35 Revista Dentísticaonline – ano 10, número 21 (abr/jun 2011) ISSN 1518-4889 – www.gbpd.com.br Terapia farmacológica em disfunções temporomandibulares: uma breve revisão Pharmacotherapy in temporomandibular disorders: a brief review Cirurgião-dentista, graduado pela Faculdade de Odontologia da PUC Minas; Especialista em Disfunções temporomandibulares e Dores Orofaciais pela ABO – Minas Gerais. Cursando Mini-MBA em Gestão em Odontologia pela Ciodonto/Estação Ensino. Gustavo Moreira de Melo Contato: [email protected] Resumo É de fundamental importância compreender o uso da terapia farmacológica no como tratamento coadjuvante em disfunções temporomandibulares e dores orofaciais. Este estudo verificou uma revisão em literatura buscando avaliar a eficácia de analgésicos opióides, corticosteróides, ansiolíticos, antidepressivos, relaxantes musculares e placebo. É indispensável avaliar as características da dor, entre elas: origem, tempo de duração, e intensidade, porém, estudos específicos são necessários para se comprovar uma maior eficácia. Palavras Chave: temporomandibulares farmacologia, disfunções Summary It is critical to understand the use of drug therapy as adjuvant treatment in temporomandibulardisorders and orofacial pain. This study found a literature reviewseeking to evaluate the effectiveness of opioid analgesics, corticosteroids, anxiolytics, antidepressants, muscle relaxants and placebo. It is essential to evaluate the characteristics of pain, including: origin, duration, and intensity, however, specific studiesare needed to demonstrate greater effectiveness. Key words: pharmacology, temporomandibular disorders Introdução As disfunções temporomandibulares e Dores orofaciais são condições dolorosas caracterizadas por um quadro agudo ou principalmente crônico, abrangendo grande parte da população, e em sua maioria, mulheres. Musculatura mastigatória, região da ATM e cervical compõem as estruturas envolvidas; sendo classificadas como de origem muscular e articular. Dentre os principais sinais e sintomas das disfunções da ATM, para autores como Favero (1999)12, Costa et al. (2004)8, e Molina et al. (2001)21, se encontram, dores nos músculos da mastigação ou na ATM, ruídos articulares, limitação de abertura, retração gengival, oclusão inadequada, distúrbios auditivos, cefaléias, sensibilidade em toda musculatura do sistema estomatognático e cervical. Para autores como Favero (1999)12, Stechman Neto et al. (2001)29, o tratamento de casos de DTM exige um conhecimento profundo da etiologia do problema. Fatores estruturais, funcionais e psicológicos parecem estar reunidos, determinando uma origem multifatorial. O diagnóstico é a chave para o sucesso do tratamento. É de fundamental importância, entender que os pacientes reagem de formas diferentes às diversas terapias, e o profissional deve adequar o tratamento ao paciente, para se obter os melhores resultados possíveis. Para as disfunções temporomandibulares, o tratamento geralmente envolve uma combinação de terapias. De acordo com autores como Szuminiski (1999)30, Favero (1999)12, Okeson (2000)23, Nadin (2005)22, medicamentos são prescritos para diminuir a dor; tratamento fonoaudiológico; tratamento fisioterápico; e se a terapia conservadora não for eficaz, são lançadas as técnicas cirúrgicas. De acordo com Favero (1999)12, o tratamento das DTM exige um conhecimento profundo da etiologia do problema. Ainda para a autora, classificação, sinais e sintomas, diagnóstico, faixa etária onde a síndrome ocorre com maior freqüência, sexo mais afetado e métodos de tratamento mais eficiente é também indispensável. Na terapia de suporte, recomenda-se ao paciente uma dieta pastosa, restrição dos movimentos mandibulares e aplicação de compressas térmicas. É necessário o aconselhamento aos pacientes para evitar parafunções. O tratamento consta do alívio dos sintomas através da administração de um analgésico que minimiza a