influenza aviária 2 de abril 2017

Propaganda
Brasília, 2 abril de 2017
Gripe Aviária
Dr. Julival Ribeiro -HBDF
Influenza Aviária (Gripe Aviária) -Refere-se à infecção de aves pelo
vírus de Influenza Aviária do tipo A.
Aves são hospedeiros naturais de todos os subtipos conhecidos de
vírus de Influenza A. Esses vírus se encontram de forma natural entre
as aves, no mundo inteiro; podem infectar, inclusive, aves de criação
doméstica, além de outras espécies de animais.
Os vírus humanos da gripe têm, muito provavelmente, origem nessa
diversidade de vírus presentes nas aves: esses vírus, ocasionalmente,
produzem um outro capaz de transmitir-se aos humanos e até entre
humanos.
A classificação em subtipos da Influenza tipo A é baseada nas
características de duas glicoproteínas da cápsula viral: Hemaglutinina
(HA) e a Neuraminidase (NA).
Conhecem-se, atualmente, 18 subtipos de HA e 11 subtipos de NA.
Historicamente, três subtipos de HA (H1, H2 e H3) adquiriram a
habilidade de serem transmitidos eficientemente entre humanos.
Alguns vírus da Influenza A Aviária, entretanto, podem infectar
humanos e causar doença; são eles: o H5N1, H7N3, H7N7, H7N9 e
H9N2. Muitas infecções são leves ou subclínicas, sendo menor o
número de casos nos quais a gravidade de tais infecções resulta em
óbitos.
Abordaremos, nesta oportunidade, o vírus Influenza A Aviário subtipos
(H5N1) e (H7N9).
Vírus de Influenza Aviária tipo A: alta e baixa patogenicidade
Tem-se identificado o vírus da Influenza Aviária tipo A com alta
patogenicidade e baixa patogenicidade, conforme as características
moleculares do vírus e sua capacidade de causar doenças e mortes
em frangos.
Existem diferenças genéticas e antigênicas entre os subtipos de vírus
da Influenza A: de um lado, os que normalmente causam infecções
somente em aves; de outro lado, aqueles que causam infecções em
aves e em pessoas.
Influenza A H5 - H5N1
Em 1997, em Hong Kong, na China, centenas de pessoas se
infectaram com o vírus da Gripe Aviária A de alta patogenicidade
(subtipo H5N1). O vírus da Gripe Aviária H5N1 foi transmitido
diretamente de aves domésticas para o ser humano, pela primeira
vez.
Existem 9 subtipos do vírus H5 (H5N1, H5N2, H5N3, H5N4, H5N5,
H5N6, H5N7, H5N8 e H5N9). A maioria dos vírus H5 detectados, a
nível mundial, em aves silvestres e em aves domésticas são vírus de
baixa patogenicidade; às vezes, todavia, detecta-se vírus com alta
patogenicidade.
Há registros, em 16 países, de casos esporádicos de infecções em
seres humanos pelo vírus H5 – vírus de Influenza Aviária tipo A
altamente patogênico (H5N1). Trata-se de vírus de origem asiática,
que circula atualmente entre as aves domésticas, na Ásia e no
Oriente Médio, causando, geralmente, pneumonia grave em seres
humanos e com uma mortalidade de 16%.
O H5N1 divide-se, ainda, em diferentes categorias, de acordo com os
genótipos: V, W, G e Z. Todos os vírus H5N1 que causaram infecção
em seres humanos pertencem – segundo o que se constatou até o
presente – ao genótipo Z.
De 2003 a 2016, foram notificados à Organização Mundial da Saúde
856 casos confirmados de Influenza A (H5N1) e 452 óbitos em 16
países. Todos os casos foram considerados esporádicos, sem
evidência atual de transmissão em nível comunitário.
Influenza A H7 - H7N9
Existem nove subtipos de vírus H7 (H7N1, H7N2, H7N3, H7N4, H7N5,
H7N6, H7N7, H7N8 e H7N9).
