4.2. ANÁLISE DE FOURIER Série de Fourier Transformada de Fourier para Sinais Contínuos Transformada de Fourier para Discretos (DFT) 1 A) Representação de Sinais por Série de Fourier Introdução Neste capítulo vamos introduzir as transformações de sinais Série de Fourier e Transformada de Fourier, que convertem sinais do domínio do tempo em representações no domínio da freqüência. Histórico sobre a Série de Fourier O conceito em usar harmônicos (senos e co-senos) ou exponenciais complexas para descreverem fenômenos periódicos data de muito tempo atrás: 1748 – L. Euler – Movimento de uma corda vibratória era combinação dos modos normais. 1753 – D. Bernoulli – idem 1759 – J. L. Lagrange – Criticou o uso de séries trigonométricas na análise do movimento de cordas vibratórias. Ele achava que era impossível representar sinais com descontinuidades usando as séries trigonométricas. 2 1768 – Nasce Jean Baptiste Joseph Fourier em Auxerre, França. Matemático e Professor na “Ecole Polytechnique de France”. Vida política intensa. Escapou da guilhotina em duas vezes após a revolução francesa. Acompanhou Napoleão Bonaparte no Egito. Prefeito em Grenoble (1802). Nesta cidade desenvolveu suas idéias sobre série trigonométrica, com aplicação no fenômeno de propagação de calor e difusão. 1807 – Fourier termina seu trabalho e o apresenta no “Institut de France”. Foram 4 julgadores de seu trabalho: Lacroix, Monge, Laplace e Lagrange. Os 3 primeiro a favor da publicação, mas Lagrange foi veemente contra. O trabalho não foi publicado. 1822 – Publicou o livro “Théorie analytique de la chaleur”, que incluía suas idéias. 1828 – Dirichlet forneceu condições precisas na qual uma função periódica poderá ser representada por uma série trigonométrica. 3 Representação em Série de Fourier Trigonométrica de Sinais Periódicos Em capítulos anteriores, definiu-se um sinal de tempo contínuo x(t) como sendo periódico se existir um valor diferente de zero positivo para T tal que x(t T ) x(t ) O período fundamental T0 de x(t) é o menor valor positivo de T para o qual a equação acima é satisfeita, e 1/T0 = f0 é chamada freqüência fundamental dada em Hz. Dois exemplos básicos de sinais periódicos são os sinal senoidal (cosenoidal) x(t ) cos(0t ) e o sinal exponencial complexo x(t ) e j0t onde 0 2 T0 2f 0 é chamada freqüência angular fundamental. 4 Sendo f(t) uma função periódica com período T. Esta função, caso obedeça as condições de Dirichlet, pode ser representada pela série trigonométrica: f (t ) ou 1 a0 a1cos0t a2cos20t ... b1sen0t b2sen20t ... 2 a0 f (t ) (an cos n0t bnsen n0t ) 2 n 1 (1) A componente senoidal de freqüência n = n0 é chamada o n-ésimo harmônico da função periódica. O primeiro harmônico é chamado de componente fundamental, pois ele tem o mesmo período que a função, e a freqüência correspondente 0 = 2f0 = 2/T é chamada freqüência angular fundamental (como já mencionado anteriormente). 5 Convergência da Série de Fourier: Sabe-se que um sinal periódico f(t) tem uma representação em série de Fourier se ele satisfazer as seguintes condições de Dirichlet: (i) A função f(t) é absolutamente integrável em um período, isto é: T /2 T / 2 | f (t ) | dt finita (ii) A função f(t) possui um número finito de máximos e mínimos em um período. (iii) A função f(t) possui um número finito de descontinuidades em um período. 