessa jornada acadêmica;
Aos amigos de curso por estarem ao meu lado não só nos momentos bons, mas
também nos momentos mais difíceis. Obrigado a quem me dêu apoio e esteve ao meu lado,
de minha parte vocês serão sempre lembrados com carinho e amizade;
Aos locais que fizeram parte do estudo, aceitando trocar as amostras;
A Deus, que me trouxe até aqui e me proporcionou conhecimento e sabedoria nas
horas mais difíceis enfrentadas no curso. O mesmo me concedeu uma família maravilhosa,
sou grato eternamente a Deus pelo que sou e pelo que tenho.
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“Determinação coragem e autoconfiança são fatores
decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por
uma inabalável determinação conseguiremos superá-los.
Independentemente das circunstâncias, devemos ser
sempre humildes, recatados e despidos de orgulho.”
7
RESUMO
O dinheiro, desde os tempos do surgimento do comércio entre os povos, se mostrou como
um instrumento de grande utilidade para o bem estar de uma sociedade. No início, moedas
de ouro figuravam como objeto de poder de grandes nações controladas por um rei
supremo. Mas, com o passar dos anos, o dinheiro veio tomando formas diferentes, vindo a
se transformar, a partir do ano de 1.618, em papel moeda, quando foi posto em circulação
na China. Com a evolução da microbiologia a partir do ano de 1.677, quando Anton van
Leeuwenhoek, um comerciante têxtil de Delft, na Holanda, com escassos conhecimentos,
mas com uma grande paciência e curiosidade, conseguiu visualizar organismos vivos e
muitos pequenos. Construiu um microscópio de uma só lente e de grande aumento (DAVIS
et al., 1996). Em suas publicações, descreveu um mundo totalmente novo, invisível até
então, cuja mobilidade demonstrava que estavam vivos, atualmente chamados de bactérias
e protozoários. 150 anos mais tarde, microrganismos puderam ser observados por outras
pessoas, quando se construiu o primeiro microscópio de varias lentes. Nesse trabalho,
foram pesquisadas a presença de bactérias em cédulas de Real provenientes de dez
estabelecimentos da cidade de Chapecó - SC, sendo tanto cédulas novas como também
cédulas velhas. Foram analisadas um total de 150 cédulas, sendo 30 notas de R$ 1,00, 30
notas de R$ 2,00, 30 notas de R$ 5,00, 30 notas de R$ 10,00 e 30 notas de R$ 20,00.
Foram isoladas bactérias em mais de 98% das amostras, sendo mais de 50% das bactérias
pertencentes à família Enterobacteriaceae. O restante das amostras apresentou
contaminação por Staphylococcus aureus, Streptococcus sp e Pseudomonas sp.
Palavras-chave: Dinheiro, Enterobacteriaceae, bactérias.
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ABSTRACT
The money, from the time of emergence of trade between nations, proved as a valuable tool
for the well being of society. In early gold coins were included as objects of power to large
nations controlled by a supreme king. But over the years the money came from taking
different forms, growing to become from the year 1618 in paper money, when it was put in
circulation in China. With the development of microbiology from the year 1677, when Anton
van Leeuwenhoek, a textile merchant in Delft, the Netherlands, with limited knowledgement,
but with great patience and curiosity, could see many small and living organisms.
Constructed a microscope lens and a single large increase (Davis et al., 1996). In his
publications, described a totally new world, hitherto unseen, whose mobility showed they
were alive, now called bacteria and protozoa. 150 years later, microorganisms could be
observed by other people, when they built the first microscope of various lenses. In this work,
we investigated the presence of bacteria in Real ballots from ten institutions of Chapecó SC, both new ballots as well as old ballots. We analyzed a total of 150 ballots, with 30 notes
of R$ 1.00, 30 R$ 2.00 notes, 30 notes of R$ 5.00, 30 notes of R$ 10.00 and 30 notes of R$
20.00. Bacteria were isolated in more than 98% of the samples with more than 50% of
bacteria belonging from Enterobacteriaceae family. The rest of the samples showed
contamination by Staphylococcus aureus, Streptococcus sp and Pseudomonas sp.
Keywords: Money, Enterobacteriaceae, bacteria.
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SUMÁRIO
RESUMO ..................................................................................................................................7
ABSTRACT ...............................................................................................................................8
LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................10
LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................11
LISTA DE TABELAS ...............................................................................................................12
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................13
2 OBJETIVOS.......... ...............................................................................................................14
2.1 OBJETIVO GERAL.... .......................................................................................................14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...... ......................................................................................14
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................................................15
3.1 O DINHEIRO.....................................................................................................................15
3.2 FAMÍLIA ENTEROBACTERIACEAE ................................................................................15
3.2.1 Proteus sp ......................................................................................................................17
3.2.2 Klebsiella sp ...................................................................................................................18
3.2.3 Escherichia coli ..............................................................................................................19
3.2.3.1 Escherichia coli Enterotoxigênica ...............................................................................20
3.2.3.2 Escherichia coli Enteroinvasora ..................................................................................21
3.2.3.3 Escherichia coli Enteropatogênica ..............................................................................21
3.2.3.4 Escherichia coli Enteroaderente/Enteroagregativa .....................................................21
3.2.3.5 Escherichia coli Enteroemorrágica .............................................................................22
3.3 STREPTOCOCCUS SP....................................................................................................22
3.3.1 Streptococcus pyogenes ...............................................................................................23
3.3.2 Streptococcus pneumoniae ...........................................................................................23
3.4 PSEUDOMONAS SP ........................................................................................................23
3.5 STAPHYLOCOCCUS AUREUS .......................................................................................24
4 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................................26
4.1 MATERIAL ....... ................................................................................................................26
4.2 MÉTODOS ....... ................................................................................................................26
4.2.1 Coleta das cédulas ........ ................................................................................................26
4.2.2 Coleta de amostras e culturas .......................................................................................27
5 RESULTADOS .... ................................................................................................................30
6 DISCUSSÃO .... ...................................................................................................................36
7 CONCLUSÃO ... ..................................................................................................................39
8 REFERÊNCIAS.... ...............................................................................................................40
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Coleta das amostras em um dos locais da cidade de Chapecó – SC...................26
Figura 2 – Passagem de swab umedecido na parte anterior da cédula.................................27
Figura 3 – Passagem de swab umedecido na parte posterior da cédula ...............................27
Figura 4 – Tubos contendo BHI para enriquecimento preliminar das bactérias a serem
isoladas ...................................................................................................................................28
Figura 5 – Isolamento em Ágar Nutritivo ................................................................................29
Figura 6 – Um exemplo de resultado positivo (Proteus sp) ...................................................31
Figura 7 – Um exemplo de resultado positivo (Streptococcus sp, Pseudomonas sp e
Staphylococcus aureus) . ........................................................................................................31
Figura 8 – Um exemplo de resultado positivo (Escherichia coli) .. ..........................................32
Figura 9 – Um exemplo de resultado positivo (Klebsiella sp e Staphylococcus aureus)........32
11
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Relação entre amostras coletadas e seus respectivos valores ...........................30
Gráfico 2 – Gêneros e espécies de bactérias encontradas isoladas ......................................33
Gráfico 3 – Gêneros e espécies de bactérias encontradas juntas na mesma placa..............34
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Cores das colônias e sua respectiva bactéria isolada ..........................................29
Tabela 2 – Porcentagem das espécies e gêneros encontradas nas diferentes cédulas........35
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1. INTRODUÇÃO
Devido ao fato de o dinheiro consistir no elemento básico para trocas na aquisição de
bens e serviços, torna-se um dos objetos de maior rotatividade entre as pessoas. Desta
forma, o dinheiro é contaminado por microrganismos do ambiente, manipulação e até
mesmo por gotículas de saliva eliminadas durante a fala de uma pessoa. A manipulação é a
principal forma de contaminação, a qual pode causar infecções ou toxinfecções alimentares
ao homem.