dor. Para as DTM’s, são sugeridas terapêuticas iniciais cuidadosas e conservadoras.12 O cirurgião-dentista deve possuir conhecimentos sobre farmacologia eterapêutica para uma prescrição adequada e racional. Estudos no Brasil demonstram que os medicamentos mais prescritos pelos cirurgiões-dentistas são analgésicos, antiinflamatórios e antibióticos7,24,27,35, sendoindicados principalmente no manejo da dor (como para prevenir a dor, edema, eritema ehipertermia local, de caráter inflamatório decorrente de uma intervenção ou para controlar a dor já instalada) e para prevenir e tratar processos infecciosos.13 Melo, G. M. Terapia farmacológica em disfunções temporomandibulares: uma breve revisão 36 Revista Dentísticaonline – ano 10, número 21 (abr/jun 2011) ISSN 1518-4889 – www.gbpd.com.br Para que o cirurgião-dentista racionalize a prescrição de medicamentos, é necessárioque perceba sua importância, e deve conhecer o real papel dos medicamentos no processo prevenção e tratamento, bem como os preceitos sobre a correta seleção, indicação, as interações medicamentosas, os efeitos nocivos, o controle dos fármacos e outros.13 O objetivo deste estudo é verificar em literatura a eficácia dos medicamentos utilizados em tratamento de desordens temporomandibulares e dores orofaciais, incluindo analgésicos opióides, corticosteróides, ansiolíticos, antidepressivos, relaxantes musculares e placebo. Revisão de literatura Segundo Okeson (2000)23, os agentesfarmacológicos podem promover o conforto ea reabilitação do paciente quando usados como partede um programa mais amplo. E ainda relata que apesar de existir uma tendência parao clínico confiar em um único agente “favorito”,nenhuma droga isoladamente provou ser eficiente paratodo espectro das DTM. O estágio em que a dor se encontra influidiretamente na escolha do medicamento a ser utilizado,determinando que classes de drogas são eficazes,o período de utilização e efeitos colaterais. Por isso,é válido uma breve distinção entre os dois principaisestágios da dor que ocorrem nas DTM: aguda ecrônica.28 Analgésicos não opióides Os Analgésicos não-opióides podem produzirrespostas positivas no tratamento da dor miofascial4, principalmente as associadascom processo inflamatório11e são usados para dores orofaciais agudas,musculoesqueléticas (cefaléia, mialgia e artralgia) debrandas a moderadas. Quanto ao uso de ANO paradores crônicas, Dionne (1997)10 relata que algunsestudos demonstraram que o efeito positivo destas drogasnão foi superior ao placebo.28 De acordo com Castilho et al.,19986, um denominador comum para estes agentes ésua atuação como supressores de prostaglandinas nosnociceptores periféricos, através do bloqueio dacicloxigenase.28 Hátambém os AINE que inibem seletivamente acicloxigenase2 (COX-2). Estes possuem os mesmosefeitos terapêuticos dos AINE inibidores da COX-1,porém, não inibem a ação citoprotetoradesta última,assim os efeitos colaterais comumente observados sãoconsideravelmente reduzidos.14,28 Analgésicos opióides Opióides são fármacos derivados do ópio e incluem produtos naturais como morfina e codeína.São agonistas do receptor da endorfina. Os agonistas puros tem alta afinidade para os receptores γ.São indicados para dor pós-operatória moderada ou intensa. Segundo Reisner-Keller (1997)26 existem trêsclasses de opióides: Fenantrenos (morfina, codeína),derivados da Fenilpiperidina (meperidina) e derivadosdo Difenilheptano (metadona). Os opióides incluemtanto agentes naturais quanto sintéticos e são únicosem sua capacidade de reduzir dores moderadas e severas. Os seus efeitos variamde benéficos como a analgesia até colateraiscomo dependência, tolerância, sedação, náuseas, constipaçãoe depressão respiratória, isso indica a necessidadedo conhecimento da dose.28 Segundo diversos autores os AO são mais úteis em condiçõesde dores agudas onde houver exacerbação dador musculoesquelética, já que produzem menosefeitos colaterais quando