A baixa patogenicidade do vírus Influenza A subtipo H7N9 em aves –
que não causa doença grave – dificulta a vigilância internacional do
referido, haja vista que ele pode disseminar-se silenciosamente entre
as aves. Até a presente data, o vírus A (H7N9) não tem sido
reportado em aves fora da China.
Em 2013, na China, foi detectado o vírus da Gripe Aviária A subtipo
H7N9. No período de março de 2013 a fevereiro de 2017, ocorreram
surtos epidêmicos anuais da influenza A (H7N9), os quais resultaram
em 1258 casos de infecção em seres humanos. Durante as quatro
epidemias, 88% dos pacientes tiveram pneumonia, 66% foram
internados em UTI, e 41% evoluíram para óbito.
Alguns casos de Influenza A subtipo H7N9 têm sido reportados fora da
China; a maioria dos casos ocorreu em pessoas que tinham viajado
para a China.
O Chile confirmou o primeiro caso do vírus Influenza A Aviário subtipo
H7N6 de baixa patogenicidade em janeiro de 2017, em ave
doméstica.
O vírus Influenza A (H7N9) não tem sido detectado em aves e nem
em humanos no Brasil.
Modo de Transmissão
Na maioria dos casos de infecção humana pelo vírus Influenza A
(H7N9), tem sido relatado exposição recente a aves de criação ou a
ambientes potencialmente contaminados, especialmente feiras ou
mercados onde aves vivas são comercializadas ou abatidas. A
exposição às aves infectadas – a suas excreções e secreções (saliva,
secreção nasal e fezes) –, assim como o contato com superfícies
contaminadas pelo vírus e com o solo contaminado podem resultar
em infecção humana.
Transmissão sustentada inter-humana (H7N9) não tem sido observada
até o presente, embora casos de transmissão inter-humana
continuem sendo identificados.
As autoridades sanitárias estão monitorando o vírus H7N9 na China,
em relação à mutação, que ocasionaria a disseminação entre as
pessoas.
Período de incubação
Em humanos com infecção pelo vírus A (H7N9), o período de
incubação varia de 1 a 10 dias, com uma média de 5 dias.
Manifestações clínicas
Os sintomas da Gripe Aviária em humanos podem ser sintomas
típicos de gripe (febre, tosse, dor de garganta e dores musculares) ou
apresentar-se como Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Diagnóstico laboratorial
A infecção pelo vírus de Influenza Aviária do tipo A em seres humanos
não é diagnosticada somente pelo quadro clínico; são necessárias
provas laboratoriais, em laboratório de referência e com alto nível de
proteção.
Definição de caso confirmado de infecção por Influenza A
(H7N9)
Trata-se de todo caso suspeito, com diagnóstico confirmado
laboratorialmente, por biologia molecular (RT-PCR em Tempo Real),
recomendada pela OMS.
Tratamento
O CDC/EUA recomenda oseltamivir, peramivir ou zanamivir para o
tratamento de infecções em seres humanos com vírus da Influenza
Aviária A. Há relatos sobre resistência antiviral do vírus H5N1
altamente patogênico, de origem asiática, e do vírus H7N9 da
influenza A, isolados em alguns casos, em seres humanos.
Prevenção
O indivíduo que viajará para a China deve observar as
seguintes recomendações:
- Evitar as fontes de exposição; essa é a melhor maneira de
prevenir o contágio dos vírus da Influenza Aviária tipo A;
- Fazer higiene cuidadosa e frequente das mãos, com água e
sabão, ou, caso estejam sem sujidade aparente, friccionar as mãos
com álcool a 70%;
- Evitar qualquer contato direto com aves, incluindo aves
domésticas (frango ou patos) e aves silvestres;
- Evitar lugares como granjas avícolas ou mercados onde se
encontram aves vivas;
- Evitar qualquer contato com superfícies contaminadas com
fezes ou secreções de aves domésticas;
Aves infectadas que, aparentemente, estão sadias podem ser capazes
de transmitir o vírus para humanos.
Os alimentos derivados de aves de criação – incluindo ovos e o
sangue das aves – devem ser cozidos adequadamente; a gema do
ovo deve ser bem cozida. Isso se deve ao fato de que o calor destrói o
vírus da gripe; a temperatura de cocção da carne é de 74°C.