O ser humano possui uma vasta quantidade de bactérias em seu corpo, uma
quantidade até mesmo maior que o número total de células do corpo humano. Mas, as
bactérias não albergam apenas o ser humano. Elas estão dispostas nos animais, no solo, na
água, no ar e nos alimentos, podendo ser facilmente veiculadas por objetos de contato entre
as pessoas, como por exemplo, as cédulas de dinheiro. O dinheiro representa um
importante reservatório de bactérias, que em concentrações elevadas e associadas à falta
de higiene, podem se tornar sérias ameaçadoras do bem-estar normal do indivíduo.
Diariamente
estamos
rodeados
por
microrganismos
(bactérias,
fungos
e
protozoários), e o nosso dia-a-dia é repleto de situações que favorecem essa aproximação.
Desta forma, o dinheiro pode ser considerado como um verdadeiro depósito de bactérias.
Nas notas com maior circulação entre as pessoas, há um desgaste da nota e,
conseqüentemente, o aparecimento de ranhuras que retêm a umidade, resíduos de sujeira e
também de micróbios, além da gordura que as pessoas deixam nas cédulas ao tocá-las,
permitindo que as bactérias se multipliquem sobre essa gordura.
A importância de diferenciar os gêneros de bactérias reside no fato de possibilitar a
avaliação de como estão os hábitos de higiene da população e indicar o grau de qualidade
sanitária da mesma, permitindo comprovar que muitas pessoas não possuem os mínimos
recursos de saneamento básico, assim uma simples cédula de dinheiro, pode conter
grandes focos de contaminação bacteriana.
Como a gama do profissional farmacêutico é ampla e a área da Microbiologia está
junta e presente ao mesmo, percebe-se que cabe a este profissional, junto é claro de uma
ajuda laboratorial, propiciar a verificação e o isolamento dos inúmeros patógenos que estão
a sua volta, principalmente de microrganismos como as bactérias que podem se tornar
nocivas ao ser humano.
A avaliação dos microrganismos encontrados nas cédulas de dinheiro permite
mensurar uma possível fonte de infecção e/ou intoxicação em um indivíduo.
14
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Estimar a presença de Staphylococcus aureus, Streptococcus sp, Pseudomonas sp e
de bactérias da família Enterobacteriaceae em cédulas de dinheiro em circulação na cidade
de Chapecó-SC.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Isolar os microrganismos Escherichia coli, Klebsiella sp, Proteus sp, Pseudomonas
sp, Streptococcus sp e Staphylococcus aureus de cédulas de dinheiro em circulação na
cidade de Chapecó-SC.
b) Mostrar através de revisão bibliográfica que as bactérias citadas acima podem
afetar o equilíbrio do organismo humano.
c) Comparar os resultados com outros estudos nas diferentes regiões do Brasil.
15
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 O DINHEIRO
As moedas e as notas que circulam no mundo capitalista são invenções recentes na
história da humanidade. Registros apontam que o aparecimento do papel moeda se deu no
ano de 1618, quando o mesmo foi posto em circulação na China (NUNES, 2006).
Em geral, cada país tem a sua própria moeda, porém o grau de contaminação
microbiológica de cada moeda (real, dólar, euro) pode variar significativamente. A moeda de
R$ 1,00 é de 7% a 8% mais contaminada que a moeda de um dólar americano, esta é
fabricada com cobre, o que inibe a contaminação. Já a moeda brasileira não contém cobre,
podendo armazenar e transmitir, por exemplo, bactérias causadoras da diarréia por até 15
dias (SALINA, 2007).
Devido ao dinheiro consistir no elemento básico para trocas na aquisição de bens e
serviços, torna-se um dos objetos de maior rotatividade entre as pessoas. Desta forma, o
dinheiro é contaminado por microrganismos do ambiente, manipulação e até mesmo por
gotículas de saliva eliminadas durante a fala de uma pessoa. A manipulação é a principal
forma de contaminação, a qual pode causar infecções ou toxinfecções alimentares ao
homem devido à contaminação alimentar (SALINA, 2007).
Diariamente
estamos
rodeados
por
microrganismos
(bactérias,
fungos
e
protozoários), e o nosso dia-a-dia é repleto de situações que favorecem essa aproximação.
Desta forma, o dinheiro pode ser considerado como um verdadeiro depósito de bactérias.
Nas notas com maior circulação entre as pessoas, há um desgaste da nota e,
conseqüentemente, o aparecimento de ranhuras que retêm a umidade, os resíduos de
sujeira e também os micróbios. Além da gordura que as pessoas deixam nas cédulas ao
tocá-las, possibilitando que as bactérias cresçam sobre essa gordura (FIGUEIREDO et.,
2007).
3. 2 FAMÍLIA ENTEROBACTERIACEAE
As enterobactérias são bacilos Gram negativos. Esses microrganismos são
anaeróbios facultativos, reduzem nitrato a nitrito, fermentam a glicose e são oxidasenegativas. São capazes de metabolizar uma ampla variedade de substâncias como
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carboidratos, proteínas e aminoácidos, lipídeos e ácidos orgânicos. Produzem catalase,
utilizam glicose e amônia como fontes únicas de carbono e nitrogênio, respectivamente
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
Os membros desta família podem ser encontrados em diversos hospedeiros,
incluindo vertebrados, invertebrados e plantas superiores. Enterobactérias de importância
médica crescem principalmente na parte distal do trato gastrointestinal do homem e dos
animais, mas muitas delas podem sobreviver também de forma natural na água. Em
indivíduos sadios, Escherichia coli e algumas outras espécies entéricas podem ser
encontradas de forma ocasional na pele e algumas colonizam o trato genital feminino. Em
humanos com defesas alteradas podem produzir infecções oportunistas (DAVIS et al.,
1996).
