Kant e o imperativo categórico Pedro Vinicius Santos de Oliveira* * é aluno de Filosofia pela Universidade Estadual de Santa Cruz _______________________________________________________________________________ O imperativo categórico como a base da moralidade foi colocado por Kant nessas palavras: "Age de maneira que possas querer que o motivo que te levou a agir seja uma lei universal”. Com respeito aos juízos morais, as coisas não são nem boas nem más, são indiferentes ao bem e ao mal. Os qualificativos morais não correspondem, igualmente, àquilo que o homem faz efetivamente, mas sim, estritamente, àquilo que ele quer fazer. O imperativo categórico nada mais é que a representação de um princípio objetivo de forma obrigatória para a vontade, sendo um mandamento da razão. Os imperativos são representados por um dever-ser, que serve para mostrar a relação de uma lei objetiva da razão com uma vontade, que subjetivamente não é determinada por uma necessitação. É necessário, para maior compreensão do conceito de imperativo categórico, fazer distinção entre um mundo sensível, no qual o indivíduo procura a satisfação dos apetites e inclinações (enfim, dos móveis humanos), e um mundo inteligível, do qual nada mais sabe senão que nesse mundo só há a lei da razão, e a razão pura, independente da sensibilidade. O imperativo categórico é o único capaz de ser fórmula para a moralidade, pois não se relaciona com a matéria da ação e com o que dela deve resultar, mas com a forma e com o princípio do qual ela mesma deriva; quer dizer, o essencialmente bom na ação reside na disposição, seja qual for o resultado. Tal imperativo também pode ser chamado de imperativo da moralidade. Portanto, o imperativo categórico é uma fórmula para pensar uma ética estritamente racional, ou seja, sem recorrer a discurso unificador metafísico, que coloca como juiz de todos os homens alguma entidade religiosa, como no caso dos mandamentos religiosos. Uma ética nos limites da simples razão que não seja relativa é um desafio para a filosofia, que perdura até hoje, mesmo com uma ascensão do relativismo que coloca a ética sempre circunscrita a um grupo de pessoas. É preciso ter isso em mente quando pensar no imperativo categórico kantiano.