1 TERESINHA ROSA CABRAL Potencial Genotóxico do Extrato Aquoso da raiz da planta Physalis Angulata Belém – Pará 2005 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. 2 TERESINHA ROSA CABRAL Potencial Genotóxico do Extrato Aquoso da raiz da planta Physalis Angulata Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Neurociências e Biologia Celular, do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Prof. Orientador: Dr. Rommel M. R. Burbano Belém – Pará 3 2005 Dados Internacionais da Catalogação-na-Publicação (CIP) Biblioteca de Pós-Graduação do ICB-UFPA – Belém (PA) Cabral, Teresinha Rosa Potencial genotóxico do extrato aquoso da raiz da planta Physalis Angulata / Teresinha Rosa Cabral; orientador, Rommel Mario Rodríguez Burbano. – 2005. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia Celular, Belém, 2005. 1. Plantas medicinais. 2. Plantas medicinais – Toxicidade. 3. Solanaceae. 4. Toxicologia genética. 5. Matéria médica vegetal. I. Título. 4 CDD – 20. ed. 615.321 5 TERESINHA ROSA CABRAL Potencial Genotóxico do Extrato Aquoso da raiz da planta Physalis Angulata Banca Examinadora: ________________________________________________ Prof. Dr. Rommel Mario Rodrigues Burbano (orientador) Departamento de Biologia, CCB, UFPA ________________________________________________ Prof. Dr. José Luiz Martins do Nascimento Departamento de Fisiologia, CCB, UFPA ________________________________________________ Profª Drª. Maristela Gomes da Cunha Departamento de Patologia, CCB, UFPA ________________________________________________ - Profª Dra. Marucia I. Medeiros de Amorim Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, UNAMA ________________________________________________ Prof. Dr. Edivaldo Herculano Corrêa de Oliveira (suplente) Departamento de Genética, CCB, UFPA Belém – Pará 6 2005 DEDICATÓRIA ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬ AMIGOS Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências. A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem juntos de mim, compartilhando daquele prazer .Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos! 7 A gente não faz amigos, reconhece-os. (Vinícius de Moraes) 8 Aos meus pais, João e Fátima, pelo amor transmitido e por seus ensinamentos que me tornaram a pessoa que sou. 9 Aos meus irmãos João, Léa, Conce, Gênia, Bel, Pedro e Ivone, aos meus sobrinhos Fer, Carol, Tiago, Pedro Henrique, Lucas, Leila por existirem na minha vida, pois sei que sem eles eu seria um pouco menos. E a minha Marina, estímulo às minhas conquistas. 10 AGRADECIMENTOS ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬ Descobertas e aperfeiçoamentos importantes invariavelmente envolvem a cooperação de muitas mentes. Eu posso ter recebido o crédito por ter deixado uma trilha, mas quando olho o desenvolvimento subseqüente, eu percebo que o mérito pertence também aos outros. (Graham Bell) Ao concluir este trabalho quero registrar minha gratidão às pessoas que atuaram de modo fundamental para a sua realização. Ao Profº Dr. Rommel Burbano, no processo de orientação deste trabalho. A uma pessoa muito especial, Profª Dra. Isabel Cabral, por sua contribuição imprescindível na construção deste trabalho. A Coordenação do Curso de Pós-graduação em Neurociências e Biologia Celular, UFPA. De maneira muito especial à equipe do Laboratório de Citogenética Humana e Genética Toxicológica, pelo apoio, mesmo que algumas vezes, apenas emocional. 11 A ciência será sempre uma busca, jamais um descobrimento real. É uma viagem, nunca uma chegada. 12 Karl Popper 13 RESUMO ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬ A Physalis angulata pertece à família Solanaceae que é largamente distribuída nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Extratos e infusões desta planta são amplamente usados em vários continentes na medicina popular para tratamento de uma variedade de patologias, tais como: malária, gonorreia, dermatite, hepatite, entre outras. Todavia, não há relatos de investigação da genotoxicidade de extratos aquoso desta planta. Assim, o objetivo desta pesquisa foi investigar o potencial genotóxico do extrato aquoso da P. angulata, nos linfócitos de sangue periférico humano, usando os ensaios de aberrações cromossômicas e de eletroforese em gel de células individualizadas ou teste do Cometa. Os resultados obtidos neste estudo indicam que: (a) na presença do extrato aquoso nas concentrações de 0,1 µg/mL, 0,5 µg/mL, 1 µg/mL, observou-se um aumento na taxa de proliferação dos linfócitos tratados (p<0,01), (b) as concentrações acima de 2 µg/mL as doses foram consideradas citotóxicas, pois resultou em 50% de citotoxicidade comparada ao controle negativo; (c) o extrato aquoso da P. angulata não apresentou efeito clastogênico; (d) houve indícios de quebra de fitas simples do DNA ou outro tipo de lesão nessa molécula, segundo o teste do Cometa. O Extrato aquoso da P. angulata exibiu efeito tóxico sobre o cromossomo ou sobre a molécula de DNA. 14 ABSTRACT ▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬ The Physalis angulata belong to the Solanaceae family that is widely distributed in tropical and subtropical regions of the world. Extracts and infusions of this plant are widely used in various continents in folk medicine to treat a variety of diseases such as malaria, gonorrhea, dermatitis, hepatitis, among others. However, there are no reports of investigation of genotoxicity of extracts or isolated compounds from this plant. The objective of this research was to investigate the genotoxic potential of aqueous extract of P. angulata, in human peripheral blood lymphocytes, using the chromosomal aberrations assay and single cell gel electrophoresis (Comet Assay). The results of this study indicate that: (a) in the presence of aqueous extract at concentrations of 0.1 g / mL, 0.5 mg / mL, 1 mg / mL, there was an increased rate of proliferation of lymphocytes treated (p <0.01), (b) concentrations above 2 mg / mL doses were considered cytotoxic because it resulted in 50% cytotoxicity compared to negative control, (c) the aqueous extract of P. angulata showed no clastogenic effect, (d) there were no breaks single strands of DNA or other type of lesion in this molecule, second test of the Comet. The aqueous extract of P. angulata showed toxic effect on the chromosome or on the DNA molecule. 15 SUMÁRIO I INTRODUÇÃO I.1 AS PLANTAS MEDICINAIS I.2 FITOTERÁPICOS NO SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO 1.3 PESQUISA DE GENOTOXICIDADE EM PLANTAS MEDICINAIS I.3.1 Alterações na Molécula de DNA a) Teste das Aberrações Cromossômicas b) Teste do Cometa (SCGE – Single Cell Gel Eletrophoresis) I.3.2 A pesquisa da genotoxicidade de plantas medicinais no Brasil I.4 A Physalis angulata I.4.1 Taxonomia I.4.2 Descrição da Planta I.4.3 Etnofarmacologia da Physalis angulata I.4.4 Efeito biológico de extratos e compostos derivados de P. angulata a) Atividade antiinflamatória b) Atividade Imunomoduladora c) Atividade Antitumoral II OBJETIVOS III MATERIAL E MÉTODOS III.1 MATERIAL BOTÂNICO III.2 OBTENÇÃO DO EXTRAÇÃO AQUOSO DA PLANTA P. angulata 11 13 14 16 17 17 18 20 20 20 24 26 27 27 27 30 31 31 31 III.3 AMOSTRA CELULAR 31 III.4 CULTIVO DE LINFÓCITOS DO SANGUE PERIFÉRICO 32 III.4.1 Teste do Cometa em linfócitos humanos 32 III.4.2 Teste das Aberrações Cromossômicas 34 III.5 Análise Estatística 34 IV RESULTADOS 35 IV.1 EFEITO GENOTÓXICO DO EXTRATO AQUOSO DA Physalis angulata EM LINFÓCITOS HUMANOS DE SANGUE PERIFÉRÍCO, TRATADOS IN VITRO , AVALIADO PELO ENSAIO DO COMETA. IV.2 EFEITO GENOTÓXICO DO EXTRATO AQUOSO DA Physalis angulata EM LINFÓCITOS HUMANOS DE SANGUE PERIFÉRÍCO TRATADOS IN VITRO , AVALIADO PELO ENSAIO CITOGENÉTICO DE ABERRAÇÕES CROMOSSÕMICAS. V DISCUSSÃO VI CONCLUSÃO 42 43 VII REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47 11 I - INTRODUÇÃO I.1 – AS PLANTAS MEDICINAIS Ao longo de sua história, o ser humano acumulou informações sobre o ambiente que o cerca e, sem dúvida, toda essa informação foram baseadas na observação constante e sistemática dos fenômenos e características da natureza e na experimentação empírica desses recursos. A preocupação em desvendar e resgatar o conhecimento referente ao uso dos elementos do ambiente natural incluiu os conhecimentos relativos ao mundo vegetal, em especial, o estudo das plantas medicinais. Sabe-se que o uso das espécies vegetais com fins de tratamento e cura de doenças e sintomas, se perpetuou na história da civilização humana e chegou até os dias atuais. A utilização de fitoterápicos1 e seus efeitos genotóxicos, tem sido alvo de muitos estudos, pois o uso dos produtos naturais tem sido utilizado como uma tentativa de buscar novas opções de combate a diferentes patologias, porém, poucos estudos têm sido realizados acerca da genotoxicidade de fármacos. Grande parte dos medicamentos comercializados são oriundos dos produtos naturais, principalmente de plantas. Além disso, sabe-se que os produtos naturais na medicina alternativa (homeopatia, florais de Bach) ou fitoterápica (produtos de origem vegetal, como ervas medicinais) são utilizados por aproximadamente 80% da população mundial, através dos chamados remédios “naturais” (UICN, 1993). Há um estímulo crescente, principalmente das indústrias farmacêuticas para realização de estudos das propriedades farmacológicas de princípios ativos isolados de plantas, na tentativa de descobrir novas moléculas de valor terapêutico, 1 Fitoterápico é todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se exclusivamente matériasprimas ativas vegetais com finalidade profilática, curativa e para fins de diagnósticos, com benefício para o usuário. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade: é o produto final acabado, embalado e rotulado, segundo a PORTARIA Nº 6/MS/SNVS de 31 de janeiro de 1995. 