Várias das estruturas celulares das enterobactérias são antigênicas, entre elas estão
os flagelos, o lipopolissacarídeo (LPS) e as cápsulas. Os flagelos são chamados antígenos
H e as cápsulas antígenos capsulares ou antígenos K. A molécula do LPS contém o
antígeno O. A existência destes antígenos contribui para entendermos a epidemiologia das
infecções e mesmo a patogenicidade das enterobactérias (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
As enterobactérias apresentam ou produzem uma gama enorme de fatores de
virulência comprovadas e potenciais. Com relação aos patógenos que causam bacteremias
e septicemias, apresentam particular importância os antígenos K que compreendem as
cápsulas propriamente ditas. De modo geral, os antígenos K protegem o patógeno da ação
dos fagócitos e dos anticorpos. O lipídeo A e o peptideoglicano são também fatores de
virulência porque a febre e as manifestações gerais das infecções pelas enterobactérias são
mediadas por citocinas cuja produção é estimulada por eles. A expressão dos fatores de
virulência é mediada por sistemas complexos de regulação, sensíveis às condições
ambientais diversas que permitem as enterobactérias patogênicas se adaptarem a
diferentes nichos ecológicos (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
As enterobactérias podem causar infecções intestinais e extra-intestinais, onde as
últimas podem ser localizadas ou sistêmicas. As infecções localizadas mais frequentes são
as das vias urinárias, dos pulmões, do sistema nervoso central, da pele e do tecido celular
subcutâneo. Tanto as infecções intestinais como as extra-intestinais podem permanecer
localizadas ou se transformarem em infecções sistêmicas; as bacteremias são bastante
frequentes. Estas também podem ocorrer em consequência da translocação para a corrente
sanguínea de enterobactérias presentes nos intestinos. Diferentes fatores podem favorecer
a translocação (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
17
3.2.1 Proteus sp
Bastonetes
Gram
negativos,
distinguidos
dos
representantes
da
família
Enterobacteriaceae pela sua capacidade de produzir a enzima fenil-alanina-deaminase.
Além disso, eles produzem uma urease que quebra a uréia formando NH3 e CO2
(LEVINSON; JAWETZ, 2005).
No passado, existiam quatro espécies de Proteus de importância médica. Entretanto,
estudos moleculares de DNA demonstraram que duas dessas quatro espécies eram
significativamente diferentes. Essas espécies eram denominadas: Proteus morganii
(atualmente, Morganella morganii) e Proteus rettgeri (atualmente, Providencia rettgeri). Nos
laboratórios de análises clínicas, esses organismos são distinguidos de Proteus vulgaris e
de Proteus mirabilis com base nos testes bioquímicos (LEVINSON; JAWETZ, 2005).
O gênero Proteus é encontrado em solos, água e materiais contaminados com fezes
(KONEMAN, 2001). Sua tendência em causar infecções urinárias é provavelmente devido a
sua presença no cólon e colonização da uretra, especialmente em mulheres. A vigorosa
motilidade de Proteus contribui com a sua capacidade de invadir o trato urinário. A produção
da enzima urease é um fator importante na patogênese das infecções do trato urinário
(LEVINSON; JAWETZ, 2005).
As espécies de Proteus mostram uma motilidade característica, em forma de ondas,
ao longo de toda a superfície de ágar não-inibidor (KONEMAN, 2001). Estes
microrganismos normalmente são bastantes móveis e produzem um hipercrescimento
“aglomerado” (formação de um “véu”- swarming) em ágar sangue, dificultando o isolamento
de culturas puras dos outros organismos. O crescimento em ágar-sangue contendo álcoois
fenil-etil inibe a formação do aglomerado, permitindo a obtenção de colônias isoladas de
Proteus e dos outros organismos. Eles formam colônias incolores não-fermentadoras de
lactose em meios ágar MacConkey e ágar EMB. P. vulgaris e P. mirabilis produzem H2S,
que escurecem o fundo do tubo de ágar TSI, enquanto M. morganii e Providencia rettgeri
não produzem H2S. (LEVINSON; JAWETZ, 2005). P. mirabilis é a espécie isolada com mais
freqüência de humanos, em particular como agente de infecções urinárias e feridas. P.
mirabilis é indol-negativo (KONEMAN, 2001).
Visualmente todas as cepas de P. mirabilis são sensíveis a ampicilina e à
cefalosporina, enquanto a P. vulgaris é resistente; portanto, a maioria dos pacientes com
infecções das quais é isolada uma espécie de Proteus indol-negativa pode ser tratada com
penicilinas ou cefalosporinas de amplo espectro. (KONEMAN, 2001.). As espécies indolpositivas (P. vulgaris, M. morganii e P. rettgeri) são mais resistentes aos antibióticos que P.
mirabilis, que é indol-negativo. O tratamento preferecial para as espécies indol-positivas é
18
uma cefalosporina, por exemplo, cefotaxime. Providencia rettgeri é frequentemente
resistente a múltiplos antibióticos (LEVINSON; JAWETZ, 2005).
3.2.2 Klebsiella sp
O gênero Klebsiella foi assim denominado por Edwin Klebs, microbiologista alemão
do final do século XIX. O bacilo, agora conhecido como Klebsiella, também foi descrito por
Carl Friedlander, e durante muitos anos o “bacilo de Fridlander” foi bem conhecido como
causa de uma pneumonia grave e com frequência fatal (KONEMAN, 2001).
As espécies de Klebsiella são amplamente distribuídas na natureza e no trato
gastrointestinal de seres humanos e animais (KONEMAN, 2001). É normalmente encontrada
no intestino grosso, mas também estão presente no solo e na água (LEVINSON; JAWETZ,
2005).
Em ágar MacConkey, as colônias são tipicamente grandes, mucóides e vermelhas,
em geral com difusão do pigmento vermelho para o ágar circundante, indicando
fermentação de lactose e produção de ácidos. Entretanto, nem todas as cepas são
mucóides, e algumas espécies de Enterobacter podem ser muitos similares a espécies de
Klebsiella em muitas provas. As espécies de Klebsiella são imóveis, e a maioria não
descarboxila ornitina. A produção de indol a partir do triptofano pode ser utilizada para
separar as duas espécies principais. K. pneumoniae é indol-negativa e K. oxyticaé indolpositiva (KONEMAN, 2001).
Klebsiella pneumoniae é isolada com mais frequência de amostras clínicas e pode
causar uma forma clássica de pneumonia primária (KONEMAN, 2001). Pacientes com
infecções causadas por Klebsiella pneumoniae apresentam, frequentemente, algumas
predisposições para contrair a doença, como idade avançada, doenças respiratórias
crônicas, diabetes ou alcoolismo. O organismo se localiza no trato respiratório de cerca de
10% dos indivíduos normais que são candidatos a contrair uma pneumonia se as defesas
naturais forem diminuídas (LEVINSON; JAWETZ, 2005). Esta bactéria apresenta-se como
uma das principais causas de infecção nosocomial, podendo desencadear a ocorrência de
quadros de pneumonia, meningite, endocardite, entre outros (SANTOS et al., 2005).
