Isis e a Alma do Mundo Egípcio

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Isis e a Alma do Mundo Egípcio
Eunice Simões Lins Gomes 1
Figura 1 Isis, Rainha do céu, a compassiva libertadora dos sofrimentos dos homens
Fonte: NOBLECOURT, Christiane. A mulher no tempo dos faraós. Sp: Papirus, 1994, p.30
INTRODUÇÃO
Este trabalho é resultado das investigações em torno do tema da relação Religião e
Sociedade, em que estudamos os fundamentos da civilização egípcia, entendida como berço
das principais manifestações religiosas e filosóficas, que influenciaram o ocidente e que
perduram até o presente.
Visualizamos um Egito desconhecido, para a maioria das pessoas, um Egito marcado
pelas escolas de mistérios com seus processos iniciáticos, pelos templos (de Osirion, de
Denderá, de Edfu, de Philae, de Abydos, de Karnac), em que se dava a aprendizagem
específica da formação do sacerdote, pelos espaços da geometria sagrada, pela teoria da
reencarnação e da evolução da consciência. Enfim, compreendemos melhor um Egito
misterioso e sábio, dotado de um conhecimento perdido ou transmitido a outros povos e
civilizações, de forma diluída e atenuada.
Este trabalho se propõe a adentrar no mundo egípcio, faremos isso, a partir da
descrição dos egiptólogos e do pressuposto antropológico do imaginário de Gilbert Durand.
Para o qual o imaginário é um sistema dinâmico organizador de imagens, cujo papel fundador
é o de mediar a relação do homem com o mundo, com o outro e consigo mesmo. Essa função
fantástica do imaginário acompanha os empreendimentos mais concretos da sociedade,
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Profa. Dra. do Departamento de Ciências das Religiões do Centro de Educação da Universidade Federal da
Paraíba.
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modulando desde a ação social até a obra estética. Estaremos analisando especificamente o
mito de Isis, visto entendermos por Durand que os mitos são manifestos nos atos simbólicos,
cuja função é colocar o homem em relação de significado com o mundo, com o outro e
consigo mesmo. (cf. KAST, 1997).
Nestes últimos anos a grande temática na biologia, psicologia e na educação tem sido
as investigações na área do desenvolvimento da inteligência, para citar algumas delas
lembramos: a teoria da inteligência emocional, de Daniel Goleman, a teoria das inteligências
múltiplas, de Howard Gardner e a inteligência multifocal, de Augusto Cury. Neste ensaio
estaremos tratando sobre a inteligência imaginativa, uma elaboração de Henri Corbin, para o
qual, essa inteligência é fundadora de todas as outras, porque ela estabelece uma estreita
ligação entre o homem, a sociedade e a natureza. É imaginativa porque consiste num
conhecimento intermediário, dado pela imagem, pela forma ou figuração, que une o mundo
sensível e o mundo inteligível. Isso porque através das figuras é possível reconhecer ou
exprimir o sentimento de pertença.
Esse tema da inteligência imaginativa, tratando dos intermediários, foi desenvolvido
nas pesquisas sociológicas de Henri Corbin na década de 60 em que buscava compreender “o
mundo imaginal” dos fenômenos sociais. O “mundo imaginal” é expressão de Corbin que usa
para se referir as imagens que produzem vínculo social, estabelecendo um elo entre a natureza
e a arte, a razão e a sensibilidade. Em outras palavras, a inteligência imaginativa é um logos
que capta as emoções na vida compartilhada, estabelece uma passagem do racionalismo
instrumental para a racionalidade interna que percebe a forma, o arquétipo no qual o
individual e o coletivo se reconhecem, é essa inteligência que constrói mitos e fundam
comunidades (cf. DURAND, 1995).
Quando dizemos que será por essa inteligência que perscrutaremos o Egito, significa
dizer que estaremos buscando à lógica do interior do Egito, sua razão interna, sua alma ou as
forças que o animam. Isso porque a inteligência imaginativa é um pensamento integrativo
capaz de assumir a oposição moderna entre a estática e a dinâmica, entre a atitude de conjunto
e o fragmento. É uma maneira de reconhecer a pluralidade dos mundos, ao exprimir a
intensidade de uma existência, ela torna visíveis elementos invisíveis e permite unir os
iniciados em torno do mistério.
Foi na perspectiva da inteligência imaginativa que Henri Corbin esclareceu o
imaginário dos sistemas religiosos. Por exemplo, ele esclareceu a cristologia cristã por meio
do estudo dos imãs mulçumanos, imãs entendidos como figuras da revelação do divino
(teofanias). Sendo assim, e inspirados em Durand (2004), nós estaremos, neste ensaio,
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mergulhando no imaginário egípcio por meio da forma cosmológica proposta por Platão em
sua psicocosmia.
