UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC: CNPq. RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período:02/08/2015 a 10/08/2015. ( ) PARCIAL (x) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: Estudo fitoquímico e avaliação do perfil de espécies vegetais usadas tradicionalmente na medicina popular da região amazônica. Nome do Orientador: Prof. Dr. Milton Nascimento da Silva Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Química Unidade: Instituto de Ciências Exatas e Naturais Laboratório: Laboratório de Cromatografia Líquida – LABCROL– Título do Plano de Trabalho: Estudo fitoquímico da espécie vegetal Physalis angulata L. Nome do Bolsista: Luziane da Cunha Borges Tipo de Bolsa: (x) PIBIC/CNPq 1 1- RESUMO No Pará encontram-se diversas espécies vegetais usadas popularmente para fins terapêuticos. Dentre essas espécies encontra-se Physalis angulata Lin. (Família Solanaceae) que é uma planta considerada daninha conhecida popularmente como camapú, dispersa em vários estados do Brasil e em vários continentes, esta espécie é amplamente utilizada na medicina popular devido possuir metabolitos secundários, os quais apresentam propriedades anticoagulante, antileucêmica, anti-inflamatória, anticâncer, analgésica e entre outras. Por esta razão, este trabalho buscou realizar o estudo fitoquímico do extrato etanólico de todas as partes da planta. Foi realizada a análise do perfil cromatográfico do extrato por HPLC em seguida o mesmo foi fracionado por cromatografia em coluna e as frações resultantes foram analisadas por cromatografia clássica e por HPLC, resultando no isolamento de duas substâncias, fisalina D (S2) e fisalina G (S1). As substâncias isoladas são pertencentes à classe dos vitaesteróides, sendo suas estruturas posteriormente elucidadas através de técnicas espectroscópicas uni e bidimensionais de RMN. Palavras-chave: Physalis angulata Lin., camapú e HPLC. 2 2- INTRODUÇÃO As plantas são fontes indispensáveis da medicina popular desde tempos imemoriais. O uso de plantas para fins medicinais são considerados como as primeiras formas de uso de medicamentos que se tem conhecimento (MOTA,2004). Registros apontam que o uso de plantas medicinais já era evidenciado há 60.000 anos tanto na cultura ocidental como na oriental, como também em países desenvolvidos e não desenvolvidos. De maneira indireta, este tipo de cultura medicinal desperta o interesse de pesquisadores em estudos envolvendo áreas multidisciplinares, como por exemplo, botânica, farmacologia e fitoquímica, que juntas enriquecem os conhecimentos sobre a inesgotável fonte medicinal natural: a flora mundial (MACIEL et al., 2002). Ao levar em consideração a enorme biodiversidade brasileira, especialmente da região amazônica, a descoberta de novas classes de compostos e substâncias bioativas para finalidades terapêuticas se torna cada vez mais possível. A fitoterapia tem assumido um expressivo papel no contexto da medicina. A cada ano vem crescendo o número de profissionais e pacientes que procuram este recurso para solucionar questões relacionadas à saúde (FERRO et al., 2008). Sendo assim, o estudo químico relacionado às plantas com atividades medicinais resulta de um grupo de pesquisa multidisciplinar, no qual fitoquímicos, botânicos, farmacologistas e microbiologistas corroboram na tentativa de validar as plantas medicinais, visando obter novos agentes químicos (BRESOLIN et al., 2003). As plantas da família Solanaceae ocorrem em diversas partes do mundo e tem como centro de diversidade a América do Sul. No Brasil, ocorrem 31 gêneros e cerca de 500 espécies nativas (HUNZIKER, 2001). Destes, 23 gêneros e aproximadamente 180 espécies nativas (STEHMANN & MENTZ, 2006) fazem parte da flora da região sul do Brasil. No Rio Grande do Sul, a família está representada por 22 gêneros, com representantes nativos e seis gêneros com representantes introduzidos, compreendendo 115 e 26 espécies, respectivamente (MENTZ et al., 2007, SOARES et al., 2007b). O táxon Physalis abrange cerca de cento e vinte (120) espécies com caracteres principalmente herbáceos, que se distribuem pelas zonas temperadas do globo terrestre, especialmente nas Américas do Norte e do Sul, cujos principais centros de diversidade taxonômica encontram-se nos Estados Unidos e México (HAWKES et al., 1991; TOMASSINI et al., 2000). 