A pneumonia tende a ser destrutiva, com necrose externa e hemorragia, resultando
na produção de escarro, que pode ser espesso, mucóide e de cor vermelho-tijolo ou fluido e
como “geléia de groselha”. K. pneumoniae também pode causar uma variedade de
infecções extrapulmonares, incluindo enterite e meningite, infecções urinárias e septicemia
(KONEMAN, 2001). Existem outras duas espécies de Klebsiella que causam infecções
19
humanas não usuais, raramente encontradas nos EUA. A Klebsiella ozaenae está associada
com a renite atrófica, e a Klebsiella rhinoscleromatis causa um granuloma destrutivo no nariz
e na faringe (LEVINSON; JAWETZ, 2005).
As espécies agora denominadas K. terrigena e K. trevisanii tem nomenclatura que
reflete suas fontes da natureza. K. terrigena foi isolada principalmente do solo e da água. K.
trevisanii foi isolada principalmente de ambientes botânicos e aquáticos (KONEMAN, 2001).
As klebsiellas têm tendência a alojar plasmídeos de resistência aos antibióticos;
portanto, podem ser antecipadas infecções com múltiplas cepas resistentes a antibióticos.
Virtualmente todas as cepas isoladas de casos clínicos são resistentes à ampicilina,
carbenicilina e ticarcilina. É de interesse particular o recente aparecimento de cepas de
Klebsiella que possuem plasmídeos mediadores de resistência a um amplo espectro de
drogas B-lactâmicas.
Essa forma de resistência é devida à produção de uma enzima
particular B-lactamase, denominada de B-lactamase de amplo espectro (ESBL). Essas
enzimas foram observadas principalmente em cepas de K. pneumoniae e Escherichia coli e
tornaram estas cepas resistentes a maioria das drogas B-lactâmicas, incluindo
cefalosporinas de terceira geração. Uma característica particular das ESBLs é a capacidade
de escapar à detecção com a maioria das provas de suscetibilidade comumente utilizadas,
levando a informes de que microrganismos possuidores de ESBLs são sensíveis a
antibióticos quando, de fato, são resistentes (KONEMAN, 2001).
Algumas infecções hospitalares causadas por bastonetes Gram negativos podem ser
prevenidas por medidas genéricas como mudança da região do cateter intravenoso,
remoção de sondas urinárias quando não são mais necessárias e cuidado adequado com os
aparelhos de terapia respiratória (LEVINSON; JAWETZ, 2005).
3.2.3 Escherichia coli
A E.coli possui fímbrias ou pili (pêlos), que são apêndices filamentosos menores e
mais curtos que os flagelos e se fixa na parede do trato urinário para não ser arrastada pelo
fluxo urinário. A E.coli na flora intestinal não causa dano algum, pois faz parte da microbiota
intestinal, mas, se alcançar às vias urinárias, causa infecção por ser um patógeno agressivo
no trato urinário (SPINDOLA, 2006).
E. coli é a espécie bacteriana mais comumente isolada nos laboratórios clínicos.
Essa bactéria é um dos microrganismos mais recorrentes em casos de septicemia por Gram
negativos e em choque induzido por endotoxinas. Infecções do trato urinário e de feridas,
20
além de pneumonias em pacientes imunossuprimidos hospitalizados e as meningites em
neonatos são outras formas comuns de infecções causadas por E. coli (KONEMAN, 2001).
A maioria das infecções urinárias é causada por bactérias Gram negativas. E dentre
elas, a E. coli, ocorre em cerca de 80% a 90% das infecções bacterianas agudas não
complicadas das vias urinárias (MURRAY, 2004).
Além de todos os locais possíveis de infecção pela E. coli, ela já foi associada a
doenças infecciosas envolvendo virtualmente todos os tecidos e sistemas humanos
(KONEMAN, 2001).
A Escherichia coli, encontrada em cédulas, por exemplo, é um marcador
microbiológico de contaminação fecal (AYRES; PINHO; MACHADO, 2001). Esta bactéria e
outras da família Enterobacteriaceae, indicam que há contaminação de origem intestinal, e
que, consequentemente, podem ocasionar contaminações ao homem (INOCENTE;
GOMES, 2004).
3.2.3.1 Escherichia coli Enterotoxigênica (ETEC)
Essa classe de bactérias produz as chamadas enterotoxinas termolábil (LT) e
termoestável (ST). No final de década de 60, surgiram os primeiros trabalhos relacionando a
ETEC com etiologia de diarréia. Foi com a inoculação de culturas de Escherichia coli,
isoladas de fezes humanas de casos de diarréia, em alça intestinal ligada de coelho e em
células cultivadas, que se verificou o envolvimento dessas toxinas na patogenicidade
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
A infecção com ETEC segue usualmente a ingestão de água ou comida
contaminada, produzindo uma diarréia aquosa, náuseas, câimbras abdominais e febre
baixa. Em lactentes, ETEC algumas vezes causa uma doença conhecida como cólera
infantil (KONEMAN, 2001).
Como as demais infecções intestinais causadas por E. coli, as infecções por ETEC
também dispensam antibioticoterapia na maioria das vezes. Entretanto, quando houver
indicação, o antimicrobiano deve ser selecionado pelo antibiograma, uma vez que as ETEC
podem apresentar resistência múltipla com relativa freqüência (TRABULSI; ALTERTHUM,
2005).
21
3.2.3.2 Escherichia coli Enteroinvasora (EIEC)
São capazes de penetrar nas células do epitélio e produzir diarréia inflamatória,
similar à causada por espécies de Shiguella. Cepas EIEC podem ser suspeitadas quando
são observados sangue, muco e neutrófilos segmentados em esfregaços de fezes
(KONEMAN, 2001).
As infecções intestinais provocadas por EIEC são mais freqüentes em crianças
maiores de dois anos de idade e no adulto. O reservatório é o próprio homem, e a
transmissão é fecal-oral e adquire-se a doença pela ingestão de água e alimentos
contaminados (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
3.2.3.3 Escherichia coli Enteropatogênica (EPEC)
Causam síndromes diarréicas, principalmente em lactentes. A patogenia não é clara,
entretanto, as ações inflamatórias e as alterações epiteliais degenerativas, observadas em
cortes de tecidos, podem ser secundárias às propriedades de aderência das bactérias,
consideradas relacionadas à plasmídeos. A doença causada por EPEC é caracterizada por
febre, mal-estar, vômitos e diarréia, com uma quantidade importante de muco, mas não com
muito sangue (KONEMAN, 2001).
Parece que a administração de antibióticos não reduz a duração da diarréia,
tampouco sua severidade e assim não teria indicação. A medida terapêutica mais eficaz é a
hidratação precoce que reduz drasticamente a mortalidade. Além das medidas gerais de
prevenção de doenças infecciosas, o controle das infecções por EPEC pode ser bastante
ajudado pelo aleitamento materno. Vários estudos têm demonstrado que a freqüência de
infecção por EPEC é significativamente menor em crianças que recebem leite materno
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
3.2.3.4 Escherichia coli Enteroaderente / Enteroagregativa (EAEC)
São as cepas de E. coli que se aderem às células, produzindo diferentes padrões de
aderência às células dos tecidos. Até o momento, essas cepas foram isoladas
principalmente de crianças com diarréia crônica (KONEMAN, 2001).