O indivíduo que regressar de um país onde se registra a
circulação do vírus Influenza A Aviária (H5N1, H7N9) deve:
Observar se ocorre algum sintoma/sinal de gripe, dentro de um prazo
de 10 dias, a contar do período em que esteve em contato com
prováveis fontes de infecção; havendo sintoma, procurar serviço
médico imediatamente.
Perguntas-chave a serem feitas ao paciente:
Viajou recentemente para a área onde está ocorrendo a circulação da
Influenza A (H7N9) em humanos ou animais?
Foi exposto recentemente a aves de criação vivas?
Frequentou ambientes potencialmente contaminados, especialmente
feiras ou mercados onde aves vivas são comercializadas ou abatidas?
Foi exposto a indivíduos com infecção respiratória aguda, com viagem
recente à área considerada de transmissão?
Recomendações para paciente com Influenza A Aviária que
requer hospitalização:
O CDC/EUA recomenda um nível mais alto de medidas de controle de
infecção (precauções para aerossol) para a Influenza A Aviária do que
para a gripe sazonal, devido àquela ser ainda uma doença em
investigação, no que tange à transmissibilidade.
Precauções padrão
São aplicadas a todos os pacientes,
diagnóstico ou suspeita de infecção:
independentemente
do
• Higienizar as mãos;
• Utilizar EPI (luvas, máscara, avental, protetor ocular), de
acordo com o grau de exposição;
• Descartar, com segurança, perfurocortantes (não os encapar
ou desconectá-los);
• Usar máscara N95.
As precauções de aerossóis são indicadas – visando à proteção dos
profissionais e de outros pacientes – para pacientes com infecção
transmitida por aerossóis (menores de 5µ), que se disseminam a
longas distâncias e permanecem suspensos por horas.
Recomenda-se quarto privativo ou coorte para pacientes com o
mesmo microrganismo; se possível, quarto com pressão negativa.
Vigilância da Influenza Aviária pelo Ministério da Agricultura
O Ministério da Agricultura emitiu Instrução Normativa para
monitoramento de granjas de aves, também para sua prevenção.
Produtores terão prazo de um ano para isolar todos os animais,
usando telas no entorno dos criadouros, para evitar contato com aves
silvestres que, eventualmente, estejam contaminadas com o vírus.
Além disso, será preciso instalar sistemas de higienização de veículos
e pessoas que entrem nas unidades e garantir que a água para os
animais seja isolada de eventual contato com o vírus.
Os surtos em aves domésticas são importantes por vários
motivos:
- Devido ao potencial que os vírus H5 e H7 de baixa
patogenicidade têm para evoluir para um vírus com alta
patogenicidade;
- Porquanto existe a possibilidade de mortes de aves durante
surtos com a Influenza Aviária com alta patogenicidade;
- Em razão das restrições comerciais que produz um surto da
Influenza Aviária de alta incidência patogênica;
- Haja vista que o vírus da Influenza A Aviária pode ser
transmitido entre humanos e causar pandemia.
Referências
Gao R, et al. Human infection with a novel avian-origin influenza A
(H7N9) virus. N Engl J Med 2013; 368:1888.
Uyeki TM, et al. Global concerns regarding novel influenza A (H7N9)
virus infections. N Engl J Med 2013; 368:1862.
Li Q, et al. Epidemiology of human infections with avian influenza A
(H7N9) virus in China. N Engl J Med 2014; 370:520.
Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Emergence of
avian influenza A(H7N9) virus causing severe human illness - China,
February-April 2013. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2013; 62:366.
World Health Organization. WHO Risk Assessment. Human infections
with avian influenza A(H7N9) virus.
http://www.who.int/influenza/human_animal_interface/RiskAssessment
_H7N9_21Jan14.pdf (Accessed on January 23, 2014).
Cowling BJ, Jin L, Lau EH, et al. Comparative epidemiology of human
infections with avian influenza A H7N9 and H5N1 viruses in China: a
population-based study of laboratory-confirmed cases. Lancet 2013;
382:129.
