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LINGUISTICA-1

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – COED
Linguística I
LICENCIATURA EM LETRAS – ESPANHOL
EDIÇÃO:
Equipe Multidisciplinar da UAB/UESPI –
Universidade Aberta do Brasil –
Universidade Estadual do Piauí
Coordenadora EaD/UAB:
Profa. Dra. Bárbara Olímpia Ramos de Melo
Professor Conteudista do Fascículo:
Bárbara Olímpia Ramos de Melo
Shirlei Marly Alves
Revisão:
Profa. Msc. Silvana da Silva Ribeiro
Diagramação:
Prof. Msc. Orlando Berti
Coordenador Adjunto:
Prof. Esp. Marivaldo de Oliveira Mendes
Coordenadora do Curso de Licenciatura
Plena em Letras – Espanhol:
Profa. Msc. Margareth Torres de Alencar
Capa:
Orlando Berti
UAB-UESPI
Coordenador de Tutoria:
Prof. Esp. Omar Mario Albornoz
Equipe Multidisciplinar:
Katiuscia Poliana Jamily de O. Damasceno
Manuel Gonçalves das Silva Neto
Prof. Msc. Orlando Maurício de Carvalho Berti
Antônio José Pessoa Alencar
Campus Poeta Torquato Neto (Pirajá),
CCN, Sala da UAB, Rua João Cabral, 2231,
bairro Pirajá, Teresina (PI). CEP: 64002150. Telefone: (86) 3213-5471, 3213-7398
(ramal 294).
http://ead.uespi.br
E-mails:
[email protected]
[email protected]
MATERIAL PARA FINS EDUCACIONAIS
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS CURSISTAS UAB/UESPI
M528l
Melo, Bábara Olímpia Ramos de.
Linguística I / Bárbara Olímpia Ramos de Melo; Shirlei
Marly Alves. – Teresina:UAB/UESPI, 2010.
109 p. (Licenciatura em Letras Espanhol)
1. Língua Portuguesa. 2. Leitura.3. Língua
Portuguesa - Escrtia. Leitura – Estudo e Ensino I.
Título.
CDD: 410.18
UAB – UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UESPI – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
COORDENAÇÃO GERAL EAD/UAB/UESPI
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS – ESPANHOL
LINGUÍSTICA I
Bárbara Olímpia Ramos de Melo
Shirlei Marly Alves
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Vice-presidente da República
José Alencar Gomes da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação à Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Diretor de Educação à Distância CAPES/MEC
Celso José da Costa
Governador do Piauí
José Wellington Barroso de Araújo Dias
Vice-governador do Piauí
Wilson Nunes Martins
Secretário Estadual de Educação e Cultura do Piauí
Prof. Antônio José Castelo Branco Medeiros
Reitor da UESPI – Universidade Estadual do Piauí
Prof. Carlos Alberto Pereira da Silva
Vice-reitor da UESPI
Prof. Nouga Cardoso Batista
Pró-reitor de Ensino de Graduação – PREG
Prof. Manoel Jesus Memória
Coordenadora da UAB-UESPI
Prof. Bárbara Olímpia Ramos de Melo
Coordenador Adjunto da UAB-UESPI
Prof. Marivaldo de Oliveira Mendes
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação – PROP
Prof. Izânio Vasconcelos de Mesquita
Pró-reitora de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX
Prof. Francisca Lúcia de Lima
Pró-reitor de Administração e Recursos Humanos – PRAD
Prof. Acelino Vieira de Oliveira
Pró-reitor de Planejamento e Finanças – PROPLAN
Prof. Raimundo da Paz Sobrinho
Coordenadora do curso de Licenciatura Plena em Letras Espanhol – EAD
Prof. Margareth Torres de Alencar Costa
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...................................................................... 05
PLANO DA DISCIPLINA............................................................ 06
INTRODUÇÃO........................................................................... 08
UNIDADE I – LÍNGUA E LINGUAGEM:
NATUREZA,
CARACTERÍSTICAS
E
FUNÇÕES............................................................................ 09
1.1 COMUNICAÇÃO ANIMAL E LINGUAGEM HUMANA............. 11
1.2 CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM HUMANA.................. 18
1.2.1 Definições de linguagem (língua)....................................... 24
1.3 MODELOS DE COMUNICAÇÃO.......................................... 28
1.4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM................................................ 30
UNIDADE II – LINGUÍSTICA: NATUREZA DOS
ESTUDOS, HISTÓRIA E CORRENTES DE
ESTUDOS LINGUÍSTICOS.......................................... 37
2.1 LINGUÍSTICA: OBJETO E OBJETIVOS.............................. 39
2.2 BREVE PERCURSO HISTÓRICO DOS ESTUDOS DA
LINGUAGEM HUMANA............................................................... 52
2.3 ABORDAGENS DA LÍNGUA................................................. 57
2.3.1 Estruturalismo................................................................... 57
2.3.2 Funcionalismo................................................................... 58
2.3.3 Sociolinguística................................................................. 60
2.3.4 Gerativismo....................................................................... 62
2.3.5 Linguística Textual............................................................ 67
2.3.6 Análise do Discurso.......................................................... 69
2.3.7 Linguística Histórica.........................................................
70
UNIDADE III – DESCRIÇÃO E NORMATIVISMO
NOS ESTUDOS DA LÍNGUA....................................... 75
3.1 PERSPECTIVA DE ESTUDOS: A LINGUÍSTICA É DESCRITIVA,
NÃO PRESCRITIVA................................................................... 77
3.2 CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA........................................
79
UNIDADE
IV
–
A
PESQUISA
EM
LINGUÍSTICA..................................................................... 83
4.1 O QUE É PESQUISA..........................................................
85
4.2 MÉTODOS DE PESQUISA.................................................. 86
ANEXOS................................................................................... 103
REFERÊNCIAS........................................................................
109
APRESENTAÇÃO
O presente fascículo integra o material de apoio pedagógico desenvolvido pela
Universidade Estadual do Piauí - UESPI correspondente à disciplina Linguística I, que compõe
a estrutura curricular do Curso de Licenciatura plena em Língua Espanhola, na modalidade
de educação a distância (EAD). Este fascículo foi organizado e sistematizado com o objetivo
de contribuir com os seus estudos e suas reflexões acerca da compreensão dos objetivos
e da importância da Linguística como ciência.
Nesse sentido, são apresentados aspectos ligados à comunicação humana e à
linguagem que possibilita essa comunicação, mais especificamente a língua, a qual é
composta de signos verbais, ou palavras, como são mais comumente conhecidas. Sendo a
Linguística um campo de estudo que busca uma compreensão do que é e de como funciona
a língua, e ainda sendo esta um objeto de natureza complexa, organizamos os conteúdos
deste fascículo de modo que você possa ter uma visão ampla sobre as características da
comunicação linguística (Unidade I) e, em seguida, sobre como a Linguística constrói seus
estudos.
Assim, na Unidade II, apresentam-se as definições, o objeto de estudo, os objetivos
e um panorama histórico da Linguística, bem como diferentes modo de abordagem da
língua. A Unidade III apresenta esclarecimentos acerca das diferenças entre estudos
linguísticos e aqueles desenvolvidos pela Gramática Tradicional, enquanto, na última
Unidade (IV), você terá uma visão sobre como se organizam trabalhos de pesquisa em
Linguística e como contribuem para a ampliação dos conhecimentos na área.
Para um melhor aproveitamento das informações e um aprendizado mais consistente,
sugerem-se alguns passos, tais como atentar para os objetivos de cada unidade e fazer as
atividades sugeridas no final de cada texto, ações que o ajudarão a sedimentar
conhecimentos; valorizar e empenhar-se nos trabalhos de grupo tanto quanto nas reflexões
individuais; compartilhar ideias; atentar para as referências bibliográficas e, se necessitar,
recorrer a elas para aprofundar-se nos conteúdos abordados nas disciplinas de seu curso.
Finalmente, procure ler, refletir, analisar criticamente cada ideia e/ou teoria aqui
apresentada. Suas dúvidas poderão ser colocadas junto ao seu tutor. Bons estudos!
PLANO DA DISCIPLINA
1 EMENTA
Estudo da comunicação humana e lingüística como ciência.
2 OBJETIVOS
# Refletir sobre a linguagem com base em estudos relativos a sua natureza, características
e funções;
# Identificar as principais linhas de estudo da linguagem, suas perspectivas e estádios de
desenvolvimento;
# Conhecer a ciência da linguagem em seus diversos aspectos – objeto, objetivo, método,
histórico, linhas de investigação, interfaces com outras áreas do conhecimento;
# Compreender as diferentes formas de abordagem lingüística.
# Distinguir atitudes prescritivas e descritivas em relação à língua.
# Analisar trabalhos de pesquisa lingüística, reconhecendo objeto, objetivos,
problematização, método, referencial teórico, resultados;
# Subsidiar-se para desenvolver pesquisa em Lingüística.
3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
UNIDADE I
Língua e linguagem: natureza, características e funções.
UNIDADE II
Lingüística: objeto, objetivos, perspectivas de estudo. História dos estudos lingüísticos. Níveis
de análise lingüística.
UNIDADE III
A prescrição e a descrição nos estudos da linguagem. Concepções de gramática.
UNIDADE IV
Pesquisa em Lingüística: objeto, objetivos, metodologias. Projeto de pesquisa.
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E AVALIAÇÃO
Os procedimentos e metodologias a serem adotados nos encaminhamentos dos
conteúdos e na avaliação de rendimentos do aluno deverão obedecer à orientação da
Universidade Estadual do Piauí- UESPI, através da coordenação de educação a distânciaCEAD. As dúvidas e dificuldades no decorrer do processo de interação tutor-aluno serão
mediadas pelos meios de comunicação disponíveis para tal finalidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AITCHISON, Jean. Introdução aos estudos lingüísticos. Publicações Europa-América.
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Estudos do discurso. In: FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à
Lingüística II. Princípios de Análise. São Paulo: Contexto, 2005.
CARNEIRO, Marísia. Pistas e Travessias. Rio de Janeiro: EUERJ, 1999.
CASTRO, Joselaine Sebem de. A pesquisa em Psicolingüística. Disponível em < www.pucrs.br/
.../pesquisa/pesquisa/artigo13> Acesso em: 01/11/2009.
FARACO, Carlos Alberto. Lingüística Histórica: uma introdução ao estudo da história das
línguas. ed. ver. e ampl. São Paulo: Parábola, 2005.
FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Lingüística I. Objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2006.
LANGACKER, Ronald W. A linguagem e sua estrutura. Rio de Janeiro: Vozes, 1975.
LYONS, John. Linguagem e Lingüística uma introdução. Trad. de Maria Winkler Averbug. Rio de
Janeiro: LTC, 1981.
MALMBERG, Bertil. A língua e o homem. Introdução aos problemas gerais da Lingüística. Rio
de Janeiro: Nórdica, 1976.
MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Lingüística. São Paulo: Contexto, 2009.
MARTIN, Robert. Para entender a Lingüística. Trad. de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2003.
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística 1 domínios e fronteiras.
2ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.
PERINI, Mário. Sofrendo a Gramática. São Paulo: Ática, 1997.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo: Cultrix, 1996.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1 e
2 graus. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1997.
WEEDWOOD, Bárbara. História Concisa da Lingüística. Trad. de Marcos Bagno. São Paulo:
Parábola, 2002.
XAVIER, Antonio Carlos; CORTEZ, Suzana. Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da
linguística.
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UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Definir Linguística como o estudo da língua nem sempre é tão esclarecedor como
pode parecer. Isso porque pode dar a entender que o linguista estuda uma língua em particular,
o que, embora não seja errado, tampouco dá uma idéia adequada do objeto de estudo
dessa ciência.
É preciso que se alcance uma compreensão do que realmente faz o linguista e
como seu trabalho de cientista se direciona para a geração de conhecimentos que nos
ajudam a entender, por exemplo, como se adquire uma língua e como esta se estrutura de
modo a tornar-se funcional na vida humana.
Como estudante de Letras, área que tem a linguagem humana como foco de
interesse, é importante que você saiba como se constroem as informações que temos hoje
acerca da língua – de modo geral - e ainda das línguas em particular (como o espanhol, por
exemplo). Esse trabalho de reflexão e de investigação é desenvolvido por pessoas que se
intitulam linguistas, os quais, em sua grande maioria, se iniciaram como estudante de Letras,
fazendo graduação, especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado. Assim foram não
só adquirindo conhecimentos, mas também usando-os para pesquisar e gerar mais
conhecimentos acerca da linguagem humana. Aliás, na universidade, além do ensino, a
pesquisa é uma atividade que deve fazer parte da rotina de trabalho acadêmico. Nesse
sentido, mesmo cursando uma Licenciatura, cujo objetivo é primeiramente formar
professores, também adquirirá habilidades para fazer pesquisa em Linguística e Literatura
de língua espanhola.
Nesse sentido, os estudos de Linguística são necessários para quem vai atuar no
campo do ensino, já que, para o professor, é importante ter informações acerca do que é
uma língua e de como funciona, pois, só assim terá subsídios para planejar ações de ensinoaprendizagem mais efetivas. Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
documentos do Ministério da Educação que trazem orientações para o trabalho na escola,
tomam seus fundamentos das ciências da linguagem.
Face ao exposto, o estudante de Letras tem diante de si uma excelente oportunidade
de se iniciar no modo científico de conhecer a linguagem humana – manifesta nas diversas
línguas, alcançando uma compreensão que ultrapassa o senso comum, habilitando-se às
tarefas em que esses conhecimentos se fazem necessários, incluindo ensinar línguas
(materna ou estrangeira).
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UNIDADE 1
LÍNGUA E LINGUAGEM:
NATUREZA, CARACTERÍSTICAS
E FUNÇÕES
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OBJETIVO
* REFLETIR SOBRE A LINGUAGEM COM BASE EM
ESTUDOS RELATIVOS A SUA NATUREZA,
CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES.
CONTEÚDOS
* ASPECTOS DA COMUNICAÇÃO ENTRE SERES
HUMANOS E ENTRE ANIMAIS
* CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM HUMANA
* FUNÇÕES DA LINGUAGEM
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1.1 COMUNICAÇÃO
ANIMAL E LINGUAGEM
HUMANA
A admiração que a linguagem
sempre exerceu sobre o homem está
atrelada ao poder de não só nomear/
criar/transformar o universo real, mas
também trocar experiências, falar
sobre o que existiu, poderá vir a existir
e até mesmo imaginar o que não
precisa nem pode existir. O interesse pela linguagem manifesta-se
de variadas formas: mitos, lendas, cantos, rituais ou trabalhos eruditos
que buscam explicar essa capacidade humana.
MITOS E LENDAS SOBRE A LÍNGUA HUMANA
Ao longo dos séculos se encontram relatos que se referem às
primeiras palavras da criança, como também às indagações sobre
as condições necessárias para falar. Conta-se, por exemplo, que o
rei Psamético do Egito, no século VII A.C, determinou o confinamento
de duas crianças desde o nascimento até a idade de dois anos
sem qualquer convívio com outras pessoas, para que se
observasse como falariam ou se falariam ou ainda que língua
falariam no contexto de privação social. Além da crueldade
envolvendo o episódio é preciso notar que a hipótese sustentada
pelo rei era que, se essas crianças crescessem sem exposição à
fala humana e viessem a falar, a primeira palavra emitida
espontaneamente pertenceria à língua mais antiga do mundo.
Passados dois anos de total isolamento as crianças emitiram uma
seqüência fônica que teria sido interpretada como “bekos”, palavra
do frígio, língua indo-européia desaparecida, do grupo anatólico,
que era falada pelos frígios. Concluiu-se, então, que a língua dos
frígios era a língua mais antiga do mundo.
(fonte: www.comciencia.br/.../handler.php?section=8)
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UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
A Torre de Babel, de
acordo com o livro de
Gênesis, foi uma torre
enorme construída na
cidade de Babilônia
(hebraico:
Babel,
acadiano: Babilu) ,
uma
cidade
cosmopolita,
caracterizado por uma
confusão de línguas,
também chamado de
“princípio” de Nimrod
‘s reino. De acordo
com o relato bíblico,
uma
humanidade
unida das gerações
seguintes o Dilúvio, fala um único idioma e migrando do
Oriente, participou da construção. O povo decidiu sua
cidade deve ter uma torre tão grande que ele teria “o seu
topo nos céus.” No entanto, a Torre de Babel não foi
construído para a adoração e louvor a Deus, mas em vez
dedicado à glória do homem, para “fazer um nome” para os
construtores: “Então disseram: Vinde, edifiquemos para nós
uma cidade e uma torre com o seu topo nos céus, e façamonos um nome para nós mesmos, caso contrário seremos
espalhados sobre a face de toda a terra. Alguns acreditam
que um Deus vingativo e veja o que as pessoas estavam
fazendo, desceu e confundiu suas línguas e as pessoas
espalhadas por toda a terra.
(fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Tower_of_Babel)
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UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
Uma questão que sempre se coloca é a seguinte: só a espécie
humana possui linguagem ou existe também comunicação entre os
outros animais? Acerca dessa questão, alguns estudos foram
desenvolvidos, sendo que um deles foi publicado na década de 1950,
por Karl von Frisch, sobre a comunicação entre as abelhas.
Conforme os dados da pesquisa de von Frisch, a abelha
comunica-se através de uma “dança” na colméia. Quando uma delas
encontra flores com pólen, retorna imediatamente para sua colméia
e começa a chamada “dança das abelhas”. Para indicar a posição
das flores em relação à colméia, em relação ao Sol e a distância em
que as flores com o pólen se
encontram, o inseto realiza uma série
de movimento curtos e rápidos, de acordo com a informação que quer
passar às demais. Na medida em que suas colegas operárias
percebem o movimento, elas “decodificam” as informações e
descobrem imediatamente onde está a fonte de pólen. Os movimentos
são variados, mostrando que há diferentes combinações entre eles,
para indicar diferentes locações. Descobertas mais recentes sugerem
que até mesmo informações sobre o tipo de flor e a qualidade do
pólen são transmitidos nessa dança.
Os diferentes tipos de dança apresentam-se como verdadeiras
mensagens que anunciam a descoberta para a colméia: ao perceber
o odor da obreira ou absorvendo o néctar que ela deglute, as abelhas
se dão conta da natureza do alimento; ao observar a dança, as abelhas
descobrem o local onde se encontra a fonte do alimento.
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UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
Essa pesquisa apresenta uma importante revelação sobre o
funcionamento de uma “linguagem” animal, o que permite, pelo
confronto, avaliar a singularidade da linguagem humana. Embora seja
bem preciso o sistema de comunicação das abelhas – ou de qualquer
outro animal cuja forma de comunicação já tenha sido analisada – ele
não constitui uma linguagem no sentido em que o termo é empregado
quando se trata de linguagem humana, como se pretende demonstrar
a seguir.
As abelhas são capazes de:
(a) compreender uma mensagem com
muitos dados e de reter na memória
informações sobre a posição e a
distância; e
(b) produzir uma mensagem simbolizando
– representando de maneira convencional
–
esses
dados
por
diversos
comportamentos somáticos.
Essas constatações evidenciam que esse sistema de
comunicação cumpre as condições necessárias à existência de uma
linguagem:
H
há
simbolismo,
ou
seja,
capacidade de formular e interpretar um
“signo” (qualquer elemento que
represente algo de forma convencional);
I
há memória da experiência e
aptidão para analisá-la, isto é a abelha
que comunica “lembra” onde está a fonte
do pólen, enquanto as receptoras
conseguem “entender”, analisando a
dança.