O saneamento básico e o aleitamento materno durante o primeiro ano de vida,
constituem medidas profiláticas disponíveis para o controle das diarréias causadas por
EAEC. A antibioticoterapia é indicada somente para os casos de diarréia persistente
22
causada por EAEC, uma vez que para as diarréias agudas, a terapia da reidratação oral é
recomendada (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
3.2.3.5 Escherichia coli Enteroemorrágica (EHEC)
Estes microrganismos produzem diarréia sanguinolenta em seres humanos,
provavelmente secundários ao dano das células do endotélio vascular por toxinas. Os
pacientes
com
colite
hemorrágica
(também
conhecida
como
colite
isquêmica)
caracteristicamente apresentam câimbras abdominais e diarréia aquosa, seguida de
evacuação hemorrágica, similar a sangramento do trato intestinal inferior. Não há febre
significativa, nem células inflamatórias nas fezes (KONEMAN, 2001).
O uso de antibióticos para o tratamento e prevenção da síndrome hemolítico-urêmica
é questionável, e muitos não são favoráveis. Para alguns, essas drogas podem até agravar
a infecção. Ultimamente, tem-se aventado a possibilidade de usar probióticos capazes de
competir com os EHEC na mucosa intestinal. A síndrome hemolítico-urêmica, exige
tratamento imediato que consiste em diálise renal e substituição do plasma (TRABULSI;
ALTERTHUM, 2005).
3.3 Streptococcus sp
Estes microrganismos são bactérias Gram positivas, catalase-negativas, que tendem
a crescer aos pares e em cadeia. Enquanto os cocos piogênicos (estreptococos dos grupos
A, B, C) tendem a se agrupar filogeneticamente, os Streptococcus viridans, encontrados no
trato respiratório superior, pertencem a vários grupos filogenéticos distintos (KONEMAN,
2001).
Os estreptococos são anaeróbios facultativos, na realidade algumas cepas crescem
melhor em condições de anaerobicidade. Muitos isolados também são estimulados pelo
aumento de CO2. Os estreptococos, enterococos e aerococos de importância médica são
hemofermentadores, significando que o único produto da fermentação da glicose é o ácido
láctico. Os estreptococos também são oxidase-negativos (KONEMAN, 2001).
A composição da parede celular dos estreptococos é similar à de outras bactérias
gram-positivas, sendo formada primariamente de glicopeptídeo, no qual estão inseridos
diversos carboidratos, ácidos teicóicos, lipoproteínas e proteínas antigênicas de superfície
(KONEMAN, 2001).
23
3.3.1 Streptococcus pyogenes
Streptococcus pyogenes é a espécie bacteriana mais frequentemente associada à
etiologia de infecções primárias da faringe e amígdalas. Estas infecções são comuns em
crianças e adolescentes com idade variando entre 5 e 15 anos. O paciente pode apresentar
febre alta e dor na deglutição, com mal-estar geral, astenia e anorexia, sintomas que podem
vir acompanhados por náuseas, vômitos e dor abdominal (SCALABRIN et al., 2003).
O homem é o reservatório natural dos estreptococos B-hemolíticos do grupo A, e o
microrganismo é transmitido de pessoa para pessoa por via respiratória. As complicações
da faringite causada por estreptococos do grupo A podem ser supurativas (abcessos
peritonsilares, abcessos retrofaríngeos, adenite cervical, otite média, sinusite, mastoidite,
bacteremia), não-supurativas (febre reumática aguda e crônica, glomerulonefrite) ou
mediadas por toxinas (síndrome estreptocócica similar ao choque) (KONEMAN, 2001).
3.3.2 Streptococcus pneumoniae
O S. pneumoniae continua sendo causa de grande morbidade e mortalidade em
pessoas de todas as idades ao redor do mundo. Crianças com menos de dois anos,
indivíduos com mais de 65 anos e portadores de certas doenças crônicas debilitantes e/ou
imunossupressoras são particularmente susceptíveis (MANTESE et al., 2003).
S. pneumoniae é a principal causa de pneumonia bacteriana adquirida na
comunidade. Entre 5% e 10% dos adultos são portadores do microrganismo no trato
respiratório superior, embora tenham sido comunicadas taxas de portadores superiores a
60% em populações fechadas. S. pneumoniae também é causa frequente de meningite
bacteriana em adultos. Devido a maior utilização de vacinas conjugadas contra Haemophilus
influenzae tipo b, o pneumococo tornou-se, também, o agente mais frequente em lactentes e
crianças que estão aprendendo a andar. Esse microrganismo é responsável por 20% a 50%
dos casos de otite média aguda e também está associado à sinusite e mastoidite
(KONEMAN, 2001).
3.4 Pseudomonas sp
Este importante microrganismo é um bacilo Gram negativo, aeróbio facultativo, tolera
grandes variações de temperatura, vive no solo, plantas, frutas e vegetais, gosta de
ambientes úmidos (FERRAREZE et al., 2007).
24
As Pseudomonas são, fundamentalmente, patógenos oportunistas que causam
infecções em pacientes hospitalizados, podendo causar infecções em qualquer parte do
corpo, mas as infecções do trato urinário, pneumonias e infecções em ferimentos
predominam. Do sítio de infecção, a bactéria pode penetrar na corrente sanguínea,
causando septicemia. Pacientes com septicemia causada por P. aeruginosa têm taxa de
mortalidade acima de 50% (MATA; ABEGG, 2007).
A P. aeruginosa é uma bactéria Gram negativa aeróbica, não-fermentadora, que se
apresenta sob a forma de bastonetes isolados ou aos pares, movidos por flagelos polares
(MENEZES et al., 2003).
A P. aeruginosa tem recebido atenção pela frequência com que está relacionada a
doenças em pacientes com comprometimento imunológico, acompanhado de procedimentos
invasivos, queimaduras e feridas operatórias, que se tornam porta de entrada para esta
espécie (OLIVEIRA; ALBUQUERQUE; ROCHA, 1998). A P. aeruginosa pode causar
infecções nosocomiais graves, com elevada letalidade. Atualmente, se posiciona entre as
principais bactérias causadoras de infecções hospitalares, perdendo apenas para o
Staphylococcus coagulase negativo e o Staphylococcus aureus (FIGUEIREDO et al., 2007).
3.5 Staphylococcus aureus
A detecção de portadores de S. aureus assume significativa importância quando se
trata de profissionais da área da saúde e de manipuladores de alimentos, isto devido à
existência de cepas produtoras de enterotoxinas. De maneira geral, o grande número de
pesquisas dirigidas a esta área preocupa-se com a detecção de portadores deste
microrganismo nas fossas nasais e na pele (ANDRADE; ZELANTE, 1989).