3 O nome Physalis origina-se do grego, onde “physa” significa bolha ou bexiga, referindo-se ao cálice que envolve os frutos, principal característica das plantas que compõem este táxon (HAWKES et al., 1991). A espécie P. angulata é exclusivamente produtora de seco-esteróides C/D altamente oxigenados, chamadas fisalinas. Estudos anteriores levaram ao isolamento de derivados de vitanolídeos tripanocidas. Os vitanolídeos são esteróides estruturalmente diferentes com um esqueleto de ergostano em que C-22 e C-26 são oxidados para formar uma -lactona. Estes compostos são específicos para a família Solanaceae e, em particular, para os gêneros Withania, Acnistus, Dunalia, Physalis, Datura, Lycium, e Jaborosa (SILVA et al., 2005). Das cento e vinte espécies de Physalis existentes é possível encontrar na literatura a identificação de dezenove fisalinas principais, e de algumas destas, seus isômeros. É interessante notar a pluralidade de anéis que este grupo de vitaesteróides apresenta. Dessas dezenove já elucidadas, cinco são heptacíclicas, oito octacíclicas, cinco nonacíclicas e uma undecacíclica. 4 3- JUSTIFICATIVA Nos últimos anos, o uso de produtos à base de planta tem vindo a aumentar nos países em desenvolvimento. As plantas tem sido sempre uma fonte atraente de drogas. Por outro lado as formas de interações moleculares e mecanismos de bioatividade dos extratos ou os seus componentes bioativos proporcionam um desafio para os cientistas (HEMAMALINI et al., 2013). Os produtos de origem vegetal, denominados fitoterápicos, estão relacionados com a exploração tecnológica e econômica de vegetais empregados na prevenção, no tratamento e na cura de distúrbios, disfunções ou doenças. Estes produtos necessitam de um controle de qualidade adequado, tanto para suas matérias primas (plantas), quanto para o produto tecnologicamente acabado (fármaco). Este controle contribui, sem dúvida, para o tripé eficácia, segurança e qualidade, refletindo como principal resultado no binômio custo-benefício. Estes princípios são necessários ao desenvolvimento cientifico e tecnológico dos medicamentos fitoterápicos, pois asseguram uma melhor aceitação pela classe médica que os prescreve, propiciando confiabilidade àqueles que os venham consumir. Physalis angulata Lin., (sinonímia: Physalis dúbia Link, Physalis linkiana Nees. Physalis ciliata Sieb. et Zucc.) é popularmente conhecida como camapum, palavra de origem tupi que significa “estalo do peito” em virtude do som reproduzido quando estalado contra o peito. Por ser uma planta amplamente dispersa em vários estados do Brasil, também é conhecida por outras denominações como, bucho-de-rã, joá-de-capote, camapú, camambú, camarú, mata-fome, bate-testa, joá, juá-poca, balão-rajado e balão (LORENZI, 2002). P. angulata Lin. é, sem dúvida, a mais representativa das espécies do gênero Physalis, considerando seu valor medicinal. Integra o elenco de plantas curativas de diversos sistemas de medicina tradicional de várias partes do planeta, inclusive do Brasil, cujas propriedades medicinais são amplamente difundidas, especialmente no Nordeste do Brasil e Amazônia. O chá da planta é recomendado na forma de banho para o tratamento de reumatismo e males do fígado. Seus frutos são utilizados como desobstruentes e diuréticos. As folhas são aplicadas contra inflamação da bexiga, do baço e contra icterícia. Sendo ainda empregadas no tratamento de malária e hepatite. O suco é considerado calmante e depurativo, sendo empregado contra dores de ouvido. Algumas tribos indígenas colombianas