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Assim como a linguagem humana, esse sistema é válido no
interior de uma comunidade e todos os seus membros são aptos a
empregá-lo e compreendê-lo da mesma forma. No entanto, as
diferenças entre o sistema de comunicação das abelhas e a linguagem
humana são consideráveis, conforme a seguir:
(a) a mensagem se traduz pela dança
exclusivamente, sem intervenção de um
“aparelho vocal”, condição essencial para
a linguagem;
(b) a mensagem da abelha não provoca uma
resposta, mas apenas uma conduta, o que
significa que não há diálogo entre elas.
As respostas são sempre as mesmas, o que
se diferencia da linguagem humana.
(c) a comunicação se refere a um dado
objetivo, fruto da experiência. A abelha não
constrói uma mensagem a partir de outra
mensagem. A linguagem humana
caracteriza-se por oferecer um substituto
à experiência, apto a ser transmitido
infinitamente no tempo e no espaço;
(d) o conteúdo da mensagem é único - o
alimento, sendo que a única variação
possível refere-se à distância e à direção.
O conteúdo da linguagem humana, por sua
vez, é ilimitado;
(e) a mensagem das abelhas não se deixa
analisar, decompor em elementos
menores.
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UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
É esse último aspecto a característica mais marcante que opõe
a comunicação das abelhas à linguagem humana. Num enunciado
lingüístico como “Quero água”, é possível identificar primeiramente
dois elementos portadores de significado: quero e água. Articulandose os dois, tem-se o enunciado Quero água. Quero e água também
se podem decompor, cada um em dois elementos portadores de
significado: quer- (radical verbal) + -o (desinência número-pessoal);
águ- (radical nominal) + -a (vogal temática nominal). Esses elementos
são denominados morfemas. Prosseguindo a decomposição, podese chegar a elementos menores ainda. No enunciado “Quero água”,
a menor unidade, os segmentos sonoros, denominados fonemas (/a/
, /g/, /u/, /a/), permitem distinguir significado, como se pode observar
na substituição de (á) por (é) em água\égua.
Essa decomposição de elementos comprova que as unidades
são articuladas umas com as outras, o que é fundamental na linguagem
humana, pois permite produzir uma infinidade de mensagens novas a
partir de um número limitado de elementos sonoros distintivos.
Percebe-se, assim, que a comunicação das abelhas não é uma
linguagem propriamente dita, mas um código de sinais, como se
pode observar pelas suas características: conteúdo fixo, mensagem
invariável, relação a uma só situação, transmissão unilateral e
enunciado indecomponível. O linguista Émile Benveniste chama a
atenção, ainda, para o fato de essa forma de comunicação ter sido
observada entre insetos que vivem em sociedade, o que comprova
que esta é condição tanto para a linguagem humana como para os
códigos dos animais.
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As características apontadas acima podem ser sintetizadas
no quadro 1, a seguir:
COMUNICAÇÃO
ANIMAL
LINGUAGEM
HUMANA
Não existe diálogo
O diálogo é sua base
A informação recebida não
É transmitida entre os
pode ser retransmitida, isto
indivíduos e ainda de
é, um animal não transmite
geração em geração.
a outro a informação
recebida.
A informação não pode ser
Uma mesma mensagem
alterada. Os sinais são fixos,
pode ser transmitida de
e para cada informação há
diferentes formas. Ex.:
um tipo de sinal.
“Estou com fome!” ou
“Ainda não comi hoje!”
Os sinais não podem ser
É articulada, isto é, juntam-
decompostos, ou seja, não
se unidades menores
podem ser compreendidos
para formar unidades
em pedaços menores nem
maiores: A-s banan-a-s
retransmitidos. Não há
caí-ra-m.
articulação.
O que é comunicado só vale
O que se comunica pode
para
se referir ao passado ou
o
momento
comunicação.
da
ao futuro
Quadro 1: Comunicação humana x linguagem animal
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1.2 CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM
HUMANA
O termo linguagem tem uma acepção ampla e uma acepção
estrita, já que tanto é usado para designar todas as formas humanas
de utilizar símbolos para comunicar (a linguagem das cores, a
linguagem dos gestos, os sinais de trânsito e outros códigos de
comunicação) como para referir a uma forma particular de linguagem
que é a língua, a qual se caracteriza pelo uso de símbolos verbais –
vocais e articulados pelos seres humanos.
Neste fascículo, ao usarmos o termo de linguagem daqui por
diante, estaremos atentos ao seu emprego estrito, isto é, tomaremos
linguagem como sinônimo de língua, cujas características
distintivas de outras formas de linguagem são as seguintes:
Aitchison (1976) estabelece algumas características das
línguas humanas, traçando também um paralelo com os códigos de
comunicação animal:
1. Uso de sinais sonoros: também alguns animais, como
pássaros, insetos, golfinhos, usam sons para se
comunicar, mas só os seres humanos possuem um
aparelho fonador (figura ), sendo capazes de produzir
sons distintivos mínimos, como /a/ /f/ /z/ /ê/, os quais
podem se juntar para formar inúmeras palavras.
Figura: Aparelho fonador
Fonte: letratura.blogspot.com
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2. Arbitrariedade: você já se perguntou por que
chamamos de vento o ar que se movimenta? Não
poderia se chamar ponzo ou taroco? A falta de uma
explicação para a maioria dos nomes que têm as coisas
é que indica que há uma relação arbitrária entre os
sons dos signos e aquilo que significam. No caso dos
animais, muitas vezes se percebe uma relação entre o
sinal usado e a mensagem que é transmitida. Um animal
que queira pôr de sobreaviso um seu opositor arqueará
o corpo em posição de ataque, Na linguagem humana,
as onomatopéias são exceção, pois trata-se de sons
com que se imitam os sons da realidade, mas são muito
reduzidas para invalidar a tese da arbitrariedade dos
signos lingüísticos.
Você já parou para pensar de
onde vêm os nomes das coisas?
Por que computador chama
computador? Por que temos de
chamar a água que cai do céu
de chuva?
Marcelo fica muito cismado
com esse problema e resolve
que vai chamar as coisas do seu próprio modo.
Assim, leite vira “suco de vaca”. Mas sua vida
começa a ficar difícil quando ele inventa
palavras novas para todas as coisas e ninguém
mais entende o que ele fala!
A autora de Marcelo, Marmelo, Martelo (1976)
é Ruth Rocha, que escreveu mais de 50 livros
para crianças.
(verdadeabsoluta.net/loja/livros/marcelo-marme...)
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3. A necessidade de aprendizagem: um gato ou um
maçado, desde que nascem, já começam a emitir os
sons que usarão em toda sua vida. Mesmo que fiquem
isolados de seus semelhantes, ainda assim, miarão ou
emitirão grunhidos. Já os bebês humanos dependem
de ficar expostos a uma língua para, poderem, mais ou
menos por volta dos dois anos de idade, começar a
falar. Alguns casos raros de crianças que foram criadas
por animais, longe do convívio humano comprovam
que, mesmo tendo uma dotação genética para uma
língua, precisamos de um estímulo externo, isto é,
precisamos ouvir os outros para adquirir competência
lingüística.
Fonte: www.fotosdahora.com.br/clipart/cliparts_image...
4. Dupla articulação: conforme exposto acima, a língua
humana é articulada, isto é, estruturas maiores são
formadas por estruturas de um segundo nível (frases
- palavras – morfemas – fonemas). A primeira
articulação é aquela em que se unem elementos
significativos (palavras/morfemas), enquanto a
segunda é a que ocorre entre fonemas, que formam
as unidades da primeira articulação.
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5. Diferimento: essa característica da língua significa
que podemos falar de coisas que não estão
presentes no contexto em que nos comunicamos.
Assim, conversamos sobre nossa infância, sobre um
incidente ocorrido no dia anterior, sobre sonhos,
planos para o futuro. Isso é possível porque a
linguagem nos permite imaginar, algo que não ocorre
com a maioria dos animais, cuja comunicação requer
que os elementos estejam presentes. É por isso que
não se verá jamais um animal dando um “recado” a
outro. Mesmo a abelha que dança para as outras,
embora fazendo-as saber sobre o néctar em um lugar
distante, só consegue passar essa mensagem, e
mais nenhuma outra. Em comparação com a
capacidade humana de se referir até ao que não
existe, isso é quase nada em termos de diferimento.
Fonte: comunix.org/files/u1/mafalda1.jpg
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6. Criatividade (ou produtividade): Um número muito
reduzido de mensagens é o que pode produzir um animal
durante toda sua vida. Os seres humanos, por seu turno,
podem produzir novos enunciados sempre que quiserem.
Uma pessoa pode, nas circunstâncias mais imprevistas,
uma fase que nunca tenha sido aí enunciada e mesmo
assim ser compreendida, como, por exemplo “Um
elefante está voando pela sala!”. Claro que se pode pensar
que esse falante está bêbado, ou delirando, o que significa
que o enunciado foi compreendido. Cotidianamente, na
hora do café, podemos dizer: Que café delicioso! Adorei
esse café! Nunca tomei um café como esse! e tantas outras
formas de elogiar a bebida, isto é, sobre a mesma coisa,
temos enormes possibilidades de enunciados.
Amanhã é meu níver.
Amanhã é meu aniversário.
Adoro refri.
Adoro refrigerante.
Ele é animal!
Ele é muito bom!
Ela gosta de causar.
Ela gosta de impressionar /
criar confusão.
Estamos só ficando.
Estamos só nos relacionando
sem compromisso.
Ele me azarou.
22
Ele acabou comigo.
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7. Organização em sistema: Mesmo com a nossa
criatividade lingüística, não dizemos qualquer coisa de
qualquer jeito. Por exemplo, não ouviremos jamais a
palavras jkrnte, em português nem em espanhol;
tampouco uma sentença como Chovi meu antes nesse
caso tanto. Isso demonstra que a língua se organiza
em sistemas (compostos de elementos e de regras para
sua combinação) que cada falante domina muito bem,
produzindo apenas unidades permitidas por esses
sistemas, inclusive quando cria uma palavra nova. Note
que o termo imexível, pronunciado pela primeira vez
por um ministro brasileiro na década de 1980, é formado
por um prefixo + radical + sufixo, seguindo as regras
do sistema mórfico do português.
8. Dependência de estrutura: cada elemento da língua
adquire sua identidade na relação que mantém com os
demais. Sabemos, por exemplo que i- é um prefixo
quando aparece na estrutura de palavras como irreal
ou imóvel. Do mesmo modo, reconhecemos Aqueles
como sujeito em enunciados como Aqueles são meus
pais; ou como adjunto adnominal em Aqueles carros
foram multados. Desse modo, cada estrutura define a
identidade de seus componentes, bem como o lugar
que ocupará na cadeia estrutural.
LEITURA
COMPLEMENTAR
SLIDES INTRODUÇÃO AOS
ESTUDOS DA LÍNGUA
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1.2.1 Definições de linguagem (língua)
O desenvolvimento dos estudos lingüísticos levou muitos
estudiosos a proporem definições da linguagem, próximas em
muitos pontos e diversas na ênfase atribuída a diferentes aspectos
considerados centrais pelo seu autor. Neste item serão apresentadas
duas propostas, a de Ferdinand de Saussure e a de Noam Chomsky,
que pressupõem uma teoria geral da linguagem e da análise
Lingüística.
Saussure (1996) considerou a linguagem “heteróclita e
multifacetada”, pois abrange vários domínios; é ao mesmo tempo
física, fisiológica e psíquica; pertence ao domínio individual e social.
A linguagem envolve uma complexidade e uma diversidade de
problemas que suscitam a análise de outras ciências, como a
psicologia, a antropologia etc., além da investigação Lingüística, não
se prestando, portanto, para objeto de estudo dessa ciência. Para
esse fim, Saussure separa uma parte do todo linguagem, a língua um objeto unificado e suscetível de classificação. A língua é uma parte
essencial da linguagem; é um produto social da faculdade da
linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo
corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos.
A língua é, pois, para Saussure “um sistema de signos” - um
conjunto de unidades que se relacionam organizadamente dentro de
um todo. É “a parte social da linguagem”, exterior ao indivíduo; não
pode ser modificada pelo falante e obedece às leis do contrato social
estabelecido pelos membros da comunidade.
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O conjunto linguagem - língua contém ainda outro elemento,
conforme Saussure: a fala, que é um ato individual; resulta das
combinações feitas pelo sujeito falante utilizando o código da língua;
expressa-se pelos mecanismos psicofísicos
(atos de fonação) necessários à produção
dessas combinações.
A distinção linguagem/língua/fala situa o
objeto da Lingüística para Saussure. Dela
decorre a divisão do estudo da linguagem em
duas partes: uma que investiga a língua e outra
que analisa a fala. As duas partes são
inseparáveis, visto que são interdependentes:
a língua é condição para se produzir a fala, mas não há língua sem o
exercício da fala. Há necessidade, portanto, de duas Lingüísticas: a
Lingüística da língua e a Lingüística da fala. Saussure focalizou em
seu trabalho a Lingüística da língua, “produto social depositado no
cérebro de cada um”, sistema supra-individual que a sociedade impõe
ao falante. Para o mestre genebrino, “a Lingüística tem por único e
verdadeiro objeto a língua considerada em si mesma, e por si mesma”.
Os seguidores dos princípios saussureanos esforçaram-se por
explicar a língua por ela própria, examinando as relações que unem
os elementos no discurso e buscando determinar o valor funcional
desses diferentes tipos de relações. A língua é considerada uma
estrutura constituída por uma rede de elementos, em que cada
elemento tem um valor funcional determinado. A teoria de análise
lingüística que desenvolveram, herdeira das idéias de Saussure, foi
denominada estruturalismo. Os princípios teórico-metodológicos
dessa teoria ultrapassaram as fronteiras da Lingüística e a tomaram
“ciência piloto” entre as demais ciências humanas, até o momento
em que se tomou mais contundente a crítica ao caráter
excessivamente formal e distante da realidade social da metodologia
estruturalista desenvolvido pela Lingüística.
Em meados do século XX, o norte-americano Noam Chomsky
trouxe para os estudos lingüísticos uma nova onda de transformação.
Chomsky propõe uma definição de linguagem de como um conjunto
(finito ou infinito) de sentenças, cada uma finita em comprimento e
construída a partir de um conjunto finito de elemento.
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Essa definição abrange muito mais do que as línguas
naturais, mas também todas as línguas naturais são, seja na forma
falada, seja na escrita, linguagens, no sentido de sua definição,
visto que toda língua natural possui um número finito de sons (e um
número finito de sinais gráficos que os representam, se for escrita);
mesmo que as sentenças distintas da língua sejam em número
infinito, cada sentença só pode ser representada como uma
seqüência finita desses sons (ou
letras).
Cabe ao lingüista que descreve
qualquer uma das línguas naturais
determinar quais dessas seqüências
finitas de elementos são sentenças, e
quais não são, isto é, reconhecer o que
se diz e o que não se diz naquela língua.
A análise das línguas naturais deve
permitir determinar as propriedades estruturais que distinguem a
língua natural de outras linguagens.
Chomsky acredita que tais propriedades são tão abstratas,
complexas e específicas que não poderiam ser aprendidas a partir
do nada por uma criança em fase de aquisição da linguagem. Essas
propriedades já devem ser “conhecidas” da criança antes de seu
contato com qualquer língua natural e devem ser acionadas durante
o processo de aquisição da linguagem. Para Chomsky, portanto, a
linguagem é uma capacidade inata e específica da espécie, isto é,
transmitida geneticamente e própria da espécie humana. Assim
sendo, existem propriedades
universais da linguagem,
segundo Chomsky e os que
compartilham de suas idéias.
Esses
pesquisadores
dedicam-se à busca de tais
propriedades, na tentativa de
construir uma teoria geral da
linguagem
fundamentada
nesses princípios. Essa teoria
é conhecida como gerativismo.
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Assim como Saussure - que separa língua de fala, ou o que
é lingüístico do que não é - Chomsky distingue competência de
desempenho. A competência Lingüística é a porção do
conhecimento do sistema lingüístico do falante que lhe permite
produzir o conjunto de sentenças de sua língua; é um conjunto de
regras que o falante construiu em sua mente pela aplicação de sua
capacidade inata para a aquisição da linguagem aos dados
lingüísticos que ouviu durante a infância. O desempenho
corresponde ao comportamento lingüístico, que resulta não somente
da competência Lingüística do falante, mas também de fatores não
lingüísticos de ordem variada, como: convenções sociais, crenças,
atitudes emocionais do falante em relação ao que diz, pressupostos
sobre as atitudes do interlocutor etc., de um lado; e, de outro, o
funcionamento dos mecanismos psicológicos e fisiológicos
envolvidos na produção dos enunciados. O desempenho pressupõe
a competência, ao passo que a competência não pressupõe
desempenho. A tarefa do lingüista é descrever a competência, que
é puramente Lingüística, subjacente ao desempenho.
A língua - sistema lingüístico socializado - de Saussure
aproxima a Lingüística da Sociologia ou da Psicologia Social; a
competência - conhecimento lingüístico internalizado - aproxima a
Lingüística da Psicologia Cognitiva ou da Biologia.
LEITURA
COMPLEMENTAR
SLIDES LÍNGUA OBJETO DA
LINGUÍSTICA
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1.3 ‘MODELOS’ DE COMUNICAÇÃO
Os primeiros modelos de comunicação têm uma ligação mais
estrita com a teoria da comunicação. Esses modelos de
comunicação eram bem simples, e desconsideravam aspectos
relacionados à pragmática e/ou ao contexto, ligando o escritor ao
leitor e passando pelo meio em linha reta. O modelo de Bloomfield
(1935) é um exemplo disso:
LOCUTOR => DISCURSO => RESPOSTA DO OUVINTE
Alguns anos depois, nos anos 50, alguns pesquisadores
tentaram aplicar o modelo de C. F. Shanon para a teoria da informação,
sendo desenvolvido inicialmente para aplicação de movimentos de
sinais elétricos por fios e a possibilidade de codificação e
descodificação por máquinas de um sistema binário.
O principal problema desse modelo foi o seu caráter
mecanicista, ou seja, as propostas da teoria da informação
praticamente não levam em consideração questões “extralingüísticas”
ou do contexto sócio-histórico e cultural, além disso tem o fato de
excluir a possibilidade de se obter várias interpretações de uma
mesma origem — como, por exemplo, no caso de um mapa — e é
um processo unidirecional, que não pode ser aplicado para a
comunicação escrita.
Alguns nos após a divulgação do modelo de Shanon, Bertil
Malmberg (1969) e Roman Jakobson (1969), apresentam suas
propostas. A preocupação de Jakobson e Malmberg é “completar” ou
“ampliar” as propostas anteriores, para que pudesse ser usado para
a comunicação verbal, o modelo de comunicação excessivamente
simplificado da teoria da informação, da teoria da comunicação ou
da cibernética, ou dele aproveitar apenas os elementos necessários
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ao exame da comunicação humana. “Caixas” são assim
acrescentadas ou excluídas.
Para Jakobson, na esteira dos estudos sobre a informação,
há na comunicação um remetente que envia uma mensagem a um
destinatário, e essa mensagem, para ser eficaz, requer um contexto
(ou um “referente”) a que se refere, apreensível pelo remetente e
pelo destinatário, um código, total ou parcialmente comum a ambos,
e um contato, isto é, um canal físico e uma conexão psicológica
entre o remetente e o destinatário, que os capacitem a entrar e a
permanece em comunicação.
Bertil Malmberg e Roman Jakobson foram responsáveis pelo
processo de reformulação do modelo de comunicação. Os autores
ampliam o modelo com a representação do código, situando a
atualização das unidades lingüísticas entre o código e o emissor;
introduzem também a preocupação com a relação do emissor e
elementos extralingüísticos.