12 principalmente as encontradas nas florestas tropicais, tais como a existente na região amazônica. Para realização destes estudos, são adotados testes padronizados em animais, usando extratos de milhares de plantas, porém estes testes são demorados, têm custos elevados e os resultados nem sempre são os esperados pela indústria. Para minimizar custos e aumentar a especificidade, os pesquisadores recorrem ao conhecimento etnobotânico, a fim de dirigir os estudos experimentais, e visando identificar substâncias ou compostos com efeito terapêutico comprovado, cientificamente. Considerando a enorme biodiversidade, além do conhecimento etnobotânico e etnofarmacológico, muito comum entre a população brasileira, o Brasil poderia ser um país potencialmente importante neste mercado (FERREIRA, 1998; BALICK & MENDELSOHN, 1992; ALICE et al, 1991) A flora brasileira, com sua grande biodiversidade, apresenta muitas plantas medicinais, com possível valor terapêutico, com base nas indicações etnofarmacológicas, são usadas para o tratamento de doenças específicas, tais como: quebra-pedra (Phyllanthus niruri L.), utilizada na redução de cálculo renal, calêndula (Calendula officinalis L.) usada como cicatrizante e anti-séptico, ipê-roxo (Tabebuia avellaneade) para asma e infecções, babosa (Aloe Vera) usada como hidratante e antiinflamatório e pata-de-vaca (Bauhinia forficata) para curar diabetes tipo II. Porém, pouco se conhece a cerca dos efeitos biológicos da grande maioria dessas plantas (BARROS et al., 2003; CHOI & CHUNG, 2003; DE MIRANDA et al, 2004; PEPATO et al., 2004) É inegável a existência de muitos benefícios no uso de um produto natural, porém necessariamente, não implica em ausência de efeitos colaterais. Sabe-se que a utilização de algumas plantas medicinais pode causar riscos à saúde humana, o que já foi registrado para plantas tais como: o confrei (Symphitum sp.L) que pode causar lesões hepáticas, inclusive carcinoma (Hirono et al., 1978); a folha do pessegueiro (Amygdalus pérsica L.) que contêm amigdalina, um glicosídeo altamente tóxico que gera ácido cianídrico ao ser hidrolisado no organismo, provocando a inibição da respiração celular e consequente anóxia; a flor da dedaleira (Digitalis purpúrea) que contêm digitalis, medicamento utilizado para aumentar as contrações do coração em paciente com insuficiência cardíaca, porém estes glicosídeos possuem dose terapêutica próxima à dose tóxica (MARULLAZ, 1991). 13 Adicionalmente, muitos xenobiontes, incluindo substâncias isoladas de plantas medicinais, são capazes de induzir modificações químicas no DNA as quais podem ser nocivas às células, pois interferem em processos vitais, como a duplicação do DNA e a transcrição gênica, bem como podem agredir a estrutura do DNA promovendo lesões gênicas e cromossômicas (TRAORE et al., 2000; TAYLOR et al., 2003; VERSCHAEVE et al., 2004). Estas alterações podem culminar com a morte celular ou o desenvolvimento de processos neoplásicos. A identificação dos possíveis efeitos biológicos desses produtos naturais com propriedades farmacológicas permite definir a melhor forma de sua utilização em larga escala, sendo de impacto para populações de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, uma vez que o custo para a produção dos fitoterápicos é inferior àquele para as drogas industrializadas (FERREIRA, 1998). O consumo cada vez maior de fitoterápicos tem despertado o interesse em pesquisas científicas nessa área, e o custo inferior na sua produção tem motivado a implantação nos sistema de saúde pública. I.2- FITOTERÁPICOS NO SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO Parte da população brasileira utiliza-se de vegetais para amenizar seus males e as propriedades medicinais em muitas dessas plantas ainda reside apenas em observações etnobotânicas. Paralelamente, estudos científicos têm comprovado a atividade farmacológica de extratos vegetais, o que vem forçando o governo brasileiro a estabelecer uma política de apoio às pesquisas com fitoterápicos bem como sua utilização pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Assim sendo, alguns fitoterápicos vêm sendo introduzidos nas farmácias do Sistema de Saúde de diversas cidades brasileiras, inclusive capitais, como pode observado para o Programa de Plantas Medicinais da Secretaria do Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Farmácia Popular da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas (SP), Programas Farmácia Verde e Farmácia Viva, de Ipatinga e Betim (MG). Somando-se ao movimento internacional de valorização das plantas medicinais em larga escala, e considerando-se os riscos no seu uso indiscriminado, há pouco tempo o governo brasileiro passou a recomendar que os fitoterápicos 14 sejam alvos de investigação do seu potencial mutagênico antes de serem comercializados. Tal ação foi implementada pelo Ministério da Saúde do Brasil por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na Resolução-RE nº90, de 16 de março de 2004, a qual determinou que os estudos de toxicidade pré-clínica de produtos fitoterápicos incluam a avaliação in vitro e in vivo de genotoxicidade, sugerindo o teste da reversão de mutação em bactérias (com e sem ativação metabólica), de danos a cromossomos de mamíferos e a avaliação do dano em cromossomos de células hematopoiéticas de roedores (BRASIL, 2004). Essa exigência deve-se ao fato de que, concomitante a comprovação do efeito farmacológico é indispensável a investigação de genotoxicidade, visto que esse efeito pode ser extrapolado como de risco para a saúde humana. Essa determinação busca a segurança no uso da fitoterapia, ou seja, a minimização ou eliminação de possíveis efeitos colaterais citotóxicos e genotóxicos do uso de fitoterápicos, uma vez que esses efeitos foram identificados para alguns extratos de plantas medicinais (VERSCHAEVE et al, 2004; TAYLOR et al, 2003; TRAORE et al, 2000). Embora várias plantas sejam utilizadas com fins terapêuticos, inclusive comercializadas, em muitos casos não se possui dados científicos que comprovem sua eficácia e seu espectro toxicológico no homem. Porém, as exigências de segurança, eficácia e qualidade, estabelecidas pelas agências regulamentadoras de medicamentos, se tornaram mais rígidas, sendo que a permanência ou entrada no mercado desses produtos está relacionada com o desenvolvimento de estudos científicos objetivando a obtenção de matérias-primas controladas, o desenvolvimento de tecnologias apropriadas para a obtenção de extratos vegetais e, especialmente, a realização de ensaios biológicos (BRASIL, 2004). I.3 – PESQUISA DE GENOTOXICIDADE DE PLANTAS MEDICINAIS Segundo a Food and Drug Administration (FDA-USA, 1997) e outras agências especializadas, a pesquisa de genotoxicidade de produtos naturais deve se iniciar com a aplicação do teste de Ames que avalia a capacidade de compostos ou misturas complexas induzirem mutações em Salmonella, tendo excelente correlação com a genotoxicidade induzida no genoma humano. Complementando a 15 bateria mínima, tem-se os testes in vitro com células humanas com análise de lesões no DNA e em cromossomos (testes do Cometa e das aberrações cromossômicas) que refletem diretamente o potencial genotóxico do agente-teste, útil para predição de riscos. Há uma ampla variedade de agentes capazes de induzir lesões no DNA celular, estas podem ser reparadas, restaurando a função biológica da informação genética, ou podem não ser reparadas ou reparadas inadequadamente, resultando em mutações. Algumas dessas mutações podem ser visualizadas como aberrações cromossômicas, dessa forma, pode-se avaliar a atividade mutagênica de um agente por meio de análise dessas alterações (GOLLIN, 2005). Os linfócitos são indicadores sensíveis aos agentes genotóxicos, pois há uma correlação entre os danos induzidos nas células do sangue e outras células somáticas, servido de eficiente modelo para pesquisas de genotoxicidade, além de apresentarem uma vida relativamente longa, circulam por todos os tecidos, e ainda, são facilmente obtidos. Dentre os ensaios, tem-se os que utilizam linfócitos circulantes, tais como a pesquisa de aberrações cromossômicas ou micronúcleo e o teste do cometa (ALBERTINI et al, 2000; RABELLO-GAY et al, 1991). Os resultados dos ensaios in vitro utilizando linhagens celulares estabelecidas ou linfócitos circulantes de sangue periférico podem ser extrapolados para a exposição humana, porém, deve-se considerar as limitações dessa extrapolação, uma vez que não é possível reproduzir todas as condições fisiológicas da exposição in vivo, como por exemplo, o funcionamento dos sistemas de biotransformação e de reparo de lesões no DNA (PRESTON, 2005). Mesmo considerando as limitações dos ensaios in vitro, estes são de grande valia, pois possuem a vantagem de similaridade com o sistema humano e, consequentemente com mutações importantes na etiologia de doenças degenerativas como o câncer e outras doenças genéticas (FENECH, 2000; MOLLER et al, 2000). A toxicidade genética não é uma medida de carcinogenicidade, mas é frequentemente usada como indicador para o câncer, uma vez que os testes de mutagenicidade medem o evento inicial ou intermediário da tumorigênese (NOWAK et al, 2002), há uma associação entre os resultados positivos em testes de toxicidade genética e a carcinogenicidade. 16 Sabe-se que as mutações gênicas atuam em etapas do processo de carcinogênese e que ensaios que detectam compostos genotóxicos permitem identificar substâncias com risco potencial à saúde humana. Dentre os principais testes utilizados para detecção de potencial mutagênico de agentes químicos estão os testes citogenéticos in vitro em células de mamíferos que podem detectar alterações cromossômicas estruturais e/ou numéricas (RIBEIRO & MARQUES, 2003). I.3.1 – Alterações na molécula de DNA Em exposição ambiental, o DNA pode sofrer alterações em suas bases nitrogenadas, que podem resultar em mutações estabelecidas após a sua duplicação, na divisão celular, cuja consequência dependerá da extensão e localização do evento. As mutações podem não ter efeito biológico, por não atingirem os genes ou por não alterarem a estrutura e função das proteínas correspondentes. As mutações gênicas tem um amplo espectro de efeitos, podendo inclusive determinar a morte celular ou o crescimento desordenado das células, caracterizando os neoplasmas (HASTY, 2005). As mutações podem ser classificadas como mutações de ponto, quando alteram poucos nucleotídeos, ou cromossômicas, quando envolvem milhares de nucleotídeos e alteram a estrutura ou número dos cromossomos, sendo que os agentes que induzem as aberrações cromossômicas estruturais são denominados clastogênicos, enquanto aqueles que induzem aberrações numéricas são ditos turbagênicos. Tais agentes podem ser de natureza química, física ou biológica (CARRANO & NATARAJAN, 1988). As alterações cromossômicas numéricas pode ser por ganho ou perda de lote haplóide (euploidia) ou por alteração de cromossomos em número diferente do número haploide (aneuploidias) (MITCHELL et al., 1995). As alterações cromossômicas estruturais podem ser classificadas em instáveis e estáveis, sendo que as instáveis conduzem à morte celular, como os cromossomos em anel e multicêntricos. São consideradas estáveis as alterações na estrutura cromossômica que não atrapalham o processo mecânico da divisão celular, podendo desta forma passar para outras gerações celulares, como são as translocações e deleções. Todavia, estas podem ser responsáveis por alterações na função ou comportamento social da célula (MOORE & BENDER, 1993). 