consideram as folhas e frutos com propriedades narcóticas, 5 e em uso externo, o decocto destas partes é utilizado como anti-inflamatório para doenças de pele em geral. No sistema de medicina tradicional do Peru, as raízes deixadas em repouso no rum são empregadas no tratamento de diabetes (LORENZI, 2002). De acordo com a literatura diversas atividades na espécie Physalis angulata Lin. já foram estudadas e comprovadas. Na medicina popular, os extratos ou infusos da planta tem sido utilizado em vários países para o tratamento de diversas doenças, como malária, asma, hepatite, dermatite e reumatismo (LIN et al., 1992). A partir destas considerações e diante da importância da pesquisa química de produtos naturais para a obtenção de novos compostos com finalidade terapêutica, este trabalho vem avaliar o perfil químico do extrato etanólico de P. angulata Lin. buscando isolar e identificar as substâncias presentes no extrato. 4- OBJETIVOS 4-1- GERAL Estudar o perfil químico do extrato etanólico da espécie Physalis angulata L. (camapú) por HPLC e fornecer base para a produção de fitoterápicos. 4-2- ESPECÍFICOS Estudar quimicamente o extrato etanólico de Physalis angulata, visando isolar os principais constituintes químicos, utilizando a técnicas cromatográficas; Identificar as estruturas isoladas utilizando técnicas espectrométricas de RMN (uni e bidimensionais); 5- PARTE EXPERIMENTAL 6 5-1- MATERIAIS E MÉTODOS Nas separações cromatográficas em coluna, foi utilizada como adsorvente sílica gel (60-200 µm) da SilicaFlash®G60. Solvente grau HPLC: acetonitrila. A água foi purificada em um sistema de água Millipore e as fases móveis foram passadas em um filtro de membrana de nylon com poros de 0,45 µm. Solventes grau PA: Hexano, Acetato de etila, Metanol e Álcool etílico. Foi utilizado como revelador nas cromatoplacas: ácido sulfúrico (revelou as substâncias exibindo coloração). As amostras foram pesadas em balança analítica SHIMADZU, modelo AY220, com precisão de 0,0001 g. Técnica Cromatográfica: Cromatografia em camada delgada comparativa (CCDC) em cromatoplacas medindo 5x5 cm. 5-2- EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS UTILIZADOS Evaporador rotativo a vácuo QUIMIS, modelo Q-344-2, para concentração da solução etanólica; Para o tratamento das amostras (clean up) foram utilizados cartuchos com fase estacionária C18, todos da Phenomenex. Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência da marca Shimadzu, modelo PROMINENCE, composto por duas bombas modelo LC-10 AD de um canal, detector de arranjo de diodo modelo SPD-M20A, degaseificador de membrana modelo DGU-14A, auto-injetor de amostras modelo SIL-20A, interface de comunicação modelo CBM-20A acoplado a um microcomputador Pentium IV com software de integração LCsolution; Em cromatografia líquida de alta eficiência utilizou-se como fase estacionária uma coluna Gemini C18 (250 mm x 4,6 mm, 5 μm, 110 Å) analítica. A coluna de segurança ou pré-coluna foi um HOLDER® bicompartilhado contendo, em seu interior, um cartucho de segurança C18 (4 x 30 mm, 5 µm), adquirido da Phenomenex® (Torrance, CA, USA); 7 Para validação do método foi utilizada como fase estacionária uma coluna Gemini C18 (250 mm x 4,6 mm, 5 μm, 110 Å), analítica; Seringas descartáveis de 5 mL; filtro de seringa de nylon de 13 mm, com poro de 0,45 µm (Tedia Brasil); pipetas calibradas da Labmate de 1 a 5 mL e 100 a 1000 µL; ponteiras de 300 µL, 1 mL e 5 mL; Ultrassom da Branson 2510. Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência da marca Shimadzu, modelo PROMINENCE, composto por duas bombas modelo LC-6 AD de um canal, detector de arranjo de diodo modelo SPD-10AV, degaseificador de membrana modelo DGU-2A5R, auto-injetor de amostras modelo LC-8A, interface de comunicação modelo CBM-20A acoplado a um microcomputador Pentium IV com software de integração LCsolution; 5-3- COLETA DO MATERIAL VEGETAL PARA ANÁLISE FITOQUÍMICA Espécies de Physalis angulata Lin. foram coletados no município de Boa Vista do Acará, no estado do Pará. A planta foi identificada taxonomicamente pelo Dr. Ricardo Secco, do departamento de Botânica. Os espécimes foram depositados no herbário do Museu de Emilio Goeldi (Pará, Brasil). 