6 A convergência é satisfeita, somente quando um número infinito de termos for incluído na expansão da série de Fourier. Se a série for truncada, ou seja, se um número finito de termos for usado na expansão da série, como na verdade deve ser em quase todas as aplicações práticas, então a aproximação exibirá um comportamento oscilatório em torno da descontinuidade, conhecido como Fenômeno de Gibbs. Quando o número de termos cresce, a curva resultante oscila com freqüência crescente e a amplitude decrescente. 4 termos na série 16 termos na série 1.5 1.5 1 1 0.5 0.5 0 0 -0.5 -0.5 -1 -1 -1.5 0 0.5 1 1.5 2 Tempo, s 2.5 3 3.5 4 -3 x 10 -1.5 0 0.5 1 1.5 2 Tempo, s 2.5 3 3.5 4 -3 x 10 7 Determinação dos Coeficientes da Série: Os coeficientes an, a0 e bn são obtidos através da utilização das propriedades de ortogonalidade das funções trigonométricas. Um conjunto de funções {k(t)} é ortogonal em um intervalo a<t<b, se para duas funções quaisquer m(t) e n(t) no conjunto existe a integral mn 0 , T / 2 m (t ) n (t ) dt rn , T /2 mn Por exemplo, um conjunto de funções senoidais. Pelo calculo elementar, pode-se mostrar que: T /2 T / 2 cos m0t dt 0, para m 0 ; T /2 T / 2 sen m0t dt 0, para todo m mn 0 , cos ( m t )cos ( n t ) dt 0 0 T / 2 T / 2 , m n 0 T /2 mn 0 , sen ( m t )sen ( n t ) dt 0 0 T / 2 T / 2 , m n 0 T /2 T /2 T / 2 sen (m0t )cos (n0t ) dt 0 8 As equações anteriores mostram que as funções {1, cos0t, cos20t, ..., cosn0t, ..., sen0t, sen20t, ..., senn0t} formam um conjunto de funções ortogonais em um intervalo –T/2 < t< T/2. Usando as equações mostradas em slide anterior e combinando com a equação (1), chega-se às expressões dos coeficientes da série de Fourier: 2 T /2 an f (t ) cos (n0t ) dt , n 0,1,2,... T / 2 T bn 2 T /2 f (t ) sen (n0t ) dt , n 1,2,... T / 2 T 2 T /2 a0 f (t ) dt T / 2 T (2) (3) (4) Observa-se que (4) está contida em (2). E esta equação (4) mostra que o primeiro termo da série (a0/2) é o valor médio da função em um período. Logo, se a função for simétrica em relação ao eixo das abscissas, este primeiro termo da série é igual a zero. 9 Simetria Ondulatória – Funções Pares e Ímpares Uma função f(t) é dita par quando satisfaz a condição: f (-t ) f (t ) As funções pares são simétricas em relação ao eixo dos Y (eixo da coordenada dependente), portanto: a a a f (t ) dt 20 f (t ) dt Uma função f(t) é dita ímpar quando satisfaz a condição: f (t ) f (t ) As funções ímpares são anti-simétricas em relação a tal eixo, logo: a a f (t ) dt 0 e f (0) 0 10 Propriedades: i) Qualquer função f(t) pode ser expressa como a soma de duas componentes, das quais uma é par e outra é ímpar, ou seja: f (t ) f p (t ) fi (t ) ii) Se f(t) for uma função periódica par, sua série de Fourier consiste somente dos termos an (n=0,1,...), ou seja, de uma constante e dos termos em co-senos: a0 f (t ) an cos n0t 2 n 1 iii) Se f(t) for uma função periódica impar, sua série de Fourier consiste somente dos termos bn (n=1, 2,...), ou seja, de termos em senos: f (t ) bnsen n0t n 1 11 Forma Complexa da Séries de Fourier – Espectro de Freqüência O co-seno e o seno podem ser expressos em função de exponenciais, ou seja: 1 (5) cos n0t (e jnω0t e jnω0t ) 2 1 jnω0t jnω0t (6) sen n0t (e e ) 2j As expressões acima são determinadas a partir da equação de Euler: e j cos