usados num curto período de tempo.11,23,28,33,34 Marbach e Raphael (1997)20 relatam que ouso de AO é pouco aproveitado e pouco estudadopara dor orofacial crônica e que mais estudosdeveriam ser realizados Corticosteróides Corticosteróidessão um grupo deantiinflamatóriosesteróides de potente ação. O mecanismo pelo qualexercem sua ação antiinflamatória ainda não estácompletamente compreendido, embora saiba-se queinibem a produção de prostaglandinas, tromboxina eleucotrienos.28 Okeson(2000)23 relata que os corticosteróidesque não são comumente prescritos para uso sistêmicono tratamento de DTM devido a seus efeitoscolaterais. Dennucciet al (1996)9 e Dionne(1994)10 relatam que corticosteróides têm sidoaplicados topicamente na ATM para tentar minorar ador, inflamação e disfunção associadas à DTM.28 Injeções decorticosteróides na ATM têm sido recomendadas combases limitadas em casos de dor severa na articulaçãoem que outros tratamentos conservadorestiveram insucesso. Gregg e Rugh Melo, G. M. Terapia farmacológica em disfunções temporomandibulares: uma breve revisão 37 Revista Dentísticaonline – ano 10, número 21 (abr/jun 2011) ISSN 1518-4889 – www.gbpd.com.br (1988)16 afirmam que umaúnica injeção na ATM tem efeito prolongado e bemsucedido no tratamento da fase inflamatória daosteoartrose, e tem a vantagem de apresentaremrisco farmacológico mínimo para o paciente.14 Embora uma única injeção ocasionalmentemajude, há indícios que muitas injeçõescausem danos na articulação e devem ser evitadas.28 A capsaicina é um alcalóide derivado da pimenta que provoca liberação e depleção de substância-P das fibras aferentes periféricas envolvidas na transmissão da dor. A capsaicina tópica, para o tratamento de dor neuropática, tem ação analgésica também em decorrência da depleção de outros neurotransmissores excitatórios. Sua ação ocorre por meio de receptores específicos. Ansiolíticos Segundo McNeill (1997) os ansiolíticos sãoclassificados como drogas sedativo-hipnóticas e sãomais comumente prescritos por seus efeitos contra aansiedade. Também podem ser receitados comocoadjuvantes nos tratamentos de fenômenos dolorosos,pois estes estão intimamente relacionados comaspectos psíquicos. Os agentestranqüilizantes não eliminam o estresse, mas simalteram a percepção ou reação do paciente aomesmo, sendo portanto, uma terapia de suporte.28 Os benzodiazepínicos são os ansiolíticos maisutilizados nas DTM. O Diazepan é a droga maisempregada desta classe e se presta para melhorar aqualidade do sono, reduzindo os hábitos parafuncionaise relaxando a musculatura23, portanto,seu uso é indicado para tratamento de suporte desintomas miofasciais agudos, especialmente aquelesrelacionados à ansiedade e bruxismo noturno.Gregg e Rugh (1988)16 afirmam que embora este medicamento tenha poucos efeitos colaterais, tem forte capacidade para causar dependência e tolerância quando usados por longo prazo, devendo ser prescritos apenas para períodos limitados de tempo.28 Dennucciet al. (1996)9 concluem quepacientes cujas dores são de origemmusculoesquelética podem beneficiar-se com o usode benzodiazepínicos por poucas semanas, combinadacom terapia conservadora, o que diminuiria asintomatologia para níveis aceitáveis. A falta de eficácia,ou o aparecimento de efeitos colateraispoderia ser uma indicação para a redução oudescontinuação do uso.28 Antidepressivos Os antidepressivos têm sido cada vez mais utilizados para o tratamento de dor crônica por serem eficazes no controle de diversas síndromes. Aobservação que antidepressivos são úteis mesmoquando não há presença de depressão, sugere queestas drogas tem atividade analgésica independentede efeitos antidepressivos.10 Osantidepressivos tricíclicos são os mais utilizados16, pois possuem açãoanalgésica demonstrada. Estudos demonstram que sua utilizaçãoé realizada em vários tipos de dor facial incluindodor facial atípica, DTM e dores de origemneurogênica. Acredita-se que