5-4- OBTENÇÃO DO EXTRATO BRUTO O material botânico de Physalis angulata L. foi seco em estufa com temperatura máxima de 40ºC, em um período de sete dias, sendo posteriormente trituradas em moinho de facas, obtendo-se um total de material seco e moído de 500 g. Este material foi submetido a cinco extrações (com 100g cada extração) a quente por Sohxlet com solvente etanol grau PA em um tempo de 5 dias por 7 horas cada. O solvente foi eliminado em evaporador rotativo sob pressão reduzida obtendo o extrato etanólico bruto (50 g). 5-5- FRACIONAMENTO CROMATOGRÁFICO DO EXTRATO ETANÓLICO DE P. angulata Lin. 8 O extrato etanólico bruto (50 g) foi fracionado por CCVU - Coluna Cromatográfica por Via Úmida filtrante, utilizando-se misturas de solventes com polaridade crescente, em um volume calculado de 550 mL de cada sistema: Hexano/Acetato de etila (1:9; 3:7; 1:1), Acetato de etila 100%, Acetato de etila/ Metanol (2:8) e Metanol 100%, obtendo-se após a evaporação dos solventes as respectivas frações F1 (2,25 g); F2 (1,94 g); F3 (826,7 mg) e F4 (4,25 g); F5 (16,6 g) e F6 (8,07 g) (FLUXOGRAMA 1), obtendo um rendimento de aproximadamente 67,9%. Analisando as três últimas frações no HPLC numa eluição em gradiente, obteve-se os cromatogramas, como resultados, estes mostraram que a fração F4 (Acetato de etila 100 %), mostrou ser promissora por apresentar as substâncias de interesse. Como o objetivo do trabalho é isolar substâncias presentes no extrato e foi constatado que as mesmas encontram-se na fração F4, julgou-se necessário então refraciona-la. A fração F4 (4,25 g) foi refracionada por Cromatografia em Coluna (FLUXOGRAMA 1), utilizando-se misturas de solventes com polaridade crescente, em um volume calculado de 500 mL de cada sistema: Hexano/Acetato de etila/Metanol (50:47,5:2,5; 50:45:5; 50:40:10; 30:60:10), Acetato de etila/Metanol (90:10) e Metanol 100%. Foram obtidas 78 frações, as quais foram analisadas por CCDC (Cromatografia em Camada Delgada Comparativa) e a partir dos resultados algumas frações foram reunidas, foi observado que alguns compostos de interesse encontravam-se na reunião 39-41 (169,9 mg), na fração 43 (30 mg) e na fração 49 (20,1 mg) que provavelmente apresentou uma substância isolada de acordo com analises por HPLC. 5-6- PRÉ-TRATAMENTO UTILIZADO PARA OBTER O PERFIL CROMATOGRÁFICO DO EXTRATO E DAS FRAÇÕES DA CCVU. 9 O método de pré-tratamento (clean up) empregado foi a Extração em Fase Sólida (SPE). Foram utilizados cartuchos Strata-C18 da Phenomenex, com 50 g de fase estacionária e 1,0 mL de volume. Foi usada uma alíquota de 10 miligramas do extrato e em seguida 10 miligramas da reunião 39-41, da fração 43 e da fração 49. O cartucho Strata-C18 foi condicionado com 1,0 mL de acetonitrila e em seguida 1,0 mL de H 2O. À alíquota de cada fração, foi adicionado 0,8 mL de acetonitrila e levado ao ultrassom por um minuto. Após esse tempo, foi adicionado 0,2 mL de H2O e levado ao ultrassom por mais um minuto. A solução foi aplicada no cartucho, recolhendo-se a solução de interesse e em seguida passou-se mais um volume do sistema (1,0 mL de Acetonitrila/Água 8:2 v/v) e coletado no mesmo recipiente. O solvente foi evaporado na capela e ressuspendido em 1 mL de acetonitrila, de onde se retirou uma alíquota de 20 µL da solução resultante, sendo injetado no cromatógrafo líquido. Com o objetivo de se obter o perfil cromatográfico do extrato, uma alíquota de 20 µL da solução obtida após a suspenção de 1 mL de Acetonitrila obtida do pré- tratamento, foi injetada no HPLC em uma eluição em gradiente com fase móvel composta por solvente A = Água e B = Acetonitrila, variando-se de 5 a 100% do modificador orgânico (B), no tempo de 60 minutos de análise. A vazão da fase móvel foi de 1 mL/minuto, e o detector de absorbância na região do ultravioleta operando em 227 nm, para a análise do melhor sistema a ser utilizado na separação. Como fase estacionária, utilizou-se uma coluna analítica Gemini C18 (250 x 4,6 mm), com partículas de 5 µm, dotada de pré-coluna. Como fase móvel utilizou-se uma mistura de solventes composta por água ultrapura e acetonitrila (ACN) grau HPLC. Os solventes foram filtrados em membrana de nylon de 0,45 µm. Com o objetivo de otimizar o método para o isolamento das substâncias de interesse, realizou-se o perfil cromatográfico das frações Fr.39-41 e Fr.49 do refracionamento da fração F4 (Acetato de etila 100%), relatado anteriormente, para prever se havia possibilidade de eluição no modo isocrático. Baseado na relação (T rz - Tra) /Tg, que deve apresentar valor inferior a 0,4 segundo SNYDER e colaboradores (1997), foram realizados o cálculo e o resultado obtido para a relação foi inferior a este valor, para as frações analisadas, demonstrando que a separação podia ser realizada no modo isocrático. Considerando o estudo de SNYDER e colaboradores (1997), é possível propor valores desejáveis para o fator de retenção k (k = 5; k = 10; k = 20), com base nos tempos de retenção da última banda. O tempo de retenção para a reunião 39-41 foram próximos 10 a 27 minutos. Com isso, foi calculado um valor teórico para o percentual do modificador orgânico baseado nos estudos de SNYDER. Para se estimar um valor de percentual do modificador orgânico, optou-se por uma separação com k = 10 e foi sugerido um sistema isocrático. Os sistemas propostos por SNYDER, entretanto, não foram eficientes, uma vez que não foi observado uma boa seletividade entre os compostos, havendo a necessidade de uma otimização. Com isso foi escolhido o seguinte sistemas: 36% (Fração 39-41). A análise em um sistema no modo isocrático ainda não foi realizada para a fração 49 já que a mesma possui uma substância isolada de acordo com analises espectrométricas de RMN. FLUXOGRAMA 1. Obtenção do extrato, das frações e substâncias obtidas (até o momento) a partir do material botânico de P. angulata Lin. 11 Material botânico (500 g) Extração por Sohxlet com Etanol grau PA EXTRATO ETANÓLICO (50 g) CCVU Filtrante F3 (826,7 mg) Hex/AcOEt 1:1 F2 (1,94 g) Hex/AcOEt 3:7 F1 (2,25 g) Hex/AcOEt 1:9 F5 (16,6 g) F4 (4,25 g) AcOEt F6 (8,07 g) MeOH AcOEt/MeOH 2:8 REFRACIONAMENTO (CCVU) Analisadas até o presente momento 78 SUBFRAÇÕES Fr.39-41 (160,9 mg) Fr.49 (20,1 mg) Substância S1 (27,6 mg) Substância S2 (20,1 mg) O O O O O O O O O O O HO O HO O O O O OH Fisalina G OH OH Fisalina D 6- RESULTADOS E DISCUSSÕES 6-1- PERFIL CROMATOGRÁFICO DO EXTRATO ETANÓLICO DE P. angulata Lin. 12 Para realizar o perfil cromatográfico, uma alíquota de 10 miligramas do extrato foi submetida à um pré-tratamento por Extração em Fase Sólida (SPE), objetivando-se reter as impurezas e/ou interferentes, deixando apenas passar os componentes de interesse. A solução obtida foi posteriormente analisada por HPLC, obtendo o perfil cromatográfico na busca do melhor sistema para isolamento das substâncias. mAU 200 3.630/187719 Ch2-227nm,4nm (1.00) 175 25.555/86849 150 125 100 75 50 25 0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 45.0 50.0 55.0 min Figura 1- Perfil cromatográfico do extrato etanólico. Fase móvel composta por H2O/ACN variando de 5 a 100% em um tempo de 60 minutos, em modo linear e vazão de 1 mL/min. Detecção de UV, = 227 nm. 6-2- ANÁLISE DAS TRÊS ULTIMAS FRAÇÕES OBTIDAS POR CCVU. 13 uV 450000 400000 Azul: F4 (AcOEt 100%) 350000 Vermelho: F5 (Hex/AcOEt 20%) 300000 Verde: F6 (MeOH 100%) 250000 200000 150000 100000 50000 0 5.0 2.5 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 35.0 37.5 40.0 42.5 min Figura 2- Sobreposição dos cromatogramas obtidos a partir das análises das frações F4, F5, F6. Fase móvel composta por H2O/ACN variando de 5 a 100% em um tempo de 60 minutos, em modo linear e vazão de 1 mL/min. Detecção de UV, = 227 nm. Analisando os cromatogramas obtidos das três últimas frações da CCVU, bem como suas absorções no ultravioleta, foi observado que a F4 (Acetato de etila 100 %) detinha da maior concentração de compostos no comprimento de onda de 227 nm. Com isso, o isolamento das substâncias foi realizado mediante análise apenas dessa fração, a qual foi refracionada como relatado anteriormente. 