O modelo resultante dessa ampliação é um dos mais
conhecido entre os estudiosos da linguagem na atualidade. Confira
na figura 1, a seguir:
Quadro 2: Modelo do processo de comunicação, segundo Roman Jakobson.
Se as propostas de Jakobson ampliam o modelo da teoria da
informação, sobretudo no que diz respeito aos códigos e subcódigos e
à variação lingüística, sua contribuição mais conhecida e igualmente
relevante para o estudo da comunicação está relacionada com a questão
da variedade de funções da linguagem. Jakobson mostrou que a
linguagem deve ser examinada em toda a variedade de suas funções, e
não apenas em relação à função informativa (ou referencial ou denotativa
ou cognitiva), que, por ser a função dominante em certo tipo de mensagem
e por ser a que interessa ao teórico da informação, foi, muitas vezes, no
século XX principalmente, considerada a única ou a mais importante.
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1.4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
As funções da linguagem propostas por Jakobson partem
da consideração do modelo de comunicação acima, focalizando cada
um dos elementos presentes na comunicação. Assim, em qualquer
processo comunicativo, alguns elementos assumem papel central e
são mais focalizados do que os outros. A função da linguagem que
ganha destaque é, por isso, aquela que melhor se adequa à
centralidade de qualquer um dos itens constantes no processo
comunicativo. O realce particular de cada um dos componentes do
modelo comunicativo é feito a partir de uma das funções da linguagem,
apresentadas nas figuras a seguir:
Figura 2: Esquema de comunicação
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Figura 3: Elementos da Comunicação/Funções da linguagem
Fonte: www. jackbran.pro.br
A função referencial, ou informativa, é centrada no componente
contextual da comunicação, focando o conteúdo da mensagem, ou
seja, apresenta a informação a ser veiculada de modo objetivo e claro,
sem fazer referência ao emissor ou destinatário. Esta função é a mais
encontrada no discurso jornalístico e acadêmico.
JORNAL ESPANHOL NOTICIA PRIVATIZAÇÃO DE
PARTES DA AMAZÔNIA
O diário El Pais afirma que o presidente Lula deu sinal verde para
o início da privatização de parte da floresta brasileira.
O jornal espanhol ressalta que Lula sempre foi contra as
privatizações, assim como o PT, mas se rendeu aos problemas
insolúveis relativos à preservação da Amazônia. Segundo o El
Pais, o objetivo do governo brasileiro é inibir o desmatamento
com a chegada de empresas para a extração de madeira e outros
produtos de forma sustentável.
Uma área de 90 mil hectares de floresta amazônica em Rondônia
seria a primeira a ser privatizada, já em 2008.
(fonte: opiniaoenoticia.com.br/)
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A função emotiva centra-se no emissor da mensagem. As
estratégias lingüísticas encontradas nessa função destacam o
remetente como parte do conteúdo veiculado, expressando, o caráter
emocional e afetivo do enunciador. Os efeitos dessa função são a
subjetividade e proximidade do sujeito que veicula a mensagem do
conteúdo desta. Esta função predomina em textos que destacam o
eu-lírico ou o próprio enunciador, como as poesias.
A função conativa procura organizar o texto de forma a que
se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o,
seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, buscase envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar
este ou aquele comportamento. da linguagem focalizada o
destinatário. Essa função é bastante utilizada quando agimos sobre
o outro, dando conselhos, fazendo perguntas, pedidos e ordens.
Outro uso bastante comum da função conativa é na linguagem da
publicidade em que se procura convencer e persuadir o destinatário,
produzindo nele comportamentos desejados.
Atinja suas metas
comerciaisMultiplique
cada dólar investido.
Atingimos lucro máximo
com
o
mínimo
investimento.
32
de
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A função fática diz respeito ao fato de que usamos certos signos
para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei), ocorrendo quando
a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato,
buscando verificar e fortalecer sua eficiência. da linguagem centra-se
na utilização do canal de contato entre emissor e destinatário. Os efeitos
dessa função são a aproximação entre os interlocutores, produzindo
interesses comuns, e efetivando a manutenção da interação.
A função poética da linguagem se manifesta quando a
mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando
combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de idéias.
Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa.
A língua é utilizada para produzir mensagens que chamem à atenção
o destinatário pela forma como são construídas, elaboradas. A
publicidade, assim como a literatura, são formas de uso da língua em
que se encontra com mais freqüência a aplicação dessa função.
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A função metalingüística se caracteriza quando a linguagem
se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente.
Geralmente o entendimento da metalingüística se define pelo fato de
o código se tornar objeto da comunicação, possibilitando assim sua
avaliação, sua adequação, e sua significação no processo
comunicativo. A metalingüística é encontrada nos glossários e
dicionários.
Pirâmide
s.f. Monumento de base retangular e quatro faces
triangulares, que formam uma ponta na extremidade
superior. / Fig. Amontoamento de objetos em forma de
pirâmide. / Apresentação de acrobacia em que umas
pessoas se apóiam sobre outras, formando uma espécie
de pirâmide. // Pirâmide das idades, representação gráfica
das idades de um grupo humano (geralmente um estado),
apresentando-se em abscissas negativas o número dos
homens e em abscissas positivas o número das mulheres.
// Anatomia. Pirâmide de Malpighi, elemento cônico que
forma a substância medular do rim. // Matemática. Pirâmide
regular, a que tem por base um polígono regular e cujo
vértice se projeta ao centro desse polígono. (As faces de
uma pirâmide regular são triângulos isósceles iguais.) (A
área lateral de uma pirâmide regular tem por valor o
semiproduto do perímetro de sua base por seu apótema.
O volume de uma pirâmide é igual à terça parte do produto
da superfície da base pela altura.)
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É preciso esclarecer, porém, que as
seis funções não se excluem - dificilmente
temos, em uma mensagem, apenas uma
dessas funções. Entretanto, é engano pensar
que
todas
estejam
presentes
simultaneamente. O que pode ocorrer é o
domínio de uma das funções; assim, temos
mensagens predominantemente referenciais,
predominantemente expressivas.
As funções da linguagem, como
descritas por Jakobson, pressupõem a concepção de que a língua
tem como função maior e vital os processos de comunicação. Assim,
cada uma das funções aqui descritas corresponde às opções do
falante de destacar um
aspecto da comunicação
sobre o outro. No entanto,
considerar que o papel da
língua
é
apenas
comunicar, é reduzi-la a
um código que em nada
difere de outros sistemas
de comunicação até
agora
estudados.
Além desses
modelos baseados na teoria da informação, existem modelos de
conversação que invertem as setas dos modelos acima. Criando um
papel ativo para o receptor.
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ATIVIDADES
1. Analise as capas da revista Veja, a seguir, e comente a função
da linguagem predominante em cada uma.
2. Por que se pode afirmar que no poema a seguir, há presença
da função metalingüística?
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UNIDADE 2
LINGUÍSTICA: NATUREZA DOS
ESTUDOS, HISTÓRIA E
CORRENTES DE ESTUDOS
LINGUÍSTICOS
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OBJETIVOS
* RECONHECER OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS,
IDENTIFICANDO OBJETO, OBJETIVOS E CORRENTES
DE ESTUDO.
* INTEIRAR-SE DO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM HUMANA,
RECONHECENDO FILIAÇÕES ENTRE ELES.
* DISTINGUIR, NAS DIFERENTES ABORDAGENS DA
LÍNGUA, RECORTES E OBJETIVOS
CONTEÚDOS
* OBJETO E OBJETIVOS DA LINGUÍSTICA
* HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM
* CORRENTES DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS
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2.1 LINGUÍSTICA: OBJETO, OBJETIVOS,
PERSPECTIVAS DE ESTUDOS
Neste tópico trataremos mais especificamente do objeto e
dos objetivos dos estudos lingüísticos a fim de nos familiarizarmos
ainda mais com aquilo de que se ocupam os lingüistas, estudiosos
que buscam deslindar os “mistérios” dessa forma de linguagem
que é de uso cotidiano – a língua, e ainda veremos que objetivos
buscam alcançar com suas
pesquisas.
Esse estudo se justifica em
razão de que, num curso de
graduação em Letras, é importante
que o estudante tome conhecimento
das bases teóricas da disciplina
que dão fundamentação aos
estudos de língua, compreendendo
qual seu objeto e a se propõem
esses estudos.
Começaremos comentando
uma pesquisa feita junto a estudiosos brasileiros e, a partir daí,
estenderemos nossas considerações com base em outras obras que
abordam a questão.
2.1.1 OBJETO DA LINGUÍSTICA
Na obra Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias
da linguística, Xavier e Cortez (2003) apresentam uma série de
entrevistas com renomados lingüistas brasileiros, os quais foram
questionados sobre definições de língua, caráter científico da
Linguística, compromissos desta ciência com a educação e outros
assuntos. Segundo os organizadores da obra, “As questões
buscavam fazer os entrevistados sintetizarem em torno dos
mesmos assuntos toda a sua experiência enquanto estudiosos da
linguagem” (p. 10).
Interessam-nos neste fascículo as respostas relativas às
seguintes perguntas: Que é Linguística? e Para que serve a
Linguística?, das quais destacamos elementos que nos darão
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base para melhor compreender o objeto e os objetivos dessa
ciência:
ENTREVISTADOS
O QUE É LINGUÍSTICA?
Maria
Bernardete
Marques
Abaurre
Campo de estudos que acomoda os mais variados temas a
respeito de linguagem e línguas naturais.
Carlos Alberto
Faraco
Ciência que tem como objeto a linguagem verbal ou as línguas
naturais
Francisco
Gomes de
Matos
Ciência que se ocupa do processo linguagem em suas
múltiplas representações, principalmente a linguagem escrita,
a linguagem falada e que também se ocupa das origens, da
estrutura e do funcionamento e dos efeitos do uso nos usuários.
Rodolfo Ilari
Entender como a língua funciona não é saber muitas línguas e
também não consiste apenas em juntar informações sobre as
mais variadas características de uma língua, mas é tentar ver
como funciona.
Mary Kato
Ciência que estuda as línguas humanas ou línguas naturais.
Ingedore V.
Koch
É a ciência da linguagem verbal. Estuda o sistema lingüístico e
também a maneira como a língua é posta em prática no seio
da sociedade.
Luís Antonio
Marcuschi
É a investigação das formas, dos usos e das atividades
lingüísticas.
Maria
CecíliaMollica
Área de investigação de conhecimento que se ocupa de uma
gama de questões relacionadas à origem, a natureza e a
função da linguagem humana.
Quadro 3 : Definições de Linguística Fonte: Xavier; Cortez (2003) - adaptado
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Obs
.: Veja, ao ffinal
inal do ffascículo
ascículo
Obs.:
(ANEX
OS), ffotos
otos e uma bio
graf
ia
(ANEXOS),
biog
afia
profissional dos linguistas citados no
quadro.
Em todas as respostas dos lingüistas, um elemento comum se
destaca: o foco dos estudos lingüísticos é a língua (= linguagem
verbal) em seus mais variados aspectos: forma, estrutura, origem,
função, usos. Observe que não se trata de uma língua em particular,
mas sim do que é comum a toda e qualquer língua natural (em
oposição às línguas criadas pelo homem (artificiais), como a do
universo da informática). Obviamente que há lingüistas que se ocupam
especificamente da descrição do português ou do espanhol ou de
qualquer outra língua (moderna ou antiga).
Trata-se,
nesse
caso,
de
uma
especificação do trabalho do estudioso.
Nesse ponto, já podemos constatar que
existe uma Linguística Geral e estudos
linguísticos
chamados
específicos,
de
também
Linguística
Descritiva.
Veja a seguir uma notícia de jornal
na qual se pode perceber pontos de vista de lingüistas sobre um
determinado fenômeno muito comum em nosso país:
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Esta matéria foi publicada na edição de 23 de
novembro de 1997 do jornal Folha de São
Paulo:
Leve dicionário na hora de ir às compras
Nesta época de compras, liquidação vira “sale” e as “stores”
vendem com 50% “off”. Levantamento mostra que 15%
das lojas e bares paulistanos são batizados com nomes em
inglês
Lúcia Martins
Da Reportagem local
A mãe up-to-date vai neste X-mas aproveitar uma sale e conseguir
50% off em uma toy shop para comprar um presente para o baby.
Se você tem dificuldades para entender a frase acima, desista de
fazer compras neste Natal em São Paulo.
Usar palavras, expressões ou traduzir nomes inteiros para o inglês
é a nova tática para atrair os consumidores, principalmente nos
bairros de classe média da cidade.
Nos Jardins e na Vila Mariana (ambos na zona sudoeste), é quase
impossível encontrar nomes de lojas, de marcas e de serviços em
português. “How to get the best price”, “Aceitamos cards”, “Fazemos
delivery” são alguns exemplos encontrados nesses bairros.
A “invasão” da língua pode ser medida pelo número de lojas com
nomes em inglês. De cada 100 lojas de São Paulo, 15 têm alguma
palavra ou estrutura do inglês no nome. Essa é uma estimativa da
Federação das Câmaras e Dirigentes Lojistas, que fez um
levantamento em 3.300 lojas. A explicação de Maurício Stainoff,
presidente da federação, é a mesma dada por especialistas. “Inglês
tem prestígio”.
Os donos de bares também resolveram americanizar. O índice
de nomes in english é o mesmo das lojas. Levantamento da
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Associação de Bares e Restaurantes
Diferenciados mostra que cerca de
15% dos seus 300 associados
também têm nomes em inglês.
O grupo que estimula o turismo na
cidade é chamado de SP Convention
Bureau. Segundo o grupo, esse é um
nome usado por outras capitais. A mais
recente campanha do SP Convention
Bureau é a “SP Wellcomes Visa”, para
atrair clientes do cartão de crédito.
Para a maior parte dos estudiosos da
língua, o que ocorre na cidade é apenas reflexo da globalização.
A prova disso é a demanda crescente de quem quer aprender a
língua. Na cidade, há 3.000 cursos.
Para alguns estudiosos do português, o fenômeno é “invasão”.
Para outros, apenas um “empréstimo”. Ieda Maria Alves,
professora-doutora de Filologia e Língua Portuguesa da USP, está
organizando um dicionário de neologismos e levantou cerca de
3.500 palavras novas usadas pela imprensa. Desses, 10% são
anglicismos.
Entre os recordistas em uso, estão cult, black, talk show (veja as
20 mais usadas nesta página). Para Ieda, os “empréstimos podem
representar um fator de enriquecimento”. No Aurélio, os
anglicismos são cerca de 400, menos da metade dos
estrangeirismos.
Já para Dino Preti, professor-doutor de linguística da PUC-SP, a
“infiltração do inglês é absurda e deve ser controlada”. “Essa
invasão é difícil de evitar. Acho que o caminho é o fortalecimento
das escolas”.
(fonte: www.novomilenio.inf.br/.../imagemp/19971123b.jpg
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Mas voltemos a nossa questão inicial:
Qual o objeto da Linguística?
A resposta é então quase óbvia:
A língua em seus múltiplos aspectos.
O fato de ser múltiplo torna esse objeto altamente complexo e,
como mostra a história da Lingüística (neste fascículo), os estudos
foram, nas suas diversas vertentes, enfocando aspectos diferentes:
os gregos, por exemplo, se preocupavam com a eficácia dos discursos
e estudavam a língua grega para verificar de que modo os arranjos
lingüísticos poderiam fazê-los alcançar sucesso nas assembléias; já
os lingüistas comparativistas, principalmente no decorrer do século
XIX, buscavam nos elementos fônicos das línguas encontrar
parentescos e filiações entre elas.
Como se vê, diferentes objetivos geraram diferentes
objetos: ora a língua é vista como discurso, ora como estrutura
fônica (a isso é que denominamos objeto de estudo). Percebe-se,
com esses dois exemplos, o quanto de riqueza há no objeto língua,
o que gerou muitas subdivisões no terreno da ciência lingüística,
conferindo-lhe na verdade o status de um conjunto de estudos sobre
a linguagem humana.
Para entendermos melhor as multifaces desse grande objeto
de estudo que é a língua, reflitamos sobre o depoimento do professor
Ataliba de Castilho quando de suas aulas de Linguística na
universidade:
Bom, eu quando dou aula na graduação, costumo dizer
para os alunos: se você quer entender o que é lingüística
e o que é o seu objeto, você precisa pensar um pouco
na fábula dos três cegos apalpando o elefante. Cada
um apalpava um pedaço e definia o animal por aquele
pedaço. Então, o que pegava na perna, dizia assim: “o
elefante é assim um cilindro muito duro, rígido, [...] parece
que esse animal não se mexe é ocupa posição vertical
no espaço”. O outro que mexia lá na tromba,
naturalmente, discordava não só quanto à disposição
no espaço, quanto à rigidez ao tato, tanto quanto à
mobilidade. (XAVIER; CORTEZ, 2003, p. 55).
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Assim, como destaca a professora Mary Kato, a Linguística é,
na verdade, uma grande área, um termo genérico para muitas
subciências. Por exemplo, há lingüistas que estudam a gramática das
línguas, enfocando o modo como os elementos se estruturam
morficamente ou sintaticamente – os linguistas formais; outros se
voltam para as relações entre as estruturas e as funções que elas
desempenham na comunicação humana e como expressam os pontos
de vistas dos falantes – são os linguistas funcionais; outros ainda se
empenham no estudo dos textos – os linguistas de texto, havendo
também estudiosos dos fenômenos do discurso, que têm como objeto
de estudo o sujeito situado nos diversos discursos que se constroem
com a língua. A esses se chamam analistas do discurso (XAVIER;
CORTEZ, 2003)
Há, portanto, muitas tendências na Linguística, sendo que uma
delas é o estudo do chamado “núcleo duro” – fonologia, morfossintaxe
e semântica. O lingüista americano Noam Chomsky, por sua vez,
defende que o objeto de estudo da Linguística é o conhecimento
depositado no cérebro humano que dá ao homem a capacidade de
usar uma língua sem que lhe tenham ensinado. Outros, como
Marcuschi, “acham que a Linguística pode ser mais ampla e envolve
inclusive lingüística de texto, análise do discurso, análise da
conversação, por exemplo. Isto é, envolve processos, atividades, e
outras coisas mais.” (XAVIER; CORTEZ, 2003, p. 136).
A figura a seguir ilustra esquematicamente como a Linguística
constrói seu objeto de estudo.
Figura 1: Microlinguística e macrolinguística
Fonte: Weedwood (2002, p. 11)
45
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Segundo Weedwood (2002), os termos microlinguística e
macrolinguística, embora ainda não estejam bem estabelecidos,
são usados para se referir, respectivamente a uma visão mais estrita
da língua (ou núcleo duro, como já tornou comum dizer), restrita aos
aspectos puramente lingüísticos, como fonemas, morfemas,
sintagmas, elementos lexicais e referências vinculadas apenas aos
elementos lingüísticos, enquanto a macrolinguística diz respeito a uma
visão mais ampliada do escopo da lingüística, incluindo mecanismos
psicológicos que se relacionam à produção e recepção da fala
(domínio da psicolinguística), as mudanças pelas quais uma língua
passa (linguística histórica), as variações lingüísticas vinculadas a
elementos da sociedade, como classe, origem, grau de escolaridade
(sociolinguística) e outros.