seus efeitos terapêuticos estejam relacionadosà sua capacidade de disponibilizar serotonina,aminas biogênicas e norepinefrina nas junçõessinápticas do SNC.28 A amitriptilina e a clomipramina exercem mais efeitos sedativos do que muitas aminas secundárias e inibidores da recaptação de serotonina. Os antidepressivos tricíclicos melhoram o sono, sendo, portanto, úteis para pacientes com insônia, como nos casos de fibromialgia. Antidepressivos podem serprescritos para pacientes com dor crônica, depressão,bruxismo e distúrbio do sono.A dose de antidepressivos deve ser limitadapelos efeitos colaterais anticolinérgicos comoxerostomia, constipação, visão turva, retenção urinária,respostas alérgicas e sedação10,14e deveria ser ajustada em resposta àvariação individual de analgesia e efeitos colaterais.28 Relaxantes musculares Os relaxantes musculares são úteis para pacientes que têm contratura muscular ou alteração do sono devido à dor. O relaxamento muscular ocorre devido à ação em circuito polissináptico da medula espinal e do tronco encefálico. Segundo Phero (1984)25, o grupo de drogascomumente referidas como relaxantes dos músculosestriados podem ter um importante papel nafarmacoterapia empregada a pacientes com dorcrônica. Dos Santos Jr. (1995)11 afirma que o usodesses medicamentos induz a um relaxamentocentral dos músculos pela supressão parcial dosimpulsos nervosos para os músculos estriados. Estamodulação da contração muscular é atingida pela açãodo medicamento no SNC. Estes compostos afetam aatividade neural associada com os reflexos deestiramento muscular23. No entanto,segundo Dionne (1997)10 não está claro se Melo, G. M. Terapia farmacológica em disfunções temporomandibulares: uma breve revisão 38 Revista Dentísticaonline – ano 10, número 21 (abr/jun 2011) ISSN 1518-4889 – www.gbpd.com.br os relaxantesmusculares (RM) agem somente no SNC ou se tambémpossuem uma atividade de relaxamento específica.28 Tucker e Dolwick (1996)34 relatam que estesmedicamentos podem proporcionar melhora significativada função mandibular e alívio da dor durante amastigação. Em muitos pacientes com dor aguda ouexacerbação da hiperatividade muscular, os relaxantesmusculares (RM) devem ser considerados por períodoscurtos de 1 a 2 semanas, usando-se a dose mínimaeficaz. De acordo com Dennucciet al. (1996)9 osRM são muitas vezes prescritos a pacientes comDTM para prevenir ou aliviar a hiperatividademuscular muitas vezes presente.28 Os RM são anticolinérgicos e, porisso, revelam sintomas físicos incidentais àquela ação. Mais estudos são necessários para documentara eficácia de RM para dor orofacial em comparaçãoao placebo, e também avaliar as propriedadessedativas para ajudar a diferenciá-las das propriedadesespecíficas de relaxamento muscular.10,28 Placebo Gregg e Rugh (1988)16 afirmam que o placebo são substânciasque não possuem elementos farmacêuticosativos, mas geralmente têm efeitos psicológicossobre a condição tratada. Cerca de 30 a 40% dosindivíduos expostos ao tratamento com placeboapresentam benefícios. Atualmente pensa-se que oplacebo funcione através de alterações biomecânicasmediadas através do sistema de crenças e cogniçõesdo paciente. Interações psicológicase procedimentos envolvendo o paciente e o profissionaltambém têm forte influência no decorrer do terapia.Para Haas (1995)17, condições demonstradas aopaciente como compaixão, interesse, experiência do dentista, preço do tratamento e preço damedicação, podem contribuir para o efeito placebo. Anti-convulsivantes De acordo com Haas, 199917, Hippisley-Cox et al., 200518, Bergamaschi et al, 20073, os anticonvulsivantes são grupos heterogêneos de fármacos utilizados principalmente para alívio de dor neuropática de diversas causas.Freqüentemente, os anticonvulsivantes são utilizados em associação a outras medicações e técnicas.Agem pela potencialização da ação inibitória do neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA).A