j sen Substituindo (5) e (6) em (1), vem (lembrando que -j=1/j): a0 1 jn 0t 1 jn 0t jn 0t jn 0t f (t ) an e e bn e e 2 n 1 2 2j a0 1 jn 0t 1 f (t ) (an jbn )e (an jbn )e jn 0t 2 n 1 2 2 12 Definindo: c0 1 1 1 a0 , cn (an jbn ), c n (an jbn ) 2 2 2 Logo, f (t ) c0 (cn e jnω0t c n e jnω0t ) n 1 f (t ) c0 cn e jnω0t n 1 f (t ) c0 cn e jnω0t c n e jnω0t n 1 n 1 f (t ) jnω0t c e n n 1 cne jnω0t (7) Série de Fourier Complexa n 13 Determinação dos Coeficientes da Série de Fourier Complexa: 1 cn (an jbn ) 2 Os coeficientes cn são valores complexos cn T /2 1 T /2 f ( t ) cos( n t ) dt j f ( t ) sen( n t ) dt 0 0 T / 2 T T / 2 1 T /2 cn f (t )[cos( n0t )dt j sen( n0t )]dt T / 2 T 1 T /2 cn f (t ) e jn 0t dt T T / 2 c n n 0,1,2,.... 1 T /2 jn 0t f ( t ) e dt T / 2 T Se f(t) for real então: c n cn* O símbolo (*) denota o complexo conjugado 14 cn 1 T jn 0t f ( t ) e dt 0 T cn é complexo para todo n com exceção de n=0 (ou seja, c0=(1/2)a0), então possui módulo e ângulo de fase: cn | cn | e j n 1 | cn | (an2 bn2 ) 2 e n arc tg ( - bn / an ) Um gráfico onde se marcam no eixo horizontal as freqüências dos harmônicos e no eixo vertical os valores dos coeficientes cn da série complexa de Fourier, chamamos espectro de amplitudes da função periódica f(t). No caso de se ter, no eixo vertical, os ângulos de fase n em função da freqüência, este gráfico chama-se espectro de fases de f(t). 15 Como os índices n assumem somente valores inteiros, os espectros de amplitudes e de fases, não são curvas contínuas e sim surgem como linhas verticais (raias) nas variáveis discretas n0. Portanto, tais gráficos denominamse espectro de freqüência discreta. A representação dos coeficientes complexos cn em função da variável complexa n0 especifica a função periódica f(t) no domínio da freqüência, do mesmo modo que a função f(t) em função de t a especifica no domínio do tempo. É usual representar tais espectros apenas em relação ao eixo de freqüências positivas, pois o lado esquerdo (lado das freqüências negativas) contém a mesma informação que o direito, já que os coeficientes c*n são os complexos conjugados de cn. Na Figura abaixo é mostrado um exemplo de um espectro de amplitudes. |cn| 16 Freqüência B) Transformada De Fourier de Sinais Contínuos A expansão por série de Fourier é uma forma de representação de funções periódicas em termos de um somatório de funções harmônicas. Para funções não-periódicas é necessário uma adequação da análise de Fourier ao problema. Nesta análise, um sinal transiente pode ser visualizado como um sinal periódico tendo seu período tendendo ao infinito. Da Série de Fourier à Transformada de Fourier: Seja um sinal não-periódico x(t)=0 para -T1 > t > T1 : Sinal Transiente Formando um sinal periódico xp(t) através da repetição de x(t) com período fundamental T0 : ... ... Sinal Periódico 17 Relembrando a série complexa de Fourier e a expressão de seus coeficientes: 1 T0 / 2 - j n 0 t x p (t ) cn e jn0t cn x ( t ) e dt p T / 2 T0 0 n Aqui foi substituído o símbolo da função temporal f(t) por x(t) para evitar confusão com o símbolo de freqüência f dada em Hz. Substituindo a segunda na primeira, vem: 1 T /2 x p (t ) 0 x p (t ) e- jn0t dt e jn0t T T0 / 2 n 0 2 T0 0 1 T0 / 2 x p (t ) x p (t ) e- jn 0t dt 0e jnω0t 2 T0 / 2 n Quando T0 torna-se muito grande, 0 torna-se muito