17 Independente da viabilidade, as alterações cromossômicas estruturais são o resultado de quebra na estrutura da molécula de DNA seguidas de reparo inexato ou ausência de reparo. Por conseguinte, a presença de alterações cromossômicas é um indicativo de que a célula sofreu dano no DNA decorrente de algum agente indutor. Da mesma forma, a presença de quebras cromatídicas identificadas em metáfase é interpretada como uma mutação cromossômica em potencial, pois o reparo não corrigiu a lesão inicial (BRYANT, 2004). As quebras na dupla hélice de DNA podem ser causadas por agentes exógenos, como as radiações ionizantes e inibidores de topoisomerases, ou por agentes endógenos, como as espécies reativas de oxigênios (PIERCE et al, 2001). Essas quebras, quando ocorrem em S tardio ou G2, podem ser corretamente reparadas por recombinação homóloga. Todavia, a forma mais comum de reparo desse tipo de lesão é a ligação das extremidades, a qual não é livre de erros por desconsiderar a identidade das moléculas envolvidas no reparo, o que pode conduzir a rearranjos complexos. Esta forma de reparo ocorre em toda a interfase (LEES-MILLER &MEEK, 2003). a) Teste de aberrações cromossômicas A detecção de danos ocorridos no material genético pode ser feita por vários métodos, dentre estes, os citogenéticos, geralmente usando células obtidas de animais ou linfócitos de sangue periférico. Estudos epidemiológicos indicam que há relação entre a frequência elevada de aberrações cromossômicas em linfócitos de sangue periférico e risco elevado para o desenvolvimento de doenças humanas, inclusive o câncer (BONASSI et al, 1995; HAGMAR et al, 1998; NATARAJAN, 2002). Assim, as aberrações cromossômicas são consideradas como importantes biomarcadores da exposição humana a agentes genotóxicos (OBE et al, 2002) e vem sendo amplamente utilizada em vários tipos celulares para diversos fins, tais como, genética toxicológica, biomonitoramento e em dosimetria biológica, por sua sensibilidade aos danos ocorridos ao DNA, além de apresentar uma taxa espontânea relativamente baixa (NATARAJAN, 1993). b) - Teste do Cometa (SCGE – Single Cell Gel Eletrophoresis) 18 Por definição o nucleóide é uma série de alças superenoveladas de DNA desprovido de histonas, aderidas à matriz nuclear residual, do tamanho do núcleo da célula. Caso existam quebras na molécula de DNA, a estrutura do nucleóide sofre mudanças durante a microeletroforese, visto que as alças relaxadas de DNA e os fragmentos livres de DNA danificado se desenovelam migrando para além do nucleóide. O teste do Cometa é muito utilizado no estudo de dano e reparo de DNA por ser relativamente fácil e rápido, com sensibilidade semelhante à técnica citogenética, além de requerer quantidade pequena de célula e não necessita de proliferação celular (OSTLING & JOHANSON, 1984) Em 1989, Olive seguriu o nome “Comet Assay” a este teste, devido ao nucleóide com o DNA danificado, no momento de migração, ser semelhante a um cometa. No teste, as células são analisadas e classificadas segundo o comprimento e intensidade da cauda, a qual indica fitas de DNA danificadas (SINGH et al, 1988, 1991; POOL-ZOBEL et al, 1994; SPEIT et al, 1995). Atualmente, o tamanho, a intensidade de flourescência, o aspecto e outras características dos cometas são visualmente mensurados sob microscopia óptica ou por programas específicos de análise de imagem (TICE, 1995). O teste do Cometa é muito utilizado em estudos toxicogenético, pois apresenta muitas vantagens quando comparado com outros testes para detecção de substâncias genotóxicas. Esse teste detecta lesões genômicas que podem resultar em mutação, que não foram corretamente reparadas, porém não quantifica mutações estabelecidas. Por isso, pode ser também utilizado para estudos de reparo do DNA, podendo trazer informações importantes sobre a cinética e o tipo de lesão reparada, embora não possibilite inferir a fidedignidade do processo de reparo. O teste permite a detecção de danos e seu reparo em uma única célula, e conseqüentemente em determinada subpopulação celular, por isso sua relevância para avaliação de compostos genotóxicos, visto que os danos no DNA são freqüentemente célula e tecido-específicos (GONTIJO & TICE, 2003). O ensaio do cometa combina a simplicidade das técnicas bioquímicas para detecção de quebra de fita simples de DNA e/ou sítios álcali-lábeis com as abordagens típicas dos ensaios citogenéticos, e algumas vantagens tais como: sensibilidade para detecção de danos no DNA; a coleta de dados em células individualizadas, o uso de amostras de células extremamente pequena; e qualquer 19 população de células de eucarioto pode ser utilizada para análise (SPEIT & HARTMANN, 2005). I.3.2 – A pesquisa da genotoxicidade de plantas medicinais no Brasil O Brasil, sendo um país com enorme biodiversidade, pode contribuir para o desenvolvimento de medicamentos produzidos a partir de plantas, porém percebese um pequeno avanço nesta direção, pois existem vários produtos naturais sendo utilizados com fins terapêuticos e comercializados, sem a comprovação científica de sua atividade biológica no homem. A despeito disso, é inexpressiva a investigação do potencial genotóxico de plantas medicinais brasileiras, tendo sido publicados poucos trabalhos com esse enfoque, tais como: Vargas et al. (1991) empregou o teste do Salmonella para avaliar a presença da atividade mutagênica dos extratos aquosos de Achyrocline satureoides (Macela), Baccharis anômala, Luehea divaricata (Açoita cavalo), Iodina rhombifolia (Cancorosa), Desmodium incanum (carrapicho-beiço-de-boi), Tibouchina asperior (douradinha) e Maytenus ilicifolia (Espinheira Santa). O resultado positivo foi observado apenas para as três primeiras, mediante ativação por enzimas microssomais. Ribeiro et al. (1991, 1993) avaliaram a clastogenicidade in vivo de extrato aquoso do fruto de Indigofera suffruticosa Mill. ; extrato hidroalcoólico da raiz de Solanum agrarium Stendt e extrato aquosos e metanólicos de folhas e frutas de Crotalaria retusa L e Crotalaria mucronata Desv. Os autores relataram atividade genotóxica em I. suffuticosa na diluição de 25% da DL502 e os extratos obtidos das frutas de Crotalaria retusa induziram um aumento dose-dependente na frequência de aberrações cromossômicas. O óleo de Pterodon pubescens (sucupira), a lactona eremantina, extraída da Eremanthus elaeagnus, ambos usados como cercaricida, e o alcaloide bondina, extraído de Peumus boldus (boldo-do-chile), não tiveram atividade clastogênica em experimentos com células de mamíferos in vivo e in vitro (TAVARES & TAKAHASHI, 1994; DIAS et al., 1995). 2 A DL50 equivale à dose letal para 50% dos animais tratados. Em experimentos in vitro, equivale-se àquela dose que reduz à metade o índice mitótico. 20 A associação de pesquisas farmacológicas e de genotoxicidade permite estabelecer um contraponto entre efeitos terapêuticos e dose segura a ser utilizada. Assim, a ausência de pesquisas sobre a genotoxicidade de fitoterápicos é um fator de risco para população, bem como compromete a finalização das pesquisas de novos fármacos e a comercialização daqueles já identificados. Esse fato justifica a realização de ensaios para investigação da genotoxicidade em Physalis angulata, ainda inéditos na literatura pertinente. Existe uma grande variedade de plantas utilizadas na medicina alternativa, cuja utilização está baseada apenas em observações, porém existem outras com valor terapêuticos confirmados cientificamente e outras que estão em fase de estudos. Dentre estas últimas tem-se a Physalis angulata, objeto deste estudo, no qual serão apresentadas suas propriedades terapêuticas e sua atividade biológica, com ênfase nos efeitos sobre o DNA. I.4 – A Physalis angulata I.4.1 – Taxonomia A planta Physalis angulata pertence ao reino Plantae, a divisão Magnoliophyta, a classe Magnoliopsida, ordem Solanales e a família Solanaceae. Nesta família existem aproximadamente duas mil espécies distribuídas em 95 gêneros, além de apresentar uma ampla variedade de plantas que são econômica e/ou farmacologicamente importantes, dentre estas são encontrados os gêneros Solanum (batata) o Capsicum (pimenta), além do physalis (camapu) (TOMASSINI, et al., 2000). I.4.2 – Descrição da planta O gênero Physalis inclui cerca de cento e vinte espécies conhecidas, dentre estas podemos destacar P. alkekengi, P. lanceolata, P. latifólia e a P. angulata. Como sinonímia científica a P. angulata pode ser identificada como: Physalis capsicifolia, Physalis lanceifolia, Physalis ramosissima, Physalis dubia Link; Physalis linkiana Nees; Physalis ciliata Sieb et Zucc, com descrições botânicas análogas (RODRIGUES, 1989; LORENZI, 1982; MARTINS, 1989). Neste gênero as plantas apresentam caracteres herbários e hábitos perenes, e se distribuem ao 21 longo de regiões tropicais e subtropicais do mundo, principalmente nas Américas Central e do Sul (KISSMANN & GROTH, 1995, TOMASSINI et al, 2000; SANTOS et al., 2003). A P. angulata apresenta forma de vida herbácea, que pode alcançar até um metro de altura, é uma erva anual, muito ramosa e glabra, de caule ereto e formato triangular na base e quadrangular, tanto na parte superior quanto nos ramos, apresentando coloração verde clara (Figura 1). Suas folhas ovado-oblongas, alternadas ou geminadas, dotadas de pecíolo longo, cerrada-dentada. Possui flores pequenas e amareladas (Figura 2), e fruto comestível, apresentando-se como uma baga de 2 a 3 cm de diâmetro, amarelo-esverdeado quando maduro, encerrado totalmente pelo cálice, contendo grande quantidade de sementes, assemelhando-se a um tomate (Figura 3) . Suas sementes apresentam grande poder germinativo, preferencialmente em solos semi-úmidos e sombreados. Em conseqüência, é amplamente encontrada na Amazônia, inclusive infestando lavouras e, portanto é considerada como planta daninha, conforme apresentado na Figura 4 (LORENZI, 1982). Dependendo do local onde é encontrada é da cultura popular regional, a P. angulata é vulgarmente conhecida como camapu, mulaca, bolsa mullaca, canapu, bicho-de-rã, mata-fome, juá-de-capote, camambu ou camaru (BRANCH & SILVA, 1983). O fruto de P. angulata é comumente consumido, no continente americano, principalmente nas áreas rurais, tendo se tornado popular nas grandes cidades a partir do crescente consumo na Europa e Japão. Em diferentes continentes, esse vegetal tem ainda uma ampla utilização na medicina popular (SOARES et al., 2003). 22 Figura 1: Planta Physalis angulata, visualizando-se folhas, flores e frutos. Figura 2: Visualização da flor da Physalis angulata. 23 Figura 3: Fruto da Physalis angulata revestido com o cálice. Figura 4: Physalis angulata como erva daninha. 24 I.4.3 – Etnofarmacologia da P. angulata A P. angulata é uma planta que ocorre nos trópicos, incluindo África, Ásia e Américas e em todos esses continentes seu uso é bastante difundido na medicina popular e, mais recentemente, pelos adeptos da fitoterapia nos demais continentes. Em toda a Amazônia o infuso de diferentes partes da planta é empregado contra problemas hepáticos, renais, reumatismo crônico, sedativo e diurético. Essa planta também é amplamente utilizada no tratamento de gonorréia na América Central e Caribe, sendo também descrita a utilização como anti-pirético, diurético, resfriados, entre outros (ALMEIDA, 1993; CÁCERES et al., 1995; KEMBER & RENG, 1995). Essas e outras indicações de uso da P. Angulata estão compiladas na Tabela 1. 