carbamazepinaé considerada um anticonvulsivante de primeira linha para tratamento da dor neuropática, pois atravessa facilmente a barreira hematoencefálica e as membranas, e possui metabólito com atividade anticonvulsivante.O clonazepamdeve ser considerado droga adicional para dor lancinante, especialmente em pacientes que necessitam de doses muito elevadas de carbamazepina.A gabapentina tem efeitos ansiolíticos, anticonvulsivante e analgésico. Não interage com outras medicações, não é metabolizada, não provoca indução enzimática e não ativa a enzima necessária para crise de porfiria. Estudos recentes demonstraram nãoexistirem evidências que comprovem a segurançagastrintestinal dos antiinflamatórios seletivos da COX-2 em relação aos não seletivos, sugerindo que essesfármacos não são tão seguros como se imaginava.3,18 Discussão De acordo com a literatura, o primeiro objetivo é controlar a dor, porém não cessa-la totalmente. A dor funcional serve para lembrar o paciente que deve evitar um determinado movimento, permitindo que os tecidos traumatizados se recuperem. Favero (1999)12, definem medicamentos ansiolíticos como drogas que reduzem a ansiedade. Os mesmos autores ainda referem que os ansiolíticos possuem um efeito calmante, e discreta ação muscular. Para as DTM’s, os medicamentos devem ser prescritos em intervalos regulares por um período específico, ao término desse tempo, é esperado que o tratamento definitivo esteja promovendo alívio dos sintomas, não sendo necessário estender o uso do medicamento. Deve-se instruir o paciente que os aconselhamentos passados não devem ser encarados apenas como tratamento, mas sim inseridos na rotina diária para que a DTM não torne a ocorrer, pois cada vez a DTM retorna ela tende a ser mais intensa e o tratamento com resultados menos satisfatórios.12 De acordo com o protocolo de Okeson, (2000)23, são indicados analgésicos, corticosteróides, e ansiolíticos, para tratar a dor aguda; AINES, relaxantes musculares, anestésicos locais para condição aguda e crônica; e antidepressores tricíclicos para dor crônica. Analgésicos são indicados quando a dor profunda leva à causa da desordem (aspirina, triclilate). AINES são indicados para abrandar condições inflamatórias moderadas e dor pós- Melo, G. M. Terapia farmacológica em disfunções temporomandibulares: uma breve revisão 39 Revista Dentísticaonline – ano 10, número 21 (abr/jun 2011) ISSN 1518-4889 – www.gbpd.com.br operatória aguda, principalmente em dor musculoesqueletal, promovem alívio sintomático e não detém a progressão de injúria tecidual patológica (ibuprofeno). É indicado como uma terapia em curto prazo, quando a ansiedade e o espasmo muscular são predominantes, porém o paciente deve ser avisado que seu uso prolongado pode causar efeitos colaterais.12 Ainda para Okeson (2000)23, antiinflamatórios suprimem a resposta global do corpo para a irritação. Corticosteróides são pouco prescritos por seus efeitos colaterais. Ansiolíticos são indicados para terapia de suporte (diazepam). Relaxantes musculares são indicados para prevenir o aumento da atividade muscular associada com as DTM’s (mephesin, flexeril). Antidepressores tricíclicos requerem aumento da dosagem terapêutica.23 É indicado como uma terapia em curto prazo, quando a ansiedade e o espasmo muscular são predominantes, porém o paciente deve ser avisado que seu uso prolongado pode causar efeitos colaterais. Anestésicos locais são utilizados para dor localizada dentro do músculo, ponto de gatilho miofacial (lidocaína, mepivacaína). Um diagnóstico correto é a chave para o sucesso do tratamento. Um fator que pode influenciar é o estado emocional do paciente. Devese compreender que os pacientes reagem de formas diferentes às diversas terapias, e assim, o profissional deve adequar o tratamento ao paciente, a fim de obter os melhores resultados possíveis. Os mecanismos pelos quais as drogas agem podem produzir efeitos indesejados