Como enfatiza Weedwood (2002, p. 12),
Às vezes a lingüística se encontra com a neurologia:
inscrita no cérebro, a língua está sujeita a distúrbios (por
exemplo, a afasia), extraordinariamente reveladores do
seu funcionamento. Às vezes o lingüista tem de ser
sociólogo, pois a língua é também, eminentemente um
produto social – ou, ainda, psicólogo, pois a produção
lingüística ativa todas as faculdades psíquicas
(memorização, associação, organização do pensável...)
que são do domínio privilegiado da psicologia.
Percebe-se, pois, que, embora seu objeto seja sempre a língua,
a Linguística a estuda sob diversos ângulos. Sendo a língua muito
complexa, para compreendê-la, são necessários vários modos de
abordá-la, daí se geram os diferentes campos de estudos lingüísticos,
conforme enfatiza Mollica (XAVIER; CORTEZ, 2003, p. 145),
Nessa medida são inúmeros os seus domínios. Nós
podemos imaginar seus domínios e outros que estão
por vir. E aí, portanto, é amplo o diálogo com outras áreas
do saber. [...] É uma área, vamos dizer assim, por si só
naturalmente fragmentada, razão pela qual a própria
definição vai conter uma dinamicidade muito grande.
É importante observar que, conforme ainda a figura 1
(acima), os sons da língua, fonemas, morfemas, sintagmas, léxico,
estão no chamado núcleo duro, constituindo o que é estritamente
lingüístico. Isso significa que tais elementos também fazem parte do
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objeto de estudo de vertentes que se situam na órbita do núcleo.
Assim o que diferencia psicolinguistas, sociolinguistas,
neurolinguistas, analistas do discurso, lingüistas de textos, lingüistas
históricos de lingüistas formais é o fato de que estes se atêm a estudar
a língua em si mesma (como postulam a correntes formalistas),
procurando descrevê-la em níveis de estruturação (organização
fonológica, mórfica, sintática), enquanto aqueles levam em conta
elementos extralinguísticos (psicológicos, sociais, históricos) para
explicar o que é lingüístico.
EXEMPLIFICANDO:
· Um lingüista formal identifica os sufixos com carga semântica de
diminutivo, estudando os seus contextos de ocorrência: –zinha pode
ser encontrado em partezinha e pelezinha; -ula se verifica em
partícula e película. Também observa que o segundo sufixo provoca
uma mudança na vogal temática dos nomes (-ula faz com que –e mude
para –i), isto é, o nível mórfico altera o nível fônico dos vocábulos.
· Diante dessas mesmas ocorrências lingüísticas, o sociolinguista
busca associar elementos com os contextos sociais de uso,
observando que os sufixos apresentam diferentes graus de
formalidade e que o segundo grupo normalmente é encontrado na
fala de pessoas mais escolarizadas.
ATIVIDADE
COMPLEMENTAR
1. Leitura do artigo “O caráter imprescindivelmente parcial
do objeto da lingüística”, de Bruna Carvalho Santa.
Disponível em <www.unipinhal.edu.br/ojs/falladospinhaes/
.../getdoc.php?id...>.
Após a leitura do artigo, escreva um comentário sobre
a parcialidade da definição saussuriana e da definição
chomskyana da língua. Poste seu comentário no portfólio.
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2.1.2 OBJETIVOS DA LINGUÍSTICA
Em seus estudos sobre a linguagem humana (língua) o lingüista
visa a atingir determinados objetivos – o que constitui a busca de
respostas para as questões colocadas sobre o objeto língua, como já
vimos, a partir de enfoques diferentes. Assim, passaremos agora a
tratar de objetivos, isto é, do que a Linguística se propõe e que
procedimentos adota para tal.
Primeiramente, como já destacamos, na Linguística, como em
outros campos, o conhecimento é restrito ao objeto e ao ponto de
vista adotado pelos diversos grupos de lingüistas. Sem dúvida, a
disciplina é empírica (faz parte da experiência de vida das pessoas).
Assim, a língua preexiste ao estudioso: ele não a inventou, ela está
diante dele para ser estudada. “O primeiro objetivo do lingüista, assim,
é descrever o que a realidade lhe impõe” (MARTIN, 2003, p. 15).
Lingüística é a ciência que estuda a linguagem. O termo foi
empregado pela primeira vez em meados do século XIX,
para distinguir as novas diretrizes para o estudo da
linguagem, em contraposição ao enfoque filológico mais
tradicional. A filologia ocupa-se, principalmente, da evolução
histórica das línguas, tal como se manifestam nos textos
escritos e no contexto literário e cultural associado. A
lingüística tende a dar prioridade à língua falada e à
maneira como ela se manifesta em determinada época.
Apresenta ainda uma tendência maior à universalização e
aspira à construção de uma teoria geral da estrutura da
linguagem que abarque todos os seus aspectos. O
desenvolvimento, ao longo dos séculos, de várias hipóteses
sobre a formação, evolução e funcionamento da linguagem
criou a base para as pesquisas lingüísticas atuais.
Entretanto, a língua em si, em sua inteireza, não é acessível ao
estudo, isso porque não há como ver e ouvir tudo o que compõe uma
língua (como se deposita no cérebro, por exemplo), desse modo, o
linguista, com os dados que observa (os elementos lingüísticos que
analisa), tira conclusões, testa e daí constrói uma teoria sobre a língua,
sua estrutura e funcionamento. A teoria corresponde a um conjunto
de afirmações feitas acerca do que se estuda. Por exemplo, a
teoria gerativa afirma que a língua é um conjunto de regras gramaticais
de estrutura sintática depositada no cérebro dos falantes.
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Obviamente que os gerativistas não tinham como abrir a
cabeça de alguém para ver a língua lá depositada, mas podiam
verificar que as crianças, em um determinado período de sua vida,
começam a falar sem precisar que alguém lhes ensine, bastando que
estejam em contato com outros
falantes. Também são elas
capazes
de
produzir
e
compreender frases que nunca
ouviram, isto é, o uso da língua não
se dá por imitação, e sim por um
mecanismo de geração de
sequências lingüísticas. Com base
nessas observações e raciocínios,
construiu-se a teoria da aquisição
inata da língua.
A Linguística tem, pois,
como um dos seus objetivos, explicar como uma língua é
aprendida ou gerada. Tem-se aí o que se denomina de Linguística
Teórica, pois teoriza sobre a língua, sem particularizar nenhuma língua
específica. A lingüística teórica procura estudar questões tão diferentes
sobre como as pessoas, usando suas particulares linguagens,
conseguem realizar comunicação, quais propriedades todas as
linguagens têm em comum, qual conhecimento uma pessoa deve
possuir para ser capaz de usar uma linguagem e como a habilidade
lingüística é adquirida pelas crianças.
Outro objetivo que também se coloca aos estudos lingüísticos
é o de descrever línguas naturais específicas, daí temos descrição
do português brasileiro, descrição do espanhol da Idade Moderna
etc. A esses estudos denominam-se Linguística Descritiva.
Em razão de as línguas não serem estáticas, mudando em
razão das necessidades dos falantes localizados em diferentes
épocas, outro objetivo da Linguística é de caráter histórico. Esses
estudos, por exemplo, tomam como objeto de estudo as mudanças
que ocorreram na passagem de dialetização do latim até se formarem
as chamadas línguas neolatinas, como o português, o espanhol, o
italiano, o francês. O objetivo é buscar os mecanismos ou
princípios que regem essas mudanças.
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Ainda quanto aos seus objetivos, existe a Linguística Aplicada,
a qual se propõe a estudar as línguas com vistas a objetivos práticos,
como melhorar o ensino-aprendizagem de língua materna ou de língua
estrangeira, fazer planejamento lingüístico em nações marcadas pela
pluralidade de línguas, decidindo-se, por exemplo, qual língua será
considerada oficial, desenvolver trabalhos missionários em
comunidades pouco conhecidas.
A figura 1 (acima), em que se mostram as diversas correntes
dos estudos linguísticos, verificamos que se diferenciam não só pelo
objeto dos estudos, como também pelos objetivos que estabelecem
para os estudos. Nesse sentido, a seguir (figura 2), apresenta-se uma
síntese dessas diferenças entre duas dessas vertentes da Linguística:
Figura 2: Vertentes lingüísticas: objeto e objetivos
Fonte: UESPI, 2009
Por fim, apresentamos, a partir do ponto de vista dos lingüistas
entrevistados por Xavier e Cortez (2003), algumas considerações
acerca da “utilidade da Linguística”. Ao serem postos diante da questão
Para que serve a Linguística?, manifestaram o seguinte:
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PARA QUE SERVE A LINGUÍSTICA?
Contribuir para uma melhor compreensão de problemas da
sociedade, por exemplo: preconceito lingüístico, aquisição da língua
materna, ensino de língua.
O trabalho científico tem uma utilidade em si mesmo, que é a
geração de conhecimentos.
Para ajudar os usuários a compreenderem a comunicação humana,
a identificarem características do comunicar bem do comunicar
para o bem. Serve para esclarecer, orientar usuários quanto à
importância de construir uma identidade confiante, segura.
Linguística é essa prática pela qual nós tentamos dar o manual de
uma prática que funciona sem manual. Assim a Linguística tem
servido muito para desfazer certos mitos sobre a aprendizagem de
língua (materna e outras), ajudando a melhorar o ensino.
Para fazer entender o que é língua. Assim, é preciso descrever
línguas. É papel da Linguística explicar.
Entender a língua é entender a interação humana, daí a importância
de se ter amplos conhecimentos sobre a língua, e é isso que a
Linguística propicia.
Para nos fazer compreender de que forma nós interagimos, como
chegamos a nos entender, como conseguimos construir e dar a
entender este mundo que nós construímos, como a realidade é
sentida e reproduzida para as pessoas.
LEITURA
COMPLEMENTAR
SLIDES “PARA ENTENDER A
LINGUÍSTICA”
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2.2 BREVE PERCURSO HISTÓRICO DOS
ESTUDOS DA LINGUAGEM HUMANA
No século IV a.C. já se tem notícias dos primeiros estudos cujo
foco é algum aspecto da linguagem. Inicialmente, foram razões
religiosas que levaram os hindus a estudar sua língua, para que os
textos sagrados reunidos não sofressem modificações no momento
de ser proferidos. Mais tarde os gramáticos hindus, entre os quais
Panini (século IV a.C.), dedicaram-se a descrever minuciosamente
sua língua, produzindo modelos de análise que foram descobertos
pelo Ocidente no final do século XVIII.
Já os gregos preocuparam-se, principalmente, em definir as
relações entre o conceito e a palavra que o designa, ou seja, tentavam
responder à pergunta: haverá uma relação necessária entre a palavra e
o seu significado? Platão discute muito bem essa questão no Crátilo.
Platão também se deteve nos problemas fundamentais da linguagem.
As questões levantadas em suas obras são cruciais, uma agenda à qual
a tradição européia tem retornado, consciente ou inconscientemente,
muitas e muitas vezes ao longo de seu desenvolvimento.
Aristóteles desenvolveu estudos noutra direção, tentando
proceder a uma análise precisa da estrutura Lingüística, chegou a
elaborar uma teoria da frase, a distinguir as partes do discurso e a
enumerar as categorias gramaticais.
Dentre os latinos, destaca-se Varrão que, assim como os
gregos, dedicou-se à gramática, apresentando como uma arte e
também como ciência. Os estudos de Varrão, como historiador e
filósofo, conferem a seu trabalho um enforque muito diferente do das
outras obras romanas sobre linguagem que chegaram até nós. Nas
porções remanescentes do De língua latina, Varrão estabelece
duas dicotomias problemáticas: o papel da natureza e da convenção
na origem das palavras, e a questão da analogia e da anomalia na
regulação do discurso. Tal como Platão, Varrão conclui que o
significado original das palavras, imposto em concordância com a
natureza, foi obscurecido em diversos casos pela passagem do
tempo, e que a etimologia pode freqüentemente ajudar a recuperar
o significado verdadeiro e original. Por etimologia Varrão entende
um tipo de explicação semântica, em vez do tipo de explicação
52
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primordialmente fonológica da etimologia histórica a que estamos
habituados.
Traça, também, uma importante distinção entre a natureza
subjacente, original, da língua(gem) e o uso, e entre os usos descritivo
e prescritivo da analogia. A importância maior dos estudos de Varrão
reside na forma clara com que formulou e seguiu até o fim algumas
das implicações da dicotomia significado-forma, um legado em que
se baseariam gerações posteriores de gramáticos latinos.
São pouquíssimas as gramáticas do período entre Varrão e
Quintiliano (de 30 a.C. a 100 d.C.) que sobreviveram até nós,
embora gramáticos do século I como Q. Rêmio Palemão, Valério
Probo e Pansa tenham sido fartamente citados por autores
posteriores. A educação romana sob o Império era destinada à
formação de oradores.
Na Idade Média, um pequeno grupo de eruditos em atividade
na universidade de Paris entre 1250 e 1320, denominados modistas
consideraram que a estrutura gramatical das línguas é una e universal,
e que, em conseqüência, as regras da gramática são independentes
das línguas em que se realizam. Perspectiva que guarda semelhanças
com aquela que Chomsky séculos depois apresentou.
Os modistas se baseavam na noção dos ‘modos de
significação”, que fornecia um arcabouço para se descrever o
processo de verbalização. Na concepção modista, o objeto do
mundo real, externo ao entendimento humano, podia ser apreendido
como um conceito pelo entendimento, e o conceito podia ser dado
a conhecer por um signo falado, tornando-se dessa maneira um
significado. A teoria sintática modista (que recentemente foi objeto
de comparação com a moderna teoria das valências] só pode ser
avaliada adequadamente quando se sabe mais acerca de idéias
não-modistas sobre sintaxe. Pode ser que os modistas tenham
recebido o crédito de idéias que, na época, eram lugar-comum.
Certamente, foi o sustentáculo cognitivo de sua teoria, a estrutura
subjacente aos próprios modi significandi, que atraiu a crítica da
posteridade, mais do que sua teoria propriamente sintática.
53
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Posteriormente, a tradução dos livros sagrados em numerosas
línguas, no século XVI, foi um marco nos estudos sobre a linguagem.
Também nesta época viajantes, comerciantes e diplomatas trazem
de suas experiências no estrangeiro o conhecimento de línguas até
então desconhecidas. Em 1502 surge o mais antigo dicionário
poliglota, do italiano Ambrosio Calepino.
Em 1660, a Gramática de Port Royal, de Lancelot e Arnaud,
que foi modelo para grande número de gramáticas do século XVII,
demonstra que a linguagem se funda na razão, é a imagem do
pensamento e que, portanto, os princípios de análise estabelecidos
não se prendem a uma língua particular, mas servem a toda e qualquer
língua. A própria origem dessa gramática espelha os elementos
conflitantes em ação: o encontro da gramática particular com a
filosofia. Enquanto escrevia livros didáticos de latim, grego, espanhol
e italiano, Claude Lancelot observou a existência de aspectos comuns
a estas e (supôs) a todas as outras línguas.
A Gramática de Port Royal é a precursora
reconhecida de uma longa série de gramáticas
“gerais”, “filosóficas”, “universais” ou “especulativas”,
cujos autores estavam preocupados em demonstrar
a presença marcante dos princípios lógicos na
linguagem, dissociados dos efeitos arbitrários do uso
de qualquer língua particular. Na língua portuguesa A
Gramática filosófica da língua portuguesa, de
Jerônimo Soares Barbosa, escrita em 1803, mas só
publicada em 1822, é a representante mais notável
dos princípios da Gramática de Port-Royal.
O conhecimento de um número maior de línguas vai provocar,
no século XIX, o interesse pelas línguas vivas, pelo estudo comparativo
dos falares, em detrimento de um raciocínio mais abstrato sobre a
linguagem, diferentemente daquilo que foi enfocado no século anterior.
É nesse período que se desenvolve um método histórico, instrumento
importante para o florescimento das gramáticas comparadas e da
Lingüística Histórica. O pensamento lingüístico contemporâneo,
mesmo que em novas bases, formou-se a partir dos princípios
metodológicos elaborados nessa época, que preconizavam a análise
dos fatos observados.
54
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O desenvolvimento do método comparativo, que resultou num
conjunto de princípios pelos quais as línguas poderiam ser
sistematicamente comparadas no tocante a seus sistemas fonéticos,
estrutura gramatical e vocabulário, de modo a demonstrar que eram
“genealogicamente” aparentadas. Assim como o francês, o italiano,
o português, o romeno, o espanhol e as outras línguas românicas
tinham se originado do latim, também o latim, o grego e o sânscrito,
bem como as línguas célticas, germânicas e eslavas e várias outras
línguas da Europa e da Ásia tinham se originado de alguma língua
mais antiga, à qual é costume aplicar o nome de indo-europeu ou
proto-indo-europeu. O fato de as línguas românicas descenderem
do latim e assim constituírem uma “família” era coisa sabida havia
séculos. Mas a existência da família lingüística indo-européia e a
natureza de sua relação genealógica foi demonstrada pela primeira
vez no século XIX pelos filólogos comparativistas.
O estudo comparado das línguas vai evidenciar o fato de que
as línguas se transformam com o tempo, independentemente da
vontade dos homens, seguindo uma necessidade própria da língua e
manifestando-se de forma regular.
Franz Bopp é um dos estudiosos que se destaca nessa época.
A publicação, em 1816, de sua obra sobre o sistema de conjugação
do sânscrito, comparado ao grego, ao latim, ao persa e ao germânico
é considerada o marco do surgimento da Lingüística Histórica. A
descoberta de semelhanças entre essas línguas e grande parte das
línguas européias vai evidenciar que existe entre elas uma relação de
parentesco, que elas constituem, portanto, uma família, a indoeuropéia, cujos membros têm uma origem comum, o indo-europeu,
ao qual se pode chegar por meio do método histórico-comparativo.
O grande progresso na investigação do desenvolvimento histórico
das línguas ocorrido no século XIX foi acompanhado por uma descoberta
fundamental que veio a alterar, modernamente, o próprio objeto de análise
dos estudos sobre a linguagem - língua literária - até então. Os estudiosos
compreenderam melhor do que seus predecessores que as mudanças
observadas nos textos escritos correspondentes aos diversos períodos
que levaram, por exemplo, o latim a transformar-se, depois de alguns
séculos, em português, espanhol, italiano, francês, poderiam ser
explicadas por mudanças que teriam acontecido na língua falada
55
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correspondente. A Lingüística moderna, embora também se ocupe da
expressão escrita, considera a prioridade do estudo da língua falada
como um de seus princípios fundamentais.
É no início do século XX, com a divulgação dos trabalhos de
Ferdinand de Saussure, professor da Universidade de Genebra, que
a investigação sobre a linguagem - a Lingüística - passa a ser
reconhecida como estudo científico. Em 1916, dois alunos de
Saussure, a partir de anotações de aula, publicam o Curso de
Lingüística geral, obra fundadora da nova ciência.
Ao longo do século XX, também
foram desenvolvidos estudos com base
na analogia,que, tomada em seu sentido
mais amplo, desempenha um papel muito
mais importante no desenvolvimento das
línguas do que simplesmente o de
esporadicamente inibir aquilo que, do
contrário, seria uma transformação
completamente regular do sistema
fonético de uma língua. Quando uma
criança aprende a falar, tende a
regularizar as formas anômalas, ou
irregulares, por analogia com os padrões
mais regulares e produtivos de formação na língua. Por exemplo, a
criança tende a dizer “eu fazi” em vez de “fiz”, tal como diz “comi”, “abri”,
“vendi” etc. O fato de a criança proceder assim é uma prova de que ela
aprendeu ou está aprendendo as regularidades ou regras de sua língua.
Ela prosseguirá seu aprendizado “desaprendendo” algumas das formas
analógicas e substituindo-as pelas formas irregulares correntes na fala
da geração anterior. Mas, em alguns casos, ela manterá uma forma
analógica “nova”, e pode ser então que esta se torne a forma
reconhecida e aceita pela comunidade de falantes.