1 Psicocosmia platônica 2 e as pistas para analisar o mito de Isis
A psicocosmia compreende a cosmologia platônica que está descrita no Timeu, um
dos diálogos de Platão. Este diálogo aconteceu, supostamente, por volta de 421 a.C., na casa
de Crítias, em Atenas, entre o anfitrião, Sócrates, Timeu e Hermócrates. É uma obra da
velhice de Platão, um de seus últimos escritos. A fala de Timeu aparece no momento em que
Crítias (bisavô de Platão) vai contar a história de Atlântida, um continente perdido sobre as
águas do atlântico. Essa história lendária, a ser contada por Crítias, recebida de seu pai
(Dropíadas), que por sua vez a recebera de Sólon, e este dos egípcios, descreve a primeira
criação do mundo, fundada por uma raça de extintos gigantes, denominados de “Atlas”,
conhecedores dos mistérios dos deuses. Então, como se tratava da história do início do
mundo, Timeu resolve preceder essa história contando como o mundo foi criado. (Cf. LIMA,
2002, p.7).
A mentalidade grega é de que o mundo está em decadência (mundo material) só que
há necessidade de haver uma catástrofe para um novo recomeço. Este recomeço é para imitar
o mundo perfeitamente belo e bom, o mundo arquetipal e espiritual, real e idealizado por
Deus. Nesse sentido, a fala de Timeu aparece como uma justificativa ao Eterno Retorno,
explicando que por uma destruição catastrófica periódica acontece um lento recomeçar da
civilização. Ou seja, Atlântida só foi destruída pelas águas diluvianas porque anteriormente
tivera sido construída, portanto era preciso falar de Atlântida antes da catástrofe.
Sendo assim, o problema proposto por Timeu era dar provas cabíveis que a
civilização, marcada pelo destino da destruição, tivera sido construída perfeitamente pelos
deuses. A prova era a manifestação do bem num mundo caracterizado por geração e
corrupção, criação e destruição, nascimento e morte. A presença do bem era a manifestação
da ordem harmônica no mundo sensível e visível. O bem que emerge na ordem e na harmonia
é uma categoria estética, por isso, o bem e o belo em Platão são compatíveis e
complementares.
A cosmologia é a seguinte: Deus é um ser bom, por ser harmônico, é eterno, por não
ter fim e estar fora do tempo, é imutável, por não sofrer variação e por possuir propósitos
definidos, é o Mesmo, por que ele sempre foi e eternamente será o mesmo, enfim, Deus é
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Expressão de Platão, no livro Timeu, para se referir ao mundo intermediário entre o sensível e o suprasensível,
também por ele chamado de “Alma do Mundo”.
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perfeito e não pode ser diferente disso. Partindo desse pressuposto, Timeu afirma que esse
Deus bom é criador, na medida em que ele olha para o mundo e vê o caos, então deseja que
todas as coisas sejam semelhantes a ele próprio.
Assim, tem-se um ser eterno, não nascido, que pode ser apreendido pela intelecção e
raciocínio, exatamente por nunca mudar. Platão chama-o de “o mesmo”, associa-o à
perfeição, à imobilidade, à continuidade da Alma. Além deste há um ser efêmero, que sempre
nasce, jamais tendo existido de forma “real” ou imutável, mas sempre do domínio do ilusório.
Portanto, o “Outro” associa-se ao imperfeito, à mobilidade, à descontinuidade da matéria.
Esse deus demiurgo de Platão, ao ver que toda esfera celeste visível não se achava em
repouso, mas movia-se de maneira irregular e desordenada, resolveu fazer da desordem a
ordem, ou seja, ao ver o caos no mundo, e por não ter ciúmes, impõe a harmonia, para que
tudo fosse o mais possível como ele próprio. Essa ordem que ele impôs a de si mesmo, é a
ordem da vida, e nessa criatura viva, porque para Platão o mundo em ordem é uma criatura,
um animal, ele pôs a inteligência na alma e alma no corpo. Ora, no Timeu, Deus fez primeiro
a alma, depois o corpo. Logo a alma é composta do invariável indivisível (Deus) e do variável
divisível (Homem, terra e outras substâncias), constituindo-se numa terceira e intermediária
espécie de essência. A alma é uma terceira intermediária entre o que há de Deus no mundo e o
que há no mundo de Deus.
Assim, Deus fez o mundo em conjunto, movendo-se e vivendo como uma criatura
viva, dotada de alma e de inteligência; evidente que essa criatura, sendo criada não poderia
obter a mesma natureza do eterno, que é perpétua, mas o Mesmo (incriado e imutável) dotoulhe de uma imagem móvel da eternidade. Ora, a eternidade em si permanece unidade, mas
como a imagem eterna move-se, logo se moverá segundo o número ou o tempo: dia e noite,
meses e anos.
Daí entender que o mundo foi criado a partir de uma certa geometria e aritmética.