nos pacientes,porém muitas vezes não é possível identificar qual droga está causando determinada alteração, poisnossos pacientes são polimedicados e estas reações se fazem por meio da interação farmacológica. Muitas vezes estas alterações são inespecíficas e a variação individual deve ser considerada. O cirurgião dentista deve estar atento às várias reações adversas e efeitos colaterais quepodem comprometer os tecidos bucais para prevenilos ou mesmo tratá-los quando possível. Além dos efeitos nos tecidos bucais, a administração de medicamentos pode comprometer a saúde do paciente - a xerostomia pode aumentar o índice de cáries e a estomatite pode dificultar a higiene bucal e a alimentação do paciente.1 Gordon & Dionne, 201115, realizaram um estudo com vasta literatura científica objetivando verificar quais as drogas mostraram algum grau de eficácia na redução da dor e / ou melhora da função em pacientes com DTM. Foram selecionados apenas os artigos onde o nível de evidência foi relativamente forte, tais como ensaios clínicos randomizados controlados (em vez de estudos de caso, por exemplo). Muitas se mostraram eficezes de certo modo, mas os investigadores concluem que mais pesquisas são necessárias. Os antiinflamatórios não esteróides, têm sido tradicionalmente os mais comumente prescritos para a dor orofacial. Mas no estudo, só foi mostrado eficaz para a dor facial crônica quando combinado com outras modalidades, mas não quando usado sozinho. Opióides são amplamente prescritos, mas não existem estudos publicados sobre seu uso para a dor da DTM, exceto como injeção nas articulações, o que não diminui a dor. Uso de opióides tem sido desestimulado devido às limitações de uso em longo prazo. Evidências para a eficácia dos relaxantes musculares e benzodiazepínicos têm sido favoráveis para a redução da dor da DTM, quando comparado ao placebo, embora os benzodiazepinicos não tenham se mostrado eficazes quando sozinhos. Os ansiolíticos também não são eficazes em reduzir a dor da DTM, a menos que combinado com outras abordagens de tratamento.15 O tratamento farmacológico da DTM deve ser baseado nos mesmos princípios que se aplicam a outras condições: o esforço demonstrado, uma responsabilidade efeito a ceitável lado, e segurança quando administrado por períodos prolongados 2. Além disso, uma ampla gama de outras condições podem co-existir com DTM e essas condições devem ser levadas em conta ao considerar o tratamento, pois eles podem modificar a segurança ou eficácia.15,19,31,32 Conclusão Os fármacos utilizados em odontologia são considerados seguros, quando utilizados em posologias e tempos adequados. Para o tratamento das DTM tem sido considerados: analgésicos, antiinflamatórios, corticosteróides, ansiolíticos, antidepressivos, relaxantes musculares e anestésicos locais. O papel da farmacologia nas DTM é na maioria das vezes coadjuvante. Antes de selecionar o fármaco para o tratamento das DTM é fundamental avaliar as características da dor, entre elas: origem, tempo de duração, e intensidade. Mais estudos são necessários para determinar os fatores prognósticos em indivíduos com DTM, a fim de se comprovar uma maior eficácia. Melo, G. M. Terapia farmacológica em disfunções temporomandibulares: uma breve revisão Revista Dentísticaonline – ano 10, número 21 (abr/jun 2011) ISSN 1518-4889 – www.gbpd.com.br Referências 1. Araújo, 2005 et al. REAÇÕES ADVERSAS MEDICAMENTOSAS DE INTERESSE ODONTOLÓGICO. Revista Odontológica de Araçatuba, v.26, n.2, p. 28-33, Julho/Dezembro, 2005 2. BASSANTA, A. D. et al. Estimulação elétrica neural transcutânea. TENS: sua aplicação nas disfunções temporomandibulares. RevOdontolUniv São Paulo, v.11, n.2, p.109-116, abr./jun. 1997. 3. BERGAMASCHI et al. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-fac., Camaragibe. V.7, n.2, p. 9 - 18, abr./jun. 2007 4. BOUCKOMS, A. J., KEITH, D. A. 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