Antigamente, a Lingüística não era autônoma, submetia-se às
exigências de outros estudos, como a lógica, a filosofia, a retórica, a
história, ou a crítica literária. O século XX operou uma mudança central
e total dessa atitude, que se expressa no caráter científico dos novos
estudos lingüísticos, que estarão centrados na observação dos fatos
de linguagem.
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2.3 ABORDAGENS DA LÍNGUA
Conforme você já deve ter percebi a LÍNGUA
não é um objeto simples, já que em sua constituição
e funcionamento há muitos fatores implicados:
cognitivos, estruturais, formais, históricos, sociais.
Desse modo, seria impossível dar conta de descrever
e explicar um objeto tão complexo de forma adequado
se não houvesse um enorme esforço por parte dos
estudiosos, os quais acabam se especializando numa
abordagem da língua que privilegia determinados fatores. Assim, se
criaram as correntes de estudos lingüísticos, cada uma dando mais
uma grande contribuição para que os conhecimentos sobre essa
faculdade humana cada vez mais se enriqueça.
A seguir apresentaremos uma síntese de algumas das
principais correntes lingüísticas, seguidas de exemplos de trabalhos
de pesquisa vinculados a tais abordagens, de modo a tornar mais
claras as explicações:
2.3.1 ESTRUTURALISMO
A tradição estruturalista, que tem base nos estudos de
Ferdinand de Saussure, adota a definição de língua em oposição
à fala, sendo a primeira o objeto da Linguística. Nessa perspectiva
a língua é o sistema subjacente à atividade da fala, “mais
concretamente, é o sistema invariante que pode ser abstraído das
múltipas variações observáveis na fala” (MUSSALIM; BENTES,
2001, p. 23).
Segundo essa ótica, a tarefa do linguista é descrever o
sistema formal que é a língua, considerada em si mesma e por si
mesma, o que em termos saussurianos significa afastar “tudo o
que lhe seja estranho ao organismo, ao seu sistema.” (apud
MUSSALIM; BENTES, 2001, p. 23). Conforme já citado antes,
nesses estudos o objeto de estudo é o chamado “núcleo duro” da
língua, isto é, a descrição dos sistemas fonológico, mórfico e
sintático, estabelecendo suas características estruturais –
elementos componentes e regras de combinação.
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EXEMPLO DE TRABALHO DE ANÁLISE ESTRUTURALISTA
Este trabalho trata de um dos aspectos da língua espanhola, que,
para brasileiros estudantes de espanhol e hispano-falantes
estudantes de português, constitui um desafio, os heterotônicos.
A maioria das palavras mantém em português e espanhol a mesma
localização da sílaba tônica, conservando a posição que herdaram
da língua de origem. Este grupo de palavras, entretanto, sofreu
uma transposição do acento de intensidade nas duas
línguas.Quando se observa que algo não soa bem na produção
oral ou escrita de aprendizes, se supõe que aí estejam implicados
conhecimentos das leis imanentes que regulam toda e qualquer
língua.
(biblioteca.universia.net/HTML)
2.3.2 FUNCIONALISMO
A teoria funcionalista concebe a língua como um instrumento
de comunicação, e postula que esta não pode ser considerada como
um objeto autônomo, mas uma estrutura submetida às pressões
provenientes das situações comunicativas, que exercem grande
influência sobre sua estrutura lingüística. Assim, o funcionalismo analisa
a estrutura gramatical tendo como referência a situação comunicativa
inteira: o propósito do ato de fala, seus participantes e seu contexto
discursivo.
Entendemos que a escolha entre as formas tu e você, em
Santos, depende da configuração desses fatores conjugados. Não
se pode compreender um fato lingüístico sem se levar em conta o
sistema ao qual ele pertence. O estudo de uma língua exige que se
leve rigorosamente em conta a variedade das funções lingüísticas e
dos seus modos de realização no caso considerado.
Uma abordagem funcionalista de uma língua natural sempre
tem como objetivo o interesse de verificar como se obtém a
comunicação com essa língua, ou como os usuários dessa língua dela
se utilizam para se comunicar entre si de maneira eficiente. O que se
põe sob análise, portanto, é a chamada competência comunicativa.
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Dessa forma, o funcionalismo leva em consideração na
análise toda a situação comunicativa: o propósito do evento da
fala, seus participantes e o contexto discursivo. Halliday
(1974,1975, 1976, 1985) propõe uma teoria funcionalista sistêmica,
e busca estabelecer relações entre todas as escolhas
semanticamente relevantes feitas na língua como um todo,
procurando chegar, assim, à resposta do porquê um falante escolhe
determinados itens dentre os tantos disponíveis naquela língua para
fazer o seu enunciado.
O sistema provê todos os elementos necessários para que
a língua possa ser utilizada em situações concretas de uso por
falantes concretos, mas é também a partir dos fatores externos
que o falante deverá proceder para determinar suas escolhas. Cada
indivíduo faz parte de um grupo social e usa a língua em situações
variadas para atingir diferentes objetivos.
Essa abordagem da língua enfatiza, exemplo, a função das
unidades linguísticas:no campo da fonologia, procura verificar o papel
dos fonemas na demarcação das palavras e na expressividade; na
área da sintaxe, o papel da estrutura da sentença no contexto.
Os linguistas funcionalistas observaram, por exemplo, que os
fonemas apresentam traços que os distinguem uns dos outros (/p/ é
diferente de /b/, porque um é sonoro, enquanto o outro é surdo), e
esses traços é que propiciam as distinções entre os signos linguísticos
– daí a diferença entre pata e bata (função distintiva).
Além da função distintiva, há também a função demarcadora e
expressiva dos fonemas. Isso significa que esses elementos mínimos
distribuem-se, nas diversas línguas, em posições que permitem aos
falantes reconhecerem o início e o final de uma palavra, além de terem
grande importância na força expressiva que os falantes imprimem a
determinados segmentos as palavras.
No campo sintático, os funcionalistas defendem que a ordem
dos elementos é funcional, isto é, motivada por fatores discursivos.
Por exemplo, observe as sentenças
a) Eu já li esse livro.
b) Esse livro eu já li.
59
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Segundo a abordagem funcional, essas duas sentenças não
seriam empregadas nos mesmo contextos comunicativos, ou seja,
embora se equivalham do ponto de vista semântico, têm funções
pragmáticas diferentes (carregam diferentes intenções dos falantes).
Outro fator a determinar a estrutura sentencial seria o fato de o
elemento já ter sido mencionado anteriormente, como seria o caso
da sentença b.
Na perspectiva funcional, de acordo com Martelotta (ibidem,
p. 162),
A Linguística, portanto, tem de tratar de dois tipos de
sistemas de regras: as regras semânticas, sintáticas,
morfológicas e fonológicas (responsáveis pela
constituição das estruturas linguísticas), de outro lado,
as regras pragmáticas (responsáveis pelos modelos de
interação verbal em que as estruturas são usadas).
EXEMPLO DE TRABALHO DE ANÁLISE FUNCIONALISTA
O trabalho tem por objetivo descrever, sob uma perspectiva
funcionalista da linguagem, a presença do modo subjuntivo nas
orações subordinadas substantivas em entrevistas jornalísticas
do espanhol e do português, e a relação entre modo subjuntivo
e modalidade epistêmica nesses contextos.
2.3.3 SOCIOLINGÜÍSTICA
A tradição de relacionar linguagem e sociedade, buscando
vínculos entre língua, cultura e sociedade, fez parte da reflexão de
diversos autores do século XX. Segundo Bright, citado por Mussalim
e Bentes (ibidem, p. 28), a diversidade linguística é o objeto de estudo
dos sociolinguistas. Essa diversidade está relacionada aos seguintes
fatores:
* identidade social do emissor e do falante – relevante, por
exemplo, no estudo dos dialetos de classes sociais e das
diferenças entre as falas feminina e masculina;
60
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* identidade social do receptor ou ouvinte – relevante, por
exemplo, no estudo das formas de tratamento, da baby talk (fala
utilizada por adultos para se dirigirem aos bebês);
* o contexto social – relevante, por exemplo, no estudo das
diferenças entre a forma e a função dos estilos formal e informal,
existentes na grande maioria das línguas;
*o julgamento social distinto que os falantes fazem do próprio
comportamento linguístico e sobre os dos outros, isto é, as
atitudes linguísticas.
Martellota explica que, diferentemente da tradição
estruturalista, “A Sociolingüística normalmente tem como objeto a
língua falada em situações naturais, espontâneas, em que,
supostamente o falante se preocupa mais com o que dizer e menos
com o como dizer (ibidem, p. 149).
O ponto de partida do estudo é a comunidade linguística, um
conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que usam um
conjunto de normas nos usos que fazem da língua. Nesse sentido,
percebe-se que diversidade e variação são inerentes aos usos
linguísticos, isso porque nenhuma língua se apresenta como uma
entidade homogênea, havendo sempre um conjunto de variedades
(as variedades linguísticas) e, nesse aspecto, a Sociolinguística,
diferentemente das abordagens estruturalistas, busca apreender a
variação observada na fala como constitutiva do fenômeno linguístico.
EXEMPLO DE TRABALHO DE ANÁLISE SOCIOLINGUISTICA
RESUMO – Este trabalho apresenta alguns dos resultados do
levantamento fonético-fonológico das variedades de línguas
usadas nas cidades de Sant’ana do Livramento (Brasil) e Rivera
(Uruguai). O estudo faz parte de um projeto maior que visava
descrever parcialmente a fonologia do Português e do Espanhol
falados nas duas cidades fronteiriças. Neste artigo serão
apresentados os resultados da pesquisa referentes ao sistema
consonantal de cada uma das variedades de língua.
(Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 42, n. 3, p. 169-177, setembro 2007)
61
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2.3.4 GERATIVISMO
O Gerativismo, ou gramática gerativa, teve início nos Estados
Unidos, no final da década de 1950, a partir dos trabalhos de Noam
Chomsky. Trata-se de uma abordagem da língua enquanto faculdade
da mente humana, ou seja, algo que as pessoas já trazem inscrita em
sua genética e que vai maturando à medida que o indivíduo é exposto
a uma língua. Segundo Chomsky, “a capacidade humana de falar e
entender uma língua [...] deve ser compreendida como resultado de
um dispositivo inato, uma capacidade genética e, portanto, interna
ao organismo humano [...]” (apud MARTELOTTA, 2009, p. 128).
A linguística gerativa procura então verificar como a faculdade
de linguagem funcional e como é possível a existência de tantas línguas
diferentes se todos os seres humanos têm a mesma programação
genética. Nesse sentido, os lingüistas gerativistas vem trabalhando
em busca de explicações para essa aparente contradição. Nesse
sentido, ao observar os fatos das línguas, um gerativista elabora
perguntas de pesquisa, como as seguintes:
* O que há de comum entre as línguas humanas e de que
maneira diferem entre si?
* Em que consiste o conhecimento que um indivíduo possui
quando é capaz de falar e compreender uma língua?
* Como o indivíduo adquire esse conhecimento?
* De que maneira esse conhecimento é posto em uso pelo
indivíduo?
* Quais são as sustentações físicas presentes no cérebro/
mente que esse conhecimento recebe? (MARTELOTTA,
ibidem)
Em busca de responder a essas perguntas, o gerativismo
propõe-se a analisar a linguagem de forma abstrata, afastando-se da
abordagem estrutural e da sociolingüística, que analisam dados das
línguas em particular. De acordo com Chomsky,
a mente deve ser estudada assim como se estuda o
corpo humano; cada parte do cérebro tem sua função,
portanto, existe uma parte que é responsável pela
62
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linguagem. Da mesma maneira como crescimento e
as fases de desenvolvimento do corpo humano são
determinadas geneticamente, algumas faculdades
mentais da mente, como compreensão matemática,
habilidade de identificar traços da personalidade dos
indivíduos a partir de breves contatos, a habilidade de
criar formas artísticas, também são determinadas
geneticamente. (orientacaodepesquisa.blogspot.com/
.../o-gerativismo-de-chomsky-gramatica.html)
As noções de gramática interna são arrendatárias dos
estudos gerativos, os quais adotam a noção de competência
linguística (ou gramática internalizada) e desempenho (enunciados
concretos produzidos pelos indivíduos). No exemplo seguinte, fica
clara essa distinção:
No final da festa de aniversário do filho, dona Maria ia anunciar que estava na hora de cortar o bolo e disse o seguinte:
“Vamos, gente, está na hora de bortar o colo!”. Em seguida
ela mesma riu do que dissera e se corrigiu” (adaptado de
Martelotta, ibidem, p. 139)
Verifica-se, nessa situação, que a gramática internalizada
da falante a fez perceber que ela tinha infringido uma regra de
estruturação fonológica, isto é, o desempenho lingüístico não
estava de acordo com a norma da gramática da língua. Daí a
imediata correção de dona Maria.
Em todos esses elementos, percebe-se que há em comum
uma relação entre a linguagem e os processos mentais. Nesse
sentido, o interesse do estudioso é compreender de que modo a
mente atua para que a linguagem “aconteça”, buscando responder
a questões como: de que modo se dá aquisição da linguagem?
Que mecanismos nos fazem compreender o que ouvimos? Como
nossa memória se relaciona com os significados que atribuímos
ao eu ouvimos? Que distúrbios podem afetar nossa capacidade
de linguagem? O aprendizado de uma língua estrangeira se dá do
mesmo modo que o da língua materna?
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Sintetizando:
A gramática gerativista retrata o conhecimento
mentalizado que os falantes possuem da língua que é
a competência lingüística. Esse conhecimento, mesmo
que não seja usado, está guardado no cérebro. O uso
que cada indivíduo faz desse conhecimento no dia-adia é chamado de desempenho, mas não recebe muita
importância do gerativismo. Chomsky estabeleceu
dois tipos de gramáticas dentro do gerativismo. Uma
delas é a Gramática Universal (GU) que está presente
em todas as línguas e remete-se ao estado zero da
mente e é comum a qualquer pessoa. As propriedades
semântica, sintática e fonológica são integrantes da
gramática universal; um exemplo dessas propriedades
são os elementos anafóricos: João mora em Curitiba.
Ele veio para cá em 1999. Esses elementos se
relacionam com elementos da outra fase. A outra é a
Gramática Particular (GP) que se utiliza da gramática
universal e também das características próprias de
cada língua. Os elementos da língua fazem parte da
GU, já a forma e ordem de como esses elementos são
organizados.
(fonte: orientacaodepesquisa.blogspot.com/.../o-gerativismo-dechomsky-gramatica.html)
Leia a seguir um relato de experiência sobre fenômenos que
desafiam os lingüistas que trabalham com a aquisição da
linguagem:
64
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Durante cinco meses estive de viagem aos Estados
Unidos por um programa de intercâmbio. Lá, trabalhei num
parque temático infantil. E como já é sabido de muitos, a
Flórida é o estado americano que mais possui latinos, isto é,
falantes de língua espanhola. As pessoas saem de seu país
de origem e vão, ilegalmente para a Flórida, lá formam família,
têm filhos, etc.
Com esses acontecimentos, a criança, ao nascer nessas
famílias, lida dentro de casas com a língua materna, no caso o
espanhol (ou qualquer outro, citei o espanhol por serem
maioria). Até os quatro anos de idade, é a única língua que a
criança oficialmente conhece, até ir para a escola, onde terá
de aprender o idioma do país que se encontra, no caso o inglês.
No começo é um pouco complicado, mas como crianças têm
mais facilidade de aprender uma nova língua por estarem em
processo de aquisição de uma linguagem, logo aprendem o
novo idioma.
Onde trabalhei, muito me impressionou a quantidade de
crianças que, com a idade mínima de quatro anos, já falavam
fluentemente dois idiomas. Lembro-me de um dia estar dando
as orientações do brinquedo as crianças em inglês, quando um
amigo meu do Brasil me chamou, então com ele falei em
português. Foi quando uma das crianças, com quatro anos de
idade, se levanta e grita ao pai que está do lado de fora que eu
também falava português. Fique impressionado, pois antes vi a
criança conversando em inglês com os outros no brinquedo.
Além disso, tive também meus amigos de trabalho, que
eram essas criança já na fase crescida. Alguns deles falavam e
escreviam nos dois idiomas perfeitamente. Mas uma colega me
intrigou. Ela, até os quatro anos de idade falava apenas
espanhol. Ao entrar na escola, adquiriu o inglês, e com o passar
65
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do tempo, ela perdeu completamente sua língua materna,
lembrando apenas palavras soltas, aleatórias.
De acordo com o estudo de alguns linguistas, como
Saussure, um individuo em determinado momento de sua vida,
marca, como num interruptor, qual é a linguagem que adquiriu
e ela permanece em sua mente. Mas vendo o caso dessa colega,
percebi que isso pode ser controverso. A língua materna pode
sim ser perdida ou, no caso do interruptor, desmarcada, ou seja,
a comunicação verbal passa a ser limitada novamente.
A Linguística nunca explicou casos como esse, o que
acaba gerando muitas dúvidas em pesquisadores da língua.
Claro que, como disse, são apenas especulações, nada
comprovado. A língua ainda é de uma complexidade imensurável,
e quando junta à mente humana, que é ainda mais complexa,
gera temas de pesquisas infinitos. A língua é fantástica.
(fonte: www.webartigos.com/...psicolinguisticos/pagina1.html)
LEITURA
COMPLEMENTAR
SLIDES “A CAPACIDADE DE
AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM”
66
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2.3.5 LINGUÍSTICA TEXTUAL
Hoje tomar o texto como unidade de estudo é fato comum, mas
o termo linguística de texto só passou a fazer parte da área a partir da
década de 1960, quando houve por parte dos estudiosos
um esforço teórico, com perspectivas e métodos
diferenciados de constituição de um outro campo (em
oposição ao campo construído pela Linguística
Estrutural), que procura ir além da frase, que procura
reintroduzir, em seu escopo teórico, o sujeito e a
situação de comunicação, excluídos das pesquisas
sobre linguagem pelos postulados estruturalistas, que
compreendem a língua como sistema e como código,
com função puramente informativa. (BENTES, 2001,
p. 245).
Verifica-se, na citação acima que estudar texto implica em
ver a língua em seus usos, isso porque, sendo o texto a unidade de
comunicação humana (já que não nos comunicamos com palavras
soltas), segundo essa perspectiva, é fundamental incluir nas
análises linguísticas a situação de comunicação e as características
dos interlocutores.
A linguística textual busca, então, estudar o texto, sendo que
há, primeiramente uma necessidade de definir essa unidade. Um
dos conceitos com que se opera atualmente é o de Fávero e Koch
(apud MARTELOTTA, 2009, p. 193), as quais definem texto como
“uma unidade linguística de sentido e de forma, falada ou escrita,
de extensão variável, dotada de ‘textualidade’, ou seja, de um
conjunto de propriedades que lhe conferem a condição de ser
compreendido pela comunidade linguística como um texto”.
Os linguistas de texto consideram assim como objeto de
estudo a textualidade, buscando descrever as características
que fazem com que reconheçamos os textos e ainda que
conhecimentos ativamos para essa atividade. Assim, definem as
propriedades textuais, com base em alguns fatores:
pragmáticos (ligados à situação de uso da língua), formais
(relativos ao modo como se organizam as unidades linguísticas
no tecido textual) e semânticos (o sentido que o texto
possibilita).