Senão vejamos: essa criatura, que abrange em si todas as outras criaturas, é uma cópia
destinada a concordar, tanto quanto possível com o original eterno, por isso ela deveria ser um
globo, porque o semelhante é melhor do que o diferente e somente um globo é igual em toda a
parte. Além do mais deveria movimentar-se de forma ordenada, isto é girando, porque o
movimento circular é o mais perfeito. Por isso, diz Timeu, diferente dos pré-socráticos, que os
elementos verdadeiros do mundo material, não são a terra, o ar, o fogo e a água, mas duas
espécies de triângulos retângulos, um dos quais é meio quadrado e o outro um meio triângulo
eqüilateral. Foi assim que Deus dispôs em forma e número tudo que se achava em confusão,
tornando-as melhores e mais justas.
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Segundo Timeu essas duas espécies de triângulos são as formas mais belas e, portanto,
Deus as empregou para construir a matéria. Por meio destes dois triângulos, deduz, é possível
construir-se quatro dos cinco sólidos regulares, sendo que cada átomo, de cada um dos
elementos, um sólido regular. Os átomos da terra são cubos; os do fogo, tetraedros; os do ar,
octaedros, os da água, icosaedros. E a quinta combinação empregada por Deus no
delineamento do universo, do cosmos (ordem), segundo Timeu, é o dodecaedro, devido a
possuir faces pentagonais, sendo, em certo sentido, um símbolo do universo.
Figura 2 Os cinco sólidos regulares de Platão
Fonte: KLUG, Sonja Ulrike. Catedral de Chartres: a geometria sagrada dos cosmos. SP: Madras, 2002, p.68
Essa percepção intuitiva de Platão constituiria, segundo Timeu, na língua dos deuses,
ciência dos tempos dos gigantes (Atlas), perdida após os últimos embates dos tempos da
Atlântida, que consiste num conhecimento que não pertence a lógica estreita ou efêmera, mas
a estrutura absoluta de que Deus se serviu para compor a criação. Por isso, o conjunto destas
figuras geométricas serviu de reflexão filosófica, teológica e mística ao longo dos séculos,
particularmente o dodecaedro, em que Frei Luca Paccioli di Borgo, padre franciscano, em sua
obra De Divina Proportione, de 1498, dedicou-se inteiramente a estudá-lo, vendo-a como a
quintessência, a tão almejada “pedra filosofal” dos alquimistas, formado por doze faces
pentagonais. Para Frei Luca, o dodecaedro é a forma de Deus, já que ele não pode ser definido
em palavras, nem pode se exprimir por número inteligível e por quantidade racional, assim é
essa figura, uma “proporção dourada”, sempre oculta e secreta, e chamada pelos matemáticos
de irracional, conforme registra Norbert de Paula Lima (2002, p. 14)
Seja a forma da alquimia do mundo ou não, o importante é que fica posto em Platão,
que o encontrar a forma, a ordem e a harmonia nesse mundo de geração e corrupção, é a
prova estética da criação divina, pois se neste mundo que é caos, há emergência da harmonia,
ordem, forma, é um sinal que há um outro mundo não visível mas que se manifesta neste. Mas
ao encontrar a forma, que é divina (Mesmo), neste mundo, que é caótico, cria-se uma
realidade intermediária, que nem é mais o Mesmo nem é exclusivamente o Outro, mas o
mundo criado no intervalo dos dois.
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Mesmo
Outro
Mundo intermediário
Quadro1 Representação do intervalo entre os dois mundos
(Inteligível e o Sensível), Alma do Mundo
Este intervalo é a Alma do Mundo (psicocosmia), quando o Mesmo manifesta-se no
Outro, ou quando o inteligível impregna o sensível. A Alma do Mundo é a realidade que
estabelece continuidade entre todos os elementos do mundo, deve ter a forma que engloba
todas as formas possíveis. Por isso, é possível dizer que a Alma do Mundo manifesta-se
criando o poietikos (artístico). É poético porque é o lugar das figuras, das formas geométricas,
das imagens, da figuração, da imaginação, daí Corbin chamar essa realidade intermediária de
Mundo Imaginal ou o lugar da inteligência imaginativa, onde os deuses recebem forma,
adquirem um corpo e os corpos se espiritualizam.
Nessa cosmologia platônica, apresentada no Timeu, com o fim de analisarmos o
mundo egípcio, deduzimos um princípio metodológico ou mitodológico, inspirados em
Gilbert Durand (1995, p.83), que é a constatação da existência de uma realidade intermediária
entre o Mesmo e o Outro, que é manifesta sob o signo da beleza, da ordem, da harmonia e do
amor. É uma realidade plural, pois possui elementos do Mesmo e do Outro, apesar de
distinguir-se de ambos e revelar a totalidade ordenada: “ordem natural, harmonia musical,
perfeição das formas, saúde dos corpos e equilíbrio das almas são suas assinaturas”
(DURAND, 1995, p.83). Este será o parâmetro para analisarmos os constituintes do mito de
Isis, figura central da mitologia egípcia.