pequeno. Logo, fazendo 0=, tem-se n0= n, então: x p (t ) 1 T0 / 2 - jn t jnt x ( t ) e dt e 2 T0 / 2 p n 18 No limite, quando T0, n, d, e o somatório torna-se uma integral: 1 - jt jt x p (t ) x ( t ) e dt e d p 2 Assim pode-se definir o termo entre colchetes, na equação acima como: X () x(t ) e- jt dt Transformada de Fourier Logo, 1 jt x(t ) X ( ) e d 2 Transformada Inversa de Fourier As duas integrais acima formam o Par de Integrais de Fourier. Este par também pode ser escrito por (quando considera-se freqüência em Hz): X(f ) x(t ) e - j 2 ft dt x(t ) X ( f ) e j2πft df 19 Simbologia: X ( f ) {x(t )} 1 x(t ) { X ( f )} ou x(t ) X ( f ) O gráfico de |X(f)| versus f é um espectro contínuo. No espectro das amplitudes complexas de um sinal periódico, se o período aumenta, a freqüência fundamental diminui e as componentes em freqüência dos harmônicos ficam mais próximas entre si, fazendo com que a disposição das raias tendam a uma distribuição contínua e a série de Fourier vem a tornar-se uma integral. CnT0 T = 4T Exemplo: 0 1 T0= 8T1 T0= 16T1 20 Convergência das Transformadas de Fourier: As condições de Dirichlet são condições suficientes, mas não necessárias para a existência da Transformada de Fourier de uma determinada função. Condições de Dirichlet: (i) A função x(t) é absolutamente integrável em módulo, isto é: | x(t ) | dt finita (ii) A função x(t) possui um número finito de máximos e mínimos dentro de qualquer intervalo finito. (iii) A função x(t) possui um número finito de descontinuidades dentro de qualquer intervalo finito e cada uma dessas descontinuidades é finita. Funções periódicas não obedecem à condição (i), mas possuem transformadas, caso funções impulsos estejam presentes na transformação. As funções aleatórias não atendem à condição (i). 21 Propriedades das Transformadas de Fourier: (i) Linearidade Se x(t) X() e se y(t) Y(), então ax( t ) by( t ) aX ( ) bY( ) (ii) Atraso no tempo x( t t 0 ) X ( ) e -jt0 (iii) Atraso na freqüência x( t )e j0t X ( 0 ) (iv) Escalonamento x( at ) 1 X |a| a 22 (v) Reverso no tempo x( t ) X ( ) (vi) Diferenciação ou Integração d x( t ) j 2f X( f ) , ou dt d x( t ) j X( ) , ou de modo geral dt dn dt n x( t ) (j ) n X( ) j t x( t ) d X ( ) d t 1 X ( ) X (0) () j x( t )dt 23 (vii) Simetria ou Dualidade X ( t ) 2 x( ) X (t ) x(f ) (viii) Propriedades da T.F quando a função é real x(t) X() x( t ) x par ( t ) x impar ( t ) x(t ) X ( ) Re( ) j Im( ) então {x(t )} {x par (t )} {ximpar (t )} Re() {x par (t )} j Im() {ximpar (t )} A T.F. de uma função par será sempre real 24 x( t ) x par ( t ) x impar ( t ) x(t ) x par (t ) ximpar (t ) x(t ) x par (t ) ximpar (t ) Aplicando a T.F. {x(t )} {x par (t ) ximpar (t )} {x(t )} {x par (t )} {ximpar (t )} X () Re () j Im() X () Então, se x(t) for uma função real então: X () X () 25 Exemplos de Aplicação da Transformada de Fourier: i) T.F. da Função Pulso Retangular Simétrico x(t ) A, | t | T0 x(t ) 0, X(f ) x(t ) e -j 2πft dt X( f ) T0 T0 X( f ) A Ae -j 2πft T0 -j 2πf T0 X( f ) e-j 2πfT -j 2πf A 0 X( f ) | t | T0 dt A T0 T0 A f u -j 2πft T0 e T0 -j 2πf j 2πfT0 Af 21j e j 2πfT A e du e e-j 2πft dt A 0 e j 2πfT0 sen( 2πfT0 ) 26 X( f ) A f sen( 2πfT0 ) 2T0 2T0 sen( 2πfT0 ) X ( f ) 2 AT0 2fT0 X ( f ) 2 AT0 sinc (2πfT0 ) Função Real 27 (ii) T.F. da Função Pulso Retangular (Função Porta) X (f ) 0 A e - j2ft A A A - j2ft dt e (e - j2f - 1) e - jf (e - jf - e jf ) - j2f - j2f - j2f 0 X( f ) sen( f) - jf A - jf 1 jf e [ (e - e jf )] A e f 2j f X ( f ) A sinc(f)e -jf | X ( f ) | A | sinc(f) | X ( f ) arc tg [tg(f)] 28 Funções portas com diferentes durações e magnitudes das respectivas transformadas Magnitude da Transformada de Fourier da Função Porta Função Porta 0.2 1.2 0.18 1 0.16 0.14 0.8 0.12 0.1 0.6 0.08 0.4 0.06 0.04 0.2 0.02 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Tempo [s] 3 3.5 4 4.5 0 -10 5 -8 -6 -4 -2 0 2 Freqüência [Hz] 4 6 8 10 Função Porta 1.2 Magnitude da Transformada de Fourier da Função Porta 0.1 1 0.09 0.08 0.8 0.07 0.06 0.6 0.05 0.4 0.04 0.03 0.2 0.02 0 0.01 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Tempo [s] 3 3.5 4 4.5 5 0 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 Freqüência [Hz] 4 6 8 10 Percebe-se que quanto menor a duração da porta, o primeiro “vale” no espectro da transformada será mais prolongado 29 (iii) T. F. do Impulso x(t ) K (t ) X (f ) { x(t )} Portanto, Logo, K (t ) e - j2ft dt K (t t 0 ) x(t ) dt x(t 0 ) X (f ) K (t ) e - j2ft dt Propriedade da função Delta de Dirac (t ) e - j2ft dt K e - j2f0 K {K (t )} K Daí o motivo de se usar excitação impulsiva na análise modal experimental, pois teoricamente o impulso excitaria todas as freqüências do sistema sob teste 30 iv) T.F. de uma Constante Do caso anterior, tem-se: K(t ) K Segundo a propriedade de simetria (X(t) x(-f)) K K( f ) e levando-se em conta que (f)= (-f): K K ( f ) Logo, {K } K( f ) {K } 2K() 31 iv) T.F. da Função Co-seno 1 j0t x(t ) (e e j 0 t ) 2 1 1 j0t X () {x(t )} {e } {e j0t } 2 2 x(t ) cos(0t ) * Obs : {x(t )e j t } X ( 0 ) 0 * Obs : {K} 2K() 1 1 X () 2( 0 ) 2( 0 ) 2 2 1 1 X () ( 0 ) ( 0 ) X ( f ) ( f f 0 ) ( f f 0 ) 2 2 A T.F. do co-seno consiste de duas funções delta de Dirac simétricas, uma localizada em f0 e outra em - f0. 32 Teorema Parseval para Sinais Não-Periódicos de Energia finita Sendo x(t) um sinal de energia finita, sua energia é dada por: Ex | x(t ) |2 dt que pode ser expressa em termos de X(f), ou seja: Ex x(t ) x (t )dt x(t ) X ( f )e j 2ft df dt Ex x(t ) x (t )dt X ( f ) x(t )e j 2ft dt df Ex Então, X ( f ) X ( f ) df Ex | X ( f ) |2 df | x(t ) | dt 2 | X ( f ) |2 df A energia do sinal pode ser descrita no domínio do tempo ou no domínio da freqüência. 33 Ex | X ( f ) |2 df O termo |X(f)|2 representa a distribuição de energia do sinal em função da freqüência. | X ( f ) |2 S xx ( f ) Sxx(f) Auto Densidade Espectral de Energia do Sinal x(t) Será visto posteriormente que a função auto densidade espectral, Sxx(f), é a transformada de Fourier da função de auto correlação, Rxx(). {Rxx ()} S xx ( f ) 34 C) TRANSFORMADA DE FOURIER DISCRETA A Transformada de Fourier têm sido usada com sucesso através dos anos para resolver muitos tipos de problemas de engenharia, física e matemática. Esta transformada, como já visto, é definida para funções contínuas (ou analógicas). A partir dos anos 60 a transformada de Fourier tem sido implementada na forma digital (surgindo a Transformada de Fourier Discreta) em vários tipos de analisadores. Estes analisadores computam a forma digital (ou discretizada) de espectros de potência, funções de resposta em freqüência e outras funções no domínio da freqüência a partir de sinais medidos (amostrados) no domínio do tempo, todos a partir da Transformada de Fourier Discreta. Nesta seção é apresentada a técnica conhecida com Transformada de Fourier Discreta (TFD) ou DFT (sigla da técnica em inglês) para seqüências de comprimento finito. 35 A implementação da Transformada Discreta de Fourier ou simplesmente DFT (“Discrete Fourier Transform”), veio a ser prática em 1965 quando Cooley e Turkey descreveram um algorítmo para computar a DFT de forma bem eficiente. Seu algorítmo (e outros como ele) tornaram-se conhecidos como a Transformada Rápida de Fourier ou FFT (“Fast Fourier Transform”). Usando o algorítmo da FFT, analisadores digitais de sinais podem computar a DFT em milisegundos ao invés de horas como era feita em décadas passadas. A computação direta da DFT de uma função contendo N pontos, requer N2 operações; onde uma operação é definida como uma multiplicação mais uma adição. O algorítmo de Cooley e Tukey requer aproximadamente Nlog2N operações, sendo N potência de 2. Muitos outros métodos para computação eficiente da DFT têm sido descobertos, contudo, todos os quais que requerem em torno de Nlog2N operações têm sido conhecidos como FFT’s. 36 Seja x[n]uma seqüência de tamanho finito de comprimento N, isto é, x[ n] 0 Fora do intervalo 0 n N-1 A TFD (ou DFT) de x[n], representada por X[k], é definida por: 1 N 1 X [k ] x[n] WNkn N n 0 sendo k = 0,1,.., N-1 WN e j ( 2 / N ) A TFD (ou DFT) inversa é dada por: x[n] N 1 kn X [ k ] W N n = 0,1,.., N-1 n 0 Exemplo: Dada a seqüência x[n]=[1, 2, 1]. (a) Calcule a DFT de x[n]; (b) Use o comando da fft no matlab para determinar a DFT de x[n] 37 Solução: (a) W30 1 W32 e j ( 2 / 3) 2 0,5 j0,866 3 j ( 2 / 3) 3 1 W3 e W31 0,5 j 0,866 e j ( 2 / 3) 1 W34 W31 X [0] X [1] 2 0 x [ n ] W 3 1 2 1 4 n 0 2 x[n] W31n x[0] W30 x[1] W31 x[2] W32 n 0 1(1) 2(0,5 j 0,866) 1(0,5 j 0,866) 0,5 j 0,866 X [2] 2 2n 0 2 4 x [ n ] W x [ 0 ] W x [ 1 ] W x [ 2 ] W 3 3 3 3 n 0 1(1) 2(0,5 j 0,866) 1(0,5 j 0,866) 0,5 j 0,866 38 (b) Resultados do Matlab: » x=[1 2 1]; » xfft=fft(x) xfft = 4.0000 -0.5000 - 0.8660i -0.5000 + 0.8660i O que se percebe? R: O Matlab calcula a DFT através da fórmula mostrada com a exceção do parâmetro (1/N). Portanto o usuário deve dividir o resultado da fft por N. Por quê? R: Porque muitos autores definem a DFT sem a divisão por N, que surge dividindo na expressão da IDFT. 39 Fórmulas da Discretização dos Sinais no Domínio do Tempo e no Domínio da Freqüência. T = Tempo (ou Período) de Aquisição ou Período de Análise ou Registro Temporal (“Time Record”); N = Número de Linhas Espectrais t = Intervalo de Tempo ou de Amostragem ou Incremento de Tempo; f = Intervalo de Freqüência ou Resolução em Freqüência; fs = Freqüência ou Taxa de amostragem T N t t 1 fs fs 1 1 f T T f 1 t Tf 1 Quanto maior a duração da aquisição do sinal, maior resolução terá o espectro. 40 Princípio da Incerteza T = Tempo (ou Período) de Aquisição ou Período de Análise ou Registro Temporal (“Time Record”); t = Intervalo de Tempo ou de Amostragem ou Incremento de Tempo; f = Intervalo de Freqüência ou Resolução em Freqüência; fs = Freqüência ou Taxa de amostragem T N t t 1 fs fs 1 1 f T T f 1 t s Tf 1 41 Natureza e Disposição dos Coeficientes de Fourier no Espectro No Matlab (como não pode haver índice zero em variáveis indexadas): 42