67
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Duas propriedades têm sido centrais nesses estudos: a
coerência e a coesão textual. A primeira diz respeito à construção
do sentido textual, seja na perspectiva da produção pelo locutor,
seja na recepção do interlocutor, isto é, o modo como se produz o
sentido quando se fala ou se escreve e como esse sentido é
reconstruído durante a leitura ou a audição. A coesão “pode ser
definida como um conjunto de estratégias de sequencialização
responsável pelas ligações linguísticas relevantes entre os
constituintes articuladores no texto” (ibidem, p. 195). Quanto a esse
aspecto, o estudo procura verificar como conjunções, advérbios,
substantivos, adjetivos, conjugações verbais se inter-relacionam
no tecido textual, a fim de construir um todo que faça sentido.
EXEMPLO DE TRABALHO DE ANÁLISE TEXTUAL
Este trabalho se baseia nos estudos da lingüística textual e
na teoria dos gêneros discursivos e tem como finalidade a
identificação dos procedimentos de coesão lexical que
compõem o gênero discursivo “cartas de leitores”. O corpus
é extraído do jornal espanhol “El País” e do brasileiro “Jornal
do Brasil”. Por meio de comparações e análises investigamse semelhanças na estruturação dos elementos constituintes
desse gênero na Língua Portuguesa e na Língua Espanhola.
Dá-se ênfase nos elementos de reiteração lexical, reiteração
lexical sinonímica e repetição do designado, pretende-se
indicar a utilização das cartas de leitores como ferramenta
nas aulas de Língua Portuguesa e Língua Espanhola. O uso
das cartas nas aulas de línguas dar-se-á por propostas
didáticas que englobem o ensino-aprendizagem da linguagem
através do gênero discursivo “cartas de leitores”, no que se
refere à sua estruturação e características, além do estudo
dos mecanismos de coesão lexical mais utilizados nesse
gênero.
(www.unifoa.edu.br/portal_pesq/caderno/especiais/...2/curso_letras.pdf)
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2.3.6 ANÁLISE DO DISCURSO
A Análise do Discurso, mais especificamente da tradição
francesa, que tem ampla penetração no Brasil mantém forte
vinculação com os estudos históricos, sociológicos e psicanalíticos.
Isso se explica porque o interesse dos analistas do discurso, é
compreender como funciona a
sociedade, que se manifesta nos
diversos discursos. Nesse
sentido, busca-se identificar as
ideologias
(políticas,
econômicas, religiosas etc.) que
se manifestam nos diversos
textos que circulam, assim como
“fazer uma leitura” do conjunto
social, a partir daquilo que se diz,
das escolhas lingüísticas, dos
gêneros textuais.
Tem-se como foco “a organização global do texto, examinando
as relações entre a enunciação (circunstâncias dos diversos dizeres)
e o discurso enunciado, bem como entre o discurso enunciado e os
fatores sócio-históricos que o constroem.” (BARROS, 2005, p.187).
Nessa perspectiva, estuda-se a organização linguística e
discursiva do texto e ainda suas relações com a sociedade e a
história. Estando inserido em um contexto socio-histórico, os sentidos
do texto são contextualizados, relacionando-se aos demais sentidos
de outros textos produzidos na mesma época e local. Dessa forma, o
analista do discurso, ao analisar um texto, busca o seu sentido na
relação entre esse texto e as condições em que ele foi produzido (o
papel social do sujeito que toma a palavra, o lugar de onde ele fala, a
sociedade a que pertence, a época em que viveu – incluindo fatores
políticos, econômicos, religiosos).
Vê-se, pois, que se trata de uma abordagem que requer
conhecimentos de outras áreas, como a Sociologia, a História, já
que o que se busca é uma compreensão sobre o modo como os
sentidos se constroem e se reconstroem no interior das relações
sociais.
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EXEMPLO DE TRABALHO DE ANÁLISE DISCURSIVA
Este projeto situa-se no âmbito dos estudos da Análise do
discurso de base enunciativa e direciona-se para a relação
existente entre práticas discursivas e mundo do trabalho, tendo
como objetivo específico a investigação do perfil de professor
de língua espanhola construído discursivamente pelas provas
de seleção de docentes para a rede pública municipal do Rio de
Janeiro. A escolha do tema considera a necessidade de aprofundar
estudos sobre o gênero prova de seleção de professores e de
buscar uma maior compreensão acerca da construção discursiva
de perfis de profissionais de ensino que a rede pública espera
receber, em específico, docentes de língua espanhola. Nosso
corpus está composto pelas provas de 1998 e 2001.
(www.filologia.org.br/.../analiselinguisticodiscur.htm)
2.3.7 LINGUISTICA HISTÓRICA
Por que as línguas mudam? Como mudam? São essas as
perguntas primárias e primeiras para as quais a linguística histórica
busca resposta, desde que se constitui, com rigoroso método, a
partir do século passado, mas certamente desde antes, como
especulação em torno de problemas cruciais para a compreensão
do fenômeno da linguagem humana, ou mesmo desde o mito de
Babel, nos confins de nossa história.
De acordo com Faraco (2005, p. 13) “a Linguística Histórica
se propõe a estudar as mudanças que ocorrem nas línguas
humanas no eixo do tempo.”
Como as línguas não são estática, mas estão em movimento
na fala das pessoas, embora as mudanças ocorram de forma muito
lenta, por isso os falantes não percebem de imediato que a língua
mudou. Isso fica bem mais evidente quando comparamos
realizações lingüísticas do passado distante com o nosso presente.
70
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
Nessa abordagem, por exemplo, o estudar a palavra ter, por
exemplo, considera-se a sua etimologia, sua evolução fonética e os
diversos significados e aplicações que vem tendo, de sua origem
até a atualidade:
tenere > t er > teer > ter
A Lingüística histórica caracteriza-se também pela busca da
origem das línguas. Através do método histórico-comparativo, foi
possível se estabelecer uma língua - mãe, o indo-europeu, que seria
o tronco lingüístico ou protolíngua de um grupo de línguas da Europa e
da Ásia. O mesmo método aplicado às línguas românicas possibilitou
o estabelecimento da origem comum destas línguas em uma
protolíngua denominada latim vulgar.
EXEMPLO DE ESTUDO HISTÓRICO DA LÍNGUA
A MOTIVAÇÃO DAS PALAVRAS: SUA EVOLUÇÃO NA LÍNGUA
PORTUGUESA
Durante o processo de evolução, as palavras sofrem alterações
que muitas vezes fazem com que seu sentido se distancie daquele
que originariamente as gerou. Essas alterações semânticas
podem ser observadas numa perspectiva diacrônica, pela
sucessão de mudanças lingüísticas que se vão atualizando ao
longo do tempo. Fatores socioculturais e até mesmo naturais
determinam essas transformações, cujo agente é o próprio
homem enquanto sujeito falante. Algumas dessas palavras são,
pois, consideradas arbitrárias e opacas e não apresentam
qualquer relação entre som e sentido; outras apresentam essa
relação, sendo consideradas motivadas.
Conceitos apresentados por estudiosos da língua como
Saussure, Ullman, Herculano de Carvalho, dentre outros, foram
utilizados para este breve estudo, no qual nos propomos a
examinar os aspectos principais das evoluções etimológicas das
palavras, considerando-as a partir de sua motivação fonética
(onomatopéias), morfológica (derivação e composição) e
semântica (metáforas e metonímias), observando sua variação
no decurso do tempo e os processos de mudança pelos quais
tiveram de passar até chegarem à sua forma atual.
(FONTE: www.filologia.org.br/anais/.../civ09_2.htm)
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ATIVIDADE I
Fonte: www.overmundo.com.br
Assista ao filme “Ai, que vida” - dirigido pelo jornalista
piauiense Cícero Filho e faça um levante algumas expressões
típicas da fala dos habitantes do interior do Piauí. Caracterize
os personagens em seus aspectos sociais (classe social,
escolaridade, profissão, idade) e veja as relações como o modo
como usam a língua. Releia o tópico sobre abordagem
sociolinguística e se guie pelos elementos apontados como
constitutivos do objeto de estudo dessa abordagem.
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ATIVIDADE II
RESPONDAAS QUESTÕES QUE SEGUEM
1. “Deixem no bosque uma criança ainda por educar e, supondo que
possa manter-se lá, não aprenderá nem sequer a falar”
(MALMBERG, 1970, p. 30). A que característica da linguagem
humana se refere essa citação?
2. O que significa dizer que o objeto da Lingüística é sempre parcial?
3. As descobertas de Sir. William Jones, na Índia, impulsionaram
uma corrente de estudos que viscejou no século XIX, denominada
Gramática Comparativa ou Linguística Histórica. (1,5)
a. O que foi descoberto pelo diplomata inglês?
b. Que tipo de empreendimento de pesquisa foi realizado pelos
gramáticos comparatistas?
c. Tais estudos são de caráter diacrônico ou sincrônico?
4. Noam Chomsky critica os estruturalistas por se aterem a uma
visão de língua enquanto estrutura, sem explicar como o ser humano
adquire e usa uma língua (a competência lingüística). Para o autor, a
criatividade é o fator responsável por aprendermos muito mesmo
com exposição limitada a dados lingüísticos. O que significa
criatividade nas postulações chomskyanas? (1,0)
5. O que levou Ferdinand de Saussure a excluir a fala dos estudos
lingüísticos?
6. O chamado núcleo duro da Linguística só não contempla:
( ) morfemas
( ) sintagmas
( ) discursos
( ) fonemas
( ) significados
7. A Linguística contemporânea é marcada por interfaces com outras
áreas do conhecimento, como, por exemplo, a Sociologia
(Sociolinguística) ou a Psicologia (Psicolinguística). O que significa
manter interfaces?
73
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ATIVIDADE III
Interprete a seguinte figura à luz dos postulados da
Sociolinguística.
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UNIDADE 3
LINGUÍSTICA: DESCRIÇÃO E
NORMATIVISMO NOS ESTUDOS
DA LÍNGUA
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OBJETIVOS
*DISCERNIR ATITUDES DESCRITIVISTA E
PRESCRITIVISTA/NORMATIVISTA EM RELAÇÃO À
LÍNGUA, RECONHECENDO A PRIMEIRA COMO
PRÓPRIA DOS ESTUDOS LINGUÍSTICOS;
* COMPREENDER AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE
GRAMÁTICA.
CONTEÚDOS
* O PRESCRITIVISMO LINGUÍSTICO
* O DESCRITIVISMO LINGUÍSTICO
* CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA
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3.1 PERSPECTIVA DE ESTUDOS: A LINGUÍSTICA
É DESCRITIVA, NÃO PRESCRITIVA
“A Linguística é o estudo científico da linguagem humana”
(MARTINET, s/d, p. 03). Essa perspectiva coloca o linguista na
condição de quem busca conhecer de modo sistemático o seu
objeto de estudo, observando-o e procurando construir
conhecimentos sobre ele, sem a necessidade de quaisquer atitudes
de aprovação ou desaprovação.
A Linguística, nesse sentido, se propõe descobrir e registrar
as regras segundo as quais se comportam os membros de uma
comunidade lingüística, sem tentar impor outras regras, nem
tampouco condenar um uso com privilégio de outro. Regra,
linguisticamente entendida, diz respeito àquilo que é inerente aos
hábitos lingüísticos de uma comunidade (reveja o tópico Abordagem
Sociolinguística – 2.3.3), isto é, ao modo como cotidianamente se
expressam e o que isso revela do conhecimento que detém.
Perante casos como Vende-se livros, haviam muitas pessoas na
rua, a pessoa que eu lhe falei dela está ali, percurar
(correspondente a procurar), o lingüista contemporâneo ignora a
indignação do gramático purista e também a louvação dos que
dizem que em língua tudo vale e tudo deve ser ensinado. Ele não
toma partido, mas sim, procura descrever como tais construções
se relacionam com a gramática da língua, compara-as com outras
e até aponta aquelas que são alvo de atitudes discriminatórias
(como o caso da forma verbal percurar).
Esse princípio descritivo dos objetivos da Linguística se
opõe aos objetivos dos estudos gramaticais tradicionais, que,
geralmente, têm um caráter normativo (prescritivo). Segundo Lyons
(1981, p. 85), “O gramático acreditava que sua missão era formular
padrões de correção e impor, se necessário, aos falantes da língua,
tais normas de comportamento”.
Quanto ao lingüista, sua tarefa enquanto pesquisador é
fornecer uma visão o mais esclarecedora possível do seu objeto de
estudo, incluindo aí as diversas variedades que se manifestam nos
falares e que estão ligados a certas características dos falantes,
como a classe social, a origem regional, o contato com a escola, a
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idade etc. Não cabe, pois, preconceitos quanto às formas de uso
da língua de pessoas analfabetas, pobres, provindas de regiões
rurais ou longe dos centros de produção econômica. Os
sociolinguistas, por exemplo, ao fazerem suas pesquisas, muitas
vezes vão em busca justamente de pessoas que tenham esse perfil
a fim de verificar as características de determinadas variedades
lingüísticas em seu estado “puro”, isto é, não influenciadas pelos
meios de comunicação ou pela escola.
ATIVIDADE
Assista site YouTube, à entrevista feita por alunos da UNB
sobre o que os brasileiros pensam do uso que fazem do
português.
No endereço: Entrevistas na UnB - trabalho de
lingüística.mht>
78
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
3.2 CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA
De acordo com Travaglia (1997), três acepções possui o termo
gramática:
1) Gramática Normativa: manual contendo regras para o uso
“correto e elegante’ da língua. É também chamada gramática
normativa. Segundo Franchi (apud TRAVAGLIA, ibidem, p. 24),
“gramática é o conjunto sistemático de normas para o bem
falar e escrever , estabelecidas pelos especialistas, com base
no uso consagrado pelos bons escritores”. Nesse caso,
quando se diz que alguém sabe gramática, reconhece-se que
essa pessoa conhece essas normas e as domina, usandoas em suas comunicações e também sabendo como tratar
sobre elas. Geralmente os professores são tidos como
sabedores de gramática.
Para essa concepção de gramática, “a língua é só a variedade
dita padrão ou culta e todas as outras formas de uso da língua
são desvios, erros, degenerações [...]” (ibidem, p. 24). Assim,
tem-se que é “errado” tudo o que não está dentro do padrão
(que é considerada a única forma “certa”). Um exemplo seria
a forma “Me dá um abraço!”, pois considera-se errado iniciar
frases com pronome oblíquo átono. O certo seria então “Dáme um abraço!”, o que, certamente, soaria um tanto estranho
numa conversa entre brasileiros.
Como as normas usadas como modelo geralmente vêm de
obras literárias clássicas, ignoram-se as características da
oralidade.
Essa atitude discriminatória em relação aos usos não cultos
tem base em fatores que não são estritamente linguísticos,
criando preconceitos de toda ordem, fazendo com que muitas
pessoas analfabetas, de classe social pouco favorecida ou
moradores das zonas rurais sejam vistos como inferiores
porque não sabem “falar português culto”. É preciso ressaltar
que a posição da ciência linguística é contrária a essa atitude
preconceituosa.
79
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
2) Gramática Descritiva: “diz respeito a um conjunto de
regras que o cientista encontra nos dados que analisa [...].”
(NEDER, 1992, p. 49 apud TRAVAGLIA, ibidem, p. 27). Tais
regras são aquelas usadas pelos falantes nos usos que fazem
da linguagem. Considera-se gramatical, portanto, tudo que
atende às regras de funcionamento da língua de acordo com
determinada variedade linguística. O estudioso, nesse
sentido, pode estudar as gramáticas de todas as variedades,
descrevendo suas estruturas e funcionalidade.
O gramático descritivo é, pois, aquele que busca distinguir,
nas expressões de uma língua, as categorias, as funções e
relações que entram em sua construção, descrevendo com
elas sua estrutura interna e avaliando sua gramaticalidade.
Desse modo, nessa visão, não há lugar para preconceitos,
já que o critério é estritamente linguístico. Uma sentença
como “Me dá um abraço!” não é considerada errada já que
faz parte das normas de uso do português falado no Brasil.
3) Gramática Internalizada: é o conjunto de conhecimentos
que permitem aos falantes de uma língua utilizá-la. Esse
conceito de gramática adveio das postulações de Noam
Chomsky acerca da competência linguística que todos
adquirimos à
medida que somos expostos a uma
determinada língua.
Nesse caso, saber gramática é saber falar uma língua, não
dependendo de qualquer instrução escolar, já que as regras
dos usos linguísticos se inscrevem nas mentes dos falantes.
Nesse caso, “não há o erro linguístico, mas a inadequação
da variedade linguística utilizada em uma determinada
situação de interação comunicativa, por não atendimento
das normas sociais de uso da língua” (TRAVAGLIA, ibidem,
p. 29). Isso se observaria se alguém, em um velório, se
dirigisse a um filho do morto e dissesse: “Então o velho
bateu as botas?!”
80
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ATIVIDADE
1 Leia os poemas de Carlos Drummond de Andrade a seguir e
responda às questões que seguem:
a) SENHOR FEUDAL
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia
(WWW.algumapoesia.com.br)
·
Que trecho do poema, seria considerado erro de português pela
gramática normativa? Em que consistiria esse “erro”?
b) VÍCIO NA FALA
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mio
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados (www. secrel.com.br)
· A que camada da população o poeta se refere ao descrever as falas?
· Que alteração fonética se verifica nos exemplos citados pelo poeta?
· De acordo com a visão da gramática descritiva, pode-se considerar
errada essa forma de falar? Explique.
c) PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(www.secrel.com.br)
· A que tipo de gramática, das classificadas nessa unidade, o poeta
se refere?
81
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2 Leia o poema a seguir, também de Carlos Drummond da
Andrade, e responda às questões que seguem.
Aula de português
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo II.
Rio de Janeiro: Record, 1999.
1. O poema apresenta três momentos na relação do eu poético
com a língua. Caracterize esses momentos.
2. Que mudanças a ação do professor provocou no eu poético?
3. Por que o “outro português”, na visão do poeta é o mistério?
4. Já tratamos um pouco durante nossas aulas sobre as relações
entre os objetivos dos estudos gramaticais tradicionais e os
estudos lingüísticos. Estabeleça uma relação entre eles e o
tema abordado pelo poeta.
5. Com base no que vem estudando sobre teoria da literatura,
responda: O que torna o texto poético?
82
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UNIDADE 4
A PESQUISA EM LINGUÍSTICA
83
09
37
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OBJETIVOS
* CONHECER OS OBJETIVOS E MÉTODOS DE
PESQUISA EM LINGUÍSTICA.
* COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DAS
METODOLOGIAS E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO EM
LINGUÍSTICA.
CONTEÚDOS
* DEFINIÇÃO DE PESQUISA
* MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
24
10
84
38
34
33
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4.1 O QUE É PESQUISA?
A fim de compreender melhor como se constroem
conhecimentos em Linguística, iniciaremos definindo o que é pesquisa:
Uma pesquisa é um processo de construção do
conhecimento que tem como metas principais gerar
novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum
conhecimento pré-existente. É basicamente um
processo de aprendizagem tanto do indivíduo que a
realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve.
A pesquisa como atividade regular também pode ser
definida como o conjunto de atividades orientadas e
planejados pela busca de um conhecimento.
(www.coladaweb.com)
Um pesquisador é alguém que busca saber mais
profundamente sobre a realidade em suas diversas manifestações. A
língua também faz parte dos interesses dos estudiosos, que, como
você já sabe, chamam-se lingüistas. Estes se distinguem por
pesquisar tudo o que possa trazer esclarecimentos sobre língua, seja
de forma geral, seja de forma
específica, buscando investigar
aspectos de línguas particulares.
Desse modo, esses trabalhos vão
tornando cada vez mais rico os
saberes que já se construíram
sobre a língua.