Este microrganismo é encontrado no ambiente externo e narinas de 20% a 40% dos
adultos. Também é encontrado em pregas cutâneas, períneo, axilas e vagina. Apesar de
fazer parte da microbiota humana, pode produzir infecções oportunistas em condições
apropriadas. A alteração quimiotática dos leucócitos, alteração por opsonizacão por
anticorpos, lesões estranhas, doenças crônicas, são exemplos de fatores que predispõem
um indivíduo a infecções graves por S. aureus (KONEMAN, 2001).
As doenças causadas por S. aureus podem ser classificadas como somente
superficiais, invasivas ou tóxicas, ou ainda apresentar características mistas, tóxicas e
invasivas. Sua importância clínica tem variado devido ao aumento da ocorrência de
infecções hospitalares multirresistentes (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
25
Algumas cepas de S. aureus produzem um exopolissacarídeo, cuja sua principal
função é impedir a fagocitose do microrganismo pelos leucócitos polimorfonucleares. Estas
substâncias podem facilitar a aderência dos microrganismos às células do hospedeiro
(KONEMAN, 2005). É possível classificar as amostras em sorotipos, entre os quais
prevalecem os sorotipos 5 (CP5) e 8 (CP8) (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005). A proteína A
atua como fator de virulência, interferindo na opsonização e na ingestão dos microrganismos
pelos leucócitos polimorfonucleares, ativando complemento e estimulando reações de
hipersensibilidade dos tipos imediato e tardio (KONEMAN, 2001).
As infecções estafilocócicas podem ser classificadas em superficiais e profundas. As
superficiais afetam a pele e o tecido celular subcutâneo, e as infecções profundas, com
exceção da pneumonia por aspiração, são decorrentes de bacteremias que se originam nos
focos de infecções superficiais. Muitas bactérias podem sobreviver no interior das células
endoteliais e, assim, ficar protegidas das defesas do organismo. O sinal característico da
infecção estafilocócica é a formação de abscesso que acompanha o processo inflamatório,
na qual a função do abscesso é impedir o progresso da infecção (TRABULSI; ALTERTHUM,
2005).
No exame microscópico são observados cocos agrupados em forma de cachos de
uva. O S. aureus tem uma grande capacidade de desenvolver resistência a antibióticos. Em
geral, a resistência por mutação é decorrente de uma alteração no sitio de ação do
antibiótico, enquanto a resistência por aquisição de genes de resistência frequentemente
envolve destruição ou inativação do antibiótico. A vancomicina é a droga de escolha para
infecções estafilocócicas graves (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005).
26
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 MATERIAL
Para realização deste trabalho, coletaram-se amostras de 150 cédulas de dinheiro
em circulação na cidade de Chapecó-SC, sendo 30 de cada valor. Os valores foram de R$
1,00, R$ 2,00, R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 20,00. As mesmas procederam de 10 locais
diferentes da cidade, sendo 15 cédulas de cada local.
4.2 MÉTODOS
4.2.1 Coleta das cédulas
A coleta das cédulas foi realizada usando-se luvas, sendo que cada cédula coletada
foi armazenada em um papel carta individualizado (Figura 1).
Figura 1 – Coleta das amostras em um dos locais da cidade de Chapecó – SC.
27
4.2.2 Coleta de amostras e culturas
As amostras foram então levadas ao Laboratório de Microbiologia da Universidade
Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ, onde o material para cultura foi
coletado com auxílio de swab estéril umedecido em soro fisiológico.
Posteriormente, o swab foi esfregado em ambos os lados da cédula, estas já
dispostas sob plásticos estéreis sobre a bancada (Figura 2 e Figura 3).
Figura 2 – Passagem de swab umedecido no anterior da cédula.
Figura 3 – Passagem de swab umedecido no posterior da cédula.
28
Os swabs então foram introduzidos em tubo contendo caldo Brain Heart Infusion
(BHI). Os tubos ficaram na estufa a 37º C por 24 horas (Figura 4) (AYRES; PINHO;
MACHADO, 2001).
Figura 4 – Tubos contendo BHI para enriquecimento preliminar das bactérias a serem isoladas.
Em seguida, foram retiradas alíquotas do caldo de enriquecimento esgotando-as com
alças bacteriológicas nas placas de Ágar Nutritivo. Estas placas ficaram na estufa por 24
horas, evidenciando assim o crescimento de colônias de coloração amarelo creme (Figura
5).
29
Figura 5 – Isolamento em Ágar Nutritivo.
Em seguida, foram retiradas colônias isoladas das placas acima, para que se
iniciasse a semeadura em placas de CHROMagar® Orientation. Após a semeadura, as
placas foram incubadas à temperatura de 37ºC por 24 horas.
Após o tempo na estufa de 24 horas, foram iniciadas as primeiras leituras para
pesquisa das seguintes bactérias: Escherichia coli, Streptococcus sp, Sthaphylococcus
aureus, Pseudomonas sp, Proteus sp e Klebsiella sp.
O meio CHROMagar® Orientation foi lido de acordo com orientação do fornecedor
do meio de cultura (Tabela 1) (PROBAC DO BRASIL; CHROMagar Orientation. [Manual].
[s.d]).
Tabela 1 – Cores das colônias e sua respectiva bactéria isolada.
Cor e tamanho da colônia
Orientação a ser confirmada
Vermelho
E. coli
Turquesa
Streptococcus
Azul acinzentado
Klebsiella
Halo marrom
Proteus
Creme, translúcido
Pseudomonas
Dourado, opaco, pequeno
Staphylococcus aureus
Rosa opaco, pequeno
Staphylococcus saprophyticus
Fonte: Probac do Brasil (PROBAC, [s.d.])
30
5. RESULTADOS
Foram analisadas 150 amostras de cédulas coletadas com swab estéril de ambos os
lados da nota, sendo 30 notas de cada valor. Os valores utilizados foram de R$ 1,00, R$
2,00, R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 20,00 (Gráfico 1).
Descrição da amostragem
20%
20%
R$ 1,00
R$ 2,00
R$ 5,00
20%
20%
R$ 10,00
R$ 20,00
20%
Gráfico 1 – Relação entre amostras coletadas e seus respectivos valores.
As cédulas tiveram procedência de 10 estabelecimentos comercias da cidade de
Chapecó-SC. Os locais foram os seguintes: Auto-Viação, Loja de ternos e roupas de grife,
Camelô, Loja de objetos importados, Restaurante universitário, Bar universitário, Setor de
fotocópias universitário, Supermercado, Posto de gasolina com e sem restaurante.
A análise microbiológica das cédulas mostrou a contaminação bacteriana nas notas
de papel. Notou-se que houve crescimento microbiológico em 148 cédulas, sendo que em
apenas 2 cédulas não houve crescimento, das quais 1 nota de R$ 5,00 e outra nota de R$
20,00.
Considerou-se como resultado positivo aquela amostra que apresentou crescimento
bacteriano nas placas de CHROMagar® Orientation. Nas placas que não houve
31
desenvolvimento de germes, foram consideradas como resultados negativos (Figura 6,
Figura 7, Figura 8 e Figura 9).
Figura 6 – Um exemplo de resultado positivo (Proteus sp).