25 Tabela 1: Indicação de uso etnobotânico da P. angulata em diferentes regiões do mundo. Local Utilização Etnobotânica África Esterilidade, males da garganta Gana Antipirético, estômago, síncope Haiti Antipirético, diurético, hidropsia Brasil Antipirético, analgésico, depurativo, diurético, sedativo, dermatite, reumatismo, males da vesícula biliar, dos rins, icterícia e hepatite. China Expectorante, diurético e parto Colômbia Antipirético, antiinflamatório, desinfectante, narcótico, asma, dermatite Gana Antipirético, estômago, síncope Guatemala Malária, prevenção de aborto, gonorréia Japão Antipirético, diurético, antídoto, resfriado, inchaços, garganta Peru Antiinflamatório, asma, diabetes, desinfectante, analgésico, hepatite, males do fígado, malária, reumatismo e dermatite Suriname Diurético, malária, gonorréia, icterícia, nefrites Taiwan Antipirético, diurético, hepatite, tumores Trinidad Antipirético, anti-séptico, indigestão, nefrites, rinite Raintree Nutrition – Tropical Plant Database, disponível em http://www.raintree.com.br/produtos/mullaca_database.htm 26 I.4.4 - Efeitos biológicos de extratos e compostos derivados de P. angulata Inúmeras pesquisas investigaram o efeito de extratos alcoólicos e aquosos de diferentes partes morfológica da P. angulata, bem como de alguns compostos isolados, identificando-se princípios ativos em folhas, flores, raízes, caule e frutos (CACERES et al, 1995; FREIBURGHAUS et al, 1996; CHOI e HWANG, 2003; SOARES et al, 2003; BASTOS, 2006). A partir de estudos fitoquímicos na P. angulata vários compostos foram isolados e quimicamente caracterizados. Dentre esses, encontram-se flavonoides, alcaloides, glicosídeos, vitangulinas, fisangulinas e fisalinas, sendo que alguns desses compostos eram desconhecidos da literatura científica (ROW et al, 1978;1980; SHINGU et al, 1992; ISMAIL et al, 2001). Na comunidade científica, a planta têm sido o alvo de pesquisa laboratorial e clínica e os estudos preliminares têm sugerido que ela é imunomoduladora eficaz e citotóxica para vários tipos de células de câncer e que possui propriedades antimicrobianas. Nas espécies da família Solaneceae estão presentes alguns vitaesteróides, dentre estes estão as vitafisalinas e fisalinas, distribuídos dentre alguns gêneros dessa família. As plantas do gênero Physalis possuem fisalinas, vitafisalinas, vitanolidos, ixocapalactonas, acnistinas dentre outras. Dentre os vitaesteróides, as fisalinas são as mais produzidas pelo gênero Physalis as quais foram isoladas nas seguintes espécies: P alkekengi, P. ixocarpa, P. lanifolia, P. minima, P. peruviana, P. phyladelphia, P. pubescens, P. viscosa e P. angulata. (TOMASSINI et al, 2000). Os vitaesteróides encontrados na P. angulata, tem recebido especial atenção dos pesquisadores por apresentarem diversas atividades biológicas, tais como: antimicrobiana (HWANG et al., 2004, CÁCERES et al., 1995, JANUARIO et al., 2002), antiinflamatário (CHOI & HWANG, 2003), imunomoduladora (SOARES et al., 2003), antitumoral, tripanossomicida (FREIBURGHAUS et al., 1996, NAGAFUGIJI et al., 2004) antimoluscicidal (DOS SANTOS et al., 2003), antimalarica (ANKRAH et al., 2003). As atividades biológicas da P. angulata podem ser assim descritas: a) Atividade Antimicrobiana O poder antimicrobiano pôde ser constatado em diversos estudos. Cáceres et al. (1995), utilizaram extrato hidroalcoólico de folha a 50% e verificaram a 27 atividade antigonorréica deste extrato sobre culturas de Neisseria gonorrhoeae. Freiburghaus et al. (1996), utilizaram um extrato diclorometânico de caule de Physalis angulata em cultura de Trypanosoma brucei rhodesiense, isolado na Tanzânia, e verificaram a atividade anti-tripanossômica desse extrato, na concentração de 0,1 µg/ml. Elegami et al. (2001), verificaram a atividade bactericida de extratos de Physalis angulata extraídos com CHCl3, MeOH e H2O, em culturas de Bacillus subtilis, Staphylococcus, Escherichia coli e Pseudomonas aeroginosa, com zonas de inibição3 que variaram de 12-15 cm. b) Atividade Antiinflamatória Choi e Hwang (2003), em experimentos com ratos, demonstraram que o extrato metanólico das flores de P. angulata exibem uma ação antiinflamatória em edema de pata induzido por carragenina, artrite induzida por formaldeído, além de atividade antialérgicas contra dermatite de contato induzida por 2,4, dinitrofluorobenzeno. O extrato alcoólico de raízes também exibiu atividade antiinflamatória em edema induzido por carreginina em ratos (SOARES et al., 2003, BASTOS, 2004). c) Atividade Imunomoduladora A imunomodulação foi observada em estudos que mostraram esteróides (como as fisalinas B, F e G, mas não D) isolados de P. angulata causando uma redução na produção de óxido nítrico por macrófagos estimulados com lipopolisacarídeo bacteriano (LPS) e interferon-γ. LIN et al. (1992), também demonstraram efeitos de várias frações de extrato de P. angulata na resposta imunomodulatória, incluindo resposta na blastogênese e produção de anticorpos. d) Atividade antitumoral Fisalinas são obtidas a partir do extrato alcoólico de qualquer parte da planta. Compõem um grupo de glicosídeos amargos, do tipo esteróides, cujas atividades antineoplásicas e citotóxica in vivo e in vitro foram demonstradas contra inúmeros tipos de células neoplásicas, por CHIANG et al. (1992a e b). Esses autores 3 Zona de inibição, nos antibiogramas, é a área de ação do disco da droga em uso, que age sobre as bactérias semeadas em placa de Petri, impedindo-as de crescerem. 28 identificaram atividade antineoplásica para as fisalinas F e D em linhagens celulares humanas derivadas de diferentes tumores sólidos: HA22T (hepatoma), HeLa (cervix uterino), KB-16 (carcinoma epidermóide de nasofaringe), Colo-205 (cólon) e Calu-1 (pulmão). Posteriormente, outro estudo do mesmo grupo de pesquisadores da National Taiwan University apresentou o efeito antineoplásico das fisalinas F e B sobre linhagens de diferentes leucemias, merecendo destaque a ação da fisalina F sobre células de leucemia mielóide aguda e leucemia linfóide aguda de células B. Todavia, os autores não apontam o mecanismo responsável por esse efeito. O glicosídeo mirecitina-3-O-neoesperidosídeo demonstrou ter importante toxicidade contra linhagens celulares de carcinoma epidermóide de nasofaringe, adenocarcinoma de pulmão e, principalmente, contra células P388 de leucemia linfocítica (Ismail & Alam, 2001). JUANG et al, (1989), sugeriram que a vintagulina A, princípio ativo da P. angulata inibe a topoisomerase II na concentração de 20 μM in vitro, detendo a proliferação celular. Esse fato poderia justificar o papel dessa planta na anticarcinogenicidade, pois as topoisomerases são enzimas celulares essenciais para manutenção da estrutura da cromatina, atuando no relaxamento da tensão gerada pela torção do DNA durante a transcrição gênica ou replicação do DNA na divisão celular mitótica ou meiótica (MALIK & NITIS, 2004). As topoisomerases quebram e religam uma fita (topoisomerase I) ou duas fitas da molécula de DNA (topoisomerase II). Essa quebra possibilita a passagem DAE uma fita sobra a outra, alterando o número de voltas na molécula de DNA, evitando a superespiralização à frente da forquilha de replicação ou transcrição (WANG, 1985; BERGER & WANG, 1996). Assim, as topoisomerases atuam na manutenção da integridade do genoma. No momento das quebras do material genético, elas se ligam covalentemente às extremidades 5' e 3' geradas por estas, formando um complexo de clivagem DNA-enzima. Estes complexos estão presentes em baixa concentração, porém alguns xenobiontes podem aumentar signficativamente a concentração fisiológica ou o tempo de vida destas quebras, podendo desencadear mutações no DNA e cromossomos (FERGUSON & BAGULEY, 1996). A inibição de topoisomerases tem sido associada a clastogenicidade, e seu envolvimento na segregação cromossômica mitótica e meiótica sugerem a associação desses inibidores com euploidias (poliploidias e endorreduplicação) em 29 Drosophila e humanos (ROWE et al., 1986; FRANCHITTO et al., 2000; CORTÉS & PASTOR, 2003), era sugerido tais efeitos em linfócitos cultivados na presença de P. angulata. Este fato pode justificar a ação antineoplásica de extratos e compostos isolados de P. angulata com possibilidades de gerar lesões cromossômicas. A despeito disso, nenhuma publicação sobre a genotoxicidade dessa planta foi identificada na literatura pertinente. 30 II - OBJETIVOS Geral Investigar o potencial genotóxico do extrato aquoso da raiz da P. angulata. Específicos: a) investigar sua ação sobre a proliferação celular; b) verificar se há efeito sobre as fibras do fuso, capazes de promover aneuploidias ou poliploidias; c) determinar sua capacidade de promover danos na estrutura da molécula de DNA e dos cromossomos; 31 III - MATERIAL E MÉTODOS III.1 - MATERIAL BOTÂNICO A raiz da referida espécie foi coletada no estado do Pará, nos municípios de Belém, Mojú e Castanhal, em áreas de plantação e terra firme. Imediatamente após a colheita da planta toda, a raiz passou pelo processo de limpeza, onde esta foi lavada em água corrente para a retirada dos resíduos de terra. Em seguida, o material botânico foi pesado e processado para a extração do extrato bruto aquoso. A identificação e classificação do material botânico foram feitas pelo Dr. Ricardo Secco, curador do herbário do Museu Emílio Goeldi, onde uma exsicata da espécie foi depositada. III.2 – OBTENÇÃO DO EXTRATO AQUOSO DA PLANTA P. angulata O extrato bruto foi obtido da raiz da planta, as quais foram pesadas após a colheita, a partir da qual extraiu-se por decocção. Adicionando 150 g de raiz, devidamente lavadas em 700 mL de água super-pura (Milli-Q plus), para assim proceder a decocção que será realizada em manta aquecedora a 100° C, sendo que o extrato obtido será concentrado até 14% do volume inicial. O decocto foi congelado e estocado em freezer à temperatura de –20° C para subseqüente liofilização. Assim, um pó de extrato foi obtido, e foi estocado à temperatura de 4 a 8 °C, para evitar contaminação e deteriorização. III.3 – AMOSTRA CELULAR Foram coletados 5 mL de sangue periférico com seringa heparinizada, de seis doadores voluntários, de ambos os sexos, na faixa etária de 18 a 32 anos. 32 Os estudos genéticos foram aprovados pelo Comité de Ética da Universidade Federal do Triângulo (Protocolo nº 440) e Comité de Ética do Hospital Universitário João de Barros Barreto de Belém-PA, Brazil. III.4 – CULTIVO DE LINFÓCITOS DO SANGUE PERIFÉRICO. Para a realização do ensaio, os linfócitos foram cultivados em meio de cultura HAM-F10 (Sigma) complementado com estreptomicina (0,01 mg/mL), penicilina (0,005 mg/mL), 20% de soro bovino fetal (Cultilab) e 2% de fitohemaglutinina (Gibco). Seis horas após o início da incubação, quando as células encontravam-se em G1, adicionou-se o extrato aquoso da P. angulata, nas concentrações finais de 1µg/mL, 0,5 µg/mL, 2 µg/mL, 3 µg/mL e 6 µg/mL. Foram ainda realizadas culturas controle negativo e controle positivo, nesta última utilizando-se a doxorrubicina (CAS 25316-40-9) como agente genotóxico, na concentração de 0,15 µg/mL. Todos os frascos foram envolvidos em alumínio, a fim de bloquear a exposição à luz. Após 47 horas de cultivo agita-se manualmente cada frasco de cultura retirando-se 300 µL de cada para a realização do ensaio Cometa, e o restante do material será utilizado para análise citogenética das aberrações cromossômicas. III.4.1 – Teste do Cometa em linfócitos humanos a) Preparação da lâmina - Derreteu-se a solução de agarose comum em microondas, manteve-se em banho-maria a 60ºC em frasco com altura suficiente para um lâmina. - Mergulhou-se a lâmina na agarose e removeu-se o excesso de agarose da face posterior da lâmina com o auxílio de lenço de papel. - As lâmina foram mantidas sob temperatura ambiente/12 h e posteriormente armazenadas a 4ºC, em geladeira. b) No dia da colheita - Retirou-se as lâminas pré-gelatinizadas da geladeira; deixando em temperatura ambiente. - Derreteu-se a agarose LMP (baixo ponto de fusão) em tampão, e manteve-se em banho-maria 37ºC; 33 - As lâminas foram mergulhadas em solução de lise final, cobertas com papel alumínio e mantidas em geladeira (4ºC); c) Procedimento para Colheita - Descartou-se o meio de cultura com o tratamento; - Lavou-se as células 2 vezes com 5 mL PBS em temperatura ambiente; - Centrifugou-se em 1250 rpm por 5 minutos; - Desprezou o sobrenadante com pipeta Pasteur; - Adicionou-se 500 µL de tripsina 0,025%, com intuito das células perderem a adesão de contato, aguardando-se em torno de 2 minutos; - Inativou-se a tripsina com 5 mL de meio de cultivo contendo soro bovino fetal; - Centrifugou-se em 1250 rpm por 5 minutos; desprezou-se o sobrenadante deixando cerca de 0,5 mL de meio de cultura; d) Desnaturação, Eletroforese, Neutralização e Fixação - Em tubo de 500 µL, colocar 300 µL de suspensão celular com 120 µL de agarose LMP (0,5%) a 37ºC. - Depositou-se a suspensão celular sobre lâmina pré-gelatinizada com ponto de fusão normal (1,5%), após solidificação do gel (4°C); - Submeteu-se a lâmina a citólise; e em seguida a eletroforese em tampão alcalino (300 mA, 0,5-1 V/cm, <4°C, pH 13). - Cobriu-se a lâmina com tampão PBS; deixando-as no escuro por 20 minutos para se desnaturar o DNA. - A corrida eletroforética foi realizada sob 25 V e 300 mA, por 20 minutos, na ausência de luz, com a cuba depositada em um recipiente contendo gelo; - Após a corrida retirou-se as lâminas do tampão e fez-se a neutralização em 5 mL de Tris (0,4 M, pH 7,5) por 15 minutos (3 ciclos de 5 min). - Deixou-se as lâminas escorrendo por cerca de 15 minutos; - Mergulhou-se as lâminas em etanol absoluto para fixação por 10 minutos. - Após a secagem as lâminas foram guardadas em caixa de vidro na geladeira. e) Coloração e Leitura - Para que fosse feita a leitura, é necessário corar, e para isso, depositou-se 100 µL de brometo de etídio 0,002 mg/mL sobre a lâmina e cobriu-se com lamínula. 34 - Após a coloração a análise é feita no aumento de 400 X, em filtro de excitação 515-560 nm de comprimento de onda e filtro de barreira 590 nm; - Terminada a leitura descartar a lamínula, deixar a lâmina secar e guardar. Sempre manuseando o material com luvas. III.4.2 – Teste das Aberrações Cromossômicas As preparações citológicas para a para a obtenção de cromossomos metafásicos em linfócitos do sangue periférico humano foram obtidas baseando-se na técnica de Moorhead et al. (1960), com os seguintes passos: - As células foram cultivadas conforme descrito no item II.4 - Após retirar a aliquota para o cometa, adicionou-se 0,1ml colchicina (0,016% Sigma) para bloquear a divisão celular, deixando-a agir por duas horas; - Transferiu-se as culturas para tubo de centrífuga de fundo cônico; - Após a centrifugação por 10 min a 1000 rpm, retirou-se o sobrenadante e colocouse lentamente, 4mL de solução de KCl 0,075 M sobre o botão de células; - homogeneizou-se gentilmente com pipeta Pasteur e deixando na estufa a 37ºC por 5 minutos; - Centrifugou-se novamente por 5 minutos a 1000 rpm,m retirou-se o sobrenadante e acrescentou-se 5 mL de fixador recém-preparado (metanol:ácido acético 3:1), homogeneizando o material; - Centrifugou-se (1000 rpm/5 minutos) e trocou-se o fixador mais duas vezes. - A suspensão celular obtida foi depositada em lâminas adequadamente limpas, as quais foram coradas em solução de Giemsa em tampão fosfato. - As lâminas foram identificadas e, sob microscopia ótica em objetiva com aumento de 100x, foram analisadas 100 metáfases (2n=46±2); III.5 - ANÁLISE ESTATÍSTICA O teste F (ANOVA) de dois critérios foi utilizado para detectar diferenças entre as freqüências de aberrações cromossômicas, bem como para os valores de IM que podem ser observados nas diversas doses do extrato e seus respectivos controles (AYRES et al., 2003). 35 O teste T de Student foi realizado quando o teste F identificou diferenças significativas. Em todas as análises foram estabelecidos em 5% o nível de significância. 36 IV - RESULTADO IV.1 – AVALIAÇÃO DO EFEITO GENOTÓXICO DO EXTRATO AQUOSO DA P. angulata EM LINFÓCITOS HUMANOS, DE SANGUE PERIFÉRICO, TRATADOS IN VITRO, UTILIZANDO O ENSAIO DO COMETA Em cada teste, foram analisados 100 células classificando-as de 0 a 4, conforme o comprimento e intensidade da cauda do Cometa: (a) tipo 0, sem danos (<5%); (b) tipo 1, baixo nível de danos (5-20%); (c) tipo 2, médio nível de danos (2040%), (d) tipo 3, alto nível de danos (40-95%), (e) tipo 4, dano total (>95%). Foram analisadas apenas as células que apresentaram núcleos de mesmo tamanho, e desprezados os núcleos apoptóticos. Após a leitura foi calculado o score de cada tratamento multiplicando-se o número de núcleos observados em cada classe pelo valor da classe, obtendo-se o score total de cada tratamento. Todos os experimentos foram conduzidos no mínimo duas vezes e os dados obtidos foram qualitativamente reproduzíveis, embora a variabilidade na taxa de danos do DNA tenha sido identificada nos linfócitos dos doadores. A Figura 4 ilustra algumas das classes de Cometa observadas neste estudo e a Tabela 2 apresenta a frequência média das diferentes classes de Cometas observados em linfócitos humanos tratados in vitro com diferentes concentrações de P. angulata. A eficiência do teste em identificar genotoxicidade induzida pôde ser verificada entre os indivíduos nas diferentes concentrações utilizadas, considerandose a distribuição das células nas diferentes classes. A análise dos dados da Tabela 2 demonstrou que o tratamento feito com as quatro maiores concentrações de extrato, aumentou de forma significativa a frequência de células com Cometa e o índice de danos no DNA quando comparado ao controle negativo (p<0,05). A distribuição dos cometas entre as classes 1, 2, 3 e 4 também foi alterada pelas doses crescentes do extrato, aumentando-se a ocorrência de lesões à medida que se aumentou a concentração do produto testado, sendo mais significativo nas classes 3 e 4. 37 (a) (b) (c) Figura 4: Cometas de classes 0 (a), (b) 2, (c) 4 observados em linfócitos humanos tratados com extrato aquoso de P. angulata. 38 Tabela 2: Proporção de danos no DNA, freqüência de células com Cometas e distribuição entre as classes de Cometas em linfócitos humanos tratados in vitro com diferentes concentrações de extratos aquoso de P. angulata. Tratamento µg/mL Classe de Cometa (%) Índice de Dano Células com do DNA ± SD cometas (%) 0 1 2 3 4 Controle negativo (n=6) 57,2 32,2 8,2 2 0,4 0,15 ± 0,19 42,8 Controle positivo*(n=6) 32 29,7 32 3 3,3 1,15a ± 0,19 73,8a 0,1 (n=6) 50,2 34 2,2 3,6 0,2 0,75 ± 0,14 49,8 0,5 (n=6) 38,2 41 16,2 4,2 0,4 0,87a ±0,28 61,8 1,0 (n=6) 32,6 45,2 16,8 4,2 0,4 0,93a ± 0,33 69,4 2,0 (n=6) 38,6 33,4 22,2 4,2 1,6 0,90a ± 0,26 61,4 3,0 (n=6) 40 33,8 19,4 5 1,8 0,95a ± 0,12 60,0 6,0 (n=6) 42,7 28 20 8,3 1 1,14a ± 0,65 57,3 Extrato a Estatisticamente diferente do grupo controle negativo (p<0,05) SD: Desvio Padrão *Doxorrubicina: 0,15µg/mL 39 IV.2 EFEITO GENOTÓXICO DO EXTRATO AQUOSO DA P. angulata EM LINFÓCITOS DE SANGUE PERIFÉRICO TRATADOS IN VITRO AVALIADO PELO ENSAIO CITOGENÉTICO DE ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS. Neste ensaio, foram computadas as alterações cromossômicas numéricas ou estruturais, observando-se a posição do centrômero, alterações no grau de ploidia e aberrações estruturais, tais como lesões acromáticas (gaps), quebras cromatídicas e rearranjos complexos, como anéis, trirradiais e quadrirradiais. Para monitorar a toxicidade celular induzida pelo agente em questão, foi determinado o índice mitótico pela contagem do número de metáfases em 2000 linfoblastos/cultura, aplicando-se a seguinte fórmula: IM= Número de metáfases X 100 2000 linfoblastos Os dados obtidos de índice mitótico neste ensaio estão apresentados na Tabela 3, enquanto que os dados de aberrações cromossômicas estão na Tabela 4. Conforme os resultados obtidos neste ensaio, o índice mitótico revelou que o extrato aquoso da P. angulata induziu um aumento dose dependente e estatisticamente significativo na taxa de proliferação dos linfócitos tratados com 0,1 µg/mL; 0,5 µg/mL e 1 µg/mL. Porém, a partir da concentração de 2 µg/mL alcançouse a dose citotóxica (CD50), a qual é expressa como a dose que resultou em 50% de citotoxicidade comparada à cultura controle. Nos dados apresentados na Tabela 4 pode-se observar que as aberrações cromossômicas nas culturas tratadas foram uniformemente distribuídas e em taxas similares àquelas observadas na amostra controle. Ou seja, não foi identificado qualquer efeito genotóxico estatisticamente significativo do extrato aquoso da P. angulata durante o tratamento nas concentrações 0,1 µg/mL, 0,5 µg/mL e 1 µg/mL, em relação às culturas não-tratadas ( p=0,754). A inclusão dos gaps como aberrações cromossômicas não alterou esse resultado, uma vez que sua ocorrência também não diferiu entre as amostras (F=1,083; p=0,405) ou tratamentos (F=2,583; p=0,118). Considerando-se os diferentes tipos de alterações observadas, tem-se que não houve prevalência na frequência de cromossômicas, bem como nas frequências de gaps. quebras cromatídicas ou 40 Apenas uma célula exibiu alteração complexa, do tipo troca intercromatídica, gerando uma figura quadriradial (Figura 5), tendo sido considerada um evento isolado. As euploidias também foram consideradas como um evento raro, pois somente uma célula tetraploide foi observada em todos os experimentos realizados. O efeito citotóxico do extrato aquoso da P. angulata em concentrações de 2 e 3 µg/mL, impossibilitou a realização do teste das aberrações cromossômicas nas culturas tratadas com estas concentrações. Os dados obtidos nesse estudo foram utilizados para a elaboração de um artigo científico a ser submetido para publicação em revista especializada (anexo 1). Figura 5: Metáfase de linfócito tratado com 1 µg/mL do extrato aquoso de Physalis angulata, exibindo uma troca cromatídica entre diferentes cromossomos, gerando uma figura quadrirradial. 