2 A análise de Isis pelo mitologema da beleza do mundo intermediário
A análise que faremos de Isis desenvolver-se-á a partir de dois prismas da
figuratividade ontológica dessa deusa: sua teosofia e sua aparição. Ou seja, estaremos atentos
tanto para o ícone da doutrina filosófica quanto para a manifestação dessa divindade para seus
adoradores. Privilegiamos essas figurações porque as entendemos como kerigmáticas 3.
3
proclamadoras da realidade divina na realidade humana, portanto, pertencente a Alma do Mundo.
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2.1 Teogonia de Isis
Para descrever o mito de Isis, resolvemos começar detalhando sua origem. Tentamos
reconstituir a história cósmica a partir de Moustafa Gadalla (2003), Christiane Noblecourt
(1994) e Christian Jacq (2000), todos baseados nos registros de Plutarco, colhidos entre os
egípcios. Tudo inicia com Atum, o Princípio Criador, Senhor do Universo, autocriado, que
cuspiu, gerando um casal, irmãos gêmeos Shu e Tefnut.
Figura 3 Shu e Tefnut, irmãos, marido e mulher, expressando a dualidade
Fonte: GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia. SP: Madras, 2003, p.40
Estes, deram origem a Nut (o céu) e a Geb (a terra), que eram estreitamente ligados.
Sendo assim, Atum ordenou que fossem separados, proibindo-lhes qualquer união sexual, mas
sua ligação era tamanha, que desobedeceram a ordenança e Nut ficou grávida de quatro
gêmeos: Ausar (Osíris), Auset (Isis), Set (Seth) e Neb-Het (Néftis).
Ausar (lua minguante e lua crescente, representa a natureza cíclica do universo) casouse com Auset e tornou-se rei da terra, primeiro faraó do Egito, visto ser Auset (assento, trono,
autoridade) a herdeira legitima, o trono físico real.
Figura 4 Ausar e Auset, Osíris e Isis, casal perfeito
Fonte: GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia. SP: Madras, 2003, p.40
Set casou-se com Néftis, mas como era estéril não teve filho. Tendo inveja de seu
irmão Ausar o odiou por sua popularidade, então resolveu matá-lo, arranjou uma briga e
assassinou-o traiçoeiramente. Depois de mata-lo cortou o corpo de Ausar em quatorze
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pedaços, um para cada noite de lua minguante, e espalhou-o por todo Egito. Morto Ausar, Set
tornou-se rei do Egito e governou como um tirano.
Auset, a viúva fiel, recusou a morte do seu amado e elaborou um projeto insano,
encontrar todos os pedaços do cadáver e reconstituí-lo. Ela queria reconstituir-lhe a vida. Ela
encontrou todas as partes, menos o falo, que fora engolido por um peixe. Então, convocou sua
irmã Nebt-Het (senhora do templo, do culto) e organizou uma vigília fúnebre. Isis e Néftis, de
corpo purificado (inteiramente depilados e boca purificada), pronunciaram encantamentos
numa câmara funerária, obscura e perfumada com incenso.
Isis invocou todos os templos e todas as cidades do país para que se juntassem as suas
dores e fizessem a alma de Osíris regressar do além. Também tomou o cadáver nos braços e
seu coração bateu de amor por ele, e murmurou-lhe palavras de amor ao ouvido. Mas nada
deu resultado, então, transformou-se num falcão fêmea, bateu asas para restituir o sopro da
vida ao defunto. E pousou no lugar do falo desaparecido de Osíris, que ela fez reaparecer por
magia.
Figura 5 Isis ao transformar-se em Falcão fêmea e a ressurreição de Ausar
Fonte: GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia. SP: Madras, 2003, p.101, 80.
Então, as portas da morte abriram-se diante de Isis, que conheceu o segredo
fundamental, a ressurreição, conseguiu fazer regressar aquele que parecia ter partido para
sempre e ser fecundada por ele. Assim, foi concebido seu filho Hórus (Heru), nascido da
união da vida e da morte. Quando Set descobriu o nascimento da criança, tentou matar o
recém-nascido. Mas Auset o escondeu e assim Hórus foi criado em secreto às margens do
Delta do Nilo.
Quando cresceu, Hórus desafiou Set pelo direito ao trono, e assim travaram muitas
batalhas, numa das quais Set chegou a arrancar o olho de seu sobrinho e lançá-lo no oceano
celestial.
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Figura 6 Hórus e Set, representando o par de opostos, na Grande Luta
Fonte: GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia. SP: Madras, 2003, p.40
Contudo, nenhuma batalha foi suficiente para derrotar um dos guerreiros. Sendo
assim, ambos se apresentaram ao conselho de neteru (poderes/atributos/ações do Único
Deus), que determinou que Hórus deveria ser o governante sobre o Egito e Set deveria reinar
sobre os desertos.