Figura 7 – Um exemplo de resultado positivo (Streptococcus sp, Pseudomonas sp e Staphylococcus
aureus).
32
Figura 8 – Um exemplo de resultado positivo (Escherichia coli).
Figura 9 – Um exemplo de resultado positivo (Klebsiella sp e Staphylococcus aureus).
33
No total, das 150 cédulas analisadas, mais de 98% demonstraram contaminação
bacteriana. Entre estas, isolou-se 2 espécies e 4 gêneros diferentes de bactérias. Destas,
mais de 50% pertenciam a família Enterobacteriaceae. O restante das amostras
apresentaram contaminação por Staphylococcus aureus, Streptococcus sp e Pseudomonas
sp.
De todas as 150 cédulas, apenas 90 apresentaram o crescimento de 1 tipo
bacteriano. Destas 90 cédulas, 30 foram isolados de Escherichia coli, 18 foram de
Staphylococcus aureus, 16 foram de Pseudomonas sp, 15 foram de Proteus sp, 10 foram de
Streptococcus sp e 1 foi de Klebsiella sp (Gráfico 2).
Bactérias encontradas isoladamente
11%
0,67%
20,27%
Escherichia coli
Streptococcus sp
Staphylococcus aureus
10%
Proteus sp
Pseudomonas sp
12,16%
6,75%
Klebsiella sp
Gráfico 2 – Gêneros e espécies de bactérias encontradas isoladas
Em 58 cédulas, mais de uma espécie ou gênero foram isolados a partir de uma
cédula. É o caso de: Proteus sp, Escherichia coli e Klebsiella sp encontradas juntas em 1
cédula; Staphylococcus aureus e Streptococcus sp encontrados juntos em 31 cédulas,
Pseudomonas sp e Escherichia coli encontradas juntas em 1 cédula, Escherichia coli e
Streptococcus sp encontradas juntas em 3 cédulas, Streptococcus sp e Klebsiella sp
encontradas juntas em 2 cédulas, Streptococcus sp e Proteus sp encontradas juntas em 4
cédulas, Klebsiella sp e Staphylococcus aureus encontradas juntas em 6 cédulas, Klebsiella
sp, Escherichia coli, Proteus sp e Streptococcus sp encontradas juntas em 1 cédula, Proteus
sp e Klebsiella sp encontradas juntas em 2 cédulas, Escherichia coli e Proteus sp
encontradas juntas em 4 cédulas, Escherichia coli e Klebsiella sp encontradas juntas em 2
cédulas, Staphylococcus aureus, Klebsiella sp e Escherichia coli encontradas juntas em 1
nota (Gráfico 3).
34
Mais de uma bactéria encontrada por cédula
Proteus sp, E. coli e
Klebsiella sp
S. aureus e
Streptococcus sp
Pseudomonas sp e .
E. coli
0,67%
1,35%
2,70%
E. coli e Streptococcus
sp
0,67%
1,35%
Streptococcus sp e
Klebsiella sp
0,67%
Streptococcus sp e
Proteus sp
4,05%
20,94%
2,66%
1,35%
2,02%
0,67%
Klebsiella sp e S.
aureus
Klebsiella sp, E. coli,
Proteus sp e
Streptococcus sp
Proteus sp e Klebsiella
sp
E. coli e Proteus sp
E. coli e Klebsiella sp
S. aureus, Klebsiella sp
e E. coli
Gráfico 3 – Gêneros e espécies de bactérias encontradas juntas na mesma placa.
Tanto as notas de baixo valor, como as de valor mais alto apresentaram
semelhanças nos isolados de bactérias, demonstrando que o valor da nota não interfere na
presença
ou
ausência
de
determinada
bactéria
(Tabela
2).
35
Tabela 2 – Porcentagem das espécies e gêneros encontradas nas diferentes cédulas.
Porcentagem das espécies e gêneros de bactérias isoladas
Bactérias
R$ 1,00
R$ 2,00
R$ 5,00
R$ 10,00
R$ 20,00
Total
Escherichia
coli
20%
13,33%
13,33%
26,66%
26,66%
20,27%
Streptococcus
sp
10%
10%
---
10%
3,33%
6,75%
Staphylococcus
aureus
10%
13,33%
6,66%
16,66%
13,33%
12,16%
Proteus sp
13,33%
13,33%
6,66%
6,66%
10%
10%
Pseudomonas
sp
16,66%
6,66%
10%
13,33%
6,66%
11%
Klebsiella sp
---
3,33%
---
---
---
0,67%
Proteus sp,
E. coli,
Klebsiella sp
---
---
3,33%
---
---
0,67%
S. aureus
Streptococcus sp
20%
13,33%
30%
13,33%
26,66%
20,94%
Escherichia coli,
Pseudomonas sp
---
---
3,33%
---
---
0,67%
Streptococcus sp,
Escherichia coli
3,33%
6,66%
---
---
---
2,02%
Streptococcus sp,
Klebsiella sp
---
6,66%
---
---
---
1,35%
Streptococcus sp,
Proteus sp
3,33%
3,33%
3,33%
3,33%
---
2,66%
Klebsiella sp,
S. aureus
---
---
10%
3,33%
6,66%
4,05%
---
3,33%
---
---
---
0,67%
---
---
3,33%
3,33%
---
1,35%
---
6,66%
3,33%
---
3,33%
2,70%
---
---
3,33%
3,33%
---
1,35%
---
3,33%
---
---
---
0,67%
Proteus sp,
Streptococcus sp,
Klebsiella sp,
S.aureus
Proteus sp,
Klebsiella sp
Escherichia coli,
Proteus sp
Escherichia coli,
Klebsiella sp
S. aureus,
Klebsiella sp,
Escherichia
coli
36
6. DISCUSSÕES
Das 150 amostras selecionadas, um total superior a 98% apresentou crescimento
bacteriano. A literatura demonstra que o número de contaminação das cédulas é grande,
embora os diferentes trabalhos demonstrem resultados diferentes. Souza et al. (2006),
trabalhando com 49 cédulas em Gurupi – TO, obteram 100% de crescimento. No entanto,
Inocente; Gomes (2004), trabalhando com 200 cédulas em Curitiba – PR, obteram um
percentual de 73,5% de crescimento bacteriano nas cédulas. Já para Ayres; Pinho;
Machado (2001), trabalhando com 110 notas no Rio de Janeiro – RJ, um percentual de
99,09% de crescimento bacteriano lhe foi conferido.
Tal diferença percentual pode ser explicada pela diversidade de amostragem
utilizada, pois fatores como regiões com diferentes temperaturas e graus de umidade no
país, valores diferentes das cédulas de um estudo para outro e uso de notas mais novas do
que outras em um determinado estudo podem influenciar nos resultados finais de cada
estudo.
De acordo com Monteiro et al. 29,4% das notas de real estão contaminadas por
Staphylococcus sp, isto pelo fato deste microorganismo estar presente na microbiota normal
das mãos e também pelo clima do Brasil ser favorável a contaminação das cédulas (SOUZA
et al., 2006).