41 Tabela 3: Valores referentes aos índices mitóticos (%) obtidos em culturas de linfócitos tratadas com diferentes concentrações de extrato aquoso de P. angulata. AMOSTRA 0 µg/mL 0,1 µg/mL 0,5 µg/mL 1 µg/mL 2 µg/mL 3 µg/mL 1 0,70 2,25 2,30 2,30 0,85 0,50 2 0,90 1,45 0,80 1,15 0,03 0,50 3 0,65 1,40 1,55 1,15 0,05 0,03 4 0,65 1,85 1,75 1,35 0,25 0,25 5 0,75 1,75 1,90 1,45 0,35 0,40 6 0,85 1,65 1,85 1,35 0,25 0,35 Média 0,75 1,73 1,78 1,46 0,34 0,38 Desvio Padrão 0,22 1,92 2,30 3,69 1,45 0,21 p* <0,01 <0,01 <0,01 <0,05 <0,05 *valor de p em relação à amostra controle (0 µg/mL) 42 Tabela 4: Distribuição de alterações cromossômicas observadas em linfócitos humanos após tratamento in vitro com extrato aquoso de P. angulata. Amostras Metáfases normais Metáfases alteradas Ctb 0 µg/mL 1 2 3 4 5 6 100 95 98 100 99 99 Total 591 0,1 µg/mL 1 2 3 4 5 6 97 99 99 100 99 99 Total 593 0,5 µg/mL 1 2 3 4 5 6 100 99 100 98 100 99 Total 596 1 1 µg/mL 1 2 3 4 5 6 99 100 100 100 99 99 2 Csb Ctg 1 4 1 1 Csg Outras alterações 1 1 2 1 6 0 2 1 0 0 1 1 1 1 3 0 3 1 tetraploidia 1 0 1 0 1 0 1 1 Quadrirradial* 1 1 Total 597 3 0 0 1 *quebras cromatídicas envolvidas no rearranjo listados na coluna ‘outras alterações’ 43 - Ctb: quebra cromatídica; Csb: quebra cromossômica; ctg:gap cromatídico; Csg:gap cromossômico. 44 V – DISCUSSÃO Grande parte da população mundial utiliza as plantas medicinais com fins terapêuticos. Além disso, muitos dos medicamentos industrializados são obtidos a partir de extratos de plantas (FERREIRA, 2004), situação esta, que desperta interesse tanto das indústrias quanto dos centros de pesquisas científicas a respeito da ação dessas plantas. Sabendo que alguns fármacos são capazes de interagir com a molécula de DNA, provocando lesões cromossômicas (VERSCHAEVE et al, 2004; TAYLOR et al, 2003; TRAORE et al, 2000), este trabalho teve com objetivo a análise dos possíveis efeitos mutagênicos e/ou genotóxicos do extrato aquoso da P. angulata, em linfócitos de sangue periférico humano. A P. angulata é uma planta que ocorre na África, Ásia e América, sendo que em todos os continentes seu uso é bastante difundido na medicina popular, por apresentar atividade biológica no tratamento de várias doenças, seja através de seus extratos brutos ou compostos isolados, desta forma, faz-se necessário avaliar seu efeito mutagênico e/ou genotóxico, conforme recomendam as agências internacionais de regulamentação de produtos farmacêuticos. No presente estudo, os experimentos foram feitos usando-se o extrato aquoso da P. angulata, adicionando-se na fase G1 do ciclo celular, concomitantemente à fitohemaglutinina, e as células foram cultivadas por 47 horas, ou seja, permitindo-se passar por dois ciclos de divisão celular. O extrato foi testado em diferentes concentrações: 0,1 µg/mL, 0,5 µg/mL, 1 µg/mL, 2 µg/mL e 3 µg/mL de meio de cultura, sendo que essas doses foram escolhidas baseando-se nas doses utilizadas no trabalho em que o extrato aquoso suprimiu o processo inflamatório carragenina-induzido em ratos (BASTOS et al, 2005). A utilização deste recurso fezse necessário, pois não foram encontrados na literatura, trabalhos que investigassem a genotoxicidade desta planta em cultivo celular que pudessem servir de parâmetro para este estudo. Neste estudo, a genotoxicidade foi investigada por meio dos testes do Cometa e de aberrações cromossômicas em metáfase, enquanto a citotoxicidade foi avaliada pelo índice mitótico. 45 A mais típica resposta observada após a exposição in vitro a agentes genotóxicos sejam de natureza química ou física, é a citotoxicidade, medida por diferentes métodos, incluindo-se o índice mitótico em linfócitos cultivados. Esse índice representa a proporção de células na fase de mitose do ciclo celular, portanto a diminuição deste reflete a quiescência ou entrada da célula na fase G0 do ciclo. Em experimentos in vitro, o índice mitótico é utilizado também para monitorar a toxicidade celular induzida. O grau de citotoxicidade serve para selecionar o período do cultivo e as concentrações a serem testadas adequadamente, servindo assim para avaliar os riscos ao homem, de determinados compostos aos quais estão expostos. No presente estudo foi observado, através da avaliação do índice mitótico, que o extrato aquoso da P. angulata induziu um aumento estatisticamente significativo na taxa de proliferação dos linfócitos tratados com concentração de 1 µg/mL (p<0,01), enquanto nas concentrações acima de 2 µg/mL houve uma diminuição no índice mitótico (p>0,05), considerando-se essas como doses citotóxicas alcançando-se o CD50, pois diminui em 50% o índice mitótico comparado à cultura controle. Na literatura, um único estudo investigou a citotoxicidade da P. angulata (WU et al, 2004), porém os autores utilizaram um extrato cerca de quatro vezes menos concentrado, linhagem celular estabelecida e o parâmetro utilizado para investigação da citotoxicidade foi a indução de apoptose, o que inviabiliza a comparação de resultados. Seus dados mostraram que o extrato etanólico é mais citotóxico que o extrato aquoso em concentração muito mais elevada que no presente estudo. Este fato pode ter sua explicação nas diferenças entre os experimentos. Dentre as diversas atividades biológicas apresentadas pela P. angulata, pode-se destacar: antimicrobiana, antiinflamatória, imunomoduladora, tripanossomicida, antimoluscidal, antimalárica e a antitumoral (HWANG et al., 2004; NAGAFUJI et al., 2004; ANKRAK et al., 2003; CHOI & HWANG, 2003; DOS SANTOS et al., 2003; SOARES et al., 2003; JANUÁRIO et al., 2002; FREIBURGHAUS et al., 1996; CÁCERES et al., 1995 e CHEN et al., 1989). Entre os benefícios atribuídos a P. angulata, BASTOS et al (2005) demonstraram que seu extrato aquoso suprimiu um processo inflamatório carragenina-induzido em ratos, todavia o presente estudo indicou um aumento 46 significativo na proliferação de linfócitos T humanos fitohemaglutinina-estimulados. Esse estímulo à proliferação de linfócitos poderia ser explicado como uma resposta inespecífica, ou seja, uma ativação policlonal, e desta forma pode-se sugerir para o referido extrato da P. angulata um papel adjuvante na resposta imune, o que deve ser melhor investigado experimentalmente, pelo grande interesse em imunomoduladores. Uma outra atividade benéfica dessa planta é aquela antineoplásica, e para melhor explorar tal tema, faze-se necessário citar que os principais agentes antineoplásicos são classificados de acordo com seu modo de ação, podendo ser divididos em: agentes citotóxicos, hormônios e agentes diversos. Dentre os agentes citotóxicos, tem-se os agentes alquilantes, antimetabólicos, antimotóticos e inibidores de topoisomerases, categorias que abrigam agentes genotóxicos (SILVA et al., 2003; RANGE et al., 2004). Segundo JUANG et al (1989), a vitangulina A, composto extraído da P. angulata a partir de seu extrato alcoólico, é capaz de inibir a topoisomerase II. Sendo as topoisomerases enzimas celulares que participam de diversos processos metabólicos como a replicação, recombinação, transcrição e segregação cromossômica, os agentes capazes de inibi-las podem levar o DNA a ter uma topologia desfavorável durante e após a replicação, permitindo assim, a ocorrência de recombinação homóloga e não-homóloga, propiciando a formação de aberrações cromossômicas (MALIK & NITISS, 2004). Com o término da replicação do DNA, as topoisomerases II, separam as várias fitas de DNA recém-formadas durante a condensação progressiva da cromatina que leva à mitose. Elas também separam as cromátides no início da anáfase, que estavam associadas na metáfase. Desta forma, qualquer interferência nesta função, conduz a um aumento na recombinação mitótica e pode inibir a segregação cromossômica normal durante a anáfase, resultando em aneuploidias. Existem inibidores de topoisomerases II que são capazes de formar cromossomos quadrirradiais (DA SILVA et al., 2003). Assim considerando, a ausência de aneuploidia, euploidia e clastogenicidade descritas no presente estudo, indicam que no extrato aquoso da P. angulata não existem substâncias capazes de inibir a ação das topoisomerases. As fisalinas também são compostos isolados obtidos a partir do extrato alcoólico de qualquer parte da P. angulata, tiveram suas atividades antineoplásicas e 47 citotóxicas demonstradas em experimentos in vivo e in vitro. A fisalina F teve efeito antileucêmico em camundongos e exibiu excelente efeito contra linhagens celulares humanas derivadas de diferentes tumores sólidos, principalmente HA22T (hepatoma) e HeLa (cérvix uterino), mas também foi citotóxica em outros tipos celulares (CHIANG et al, 1992a). Em um estudo posterior, esses autores demonstraram que as fisalinas F e B atuam eficazmente sobre linhagens de diferentes leucemias, merecendo destaque à ação da fisalina F sobre células de leucemia mieloide aguda e leucemia linfoide aguda de células B (CHIANG et al., 1992b). Todavia, não apontam o mecanismos responsável por esse efeito. Nas condições aplicadas neste estudo, o extrato aquoso da P. angulata não induziu qualquer efeito sobre a citocinese ou fibras do fuso celular, visto que não houve aumento no número de células com aneuploidia ou poliploidia. Da mesma forma, a ausência de lesões na estrutura dos cromossomos na presente investigação sugere que a vitangulina A não se encontra presente no extrato aquoso desta planta. O ensaio do Cometa permite identificar alterações de fita simples e dupla, bem como a presença de sítios apurínicos. No presente estudo, as células submetidas ao tratamento com P. angulata apresentaram tais alterações em frequência estatisticamente significativa. Esses dados não corroboram aqueles obtidos no ensaio de aberrações cromossômicas, sugerindo que as quebras de fita simples e os sítios apurínicos, identificados no ensaio Cometa, foram reparados, não sendo convertidos em quebras cromatídicas ou cromossômicas, ambas lesões não identificadas neste estudo. Nas concentrações acima de 2 µg/mL, foi observado o efeito citotóxico do extrato aquoso da P. angulata, impossibilitando a realização do teste das aberrações cromossômicas nas culturas tratadas, porém sugerimos que esta inibição do crescimento celular, deve-se a quantidade elevada da substância ao meio de cultura, e não pela ação do extrato sobre o DNA. Os diferentes tipos de lesões observadas nas metáfases tiveram baixa freqüência, tendo sido considerados eventos raros, desta forma os dados deste estudo indicam que o extrato aquoso da P. angulata, se exibiu efeito tóxico sobre o cromossomo, pode ter sido reparado. Neste estudo investigando a genotoxicidade do extrato aquoso da P. angulata, nenhuma atividade genotóxica foi observada nos ensaios de aberrações 48 cromossômicas com linfócitos de sangue periférico, porém no teste do Cometa houve aumento da frequência de células com cometas e o índice de danos no DNA. Ainda assim, para aumentar a segurança dos resultados obtidos nesta investigação, sugere-se a realização de estudos adicionais, tais como ensaios com camundongos e com microrganismos (teste de Ames), bem como testes antimutagênicos. 