World Health Organization. Influenza at the human-animal interface.
Summary and assessment, 4 October to 21 November 2016.
http://www.who.int/influenza/human_animal_interface/Influenza_Sum
mary_IRA_HA_interface_11_15_2016.pdf?ua=1 (Accessed on
November 30, 2016).
World Health Organization. Human infection with avian influenza A
(H7N9) virus – China. http://www.who.int/csr/don/17-january-2017ah7n9- (Accessed on January 17, 2017).
Xiang N, et al. Assessing Change in Avian Influenza A(H7N9) Virus
Infections During the Fourth Epidemic - China, September 2015August 2016. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2016; 65:1390.
Iuliano AD, et al. Increase in Human Infections with Avian Influenza A
(H7N9) Virus During the Fifth Epidemic - China, October 2016February 2017. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2017; 66:254.
Kageyama T, et al. Genetic analysis of novel avian A(H7N9) influenza
viruses isolated from patients in China, February to April 2013. Euro
Surveill 2013; 18:20453.
Liu D, et al. Origin and diversity of novel avian influenza A H7N9
viruses causing human infection: phylogenetic, structural, and
coalescent analyses. Lancet 2013; 381:1926.
Xiong C, et al. Evolutionary characteristics of A/Hangzhou/1/2013 and
source of avian influenza virus H7N9 subtype in China. Clin Infect Dis
2013; 57:622.
Zhang L, et al. Rapid reassortment of internal genes in avian influenza
A (H7N9) virus. Clin Infect Dis 2013; 57:1059.
Lam TT, et al. The genesis and source of the H7N9 influenza viruses
causing human infections in China. Nature 2013; 502:241.
Pu J, et al. Evolution of the H9N2 influenza genotype that facilitated
the genesis of the novel H7N9 virus. Proc Natl Acad Sci U S A 2015;
112:548.
Watanabe T, et al. Characterization of H7N9 influenza A viruses
isolated from humans. Nature 2013; 501:551.
Lu J, Wu J, Guan D, et al. Genetic changes of reemerged influenza
(H7N9) viruses, China. Emerg Infect Dis 2014.
World Health Organization. Human infection with avian influenza A
(H7N9) virus – China. http://www.who.int/csr/don/27-february-2017ah7n9-china/en/ (Accessed on March 10, 2017).
http://www.medpagetoday.com/InfectiousDisease/URItheFlu/63494?
xid=nl_mpt_DHE_2017-03-02&eun=g1126891d0r&pos=0
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/influenza-a-h7n9
Analysis of recent scientific information on avian influenza A(H7N9)
virus 10 February 2017.
http://www.who.int/influenza/human_animal_interface/avian_influenza
/riskassessment_AH7N9_201702/en/
WHO: H7N9 antiviral resistance likely arose after treatment.
http://www.cidrap.umn.edu/news-perspective/2017/03/who-h7n9antiviral-resistance-likely-arose-after-treatment
https://www.cdc.gov/flu/avianflu/h7n9-virus.htm
http://www.who.int/influenza/human_animal_interface/avian_influenza
/riskassessment_AH7N9_201702/en/
http://www.who.int/csr/don/16-march-2017-ah7n9-china/en/
Increase in Human Infections with Avian Influenza A(H7N9) Virus
During the Fifth Epidemic — China, October 2016–February 2017
-Weekly / March 10, 2017 / 66(9);254–255
Zhenyu Gong et al. Epidemiology of the avian influenza A (H7N9)
outbreak in Zhejiang Province, China. Gong et al. BMC Infectious
Diseases 2014, 14:244
Avian influenza in humans.
http://www.who.int/ith/updates/20140123/en/
Interim Guidance for Infection Control Within Healthcare Settings
When Caring for Confirmed Cases, Probable Cases, and Cases Under
Investigation for Infection with Novel Influenza A Viruses Associated
with Severe Disease. https://www.cdc.gov/flu/avianflu/novel-fluinfection-control.htm
Informe Técnico sobre o vírus Influenza A (H7N9).
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/influenza-a-h7n9
Download