Assim como Inocente; Gomes (2004), a espécie mais encontrada neste estudo
isoladamente ou junta a outra bactéria foi o Staphylococcus aureus. A porcentagem
encontrada pelos mesmos foi de 18,27%. Já no presente estudo, houve uma porcentagem
ligeiramente maior (38,49%).
Para Souza et al. (2006), o Staphylococcus aureus foi encontrado em todas as
cédulas de suas análises, o que comprova a semelhança com este estudo, já que este
microrganismo pode ser encontrado na microbiota normal das mãos.
Em se tratando de bactérias da família Enterobacteriaceae, a bactéria mais
encontrada isoladamente foi a Escherichia coli, aparecendo com um percentual de 20,27%.
Já para Inocente; Gomes (2004) e Souza et al. (2006), estes resultados foram menores,
demonstrando 10,11% para os primeiros e 5,8% para os segundos.
Para o crescimento polimicrobiano nas cédulas, ganha destaque o aparecimento de
Staphylococcus aureus associado ao Streptococcus sp (20,94%), o que corrobora com os
resultados apresentados por Souza et al. (2006), no qual apresentaram 34,7% de
37
positividade para Streptococcus sp e 20,4% de resultados positivos para o Staphylococcus
aureus.
Uma outra bactéria encontrada neste estudo foi a Klebsiella sp, aparecendo em
10,78% das amostras, esta porcentagem somada dos resultados encontrados com
crescimento individual com os resultados obtidos de bactérias que cresceram na mesma
placa. Para Inocente; Gomes (2004) o crescimento do gênero Klebsiella foi de 13,46%, o
que demonstra que a mesma é bem frequente nos isolados dos dois estudos.
Em se tratando do gênero Proteus houve uma positividade de 18,05% no total das
amostras somadas entre si (crescimento individual e agrupado). Inocente; Gomes (2004)
demonstraram um resultado muito inferior em relação a este estudo. As autoras
demonstraram uma positividade apenas de 1,93% no total de seus isolados. O clima e a
temperatura diferente entre os Estados de Santa Catarina e Paraná podem ter contribuído
para os diferentes achados.
Dos estudos pesquisados, nenhum relatou a aparição de Pseudomonas sp. Esta
bactéria tolera grandes variações de temperatura, vive no solo, plantas, frutas e vegetais,
gosta de ambientes úmidos (FERRAREZE et al., 2007). O fato desta bactéria aparecer
neste estudo pode estar na razão da mesma tolerar ambientes úmidos e variações de
temperatura, e também por ser encontrada em alimentos como frutas e vegetais.
O não crescimento microbiano em 2 amostras (menos de 2%) pode ter sido obtido
devido estas duas cédulas analisadas serem muito novas e estarem em bom estado de
conservação, ou devido a erros na coleta, armazenamento ou cultivo das amostras.
O crescimento bacteriano por notas também foi elucidado por Inocente; Gomes
(2004). Neste estudo o crescimento de Escherichia coli na cédula de R$ 1,00 apresentou
uma porcentagem de 23,33%. Para Inocente; Gomes (2004), o resultado obtido foi bem
menor, onde 6,78% das cédulas de R$ 1,00 apresentaram Escherichia coli no isolamento. A
cédula de R$ 5,00 neste estudo apresentou 23,32% de isolados de Escherichia coli.
Inocente; Gomes (2004) obteram um percentual de 13,04% para isolados de Escherichia
coli na cédula de R$ 5,00. Já a cédula de R$ 10,00 neste estudo, apresentou 29,99% de
isolados de Escherichia coli. Com um resultado de 9,31%, Inocente; Gomes (2004)
demonstraram o isolamento de Escherichia coli na cédula de R$ 10,00.
O crescimento de Staphylococcus aureus na cédula de R$ 1,00 neste estudo
apresentou um percentual de 30%. Para Inocente; Gomes (2004), o percentual obtido foi de
18,63%. A cédula de R$ 5,00 neste estudo apresentou 46,66% de isolados de
Staphylococcus aureus. Para Inocente; Gomes (2004), o número percentual obtido foi de
21,75%. Já na cédula de R$ 10,00 deste estudo, o percentual obtido foi de 33,32% para
isolados de Staphylococcus aureus. Inocente; Gomes (2004) demonstraram um percentual
de 11,63% para a mesma bactéria neste mesmo valor de cédula.
38
Neste estudo, Klebsiella sp não apresentou crescimento na cédula de R$ 1,00. Para
Inocente; Gomes (2004), o percentual obtido foi de 8,46%. A cédula de R$ 5,00 neste
estudo apresentou um percentual de 19,99% para isolados de Klebsiella sp. Para Inocente;
Gomes (2004), o percentual obtido foi de 15,94%. Já a cédula de R$ 10,00 deste estudo,
apresentou um percentual de 9,99% para isolados de Klebsiella sp. Inocente; Gomes (2004)
obteram um percentual de 25,59% para isolados de Klebsiella sp em notas de R$ 10,00.
O crescimento do gênero Proteus sp na cédula de R$ 1,00 neste estudo demonstrou
um percentual de 16,66%. Para Inocente; Gomes (2004), o percentual do resultado obtido
foi de 0,00%. A cédula de R$ 5,00 neste estudo apresentou um percentual de 19,98% para
isolados de Proteus sp. Para Inocente; Gomes (2004), o percentual achado foi de 2,9%. Já a
cédula de R$ 10,00 deste estudo, apresentou um percentual de 13,32% para amostras
isoladas de Proteus sp. Já para Inocente; Gomes (2004), utilizando o mesmo valor de
cédula, o percentual obtido foi de 0,00% para isolados de Proteus sp.
39
7. CONCLUSÕES
Das 150 notas pesquisadas houve crescimento bacteriano em 148 amostras,
totalizando um percentual maior que 98% das amostras. A maioria das cédulas de Real
apresentou crescimento microbiológico, não havendo diferenças entre notas mais velhas e
notas mais novas. Não houve grandes diferenças também nos valores das notas, pois as
mesmas bactérias cresceram em todos os cinco valores pesquisados.
Escherichia coli isoladamente e Staphylococcus aureus agrupada à Streptococcus sp
foram as bactérias de maior incidência em todos os amostrais testados.
A grande prevalência de bactérias fecais nas cédulas de dinheiro pode estar no fato
de que nem todas as pessoas têm hábitos de higiene saudáveis e de que muitas delas não
possuem os mínimos recursos de saneamento básico.
Por outro lado, a detecção de crescimento de Streptococcus sp e Staphylococcus
aureus não provoca muito espanto, devido aos mesmos estarem na pele (mãos das
pessoas) e o Staphylococcus aureus ser flora normal de algumas pessoas. Desse modo,
cabe uma boa higienização das mãos após o manuseio das notas, diminuindo assim a
quantidade de bactérias na mesma e, ao mesmo tempo, minimizando os riscos de uma
possível infecção bacteriana.
40
8. REFERÊNCIAS
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