Hipertensão Arterial Uma doença silenciosa que mata ou mutila centenas de milhares de portugueses A Pressão Arterial (PA) é a força com que o sangue circula pelo interior das artérias no corpo. A Hipertensão Arterial (HTA) ocorre quando esta pressão se encontra elevada de forma crónica. A PA tem duas medidas: a pressão arterial sistólica ou "máxima" e a pressão arterial diastólica ou "mínima". A primeira corresponde ao momento em que o coração contrai, enviando o sangue para todo o corpo. A segunda ocorre quando o coração relaxa para se voltar a encher de sangue. Em Portugal, segundo os dados do mais recente estudo nacional (o Estudo PHYSA, levado a cabo pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão) 42% dos portugueses sofrem desta doença. Considera-se que uma pessoa é hipertensa, quando apresenta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, um dos valores de PA (sistólica ou diastólica) ou ambos, iguais ou superiores a 140/90mmHg, determinados por um profissional treinado e utilizando um aparelho calibrado e validado. Os doentes com HTA têm um maior risco de morte ou desenvolvimento de determinadas patologias, como a insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais (AVC), enfarte do miocárdio, insuficiência renal, perda gradual da visão, esclerose das artérias, entre outros. A adoção de um estilo de vida saudável pode prevenir o aparecimento da doença e a sua deteção e acompanhamento precoces podem reduzir o risco de vir a desenvolver estas patologias. Esta doença não é só uma doença de adultos. Cerca de 12,8% das crianças e jovens entre os 5 e os 18 anos têm a PA elevada. Na verdade, a Hipertensão Arterial (HTA) entre as crianças e os adolescentes está a registar uma dimensão preocupante, associada à obesidade. Tal deve-se em grande parte ao estilo de vida pouco saudável das crianças (alimentação rica em gordura e pobre em fibras, longos períodos de tempo em frente à televisão ou ao computador, raros momentos de brincadeiras ao ar livre, entre outros. Muitos pacientes com Hipertensão acumulam também outros Factores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Estes Fatores de Risco Cardiovascular podem ser classificados em dois tipos: modificáveis e não modificáveis. Os primeiros são aqueles que, numa perspetiva de prevenção, podemos intervir e corrigir. Incluem o tabagismo, a hipertensão arterial, a dislipidemia (colesterol elevado), a diabetes, a obesidade, a inatividade física, o consumo excessivo de álcool e o consumo excessivo de sal. Um estilo de vida saudável tem uma influência positiva em todos estes fatores de risco. É de realçar que estes fatores interagem e potenciam-se, tendo a sua associação um efeito sinérgico, aumentando de forma considerável a possibilidade de surgimento de doença cardiovascular. É assim importante um seguimento regular no seu Médico, de forma a que seja feita uma avaliação do seu risco cardiovascular global, tendo em consideração a presença concomitante destas condições, e estabelecido um plano de intervenções individualizado que favoreça o controlo de todos os fatores de risco modificáveis. Numa altura em que a Sociedade Portuguesa de Hipertensão e a Associação Portuguesa de Nutricionistas unem esforços para combater este flagelo nacional, importa porventura salientar dois aspectos fundamentais que contribuem para o desenvolvimento de Hipertensão e Doenças Cardiovasculares: Uma Alimentação inadequada e consumo excessivo de sal: Uma dieta rica em calorias, com alto teor de gorduras saturadas e pobre em nutrientes essenciais é prejudicial à saúde e contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. É sabido que um elevado teor de sal na dieta é, também, um dos mais importantes fatores de risco no aumento da Pressão Arterial . O consumo de sal em Portugal é de cerca de 10,7 gramas por dia, por habitante, permanecendo assim cerca de duas vezes acima do valor recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – menos de 5g por dia. O sal é responsável não só pelo aumento da pressão arterial, mas também pela descoordenação de vários eixos hormonais que virão, pela sua acção a prejudicar também directamente os vasos sanguíneos e a actividade cardíaca. Aprenda a prevenir e a controlar a HTA As estratégias preventivas, se aplicadas precocemente na vida, apresentam um potencial enorme para prevenir o desenvolvimento de HTA e de reduzir a carga total de doença hipertensiva e suas complicações. Para diminuir a pressão arterial e o risco cardiovascular, as alterações no estilo de vida são largamente consensuais e devem ser instituídas a todas as pessoas, independentemente da necessidade de terapêutica antihipertensora: • Redução do consumo de sal na alimentação (encontra-se naturalmente não só no sal de cozinha, mas também em vários alimentos, como os produtos de charcutaria, os queijos curados, o pão, os alimentos enlatados, as refeições congeladas ou pre-cozinhadas); Quando for fazer as suas compras não se esqueça: há alimentos que naturalmente contêm elevados valores de sódio. Tome atenção aos rótulos e evite os que têm mais de 5% da dose diária recomendada (DDR) de sódio ou com mais de 1,5 g de sal por 100 g. • Dieta equilibrada: aumento do consumo de frutas, legumes; diminuição da ingestão de gorduras saturadas presentes em certos alimentos (por exemplo carnes vermelhas, gema de ovo, manteiga, queijos curados, produtos de charcutaria e alimentos pré-cozinhados); • Moderação do consumo de álcool (por exemplo, um copo de vinho tinto à refeição); • Prática regular de exercício físico, sobretudo com movimentos aeróbios (marcha, corrida, natação ou dança); • Abandono do tabagismo; • Redução e/ou controlo do peso, caso se verifique excesso de peso ou obesidade. A HTA, como doença crónica que é, necessita da terapêutica e vigilância continuada no tempo, sendo importante não esquecer que a interrupção da terapêutica, absoluta ou intermitente, pode associar-se a um agravamento da situação clínica. Estes e outros conselhos de saúde relacionados com a Hipertensão Arterial e a redução do consumo de sal, podem ser consultados no site http://www.sphta.org.pt/pt/informacao_publico_vivasaudavel.asp?id=2 Sociedade Portuguesa de Hipertensão