Para entendermos melhor essa trama genealógica resolvemos explicitá-la no seguinte
fluxograma:
ATUM
SHU
GEB (terra)
AUSAR
Osíris
TEFNUT
NUT (céu)
AUSET
Isis
SET
NEBT-HET
Néftis
HÓRUS
Quadro 2 Organograma do desenvolvimento dos nove neteru e a primeira criação
Nessa cosmogênese vê-se uma inter-relação entre todos as entidades, Atum cospe Shu
e Geb, estes recebem ordem para separar Geb de Nut, que foram proibidos por Atum. Destes
surgem quatro filhos gêmeos, dois casais. Ausar casa com Auset e Set casa com Néftis. Set
mata Ausar e Auset convoca Néftis para ressuscitar Ausar. Por magia nasce Hórus da união
de Auset com o morto Ausar, na presença de Néftis e escondido de Set, com o qual trava uma
grande luta quando Hórus cresce. Com isso estamos na presença não de vários deuses, mas de
um só em vários aspectos. Esses aspectos (neteru) não aparecem de modo seqüencial ou
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linear, mas formam uma unidade de maneira espiralada e interacionista, em que um aspecto
interpenetra no outro, seja por amor ou por ódio.
As nove primeiras entidades, que surgiram de Num (oceano cósmico), são os nove
aspectos da unidade da Grande Eneade, representante da origem de toda a criação. E como o
ser humano é uma réplica do universo, no entender egípcio, a Grande Eneade representa os
nove meses de gestação. E Hórus, nascido de Isis é o primeiro fruto da Grande Eneade,
representante de toda criação, o resultado da unidade vezes nove. Ou seja, a unidade composta
pelas nove divindades gerou a criação manifesta. O número nove marca o fim de cada série de
números.
Contudo, mesmo entendendo que são as noves divindades que formam o neteru,
vemos que foi Isis, quem fez a energia potência ser transformada em energia cinética. Foi ela
quem fez a morte brotar a vida. Nesse sentido, a figuração cosmogênica de Auset é que ela
concebeu sem penetração masculina, é Mãe Virgem. Assim, ela repetiu Atum, ao poder gerar
sem necessitar de um outro, por isso, diz ela: “Desempenhei o papel de homem, embora seja
mulher” (JACQ, 2000,p.27). Segundo Durand (1995) é o arquétipo da mãe, do aconchego, do
ato de proteger, que se faz presente na ação de Isis, entendendo o arquétipo como sendo a
imagem primeira de caráter coletivo e inato, zona onde nasce a idéia; ele constitui o ponto de
junção entre o imaginário e os processos racionais. Isis apresenta-se como força criativa, tanto
porque é capaz de assumir diversas formas, quanto porque se apresentou como fonte de
energia, ao fazer as últimas entidades girarem em torno de si.
Neste sentido, identificamos a figuração de Isis na teosofia cosmogônica como
pertencente à inteligência imaginativa egípcia. Ou seja, a figura personificada de Isis é
doadora de qualificações e significação do povo egípcio. Isis na Grande Enéade tipifica a
beleza egípcia, no seu aspecto da ordem e da proporção. Senão vejamos, Isis é uma das partes
da unidade dos nove, faz parte de uma figura simétrica (Siin metros = com medida). Um
objeto é simétrico se consiste de partes iguais física e geometricamente, apropriadamente
dispostas, umas em relação às outras.
A grande Enéade é uma figura simétrica porque suas medidas são harmoniosas, visto
haver, como vimos, uma relação de cada parte com o todo. A noção de proporcionalidade é
visível na multiplicação dos neterus: Atum é um, não é impar nem par, mas ambos. Diz
Gadalla (2003, p. 30), “O um não é um número, mas a essência do princípio fundamental do
número, e todos os outros números são feitos a partir dele”. Atum é o deus imanifesto pelo
seu querer, ele É. Depois Atum faz uma projeção dele mesmo, para criar outro; este outro é
duplo (gêmeo) e o dois é criador, por poder ser dividido em duas metades e não sobrar resto.
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Assim, defini-se a primeira trindade, e o três é resultado da manifestação. Momento em que o
imanifesto (atum) resolve manifestar-se. Esse triângulo formado por Atum-Shu-Tefnut, é a
fundação de toda a criação, logo eles são uma e a mesma coisa.
O duplo (gêmeos Shu e Tefnut), duplicam-se criativamente em mais um duplo
(gêmeos: Geb e Nut), formando quatro, que é um quadrado. Cada par representa os gêmeos
primitivos dualistas, o aspecto masculino/feminino. Ao somar-se com Atum, tem-se o um
quíntuplo, formando um pentágono (polígono de cinco lados). E o cinco é seu pai e de outra
forma, sua mãe.