49 VI – CONCLUSÃO Analisando os resultados obtidos no presente estudo a cerca do extrato aquoso da planta P. angulata, pode-se concluir que: a) O referido extrato apresentou características de um agente imunomodulador, pois estimulou a proliferação de linfócitos T nas concentrações de 0,1 µm/mL, 0,5 µm/mL e 3 µm/mL. b) O referido extrato, a partir da concentração de 2 µg/mL, alcançou a dose citotóxica (CD50), a qual é expressa como a dose que resultou em 50% de citotoxicidade comparada à cultura controle; c) A ausência de observação de aneuploidias ou poliploidias leva a inferir que o extrato aquoso da P. angulata não provoca efeitos sobre as fibras do fuso. d) Em uma análise quantitativa, esse extrato promoveu danos na estrutura da molécula de DNA, avaliados pelo teste do Cometa, porém não foi clastogênico no teste de aberrações cromossômicas. 50 VII – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALBERTINI, R.J., ANDERSON, D., DOUGLAS, G.R., HAGMAR, L., HEMMINKI, K., MERLO, F., NATARAJAN, A.T., NORPA, H., SHUKER, D.E.G., TICE, R., WATERS, M. 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Antihepatoma activity of Physalis angulata and P. peruviana extracts and their effects on apoptosis in human Help G2 cells. Life Sciences 74 (9):2061-2073, 2004. Anexo 1 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL GENOTÓXICO DA PHYSALIS ANGULATA L. EM LINFÓCITOS HUMANOS RAQUEL ALVES DOS SANTOS1, TERESINHA ROSA CABRAL2, ISABEL ROSA CABRAL2, LUSÂNIA MARIA GREGGI ANTUNES3,4, CRISTIANE PONTES ANDRADE3, PLÍNIO CERQUEIRA DOS SANTOS CARDOSO 1, MARCELO DE OLIVEIRA BAHIA2, CLAUDIA PESSOA5, JOSÉ LUIS MARTINS DO NASCIMENTO2, ROMMEL RODRÍGUEZ BURBANO2, CATARINA SATIE TAKAHASHI1,6 1. Departamento de Genética, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brazil. 2. Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brazil. 3. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, Brazil. 4. Departamento Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brazil. 5. Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brazil. 6. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brazil. Key words: P. angulata, micronuclei, comet assay. RESUMO A Physalis angulata L pertence à família Solanaceae que é largamente distribuída nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Extratos e infusões desta planta são amplamente usados em vários continentes na medicina popular para tratamento de uma variedade de patologias, tais como: malária, gonorreia, dermatite, hepatite, entre outras. Todavia, não há relatos de investigação da genotoxicidade de extratos ou compostos isolados desta planta. Assim, o objetivo desta pesquisa foi investigar o potencial genotóxico do extrato aquoso da P. angulata, nos linfócitos de sangue periférico humano, usando os ensaios de aberrações cromossômicas e de eletroforese em gel de células individualizadas ou teste do Cometa. Os resultados obtidos neste estudo indicam que: (a) na presença do extrato aquoso nas concentrações de 0,1 µg/mL, 0,5 µg/mL, 1 µg/mL, observou-se um aumento na taxa de proliferação dos linfócitos tratados (p<0,01), (b) as concentrações acima de 2 µg/mL as doses foram consideradas citotóxicas, pois resultou em 50% de citotoxicidade comparada ao controle negativo; (c) o extrato aquoso da P. angulata não apresentou efeito clastogênico ou aneugênico; (d) não houve indícios d quebra de fitas simples do DNA ou outro tipo de lesão nessa molécula, segundo o teste do Cometa. O Extrato aquoso da P. angulata exibiu efeito tóxico sobre o cromossomo ou sobre a molécula de DNA, portanto, mostrou-se inadequado ao consumo humano, todavia são necessários testes adicionais, especialmente, ensaios in vivo para garantir maior segurança na sua utilização terapêutica. MATERIAL E MÉTODOS INTRODUÇÃO Extrato da planta Physalis angulata L pertence à família Espécimes de P. angulata foram coletados Solanaceae que é amplamente distribuída em em Belém, Estado do Pará, Brasil, e toda América Tropical. Essa planta é usada na identificadas (Herbário e Laboratório de Neuromedicina popular de diferentes paísese da Química, Departamento de Fisiologia, África, Ásia e América, no tratamento de dor, Universidade Federal do Pará, comprovante de febre, inflamações, malária, asma, dermatite, número 15). 150 g de raiz da planta P. angulata reumatismo (Soares et al., 2003; Choi and foram lavadas em água e fervidas em 700 mL de Hwang, 2003). água ultrapura (Milli-Q plus), concentrando-se a Diferentes extratos dessa planta têm exibido 14% do volume inicial, que foi congelado (-20 º atividade in vitro anti-tripanosomal, anti- C), liofilizada e foram obtidas 2.712 g de extrato. inflamatória e bactericida, sendo letal para Este extrato foi dissolvido em água destilada e algumas bactérias patogênicas ao homem tais filtrado em filtro Millipore 0,22 μm. Esta solução com Staphylococcus, Escherichia coli, Neisseria foi mantida a 4ºC e protegida da incidência de gonorrhoeae and Pseudomonas aeruginosa. luz até o uso. Bleomicina (CAS 9041-93-4) foi A despeito das propriedades medicinais adquirida da Biosintética (Brasil) e utilizados no atribuídas à P. angulata, não há relatos sobre ensaio de micronúcleo como um controle sua atividade genotóxica, conforme as positivo, e doxorrubicina (CAS 25316-40 - 9) foi recomendações para validação dos fitoterápicos. adquirido da Eurofarma Laboratórios (São Paulo, No presente estudo, nós avaliamos a Brasil) e usado como um controle positivo em formação de danos cromossômicos na molécula ensaio do cometa. A Citocalasina B (CAS 14930de DNA induzidos pelo extrato aquoso da P. 96-2), foi adquirida da Sigma (St. Louis, MO, angulata em linfócitos periféricos humanos. E.U.A.). Para medir os danos na molécula de DNA e sistema de reparo, realizou-se o teste do Cultura de linfócitos Cometa, também chamado de eletroforese de Linfócitos humanos do sangue periférico célula única em gel alcalino. Essa técnica foram usados para os ensaios in vitro. permite detectar quebras na fita simples do DNA, Os linfócitos foram obtidos de seis voluntários sítios álcali-lábeis e ligações cruzadas DNA-DNA saudáveis, não-fumadores, três machos e três e DNA-proteína, tenso alta sensibilidade para fêmeas com idade entre 18-30 anos com os detecção de danos no DNA em baixos níveis. seus consentimento. O sangue total Adicionalmente foram investigadas lesões heparinizado (0,5 mL) foi adicionada a 4,5 mL do cromossômicas pelo teste das aberrações meio contendo 78% RPMI 1640 (Sigma cromossômicas e do micronúcleo, este último Chemical Co., E.U.A.), 20% de soro fetal bovino mais eficiente na identificação do efeito inativado (Gibco-Invitrogen, Denmark), aneugênico. antibióticos (penicilina 0,005 mg/mL e estreptomicina 0,01 mg/mL), estimulados com 2% de fitohemaglutinina (PHA; Gibco- Invitrogen, Denmark). Cada amostra de sangue foi testada co diferentes concentrações do extrato da P. angulata estabelecidas em experimentos preliminares (0,1, 0,5, 1,2,3 e 6 µg/mL de meio de cultura). Adicionalmente foram estabelecidas as culturas controle negativo (não-tratadas) e positiva. Procedeu-se a preparação citológica para obtenção de cromossomos metafásicos, realizando-se a hipotonização e a fixação em metanol e ácido acético. O material celular obtido foi depositado em lâminas adequadamente limpas e corado em solução de GIEMSA em tampão fosfato. As lâminas foram codificadas e, sob Teste do Micronúcleo microscopia óptica (100X), foram analisadas 100 Para o teste do micronúcleo, após 24 horas metáfases (2n=46±2) nas quais computou-se as de cultivo as células foram tratadas com as alterações cromossômicas numéricas ou diferentes concentrações de P. Angulata. A estruturais, observando-se a posição do Citocalasina B (6 mg / mL) foi adicionado a 44 h. centrômero, alterações do grau de ploidia e Depois 72 h, a 37º C, as células foram coletadas aberrações estruturais, tais como lesões por centrifugação, lavadas e submetidos a uma acromáticas (gaps), quebras cromatídicas e hipotonia leve (1% de citrato de sódio) e rearranjos complexos, como anéis e trocas imediatamente fixado com metanol: ácido cromatídicas. acético ácido. As lâminas foram preparadas de Para monitorar a toxicidade celular induzida acordo com procedimento padrão de pelo agente em questão, foi determinado o citogenética e coradas com Giemsa a 4%. As índice mitótico pela contagem do número de lâminas foram codificadas e analisadas por metáfases em 2000 linfoblástos/cultura, microscopia óptica em aumento de 400x 1000X, aplicando-se a seguinte fórmula. se necessário. Para cada experimento, foram IM = número de metáfases X 100 computados 2000 linfócitos binucleados com o 2000 linfoblástos citoplasma bem preservado. Os micronúcleos foram identificados de acordo com os critérios de Ensaio do Cometa Fenech et al. (2003). Uma alíquota de 300 µL de cultura foi depositada num tubo de 500 µL e em seguida Teste das Aberrações Cromossômicas adicionados 120 µL de agarose com baixo ponto Para o teste das aberrações cromossômicas, de fusão (0,5%), depositando-se tal mistura seis horas após o início da incubação, quando sobre uma lâmina pré-preparada com agarose as células encontravam-se em G1, adicionou-se com ponto de fusão normal (1,5%). Após a a solução aquosa de P. angulata nas mesmas solificação do gel (4ºC) o material foi submetido concentrações do teste de micronúcleo. A cultura à citólise e em seguida à eletroforese em controle positivo foi tratada com doxorrubicina tampão alcalino (300 mA, 0,5-1 V/cm, <4ºC, pH nas concentração de 0,15 µg/mL. Todos os 13). As lâminas foram então neutralizadas em frascos foram envolvidos em papel alumínio, a Tris (0,4 M, pH 7,5) e fixadas em etanol fim de bloquear a exposição à luz. absoluto. Posteriormente, deu-se a coloração Após 47 horas de cultivo agitou-se com brometo de etídio com análise imediata sob manualmente cada frasco de cultura, retirando- microscopia de flourescência (filtro 516-560 nm, se 300 µL de cada um para a realização do barreira de filtro de 590 nm e aumento total de ensaio do Cometa. Em seguida, o crescimento 400X). celular foi bloqueado pela adição de colchicina Foi possível a visualização de imagens (0,016% SIGMA). microscópicas com contorno circular (sem danos no DNA) ou estruturas em forma de “cometa” (com danos no DNA). A extensão de imagem significa a distância de migração da fita de DNA danificada, que foi classificada segundo SINGH et al (1988,1991), POOL-ZOBEL et al (1994) e SPEIT et al (1995), onde a proporção de DNA presente na cauda do Cometa os agrupa em cinco categorias: 0 = sem danos (<5%); 1 = baixo nível de danos (5-20%); 2 = médio nível de danos (20-40 %); 3 = alto nível de danos (4095%); 4 = dano total (>95%). Análise Estatística O Teste F (ANOVA) de dois critérios foi utilizado para detectar diferenças entre as frequências de aberrações cromossômicas e micronúcleos bem como para os valores de IM observados nas diversas doses do extrato e seus respectivos controles (AYRES et al, 2003). O Teste T de Student foi realizado quando o teste F identificou diferenças significativas. Em todas as análises foi estabelecido em 5% o nível de significância. RESULTADOS A Tabela 1 apresenta a distribuição dos Cometas observados em linfócitos humanos tratados in vitro com diferentes concentrações da P. angulata. Nela, pode-se observar que, a partir da concentração de 0,1 µg/mL, houve um aumento significativo no escore de danos no DNA (p=0,043) com uma distribuição uniforme entre as diferentes classes de danos (0-4). Todavia, deve ser ressaltado que as lesões detectáveis por meio do teste do Cometa são ainda passíveis de reparo, e portanto não devem ser extrapoladas diretamente para o efeito in vivo. Adicionalmente, na Tabela 2 pode-se observar que o tratamento com o extrato aquoso de P. angulata em doses iguais ou inferiores a 1 µg/mL promoveu aumento no índice mitótico em relação à cultura controle. Todavia, a partir dessa dose, observou-se a indução de efeito citotóxico nas concentrações utilizadas investigadas. A Tabela 3 apresenta dados sobre a pesquisa de efeitos citogenéticos do fitoterápico em questão, onde pode ser observado que não foi identificado qualquer efeito genotóxico estatisticamente significativo do extrato aquoso de P. angulata durante o tratamento na fase G1 do ciclo celular nas concentrações 0,1 µg/mL; 0,5 µg/mL e 1 µg/mL. Na análise de aberração cromossômica, a frequência de células com quebras cromatídicas e cromossômicas foi igual ou inferior a 3%, não diferindo entre as culturas tratadas e expostas (F=1; p=0,438), todavia a amostra no 1 exibiu maior taxa de aberrações, diferindo dos demais (p=0,003). A inclusão dos gaps não alterou esse resultado, uma vez que sua ocorrência também não diferiu entre as amostras (F=1,083; p=0,405) ou tratamentos (F=2,583; p=0,118). Os dados da análise de MN em linfócitos binucleados são apresentados nas Tabelas 4 e 5. A Tabela 4 mostra os resultados do total de células binucleadas com MN e o total de MN após tratamento com o composto-teste nas diferentes concentrações. O tratamento com as quatro menores concentrações de extrato aquoso da P. angulata não mostrou aumento significativo no total de células binucleadas com MN, quando comparado às culturas não tratadas (p>0,05). Linfócitos tratados com extrato aquoso da raiz da P. angulata na concentração 3 e 6 µg/mL exibiram um aumento significativo no total de células com MN (p<0,05). De modo geral, um MN foi observado por célula, mas algumas células apresentaram dois ou três MN. DISCUSSÃO Os princípios ativos em extratos de uam variedade de plantas de regiões tropicais e subtropicais são estudados para possíveis utilização na saúde humana (Arouma, 2003). Para se investigar a atividade genotóxica da P. angulata, diferentes concentrações de seu extrato aquoso foram empregadas no teste de aberrações cromossômicas, micronúcleo e Cometa. O estudo de danos em nível cromossômico é parte essencial da Genética Toxicológica porque essas lesões são um importante evento no processo de carcinogênese (Fenech, 2000). Os micronúcleos são pequenos corpos extranucleares originados na mitose a parte de fragmentos acêntricos ou cromossomos inteiros que não forma incluídos no núcleo durante o processo de replicação do DNA e citocinese (Fenech, 1997) P. angulata nas menores concentrações testadas não induziu efeito genotóxico nos testes empregados, todavia, observou-se que nas concentrações mais elevadas (3 e 6 µg/mL) houve aumento na frequência de micronúcleos, concentrações essas que inviabilizaram a análise de aberrações cromossômicas. O fato de algumas plantas exibirem atividade genotóxica depende da presença de compostos, em seus extratos e das condições experimentais. As fisalinas B, F e G purificadas de P. angulata tem forte atividade imunosupressora em macrófagos em camundongos (Soares et al, 2003). Outros compostos isolados de P. angulata exibiram atividade contra a forma epimastigota e tripomastigota do T. cruzi in vitro, demonstrando sua potencialidade como agentes quimioterapêutico para tratamento de doença de Chagas (Nagafugi et al., 2004). O extrato aquoso da P. angulata exibiu toxicidade no presente estudo em concentrações a partir de 2 µg/mL. Um único estudo investigou a citotoxicidade da P. angulata, porém os autores utilizaram um extrato, cerca de quatro vezes menos concentrado, linhagem celular estabelecida e o parâmetro utilizado para investigação da citotoxicidade foi a indução por apoptose, o que inviabiliza a comparação dos resultados (Wu et al, 2004). Os diferentes tipos de lesões observadas nas metáfases tiveram baixa frequência, tendo sido considerados eventos raros, desta forma os dados do presente estudo indicam que o extrato aquoso não exibiu efeito tóxico sobre o cromossomo ou sobre a molécula de DNA, e, portanto, sob a ótica da genotoxicidade mostrase seguro para utilização terapêutica. Esses dados indicam que o efeito antineoplásico da planta observado in vivo e in vitro não deve ser obtido por via genotóxica, devendo ser investigadas as demais vias. Este é o primeiro estudo investigando a genotoxicidade do extrato aquoso da raiz da P. angulata, e aqui nenhuma atividade genotóxica foi observada nos ensaios de aberrações cromossômicas e no teste do Cometa. Todavia, para aumentar a segurança dos resultados obtidos nesta investigação, sugere-se a realização de estudos adicionais, tais como ensaios em camundongos e com microrganismos (teste de Ames), bem como antimutagênicos. AGRADECIMENTOS Este estudo recebeu apoio financeiro do CNPq. CPA recebeu bolsa do BIC/FAPEMIG. REFERÊNCIAS Aruoma OI (2003). Methodological considerations for characterizing potential antioxidant actions of bioactive components in plant foods. Mutat Res 523: 9-20. Bailar JC, Mosteller F (1992). Medical uses of statistics. Boston, MA: New England Journal Medicine Books, 1992. Canalle R, Burim RV, Callegari JL, Takahashi CS (2001). Assesment of the cytotoxic and clastogenic activities of the sesquiterpene lactone lynchnopholide in mammalian cells in vitro and in vivo. Cancer Detec Prev 25: 93-101. Chiang HC, Jaw SM, Chen CF, Kan WS (1992a). Antitumor agent, physalin F from Physalis angulata L. Anticancer Res 12: 837-843. Chiang HC, Jaw SM, Chen CF (1992). Inhibitory effects of physalin B and physalin F on various human leukemia cells in vitro. Anticancer Res 12: 155-162. Choi EM, Hwang JK (2003). 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Anexo 1 Tabela 1: Proporção de danos no DNA, frequência de células com Cometas e distribuição entre as classes de Cometas em linfócitos humanos tratados in vitro com diferentes concentrações de extratos aquoso de P. angulata. Tratamento µg/mL 0 1 2 3 4 Índice de Dano no DNA ± SD Controle negativo (n=6) Controle positivo*(n=6) Extrato 57,2 32,2 8,2 2 0,4 0,15 ± 0,19 32 29,7 32 3 3,3 1,15 ± 0,19 73,8 0,1 (n=6) 50,2 34 2,2 3,6 0,2 0,75 ± 0,14 49,8 0,5 (n=6) 1,0 (n=6) 2,0 (n=6) 3,0 (n=6) 6,0 (n=6) a Classe de Cometa (%) 38,2 32,6 38,6. 40 42,7 41 45,2 33,4 33,8 28 16,2 16,8 22,2 19,4 20 4,2 4,2 4,2 5 8,3 0,4 0,4 1,6 1,8 1 Estatisticamente diferente do Grupo controle (p<0,05) SD: Desvio Padrão *DXR: 0,15µg/mL a Células com cometas (%) 42,8 a a 61,8 a 69,4 a 61,4 a 60,0 a 57,3 0,87 ±0,28 0,93 ± 0,33 0,90 ± 0,26 0,95 ± 0,12 1,14 ± 0,65 Tabela 2: Valores referentes aos índices mitóticos (%) obtidos em culturas de linfócitos tratadas com diferentes concentrações de extrato aquoso de P. angulata. AMOSTRA 0 µg/mL 0,1 µg/mL 0,5 µg/mL 1 µg/mL 2 µg/mL 3 µg/mL 1 0,70 2,25 2,30 2,30 0,85 0,50 2 0,90 1,45 0,80 1,15 0,03 0,50 3 0,65 1,40 1,55 1,15 0,05 0,03 4 0,65 1,85 1,75 1,35 0,25 0,25 5 0,75 1,75 1,90 1,45 0,35 0,40 6 0,85 1,65 1,85 1,35 0,25 0,35 Média 0,75 1,73 1,78 1,46 0,34 0,38 Desvio Padrão 0,22 1,92 2,30 3,69 1,45 0,21 <0,01 <0,01 <0,01 <0,05 <0,05 p* *valor de p em relação à amostra controle (o µg/mL) Tabela 3: Distribuição de alterações cromossômicas observadas em linfócitos humanos após tratamento in vitro com extrato aquoso de P. angulata. Amostras Metáfases normais Metáfases alteradas Ctb Csb Ctg 1 4 Csg Outras alterações 0 µg/mL 1 100 2 95 3 98 4 100 5 99 6 99 1 Total 591 2 1 1 1 1 6 0 2 1 0 0 0,1 µg/mL 1 97 2 99 1 3 99 1 4 100 5 99 6 99 Total 593 1 1 3 0 3 1 0,5 µg/mL 1 100 2 99 3 100 4 98 5 100 6 99 Total 596 1 1 99 2 2 100 3 100 4 100 5 99 6 99 tetraploidia 1 0 1 0 1 0 1 1 1 µg/mL Quadrirradial* 1 1 Total 597 3 0 0 1 *quebras cromatídicas envolvidas no rearranjo listados na coluna ‘outras alterações’ - Ctb: quebra cromatídica; Csb: quebra cromossômica; ctg:gap cromatídico; Csg:gap cromossômico. Anexo 1 Tabela 4. Indução de micronúcleos em linfócitos humanos cultivados e tratados com extrato aquosos de P. angulata L. Distribuição de MN em BN Total de MN 25 0 MN 1 MN 2 MN 3 MN Controle negativo Total de BN com MN 23 11977 21 2 0 Controle positivo 245 274 11755 219 23 3 0,1 µg/mL 25 26 11975 24 1 0 0,5 µg/mL 23 27 11977 19 4 0 1 µg/mL 26 26 11974 26 0 0 2 µg/mL 34 37 11966 32 1 1 3 µg/mL 38 40 11962 36 2 0 6 µg/mL 37 41 11963 34 2 1 Tratamentos P. angulata 12000 células analisadas/tratadas; BN: células binucleadas; MN: micronúcleo *Bleomicina: (BLM) = 1,5 µg/mL ( 10µl/cultura) a p<0,05 tratado VS controle negativo Tabela 5 – Indução de citotoxicidade em cultura de linfócitos humanos tradada com extrato de Physalis angulata L. Tratamento Distribuição de células de acordo com o %BN IPBC ± DP µg/mL número de núcleo 1 2 3 4 Controle negativo *n=6) 1227 1438 191 144 47,93 1.742 Controle positivo* (n=6) 1852 1019 71 58 33,96 1.426 0.1 (n=6) 1157 1584 136 123 52.80 1.701 0.5 (n=6) 1284 1442 138 136 48.06 1.661 1.0 (n=6) 1291 1496 119 94 49.86 1.642 2.0 (n=6) 1186 1514 151 149 50.46 1.705 3.0(n=6) 1289 1517 121 73 50.56 1.635 6.0(n=6) 1199 1500 163 138 50.00 1.817 PAE (n=6) 12000 células analisadas e tratadas ; %BN: percentagem de células binucleadas; DP: Desvio Padrão. IPBC: Indíce de proliferação cytokinesis blocked {[M1 + 2(M2) + 3(M3 + M4)]/ N} *Bleomycina: [BLM] = 1.5 µg/ml (10 µl/cultura) Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo