Posologia - Opinião - Diário do Nordeste Página 1 de 1 IDÉIAS Posologia 16.03.2007 Curtir 118.574 pessoas curtiram isso. 0 As atividades desenvolvidas por um médico, guardam muita semelhança com aquelas executadas pelos economistas. Nas duas são, relativamente, mais fáceis os diagnósticos e as terapêuticas, isto é, a identificação de uma doença ou problema e a determinação dos meios adequados para superação. Todavia, a grande dificuldade para encontrar uma solução eficaz está em definir a posologia, ou seja, a dosagem correta do medicamento ou da política econômica, não implicando em efeitos colaterais negativos. Muitas vezes um paciente toma uma dose de dipirona para combater uma dor de cabeça e o resultado é uma agressão ao fígado ou, de forma descontrolada, ingere antibióticos para debelar uma infecção provocando resultados indesejáveis na flora intestinal. Por sua vez, na economia, ao adotar-se uma política de combate à inflação, mediante a elevação da taxa de juros, via de regra, o resultado poderá ser uma expansão do nível de desemprego ou então manter um câmbio fixo poderá implicar numa queda de competitividade dos bens e produtos de exportação, com reflexos não interessantes no balanço de pagamentos. Dessa forma, tudo tem que ser conduzido de forma racional, observando as dosagens e as políticas corretas. Além dos efeitos colaterais, tanto os médicos como os economistas devem observar os fatores externos ou as possíveis variáveis aleatórias, pois podem causar impactos não esperados. O grande desafio desses profissionais, em última análise, é, de um lado, conciliar objetivos conflitantes, o que não é fácil, de outro, determinar com precisão a posologia adequada. A rigor, ambos os profissionais trabalham com a vida humana. O primeiro de uma forma mais direta e o outro de uma maneira mais ampla. Assim, diz-se que quando um médico se engana, a conseqüência, geralmente, é no varejo; por sua vez, quando o economista erra na formulação de uma diretriz, o efeito é no atacado. Um remédio prescrito de forma inadequada pode ser fatal. Já uma política salarial injusta, por exemplo, definida para um país, poderá provocar resultados negativos que atingem uma grande quantidade de pessoas. GONZAGA MOTA Professor e economista http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=415293 28/08/2012