Como o dois é criador, expressão egípcia da dualidade e polaridade, do último casal
(Geb e Nut) surge mais um conjunto de quatro (Osiris, Isis, Set e Néftis), repetindo o
quadrado anterior. Estes quatro podem ser relacionados com os quatro sólidos de Platão
(tetraedro, cubo, octaedro, icosaedros) ou com os quatro elementos de Plutarco: água, terra, ar
e fogo, dos quais todas as forças naturais eram obtidas. Quatro é o número que simboliza a
solidez e a estabilidade. Os quatro pontos cardeais, as quatro estações do ano, as quatro
regiões do céu, os quatro filhos de Herus.
Por fim, o primeiro casal (Osíris e Isis), é seis e sete. Seis é o cubo, simboliza tanto o
tempo (contagem do tempo, 6x4 ou 2x12) como o espaço (acima-abaixo, esquerda-direita,
anterior-posterior). O sete simboliza a união entre o espírito (três) e a matéria (quatro), é o
número do processo, do crescimento, do ciclo básico do universo. É do sete que nasce Hórus.
Este é o representante da quintaessência, porque vem depois de Osíris, Isis, Set e Néftis.
Hórus é o cinco, ao incorporar o princípio da polaridade (dois = Osíris e Isis) e da
reconciliação (três = Osíris, Isis e a magia). O cinco é a chave para a compreensão do
Universo manifesto, “panta (tudo) é derivado de penta (cinco)”, menciona Plutarco, citado por
Gadalla (2003, p.49). Por isso, podemos relacionar Hórus com o dodecaedro, a substância
criada.
Vemos que esse esquema arquetipal constitui-se numa mandala, num esquema de
simbolismo espiritual, orientado pela simetria cúbica. No qual os números não designam
apenas quantidades, mas se constituem em princípios energéticos, por isso, mais do que pares
ou ímpares, os números são masculinos e femininos.
Esse esquema constitui-se na Alma do Mundo egípcio, na medida em que descreve o
Universo, como necessariamente ordenado: a ação do Criador é vista como imposição de uma
ordem sobre um caos primordial. Deus é apresentado como um demiurgo, artífice sobre todas
as matérias-primas (caótica), constituindo-a num todo orgânico e harmonioso. Ao entender a
ordenação como a constituição mais íntima da realidade egípcia, estamos definindo que o
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povo egípcio antigo molda-se segundo desígnios harmoniosos à imagem da Grande Enéade,
gerando através de Isis a criação perfeita, Hórus.
Desdobrado dentro deste esquema arquetipal, há uma outra estrutura simbólica que é o
poder criador de Isis em fazer o morto ressurgir e dar a luz a Hórus. Ao fazer-se assim, Isis
torna-se clemência ao caído, doadora da vida e fonte de energia (sol) para gerar. Este é um
outro aspecto da simetria, Isis está para Osíris e para Hórus, como estão os planetas/cometas
para o sol. Visto que, explica Gadalla: “Cada sistema planetário só está em equilíbrio quando
a órbita do planeta é um plano oval com dois focos, sendo o centro de massa do sol um destes
focos” (2003, p. 106).
É a proporção que Isis ocupa em relação a Osíris morto e Hórus gestado que constitui
a simetria, ela está apropriadamente disposta para ambos. Nessa simetria, cria-se um sistema
complexo, uma triangulação perfeita, na qual não existe desestruturação, os elementos estão
mutuamente relacionados e há um foco central. Sendo assim, esse grupo de figuras, que forma
um grupo de simetria, é uma realização de beleza. E ao entender a beleza como manifestação
da Alma do Mundo, compreendemos que alma do mundo egípcio, organiza-se como uma
simetria, cujo foco central é a mulher. E ela, em associação com os demais elementos, acaba
gerando toda a vida. O Egito possui uma alma feminina, porque é nela que se encontra a
forma padrão invariante de todos os campos possíveis do universo.
2.2 Aparição de Isis
Nossa segunda figuração diz respeito a imagem com que Isis apareceu a um de seus
adoradores. Este relato, citado por Artur Versluis (1991, p.43), está no romance de Apuleio, o
Asno de Ouro, em que o herói Lúcio, após seus padecimentos, levado à beira do mar pelos
seus problemas e encantamentos, no fim do mundo, com o rosto em lágrimas e privado de
toda esperança, suplica a Isis.
Sejas tu Ceres, maternal, protetora de todo crescimento [...] ou Vênus
celestial, que no primeiro momento da Criação combinou os sexos na geração
de desejos mútuos [...], ou a irmã de Febo [...] ou Proserpina [...], cuja face
tríplice tem o poder de repelir as arremetidas dos fantasmas e de fechar as
fendas da Terra [...] dispensando sua radiância quando o sol nos abandonou.
