“O Ensino de Filosofia na América Latina: o Caso Argentina” Ensaio

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“O Ensino de Filosofia na América Latina: o Caso Argentina”
Ensaio com base na obra de Obiols:
Profª. Dra. Elizete Tomazetti - UFSM
Por:
Juliano Gustavo Ozga.
Filosofia UFSM-UFOP.
Neste presente ensaio pretendo expor ideias e objetivos, como também exemplos
de figuras representativas que num âmbito particular (o caso da Argentina) ajudaram a
construir uma história e realidade do ensino e prática de filosofia no país que pretendia
ser a “Atenas del Plata”, segundo os fundadores da Faculdade de Filosofia e Letras da
Universidade de Buenos Aires.
No contexto histórico do ensino de filosofia na América Latina, que se constituía
de colégios, universidades, seminários e conventos, o Colégio de San Carlos em Buenos
Aires terá um papel fundamental para a implantação do ensino filosofia, onde
predominavam na América Latina correntes como a escolástica, a corrente francesa ao
longo do século XIX, em especial a filosofia da ilustração e o romantismo.
Um dos pioneiros no ensino de filosofia na Argentina foi o imigrante francês
Amadeo Jacques, que elaborou com outros filósofos o Manual de filosofia, sendo este
último uma base para o ensino de filosofia no século seguinte dentro da argentina. Nas
características que envolvem o ensino de filosofia na Argentina podemos destacar duas
modalidades: a) a educação filosófica em colégios nacionais; b) a educação em escolas
normais. Uma das peculiaridades do ensino de filosofia na Argentina é a questão de
haver um enfoque na problematização aberta e formal, permitindo interpretações dos
conceitos ou noções incluídos nos programas de ensino.
Posteriormente irá eclodir o paradigma fenomenológico por influência de Romro
e Pucciarelli (1938), o neotomismo de Venturini (1985) e a lógica simbólica de
Angélica e Muro (1965).
Assim o que se constituiu foi um “núcleo duro” incluindo a lógica, a
gnosiologia, a metafísica e a ética, sendo estas rodeadas por temáticas como
antropologia filosófica, a epistemologia etc.
Um dos efeitos deste sistema de ensino foi que antes de 1980 não havia uma
preocupação didática nos livros de textos. Isso também definiu a caracterização do
aluno argentino, tanto nos colégios nacionais como nas escolas normais, sendo
considerado, psicológico e socialmente, como adulto e detentor de um potencial
universitário. O que resultou em uma classe de alunos de elite, no qual eles almejavam e
buscavam uma elevação no seu interesse e em sua capacidade de compreensão para
dominar os rudimentos filosóficos. Esse pode ser considerado um dos aspectos
peculiares da educação e formação filosófica do aluno Argentino.
Posteriormente esse aspecto irá se refletir na tendência de que a disciplina de
filosofia irá nortear uma cultura geral nos egressos das escolas normais e nos
secundaristas que, ou seguirão estudos universitários ou ingressarão em postos médioaltos na administração pública ou privada.
O lugar próprio da filosofia na Argentina sofreu uma influência com a criação da
Faculdade de filosofia e letras na Universidade de Buenos Aires, no ano de 1896, tendo
como base e concepção de fundação, criar a “Atenas Del Plata”. O que posteriormente
foi influenciada pelo aspecto profissional, acabando por criar um contingente de
filósofos, tanto professorado como licenciados (Professorado na Argentina =
Licenciatura no Brasil; Licenciatura na Argentina= Bacharel no Brasil). Isso foi
caracterizado no início do século XX de época da normalidade filosófica, oposta aos
objetivos de fundação da Faculdade de Filosofia e Letras da UBA.
Outra característica do ensino de filosofia argentino diz respeito às disputas entre
escolas, que incluíam universidades nacionais e universidades privadas, e mudanças de
conteúdos filosóficos, o que não modificou muito as formas pedagógicas vigentes.
O curso de professorado argentino possuía ênfase no ciclo de disciplinas
pedagógicas, e o curso de licenciatura possuíam ênfase em seminários e uma tese de
licenciatura.
No entanto, dentre os pontos semelhantes entre o curso professorado e
licenciatura em filosofia, podemos citar os seguintes:
1- Ciclo introdutório de disciplinas humanísticas;
2- Agrupamento de matérias históricas;
3- Grupo de matérias problematizantes;
4- Cursos auxiliares de línguas estrangeiras;
5- Disciplinas optativas;
6- Seminários sobre temas pontuais.
Todo esse programa era administrado dentro de trinta matérias obrigatória, o que
poderia levar o mínimo de cinco anos para concluir o curso.
Diante de tal exposição e exemplificação do sistema de ensino de filosofia na
Argentina, o que nos resta de positivo é fazer uma análise e comparação com nosso
sistema e programa de ensino de filosofia com a proposta de ensino de filosofia na
Argentina. E dentro desta análise comparativa fazer um adendo tendo exemplo direto a
atuação do Professorº Dr. Abel Casanave, membro do Departamento de Filosofia da
UFSM, que é um exemplo de aluno com formação básica e superior dentro do sistema
de ensino de filosofia argentino.
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