Nesse
sentido,
por
exemplo, uma pesquisa pode
buscar descrever as estruturas de
uma língua indígena ainda não
estudada, ou o modo como as influências de outras línguas provocam
mudanças numa língua nativa. Muitos outros interesses na área
demonstram o quanto o conhecimento sobre língua desafia os
pesquisadores: alguns buscam conhecer como o funcionamento da
mente determina a aquisição de uma língua, outros buscam verificar
de que modo uma dada comunidade utiliza uma língua, buscando
correlações com as características dessa comunidade. São muitos
os objetivos que se buscam atingir com as pesquisas.
85
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4.2 O MÉTODO DE PESQUISA
Mas para pesquisar não basta ter curiosidade e um objetivo a
atingir. É preciso também adotar um método, que, no caso da ciência,
chama-se método científico.
O método científico pode ser definido como a maneira
ou o conjunto de regras básicas empregadas em uma
investigação científica com o intuito de obter
resultados o mais confiáveis quanto for possível.
Observamos, com Santos (2009, p. 68) que como toda
pesquisa é regida por, pelo menos, uma teoria científica. Há, então
para cada teoria, deferentes procedimentos metodológicos que
são os caminhos adequados a serem seguidos em busca de
resultados mais fidedignos possíveis. “Portanto, a metodologia é
um conjunto de regras que facilita a condução da pesquisa a fim
de que os resultados alcançados sejam coerentes aos
pressupostos teóricos”.
A disciplina Metodologia Científica, que fez parte do bloco I
deste curso, certamente, lhe deu informações valiosas sobre
método científico, portanto, não nos estenderemos mais sobre esse
assunto. Importante é que você compreenda de que modo o lingüista
atua em suas pesquisas, já que também você, durante o curso e
ao final dele, terá que também desenvolver trabalhos de
investigação relativos à língua espanhola.
Nesse sentido, a fim de se compreenderem os métodos de
pesquisa adotados no campo da Linguística, necessário,
primeiramente, é tomar conhecimento dos princípios teóricos, uma
vez que não há metodologia sem os pressupostos de uma teoria.
Como já explicado na UNIDADE II, há diferentes correntes de
estudos lingüísticos, sendo que aí se criaram também os métodos
de pesquisa que possibilitam encontrar as respostas para as
indagações sobre a língua que cada corrente constrói. Os exemplos
dados na UNIDADE II ilustram trabalhos de pesquisa em cada uma
das correntes de estudos. Releia essa unidade.
Analisemos o resumo de uma pesquisa sobre ensino de
língua:
86
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RESUMO
O presente estudo faz parte do Programa de iniciação científica
(PICPIBIC) e tem como objetivo geral apresentar um estudo acerca
da inclusão da língua espanhola no sistema educacional da
cidade de Uberaba-MG. Como objetivos específicos propõe-se a
relatar como se dará a inclusão da língua espanhola na cidade
de Uberaba-MG, investigar quais as mudanças culturais causadas
pela implantação desse idioma no contexto educacional da cidade
de Uberaba-MG e pesquisar a participação política nesse
processo de inclusão. Justifica-se pelo interesse da pesquisadora
no tema e por acreditar que no atual contexto esta pesquisa pode
ser útil àqueles professores que queiram atuar no ensino desse
idioma, já que a atitude do governo em incentivar a implantação
desse idioma em nosso país fez com que as pessoas se
interessassem mais pela língua, e consequentemente pela cultura
latina e espanhola. As questões que norteiam esta pesquisa são:
1) Como se dará o processo de inclusão da língua espanhola no
contexto educacional da cidade de Uberaba-MG? 2) Quais
mudanças culturais causadas pela implantação desse idioma no
contexto educacional da cidade de Uberaba-MG? 3) Qual a
participação política nesse processo de inclusão? Inicialmente
partiremos de um estudo bibliográfico e posteriormente
realizaremos um estudo de campo em três escolas, sendo 02
(duas) escolas públicas e 01 (uma) particular do ensino médio e
fundamental da cidade de Uberaba-MG. Para tanto, aplicaremos
um questionário semi estruturado direcionado aos gestores
diretores das escolas alvos da pesquisa, para que possamos ter
uma dimensão dos efeitos da implantação desse idioma,
posteriormente faremos uma análise apurada dos questionários,
a fim de partirmos para nossas considerações finais acerca do
tema abordado.
(www.artigos.etc.br/a-inclusao-da-lingua-espanhola-no-sistemaeducacional-da-cidade-de-uberaba-mg-uma-visao-politica-ecultural.html)
87
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No exemplo da página anterior, destacamos alguns elementos
que fazem parte de um projeto de pesquisa – tema, objetivos,
justificativa, questões que se buscam responder e métodos de
busca de dados. Com esse trabalho, o autor contribui com a área
da Linguística Aplicada, isto é, traz mais conhecimentos sobre como
se incorpora no campo do ensino de línguas a adoção de uma língua
estrangeira e os impactos que isso causa.
Percebe-se que o pesquisador, em busca de alcançar seus
objetivos, elabora um projeto de pesquisa, no qual estabelece todo
um plano de investigação que garantirá o sucesso do trabalho. O
projeto é o guia do pesquisador, garantindo-lhe um trabalho que será
reconhecido pela comunidade científica como válido para a área. O
método escolhido inclui um estudo da bibliografia sobre ensino de
espanhol, visita aos local onde se dá o fenômeno investigado
(escolas), a construção de um instrumento de coleta de dados (o
questionário), a participação de sujeitos envolvidos com o fenômeno
(gestores das escolas). Ao planejar essas etapas, o pesquisador busca
garantir o sucesso de sua investigação.
ATIVIDADE
Leia o artigo “Estudo da gramática da língua espanhola utilizando
a educação a distância (EaD)”, no endereço www.letramagna.com/
estudoespanho_ead.pdf , que apresenta mais um trabalho de
pesquisa acerca do ensino de espanhol. Em seguida, destaque:
OBJETIVO DA PESQUISA
JUSTIFICATIVA
QUESTÃO QUE SE BUSCA RESPONDER (PROBLEMA DE
PESQUISA)
MÉTODO DE PESQUISA
LEITURA COMPLEMENTAR
TRABALHOS DE PESQUISA EM
LINGUISTICA
88
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1
INFLUÊNCIA DE ITENS LEXICAIS DO
ESPANHOL NO PORTUGUÊS E SUA
MANUTENÇÃO RELACIONADA À VARIÁVEL
IDADE NA ZONA FRONTEIRIÇA RIO BRANCO/
JAGUARÃO
Glauci Alves, Micheli Porto,
Simone Floôr,
Simone Peña
Introdução:
A proposta de pesquisa, intitulada “Influência de itens
lexicais do Espanhol no Português e sua manutenção relacionada
à variável idade na zona Fronteiriça Rio Branco/Jaguarão”, parte
da perspectiva geo-sociolingüística, conjugando aspectos
geográficos, sociais e lingüísticos, num trabalho de campo e
quantitativo, traz a manutenção de itens lexicais do Espanhol
pelos falantes de idades mais avançadas em decorrência de
todo contato sócio cultural que foi mais intenso em determinado
período e que hoje sofre outras interferências de outros meios
socioculturais.
A partir disso levantamos as seguintes hipóteses a serem
estudadas:
- Os itens lexicais do espanhol aparecem e se mantém mais
ativos na comunidade de falantes do português que possuem idade
mais avançadas, tendo como base a análise de tempo aparente, o
qual proporciona indícios de mudança em tempo real de vocábulos
espanhóis dentro da LP;
·A zona de fronteira propicia o convívio de um bilingüismo
onde a variável idade não interfere neste fenômeno lingüístico;
· Existe a ocorrência de uma língua híbrida advinda da mescla
do Espanhol com o Português.
89
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
Justificativa:
O presente estudo se justifica por percebemos que as
fronteiras geográficas são espaço preenchidos de conteúdo social
e cultural, o que de forma ampla abarcaria e multiplicaria as
possibilidades dos falares dos indivíduos fronteiriços. Tais
considerações são pautadas por ponderarmos que línguas em
contato propiciam uma mescla de empréstimos lingüísticos que
carregariam marcas ideologias especificas de suas comunidades
oriundas e que essas marcas estariam mais arraigadas ao
indivíduos de idade avançadas já que estes teriam uma maior
inserção na comunidade vizinha (uruguaia) em termos culturais e
acesso a bens de consumo , estes, portanto seriam mais
propensos a manutenção de vocábulos do espanhol no seu falar
cotidiano em detrimento das novas gerações.
Tema:
A utilização de empréstimos da Língua Espanhola na Língua
Portuguesa por falantes de uma zona de fronteira Jaguarão/Rio
Branco e um maior ou menor uso destes empréstimos linguísticos
relacionado à variável idade.
Delimitação do tema:
A interferência de vocábulos do espanhol em falantes
brasileiros residentes em região de fronteira – Brasil/Uruguai,
considerando a variável idade como elemento intensificador da
manutenção de empréstimos da Língua Espanhola na Língua
materna (Português).
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
· Observar a incidência de itens lexicais do vernáculo Espanhol
no idioma Português em uma comunidade lingüística de fronteira;
· Buscar subsídios através de instrumentos de pesquisa para
verificar a ocorrência da manutenção de vocábulos do Espanhol
na linguagem cotidiana dos falantes da Língua Portuguesa;
· Verificar se a manutenção de léxicos espanhóis está relacionada
à variável idade.
90
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
REVISÃO DE LITERATURA:
A referida pesquisa busca observar a influência de itens
lexicais do Espanhol no Português à luz dos estudos da teoria
Sociolingüística, teoria que trata da relação entre língua e
sociedade e que é definida por Alkmim como:
(...) o estudo da língua falada, observada, descrita e
analisada em seu contexto social, isto é, em
situações reais de uso. Seu ponto de partida é a
comunidade lingüística, um conjunto de pessoas que
interagem verbalmente e que compartilham um
conjunto de normas com respeito aos usos
lingüísticos. (ALKMIM, 2003, p. 31)
O que nos faz considerarmos também que se há todo um
processo de interação no uso da língua com a sociedade, ao
estudar qualquer comunidade lingüística, nos depararemos com a
existência de diversidade ou de variação. Já que podemos
conceber que toda comunidade pode ser caracteriza pelo emprego
de diferentes modos de falar.
Pode-se afirmar mesmo que nenhuma língua se
apresenta como uma entidade homogênea. Isso
significa dizer que qualquer língua é representada por
um conjunto de variedades. (ALKMIM, 2003, p. 3233).”
Com isso também podemos conceber que a língua vive
em uma constante dinâmica, estando em constante transformação.
Dessa forma, ao apreendermos a língua como algo sujeito a
interferências sociais, temos na fronteira Brasil/ Uruguai, mais
especificamente Jaguarão/Rio Branco, duas comunidades
lingüísticas, com características próprias que por coabitarem em
um espaço geográfico fronteiriço, compartilham de empréstimos
lingüísticos o que permite aos seus usuários toda uma adequação
à situação de interlocução muito particular, sustentada pelo
movimento migratório das populações e suas contínuas
transgressões territoriais.
A partir de tais considerações, nossas observações a
respeito das influências lexicais do espanhol em jaguarenses
91
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
nativos buscaram como forma de análise lingüística compreender
as dimensões geográficas e sociais do contínuo portuguêsespanhol.
Elegemos um recorte sincrônico da variável social idade,
dado a amplitude de temas que poderiam ser explorados, já
que se considerarmos que em uma mesma comunidade
lingüística extensa já é possível notar uma grande variação, onde
estas variações podem dar-se na “forma de pronunciar os sons,
nas construções sintáticas e no uso característico do
vocabulário” (CAMACHO, 1989:31), numa região de fronteira,
as variáveis lingüísticas ultrapassariam até mesmo as fronteiras
políticas.
O que poderia de certa forma corroborar para a hipótese
levantada da existência de uma língua híbrida que seria uma
simbiose das duas línguas, o que de fato foi confirmado, porém
cabendo salientar o não apagamento da língua materna ,haja
visto , a não utilização de todos os itens lexicais provenientes
do espanhol, selecionados na pesquisa.Tais conclusões são
apontadas por APPEL E MUYSKEIN que nos diz que:
A identidade sociocultural é em grande parte
estabelecida e mantida pela linguagem. As
pessoas que compõem um grupo social são
responsáveis pelo crescimento e pelo fato da
linguagem tornar-se uma característica que
determina e diferencia o seu meio dos outros.
(apud . Morais, pag. 8)
Assim, esta certa “apropriação” de léxicos entre ambas as
línguas poderia ser considerada também, pela proximidade
tipológica, já que ambas possuem um tronco comum, o latim. O
que seria possível justificar nossas considerações pelas palavras
de ALMEIDA FILHO (2001)
a ordem canônica da oração nas duas línguas é
altamente coincidente, a fonte maior do léxico é
basicamente a mesma e as bases culturais onde
essas são assentadas são compartilhada por ambas
as comunidades .Ulsh (1971) estabelece que mais
de 85% do vocabulário português tem cognatos em
Espanhol.”
92
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
Assim podemos apreciar que há uma influência do
Espanhol no Português, mas como já dito anteriormente sem
apagamento total das características próprias das respectivas
comunidades de fala, aliado a essas considerações tomamos
como delimitador de nossa hipóteses as palavras de Paiva e
Duarte (2003, p. 14):
O comportamento lingüístico de cada geração reflete
um estágio da língua, com os grupos etários mais
jovens introduzindo novas alternantes que,
gradativamente, substituirão aquelas que
caracterizam o desempenho lingüístico dos falantes
de faixas etárias mais avançadas.
A partir de tal consideração podemos compreender que a
variável faixa etária torna-se de grande importância em estudos
sociolingüísticos, pois a partir de uma análise em tempo aparente
seria possível detectar indícios de mudança em tempo real, e que
tal evento colaboraria de fato com a nossa hipótese de que haveria
uma maior manutenção dos itens lexicais do Espanhol, por
pessoas mais velhas já que estas teriam além de todo o contato
fronteiriço ,um contato mais efetivo com a língua espanhola já que
, o acesso aos bens culturais e até mesmo materiais dava -se de
forma mais ampla e restrita através do contato direto com o
Uruguai.
METODOLOGIA:
Como ponto de partida para escolha dos sujeitos foi levado
em consideração variável social extralingüística Idade, a
naturalidade jaguarense e grau de escolaridade mínima
alfabetizado. Os sujeitos da pesquisa foram constituídos por
pessoas de distintas faixas etárias, sendo compostos por
indivíduos de 12 a18 anos, de 30 a 40 anos e de 60 a 80 anos. O
instrumento utilizado para coleta de dados se deu a partir da
preparação de frases acompanhadas de imagens no lugar dos
respectivos itens lexicais analisados, onde esses itens lexicais
foram selecionados dentre de um leque de vocábulos entendidos
como comuns ao repertório dos jaguarenses.
93
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
Como principio básico para a pesquisa, estes vocábulos
deveriam estar presentes dentro do idioma Espanhol e sendo
utilizados como empréstimo lingüístico do país vizinho sem
alteração de sua significação, em mesmo poderiam fazer parte
do léxico do Português, sendo que os sujeitos deveriam nomear
estes itens, o que comprovaria ou refutaria a hipótese do trabalho.
A partir disto, foram aplicados 27 questionários que
continham 9 imagens de itens lexicais para serem nomeados,
sendo que para cada faixa etária escolhida foi solicitada a
participação de 9 pessoas, a partir destes dados ,consideramos
de suma relevância a apresentação da pesquisa na integra ,visto
que existe ocorrência de itens lexicais diversos daqueles
esperados onde nestas ocorrências surgiu o item lexical “enfermo”
muito comum no idioma Espanhol.
CONCLUSÃO:
O fenômeno deu-se com a comprovação parcial da hipótese
da pesquisa onde percebemos que existe uma utilização de todos
os itens previamente selecionados pelos indivíduos de faixa etária
maior ( e aqui citamos especificamente o caso dos itens
afeitar,campeira e amolado) mas parece–nos de suma
importância -e vindo disto nosso entendimento de comprovação
parcial - considerarmos que por nosso estudo estar pautado pela
luz do estudos sociolingüístico e que “O objeto da sociolingüística
é a língua falada, observada, descrita e analisada em seu contexto
social, isto é, em situações reais de uso” (ALKMIM, 2003, p. 31)
o fato de que vários itens lexicais oriundos do Espanhol estiveram
presentes no repertório verbal de indivíduos com faixa etária de
30/40 e 12/18 ,desta forma, o uso do termo “manutenção” não
seria muito apropriado já que, restringiria essa manutenção em
um uso mais efetivo a faixa etária mais avançada ,o que de certa
forma ,não poderia ser considerado tendo em vista o quadro de
incidência,o qual demonstra que itens como sinaleira ,bolija e
mate foram selecionados ao invés dos seus sinônimos
respectivos,semáforo, chimarrão, bola de gude.
Assim, ponderamos que por mais evidente que possa
parecer que houve um contato de maior grau com o país vizinho
94
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
,com motivos especificados anteriormente (aceso a bens
,cultura,etc.) por indivíduos em épocas um pouco mais distantes
,este contato não pereceu ,tendo vista os eventos ocorridos na
pesquisa ,o que nos leva a considerar que a fronteira possui uma
latente interação e que tal interação de forma alguma feneceu,e
tal interação seria o reflexo do resultado da nossa pesquisa.
Dessa forma, nos apoiamos em Borstel (2007, p. 61), a
qual diz que:
Entende-se que o português brasileiro não é uma
língua homogênea, pois neste cenário de línguas em
e de contato, observa-se que as línguas existem
e acontecem, realizam-se de fato, em situações
culturais e lingüísticas em um determinado espaço
e de um período sócio- histórico e cultural, através
da interação dos falantes quando há a
representação simbólica da língua e cultura do eu
na vida cotidiana interagindo com o outro.
REFERÊNCIAS
ALKIMIN, T. M. Sociolinguística. Parte I . In: MUSSALIM, F.;
BENTES, A. C. (Orgs.) Introdução à lingüística: domínios e
fronteiras. 4.ed. São Paulo: Cortez. p.21-77.
BORSTEL,
Clarice
Nadir
Von.
OS
TRAÇOS
(INTER)LINGÜÍSTICOS/CULTURAIS E OS PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS. Revista Línguas & Letras, Vol. 8,
ISSN: 1517-7238, No 14 , 1º sem. 2007. p. 51-66
CAMACHO, Roberto G. A variação lingüística. Em Subsídios à
proposta curricular de língua portuguesa para o 1º e 2º graus. São
Paulo: Secretaria de Estado da Educação / SP, 1988. V.I.
MORAIS, Caroline de. Bilingüismo: o preconceito da sociedade.
Disponível em http://www.unioeste.br/prppg/mestrados/letras/
revistas/travessias/ed_002/linguagem/biliguismo.pdf. Acesso em:
31/05/09
PAIVA, Maria da Conceição de; DUARTE, Maria Eugenia
Lamoglia (Orgs.).Mudança lingüística em tempo real. RJ:
Contra Capa, 2003
ALMEIDA FILHO, José Carlos P. de (org.). Português para
estrangeiros interface com o espanhol. 2. ed. São Paulo: Pontes,
2001.
SCHLEE, A. G. . Uma terra só. São Paulo: Melhoramentos, 1984
95
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
2
A VARIAÇÃO DO /L/ PÓS-VOCÁLICO
EVA MÁRCIA DE FREITAS CUNHA,
LIDIANE MENDES MARTINS,
ROGER COVALSKI GERALDO,
VIVIANE DE FREITAS CUNHA
Introdução:
Através de uma pesquisa feita com duas pessoas inseridas
em contextos sociais parecidos, pretendemos mostrar o uso de
duas variantes de um mesmo fonema; o /l/. e em que contextos
essas variações podem ocorrer.