E, eis que, do oceano, ela surge, com tamanha beleza que as palavras sequer
chegam perto de descrever: sobre a cabeça, traz uma grinalda de flores, com
um diadema ao centro - uma lua de suave brilho, sustentada por duas víboras
que se elevam da Terra, perto de espigas de milho. Suas vestes são
multicoloridas: amarelas, brancas e vermelhas; ao redor delas cai um manto
negro de delicada radiância que recobre seu ombro esquerdo, um manto
ponteado de estrelas, com uma lua crescente projetando-se a partir do centro.
Na mão direita está a corda tripla do sistro; na mão esquerda um barco de
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ouro, acima do qual se eleva a cabeça de uma áspide, a partir de seu sagrado
corpo enrodilhado. (APULEIO apud VERSLUIS, 1991, p.43).
Este relato de Lucio Apuleio é mais do que literário, foi orador, novelista, filósofo
popular místico, possuía cargos políticos e sagrados nas religiões de mistérios, sendo um dos
mais brilhantes literários da época dos Antoninos(séc II) são palavras de um acadêmico,
simpático a Isis, ele retrata o modo como ela era vista pelos olhos dos seus adoradores. Mais
uma vez tomamos a imagem como uma figuração da Alma do Mundo, portanto olharemos
para o relato como uma mandala, um esquema de símbolos mobilizadores de emoções, que
comovia seus anelantes adoradores.
Isis é buscada como a rainha dos Céus, que ouve os gemidos do mundo, e que,
compassivamente, liberta os homens dos seus sofrimentos. Lúcio é o suplicante e Isis é
serenidade, uma relação de proporção, dual e polarizada, que gera a criação. A criação é
imaginal, é a figuração dessa deusa que aparece do meio do mar.
Isis é uma divindade que se coloca entre o céu e a terra, entre a natureza celestial (luz)
e a natureza terrena (trevas), pois no panteão egípcio, ela não pertence aos reinos mais
elevados, mas ao reino sutil, intermediário, o mundo dos espíritos, a atmosfera, o vasto mar
em que o mundo temporal foi precipitado. Nesse lugar supraestrutural, essencial da criação,
ela é senhora da terra porque medeia o em cima e o embaixo, o sagrado e o profano, é ela que
faz a ponte entre o homem e o sol.
Sendo assim, analisando o simbolismo intrincado desse relato, buscamos a beleza.
Lembramos que o lugar donde ela surge, o oceano, é símbolo do Num (oceano cósmico),
lugar de onde toda a criação surgiu. O elemento água para Plutarco era o gerador de todos os
outros (fogo, terra e ar). As águas do Nilo representavam todo o fluxo de vida do Egito. O
oceano é a temporalidade, lugar onde Isis cavalga.
A cabeça de Isis, região das honrarias, está coroada com flores, ela é rainha, e a faixa
ornamental com que cinge a cabeça mostra sua soberania, a lua representando sua radiância
sublime, e seu poder automovente de gerar, que tem a agricultura como manifestação exterior.
Daí, porque junto da lua está a elevação das espigas de milho, representado o cultivo e a
prosperidade do próprio Egito.
O barco de ouro na sua mão esquerda é o sol, é o barco dourado de Rá (deus sol), pois
é no sol que os mortos encontram a vida eterna, e o barco representa o caminho seguro para a
casa. Depois da longa jornada, a alma ressuscitada, justificada e regenerada, alcançará um
lugar junto dos neteru, torna-se uma estrela de ouro junto a Ra. Isis, a grande feiticeira, tem
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Ra em sua mão, visto ser ele o neter vivo que desce à morte para tornar-se Ausar – o neter dos
mortos. Ausar ascende e volta à vida como Ra.
O sistro com suas três cordas representa os três mundos, que na mentalidade egípcia
eram: o mundo da matéria, em que vivia os homens, o mundo sutil, em que vivia Isis e o
mundo do espírito, onde viviam os deuses soberanos. Os mundos podem também estar
relacionados com o cosmos (consciência e ordem), o mesocosmos (intermediário, psíquico ou
imaginal) e o fenomenal (acontecimentos existenciais).
Nas vestes coloridas, estão presentes o branco, cor da coroa no Alto Egito e o
vermelho, cor da coroa no Baixo Egito. O branco simboliza cosmos, espírito, alma,
consciência, céu e aspecto atemporal. A cor vermelha simboliza o caos, matéria, corpo,
instinto, terra, aspecto temporal. A cor amarela simboliza a própria Isis que se localiza entre o
temporal e o atemporal, entre o espírito e o corpo. As vestes coloridas também lembram o
colorido cortejo das suas adoradoras, mulheres com as brancas vestes da primavera,
espalhando bálsamos e flores.
O manto negro é sinal do seu senhorio nos infernos e na noite. A lua crescente e as
estrelas estão associadas a Sothis (estrela-cão), que marcava a subida do Nilo e o retorno da
vida a cada ano. Sothis era o mensageiro divino, que vive entre os reinos divino e terreno,
cuja cabeça de cão é meio negra e meio dourada. O manto negro, a lua crescente e a estrela
são representações da trindade: Seth, com seu poder primordial das trevas, da ignorância, do
ódio e da destruição; Osíris, lua crescente, ciclo da vida (subida e descida do Nilo) e a estrela
representa a própria Isis, que congrega a destruição e a vida. Brilhar na escuridão é
propriedade de Isis, porque é ela que entrou na morte, no cerne dos mistérios, e deu vida.