6-3- ISOLAMENTO DAS SUBSTÂNCIAS DE INTERESSE DA REUNIÃO 39-41 POR HPLC-DAD. 14 Depois de determinado o melhor sistema de separação das substâncias no modo isocrático, a substância presente na reunião 39-41 foi isolada em um cromatógrafo liquido em escala semi-preparativa. Como fase estacionária, utilizou-se uma coluna semipreparativa Gemini C18 5 μm (250 x 10 mm), com fluxo de 4,7 mL/min. Como fase móvel, utilizou-se mistura composta pelos solventes H2O/ACN 64:36 v/v. Foram isoladas as substâncias S1 da reunião 39-41 e S2 da fração 49. As substâncias isoladas tiveram suas estruturas completamente determinadas por métodos espectrométricos de análises. 9.675/41516 mAU 45.0 Ch1-227nm,4nm (1.00) 42.5 40.0 S1 37.5 35.0 32.5 30.0 27.5 25.0 22.5 20.0 17.5 15.0 12.5 10.0 7.5 5.0 2.5 0.0 -2.5 -5.0 0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0 11.0 12.0 13.0 min Figura 3- Cromatograma no modo de eluição isocrático da reunião 39-41. Fase móvel H2O/ACN 64:36 e vazão de 1 mL/min. Detecção de UV, = 227 nm. 15 mAU 2500 Ch1-227nm,4nm (1.00) 2250 2000 25.648/1216351 1750 S2 1500 1250 1000 750 500 250 0 25.0 20.0 15.0 10.0 5.0 55.0 50.0 45.0 40.0 35.0 30.0 min Figura 4- Cromatograma no modo de eluição em gradiente da fração 49. Fase móvel H2O/ACN variando de 5 a 100% em um tempo de 60 minutos, em modo linear e vazão de 1 mL/min. Detecção de UV, = 227 nm. 6-4- CONSTITUINTES QUÍMICOS ISOLADOS DE Physalis angulata Lin. Na investigação química de P. angulata Lin. foram isoladas duas substâncias, pertencentes a classe das fisalinas. Todas foram isoladas via HPLC em escala semipreparativa. A determinação estrutural das substâncias isoladas foi feita com base na análise dos dados espectrométricos de RMN de 1H, 13C e por comparação com informações encontradas na literatura. 6-4-1 ESTRUTURAS DAS SUBSTÂNCIAS ISOLADAS. O O O O O O O O O O HO O HO O O O O O OH OH Fisalina G OH Fisalina D 16 6-5- ESPECTROS DE RMN DAS SUBSTÂNCIAS ISOLADAS. Figura 5- Espectro de RMN 13C da fisalina G (S1) (75 MHz, CDCl3). Figura 6- Espectro de RMN 13C (expansão) da fisalina G (S1) (75 MHz, CDCl3). 17 Figura 7- Espectro de RMN 1H da fisalina G (S1) (300 MHz, CDCl3). 18 Figura 8- Espectro de RMN 1H (expansão) da fisalina G (S1) (300 MHz, CDCl3). Figura 9- Espectro de RMN 13C da fisalina D (S2) (75 MHz, CDCl3). 19 Figura 10- Espectro de RMN 13C (expansão) da fisalina D (S2) (75 MHz, CDCl3). Figura 11- Espectro de RMN 1H da fisalina D (S2) (300 MHz, CDCl3). 20 Figura 12- Espectro de RMN 1H (expansão) da fisalina D (S2) (300 MHz, CDCl3). 7- CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho foram estudadas todas as partes da espécie Physalis angulata Lin. sob o ponto de vista fitoquímico. A partir do extrato etanólico de P. angulata Lin. foram isoladas as substâncias: fisalina D e fisalina G, todas pertencentes a classe dos vitaesteróides. Nenhuma das duas substâncias isoladas são inéditas. 8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, D. T. V. Estudo fitoquímico de Physalis angulata Lin. (CAMAPÚ) por HPLC, Dissertação de mestrado, UFPA, 2012. BALANDRIN, M.F., KLOCKE, J. A., WURTELE, E. S., BOLLINGER, W. H., Natural plant chemicals: sources of industrial and medicinal materials. Science, v. 228, Issue 4704, 1154-1160. BRESOLIN, T. M. B.; FILHO, V.C. Ciências Farmacêuticas: Contribuição ao Desenvolvimento de Novos Fármacos e Medicamentos. Itajaí: UNIVALI, 2003. 239p. FERRO, D. 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