Justificativa:
Buscaremos, através desta pesquisa, verificar se exmoradores do campo, ao virem morar na cidade, trazem consigo
características fonológicas normalmente encontradas nos falantes
da zona rural. Para que a pesquisa não ficasse muito extensa, nos
fixamos apenas no uso do /l/, sendo assim, a pesquisa contou com
perguntas cujas respostas já estavam norteadas para conterem o
fonema /l/.
Tema:
A variação do fonema /l/ pós-vocálico.
Objetivo:
Esta pesquisa tem o objetivo de apresentar a variação oral
do fonema /l/ no final de sílabas e tentar identificar os possíveis
motivos que levam o falante a tal variação.
Teoria:
De acordo com Leda Bisol, o /l/ apresenta variabilidade
no seu uso, que pode ser ocasionada por fatores
extralingüísticos, geográficos e/ou sociais. Portanto, pode ser
pronunciado como alveolar [l], velar[t] ou vocalizado[w]. Quando
96
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
em posição pré-vocálica, esse fonema realiza-se como alveolar
[l], por exemplo, em lua, sala, etc. Estando em posição pósvocálica, realiza-se como velarizado [t] ou vocalizado [w], por
exemplo, em alto, sol, etc.
Dentro da Fonologia Tradicional, essas variantes são
ditas livres e de aplicação imprevisível, sendo
atribuídas a um indivíduo ou a um grupo social ou
regional. Essa variação livre, a luz da proposta de
Labov (1966,1969,1972), não é tão imprevisível como
parece ser. Afinal, fatores lingüísticos e
extralingüísticos podem privilegiar o uso de uma das
formas, funcionando como condicionadores. (BISOL,
1996, p. 215)
Metodologia da pesquisa:
A pesquisa consistiu, primeiramente, em uma entrevista
para situar-nos no contexto social dos entrevistados. A seguir, foram
apresentadas a eles imagens as quais em todas as respostas
constava a fonema /l/, nosso objeto de análise. Por fim, foi proposto
um questionário que induzia os informantes a responderem com
palavras em que o fonema /l/ aparecesse.
Como sujeitos de pesquisa temos:
Informante 1 (E): Sexo masculino, 24 anos, escolaridade: ensino
fundamental, natural de Jaguarão, morador da zona rural até os 15
anos, classe média.
Informante 2 (M): Sexo feminino, 23 anos, escolaridade: ensino
superior, natural de Jaguarão, moradora da zona rural até os 7
anos, classe média.
Conclusão:
Pudemos observar que o informante 1 (E) utilizava o [l] lateral
alveolar vozeado, enquanto o informante 2 (M) utilizava em suas
palavras o [w] lateral alveolar vozeado velarizado.
A partir disso, buscamos entender o porquê dessas
diferenças, já que os dois se situam quase no mesmo contexto
social, pois os dois nasceram e moraram parte de suas vidas na
campanha e, ao virem para a cidade, o primeiro trouxe sua herança
na fala e o segundo não.
97
UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
O que achamos interessante, mas que, ao mesmo tempo,
dificultou por um momento a nossa pesquisa foi quando
perguntamos aos dois se os seus pais falavam com o [l], a resposta
dos dois foi que não. Isso estaria de acordo para o segundo
entrevistado, que não carrega marcas do dialeto rural, mas não
estaria de acordo para o primeiro, já que este sim, carrega essas
características. Então, nos perguntamos sobre o porquê de a
variação ocorrer somente com o primeiro entrevistado. No decorrer
da conversa, o informante 1 (E) nos diz que foi criado a maior
parte da infância com a sua avó, e ela sim, falava com [l].
O interessante é que o informante 1 mesmo morando na
cidade e sendo casado com uma pessoa que sempre viveu na
zona urbana e que, portanto, não carrega esses traços, ainda
conserva os traços da zona rural, como o [l] e o r retroflexo alveolar,
ambos característicos da zona rural.
Chegamos à conclusão de que, talvez, a resposta para
nossa pergunta seja o contexto social em que essas duas pessoas
vivem, ou seja, o primeiro continua inserido no meio social de
antes, conservando os mesmos amigos, a tradição do campo etc.,
já o segundo se desligou completamente da campanha.
A nosso ver, a escola não seria a causadora dessa tal
variação, já que o primeiro, apesar de ter estudado até o ensino
fundamental, sempre estudou na cidade, enquanto o segundo,
mesmo tendo o ensino superior, cumpriu metade do ensino
fundamental em uma escola da zona rural.
Essas diferenças no modo de falar têm origem nas
experiências que o aluno vivencia fora da escola,
dentro de comunidades de fala, mais recentemente
denominadas de redes de fala. (BORTONIRICARDO, 1985 apud FREITAS, 1996).
REFERÊNCIAS
BISOL, Leda. Introdução a estudos de fonologia do
português brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.
FREITAS, V. A. L.. A variação estilística de alunos de 4a. série
em ambiente de contato dialetal, 1996. Dissertação (Mestrado
em Lingüística) - Universidade de Brasília, 1996.
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ATIVIDADE
· Suponha que você quisesse desenvolver uma pesquisa sobre
o modo como os professores de língua espanhola estão
trabalhando nas salas de aula do ensino fundamental em
Teresina.
· Agora proponha algumas possibilidades metodológicas:
a) Quem seriam os informantes da pesquisa?
b) Você usaria que procedimentos para coletar dados?
( ) questionário
( ) entrevista
( ) observação em sala de
aula
c) Em que lugar (es) você coletaria os dados?
· Quanto às bases teóricas para sua pesquisa, que tipo de obras
você selecionaria para se fundamentar?
· Quanto à justificativa da pesquisa, por que ela seria
importante?
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PARA CONCLUIR,
LEIA A ENTREVISTA COM UM DOS GRANDES
LINGUÍSTAS BRASILEIROS, NA QUAL ELE INFORMA
SOBRE UM IMPORTANTE EMPREENDIMENTO DE
PESQUISA QUE LIDEROU.
Ataliba Teixeira de Castilho
foi professor titular da USP
(1996-2005), da Faculdade
de Filosofia de Ciências e
Letras de Marília (19611975), atualmente unidade
da Unesp, e do Instituto de
Estudos da Linguagem (IEL)
da Unicamp (1975-1991). Na
Universidade, organizou o
Sistema de Bibliotecas e o
Sistema de Arquivos. Foi
professor visitante da Universidade do Texas. Presidiu a
Área de Letras e Lingüística da Capes (1987-1990), a
Associação Brasileira de Lingüística (1983-1985), a
Associação de Lingüística e Filologia da América Latina
(1999-2005) e foi membro do Comitê de Assessores em
Letras e Lingüística do CNPq (1991-1993. Participou de
programas de pós-doutoramento em universidades da
Itália, Portugal, EUA e França. Coordenou os seguintes
projetos de pesquisa: Projeto de Estudo da Norma Urbana
Lingüística Culta da Cidade de São Paulo [Projeto NURC,
juntamente com Isaac Nicolau Salum (1969-1980) e Dino
Preti (desde 1981)]; e o Projeto de Gramática do
Português Falado [PGPF]. Atualmente coordena o Projeto
de História do Português Brasileiro de São Paulo. É autor
de 19 livros, entre os quais Subsídios à Proposta Curricular
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de Língua Portuguesa para o 2. Grau (org.); A Linguagem
Falada Culta na Cidade de São Paulo (org., com Dino
Preti); A Linguagem Falada Culta na Cidade de São Paulo;
Português Culto Falado no Brasil (org.); Gramática do
Português Falado (org.); e Para a História do Português
Brasileiro (org.).
A Editora da Unicamp acaba de lançar o primeiro dos cinco
volumes da coleção Gramática do Português Culto Falado
no Brasil. Mais que consolidar pesquisas iniciadas ainda
na década de 70 por 32 pesquisadores de 12
universidades brasileiras, a coleção traz a chancela do
pioneirismo. Trata-se do primeiro trabalho do gênero a ser
publicado nas Américas e no mundo romântico, de acordo
com o professor e lingüista Ataliba Teixeira de Castilho,
coordenador da coleção.
Na opinião do professor, as novidades trazidas pela
coleção vão “ricochetear na escola, lá na frente”. A mesma
escola que, de resto, sempre foi um tema caro ao lingüista,
conforme pode ser conferido nesta entrevista.
Jornal da Unicamp – Como e quando foram iniciados
os trabalhos acerca do livro que acabou de ser
publicado?
Ataliba Teixeira de Castilho - – A publicação do primeiro
volume da Gramática do Português Culto Falado no Brasil
representa a culminação de um esforço muito grande que teve
início ainda na década de 70, através do Projeto da Norma
Linguística Urbana Culta (Projeto NURC). O objetivo era fazer
uma boa documentação e análise do português culto falado
em cinco capitais brasileiras: Recife, Salvador, Rio de Janeiro,
São Paulo e Porto Alegre. Originário do México, esse projeto
teve uma dimensão hispano-americana, tendo sido
introduzido no Brasil em 1969, dois anos depois de ter se
iniciado na América Espanhola. Na verdade, ele viria a
desenvolver-se melhor aqui do que em seu lugar de origem.
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Foi então constituído um grupo com pesquisadores da Bahia,
Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do
Sul. Havia um roteiro de entrevistas e nós procurávamos
pessoas de formação universitária, de três faixas etárias,
nascidas nas capitais sob estudo, e que tivessem cursado a
universidade no local de origem. Só em São Paulo foram
feitas 350 horas de gravações. Todo esse material, e ainda
amostras das outras capitais, está guardado no Cedae
(Centro de Documentação Cultural “Alexandre Eulálio”) do
Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. Está
disponível para qualquer pessoa que queira consultá-lo.
JU – As gravações duraram quanto tempo?
Castilho – As entrevistas foram gravadas de <1970 a> 1978.
De <1978 a> 1985 começamos a transcrever as fitas. Tratase de um processo muito penoso – cada hora de gravação
consome em média 7 horas de trabalho. No nosso caso, havia
a exigência de não omitir absolutamente nada do que tinha
sido falado. Queríamos saber de fato como esse pessoal
falava. Depois disso veio a publicação de amostras dessas
transcrições – de <1986 a> 1990 saíram três volumes com
as transcrições das entrevistas feitas em São Paulo,
seguindo-se as demais capitais. A publicação dessas
amostras fez com que explodisse por todo o país uma
quantidade enorme de estudos sobre a oralidade, fenômeno
que, por incrível que pareça, só virou objeto científico na
Lingüística por causa de um acidente tecnológico que foi a
invenção do gravador portátil.
Por Jornal da Unicamp
(fonte: http://www.aprendaki.com.br/
entrevista_ver.asp?id=11)
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ANEXOS
LINGUISTAS ENTREVISTADOS POR
XAVIER E CORTEZ (2003) – BIOGRAFIA
MARIA BERNARDETE MARQUES ABAURRE
Possui graduação em Letras (Português/
Inglês) pela Universidade Federal do
Espírito Santo (1969), mestrado em
Lingüística pela Universidade Estadual de
Campinas (1973) e doutorado em
Lingüística (PhD, Linguistics, State
University of New York (1979). Atualmente
é professora titular de Fonética e Fonologia da Universidade
Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Lingüística,
com ênfase em Teoria e Análise Lingüística (Teoria Fonológica),
atuando principalmente nos seguintes temas: fonologia do
português, interface fonologia/sintaxe, prosódia, aquisição da
linguagem escrita, paradigma indiciário e dados singulares.
CARLOSALBERTO FARACO
Possui graduação em LETRAS PORTUGUÊS/
INGLÊS pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (1972), mestrado em
Lingüística pela Universidade Estadual de
Campinas (1978) e doutorado em Linguistics
- University of Salford (1982). Fez pósdoutorado em Lingüística na University of California
(1995-96). É Professor Titular (aposentado) da
Universidade Federal do Paraná. Tem experiência na área
de Lingüística, com ênfase em Lingüística Aplicada, atuando
principalmente nos seguintes temas: Bakhtin, discurso,
dialogismo, ensino de português e lingüística.
103
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FRANCISCOS GOMES DE MATOS
É um professor e lingüista brasileiro, com
ênfase em lingüística aplicada, atuando
principalmente em lingüística aplicada,
ensino de inglês, princípios da lingüística
e material didático.Graduado em Letras
(1956) e em Direito (1958) pela
Universidade Federal de Pernambuco,
obteve o título de mestre em Letras pela Universidade de
Michigan em 1960 com a dissertação Ensino de linguas no
Brasil e, em 1973 o título de doutor em Lingüistica Aplicada
ao Ensino de Línguas, pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, com a tese A influência de princípios da lingüística
em manuais para professores de inglês.Fundador da Associação
Brasileira de Lingüística, integrou sua primeira diretoria,
como secretário, além de ter sido seu presidente no biênio 19811983. Atualmente é professor emérito da Universidade Federal
de Pernambuco, ministrando aulas na pós-graduação (mestrado
e doutorado) as disciplinas Lingüística, Psicolingüística e
Lingüística Aplicada, além de orientador na elaboração de
resenhas, artigos, dissertações e teses.
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RODOLFO ILARI
Tem graduação em Letras Neolatinas Português
e Francês pela Universidade de São Paulo (1967),
mestrado em Lingüística - Université de
Besançon (1971) e doutorado em Lingüística
pela Universidade Estadual de Campinas (1975).
Fez parte do grupo que fundou o Departamento
de Lingüística da Universidade Estadual de Campinas; vem
atuando como colaborador voluntário (aposentado) nessa mesma
universidade. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase
em Teoria e Análise Lingüística, tendo trabalhado principalmente
nos seguintes temas: lingüística românica, semântica,
pragmática, aspecto verbal, ensino de língua materna. Publicou
livros destinados ao ensino de graduação de lingüistica
(particularmente lingüística românica, semântica e
características do português brasileiro). Traduziu várias obras,
entre as quais o Breviário de Estática de Benedetto Croce e o
Dicionário de Lingüística de Trask. A partir de 2007 é titular de
Português no Instituto de Espanhol, Português e Estudos Latinoamericanos da Universidade de Estocolmo.
INGEDORE V. KOCH
Possui graduação em Letras Português Literatura
pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Castro
Alves (1974), graduação em Ciências Jurídicas e
Sociais pela Universidade de São Paulo (1956),
mestrado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (1977) e doutorado em Língua Portuguesa
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1981).
Atualmente é professor titular da Universidade Estadual de
Campinas. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase
em Teoria e Análise Lingüística, atuando principalmente nos
seguintes temas: lingüística textual, referenciação, argumentação,
língua portuguesa e construção do sentido.
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UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
MARYKATO
Possui graduação em Letras pela Universidade
de São Paulo (1957), mestrado em Estudos
Linguísticos e Literários em Inglês pela
Universidade de São Paulo (1969) e doutorado
em Lingüística pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (1972), pós-doutorado
em Harvard, UCLA , USC e U. de Maryland.
Atualmente é professor titular colaborador voluntário da
Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área
de Lingüística, com ênfase em Sintaxe comparada, Linguìstica
Histórica e Aquisição da Linguagem. Atua principalmente nos
seguintes temas: sintaxe e discurso (tópico e foco), sintaxe e
morfologia (pronomes fortes,fracos e nulos), construções-Q
perguntas parciais, relativas e clivadas). Coordena atualmente
o Projeto Romania Nova, com Francisco Ordoñez ( SUNY).
Participa do projeto Temático da FAPESP “Sintaxe Gerativa
do Português Brasileiro na Entrada do Século XXI:
Minimalismo e Interfaces”, coordenado por Jairo Nunes.
Orientou 26 teses de doutorado e 41 dissertações de mestrado.
LUIS ANTONIO MARCUSCHI
Possui graduação em Philosophisches
Seminar Departamento de Filosofia pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (1968) , doutorado em Letras
pela Universitat Erlangen-Nurnberg
(Friedrich-Alexander) (1976) e pós-doutorado pela Universitat
Freiburg (Albert- Ludwigs) (1988) . Atualmente é professor
titular da Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência
na área de Lingüística , com ênfase em Teoria e Análise
Lingüística. Atuando principalmente nos seguintes temas:
Filosofia da Linguagem, Metodologia, Epistemologia, Lógica.
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UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
MARIA CECILIA MOLLICA
Possui graduação em Licenciatura Em
Letras pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (1972),
mestrado em Letras pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de
Janeiro (1977) e doutorado em
Lingüística pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro (1989). Atualmente é professor titular
da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem
experiência na área de Lingüística, com ênfase em Teoria
e Análise Lingüística, atuando principalmente nos
seguintes temas: linguística, variação e mudança,
educação, alfabetização e educação de jovens e adultos.
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UESPI - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - ENSINO A DISTÂNCIA
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Europa-América.
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Estudos do discurso. In: FIORIN, José
Luiz (org.). Introdução à Lingüística II. Princípios de Análise. São Paulo:
Contexto, 2005.
CARNEIRO, Marísia. Pistas e Travessias. Rio de Janeiro: EUERJ, 1999.
CASTRO, Joselaine Sebem de. A pesquisa em Psicolingüística.
Disponível em < www.pucrs.br/.../pesquisa/pesquisa/artigo13> Acesso
em: 01/11/2009.
FARACO, Carlos Alberto. Lingüística Histórica: uma introdução ao
estudo da história das línguas. ed. ver. e ampl. São Paulo: Parábola,
2005.
FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Lingüística I. Objetos teóricos.
São Paulo: Contexto, 2006.
LANGACKER, Ronald W. A linguagem e sua estrutura. Rio de Janeiro:
Vozes, 1975.
LYONS, John. Linguagem e Lingüística uma introdução. Trad. de Maria
Winkler Averbug. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
MALMBERG, Bertil. A língua e o homem. Introdução aos problemas
gerais da Lingüística. Rio de Janeiro: Nórdica, 1976.
MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Lingüística. São Paulo:
Contexto, 2009.
MARTIN, Robert. Para entender a Lingüística. Trad. de Marcos Bagno.
São Paulo: Parábola, 2003.
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MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística
1 domínios e fronteiras. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.
PERINI, Mário. Sofrendo a Gramática. São Paulo: Ática, 1997.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo: Cultrix,
1996.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação: uma proposta para o
ensino de gramática no 1 e 2 graus. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1997.
WEEDWOOD, Bárbara. História Concisa da Lingüística. Trad. de Marcos
Bagno. São Paulo: Parábola, 2002.
XAVIER, Antonio Carlos; CORTEZ, Suzana. Conversas com lingüistas:
virtudes e controvérsias da linguística.
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AVALIAÇÃO DO FASCÍCULO
Prezado(a) cursista:
Visando melhorar a qualidade do material didático, gostaríamos que respondesse aos
questionamentos abaixo, com presteza e discernimento. Após, entregue a seu tutor. Não sendo
necessário assinar
Unidade:___________________________________ Município:_______________________________
Disciplina:_______________________________________ Data:______________________________
1 – No que se refere a este material, à qualidade gráfica está visualmente clara e atraente
( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) RAZOÁVEL ( ) RUIM
2 – Quanto ao conteúdo, está coerente, contextualizado à sua prática de estudos
( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) RAZOÁVEL ( ) RUIM
3 – Quanto às atividades do material, estão relacionadas aos conteúdos estudados, e
compreensíveis para possíveis respostas.
( ) ÓTIMO ( ) BOM ( ) RAZOÁVEL ( ) RUIM
4 – Coloque abaixo suas sugestões para melhorar a qualidade deste e de outros
materiais
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