Por fim, o simbolismo da cabeça de uma áspide, cujo corpo está enrodilhado. Sem
dúvida é mais uma característica de Isis, que para Arthur Versluis (1991) é uma das mais
sugestivas. Áspide ou serpente é símbolo da força vital, e estar enrodilhada, diz da sua forma
espiralada. Isis é força da vida e encontra-se enrodilhada quando pairou sobre Osíris
assassinado para revigora-lo depois de sua morte e desmembramento. Isis é o poder, é a
serpente enrodilhada em torno de um falo autoproduzido. O enroladilho diz da condição de
Isis de repectáculo, da grande mãe do universo, que a tudo envolve.
Essa figuração é artística, ela produz em seus adoradores o prazer do trágico e do
sublime, ao mesmo tempo, pois a imagem oferece o desfrute do prazer sereno e harmonioso e
dos sentimentos desagradáveis. Senão vejamos: Do oceano, signo da temporalidade e do caos,
a que o mundo está submetido, Isis aparece como rainha gentil, apta a dar sobrevivência e
prosperidade ao seu povo. Há o sentimento trágico do manto negro ao redor das vestes
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coloridas, um mundo do ódio capaz de cobrir a consciência, a matéria e seu intermediário.
Mas Isis transforma essa máscara terrificante em beleza tranqüila, há uma lua crescente
projetando-se a partir do centro negro. Depois do barco dourado que o caminho para a morte
há a áspide que é fonte de vida.
Sendo assim, a beleza que emerge dessa figuração é fruição da luz que dança sobre o
caos, transfigurando assim a realidade de dor e desesperança. A Alma do Mundo egípcio é
dessa condição esperançosa que Isis ressuscitará Osíris, a morte não é a última palavra. Há
uma eufemização do terrível que, segundo Durand, é um modo de minimizar uma experiência
muito dura, crua e a inversão dos significados simbólicos, logo, não há perdição, morte ou
trevas total, há sempre o dourado de Isis a iluminar. A criação é contínua: é um fluxo de vida
que caminha em direção à morte. Mas da morte nasce um novo, que traz uma nova vida. O
destino é transformar-se em estrela, participar dos neteru. A matéria comungará da energia. A
alma do Egito Antigo é tranqüila, não se deixa abater pelos impulsos de Set, não se vêem
desolados, há uma que socorre, que consola, basta estar no enrodilhado da serpente.
Consideração final
Pela psicocosmia platônica olhamos para as faces iguais de Isis, como um poliedro,
que gerou o dodecaedro; pela teoria geral do imaginário proposto por Gilbert Durand olhamos
a estrutura mística do imaginário diante da angústia de existencial e da morte frente ao Caos,
e vai negar sua existência e criar um mundo em harmonia e beleza e assim adentramos na
Alma do Mundo do Egito Antigo.
Vimos que o mundo imaginal desse povo estava regido por uma harmonia, encontrada
pela organização simétrica, todas as coisas e comportamentos precisavam estar
proporcionalmente dispostos. E essa forma invariante que deveria reger toda a vida era
feminina, recipiente, uma forma que envolvesse todas as outras formas. E, assim, aquele povo
procurando encontrar na realidade vivida os rastros da harmonia da Grande Enéade, recriava
um universo em que a realidade se reconhecia transfigurada.
Vimos que a imaginação simbólica tem uma função transcendental, ela permite ir além
do mundo material objetivo e criar um suplemento de alma.
REFERÊNCIAS
DURAND, Gilbert. A fé do sapateiro. Unb: Brasília, 1995
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DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. 2.ed. SP: Martins Fontes,
2001
GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia. SP: Madras, 2003
JACQ, Christian. As egípcias: retratos de mulheres do Egito faraônico. RJ: Bertand Brail,
2000.
KLUG, Sonja Ulrike. Catedral de Chartres: a geometria sagrada dos cosmos. SP: Madras,
2002
LIMA, Noberto de Paula. Introdução a Platão. In: PLATÃO. Timeu e Crítias ou a
Atlântida. Curitiba, 2002, p.7-53.
NOBLECOURT, Christiane. A mulher no tempo dos faraós. Sp: Papirus, 1994
PLATÃO, Timeu e Crítias ou a Atlântida. Curitiba, 2002
RUSSELL, Bertrand. A cosmogonia de Platão. In: História da filosofia ocidental. Livro I.
SP: Companhia Editora Nacional, 1969, p. 166-173.
VERSLUIS, Artur. Os mistérios egípcios. SP: Cultrix, 1991
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