COLÉGIO ESTADUAL Aluno (a): __________________________________________________________________________________ Série: 2º Série Turma: “____” Data: ____/_____/__________. Disciplina: Filosofia. Professor (a): Valor: Nota: 1º ATIVIDADE DE FILOSOFIA (2º BIMESTRE) Idade Moderna: A revalorização do ser humano e da natureza Iniciemos nossa investigação sobre o pensamento moderno considerando, brevemente, o contexto histórico em que ele surgiu. Sabemos que o período que se convencionou chamar de Idade Moderna vai de meados do século 15 ao século 18. Ocorria, então, uma série de transformações nas sociedades europeias, boa parte delas ligadas a processos iniciados durante a Baixa Idade Média. Com a criação novos métodos de investigação científica, desenvolvia-se a ciência natural, impulsionada pela confiança nas possibilidades da razão, que questionava os princípios da ciência escolástica e os dogmas do cristianismo. Nesse cenário a Igreja Católica perdia cada vez mais seu poder de influência sobre os Estados e de dominação sobre seu pensamento. Por sua vez, a invenção da imprensa – máquina impressora que usava tipos móveis para composição de textos – dava suporte a esses processos, pois possibilitava o acesso de um número maior de leitores aos clássicos gregos, romanos, favorecendo assim o desenvolvimento do humanismo. De modo semelhante, as obras científicas, filosóficas e artísticas surgidas então também atingiam um número cada vez maior de pessoas, o que incidiu sobre o grau de consciência e de liberdade de expressão. Todos esses acontecimentos contribuíram para modificar, em várias regiões, o modo de ser, viver e perceber a realidade de grande número de europeus, o que se expressava em suas artes, ciências e filosofias. Desse modo, a visão teocêntrica (que tem Deus como centro) que havia predominado até então passou a ser substituída por uma tendência antropocêntrica (que tem o ser humano como centro), de valorização da obra e da compreensão humanas. É nesse contexto que ocorre o desenvolvimento do racionalismo e de uma filosofia laica (não religiosa), que se mostrariam, de modo geral, mais otimistas em relação à capacidade da razão de intervir no mundo, organizar a sociedade e aperfeiçoar a vida humana. O mundo como representação Até a Idade Média, havia prevalecido a noção de que a realidade do mundo se apresenta diretamente às pessoas, isto é, mostra-se por si mesma à mente (realismo). Os pensadores da modernidade, por sua vez, tenderam a abordar o mundo com base na idade de que a realidade não apresentada à mente, mas sim representada por ela. Desse modo, boa parte deles procurou ultrapassar a percepção imediata do sensível, e o conhecimento do mundo passou a ser interpretado como representação. Representação é uma operação da mente que re (a) presenta o real e produz uma imagem do mundo, ou um outro mundo. Assim, uma das principais características do pensamento moderno foi tentar explicar a realidade a partir de novas formulações racionais. Galileu, por exemplo, explicaria o mundo concreto, sensível, por meio de relações matemáticas, geométricas, o que pouco se havia feito até então, embora hoje seja um procedimento bastante comum. A procura de um método A ruptura com toda a autoridade preestabelecida de conhecimento fez com que os pensadores modernos buscassem uma base segura, algo que garantisse a verdade de um raciocínio. Assim, um dos principais problemas da filosofia nesse período relacionou-se com processo de entendimento humano e, mais especificamente, com a seguinte questão: Que garantia posso ter de que um pensamento é verdadeiro? Procurava-se, portanto, um método. Sobre este, escreveu Descartes em suas “Regras para a direção do espírito”: Por método eu entendo regras certas e fáceis que, observadas corretamente, levarão quem as seguirem a atingir o conhecimento verdadeiro de tudo o que for possível. O método consiste na ordem e na disposição das coisas para as quais devemos voltar o olhar do espírito para descobrir a verdade. Como a razão estava em alta, o método escolhido foi o matemático, pois a matemática já era uma ciência bastante desenvolvida na época, conquistando grandes resultados com seu método lógico-dedutivo. Como ciência exata, ela mostrava-se capaz de garantir um alto grau de segurança e certeza em relação a suas conclusões. Era, portanto, o paradigma ideal tanto para a filosofia como para as ciências, tornando-se modelo seguido pelo racionalismo do século 17. Francis Bacon Nascido em Londres, Francis Bacon (1561-1626), pertencia a uma família de nobres. Bacon realizou uma obra científica inegável valor e é considerado um dos fundadores do método indutivo de investigação científica. Atribui-se a ele também a criação do lema “saber é poder”, que revela sua firme disposição de fazer dos conhecimentos científicos um instrumento prático de controle da natureza com vistas à expansão da prosperidade humana. Teoria dos ídolos Bacon concebia a ciência como técnica. Por isso, preocupava-se com a utilização dos conhecimentos científicos na vida prática, manifestando grande entusiasmo pelos avanços técnicos que se difundiam em sua época, como a bússola, a pólvora e a imprensa. Revelava igualmente sua aversão ao pensamento meramente contemplativo e abstrato característico da escolástica medieval. Para o filósofo, a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental, visando proporcionar resultados objetivos para o ser humano. Mas ele alertava que, para isso, era necessário que os cientistas se libertassem daquilo que denominava ídolos. O termo ídolo vem do grego eidolon (imagem, simulacro, fantasma) e costuma ser usado para se referir aos objetos que representam seres divinos em algumas crenças religiosas, sendo por isso alvo de culto e adoração. Daí derivou a acepção comum hoje de pessoa cultuada, seguida e admirada, geralmente um artista. Mas Bacon usava a palavra ídolo com o sentido específico de erro enraizado, falsa noção, preconceito e mau hábito mental. Em sua obra Novum organum (expressão latina que significa “novo instrumento”), o filósofo destaca quatro gêneros de ídolos que entorpecem a mente humana e prejudicam a ciência: Ídolos da tribo – as falsas noções provenientes das próprias limitações da natureza da espécie humana; Ídolos da ca1verna – as falsas noções do ser humano (alusão ao mito da caverna de Platão); Ídolos do mercado ou foro – as falsas noções provenientes da linguagem e da comunicação; Ídolos do teatro – as falsas noções provenientes das concepções filosóficas, científicas e culturais vigentes. Questões 1. Segundo o texto, de que forma pode se afirmar que houve uma valorização do ser humano, em detrimento do pensamento religioso durante o período em que se convenciona chamar Idade Moderna? 2. Conforme o texto, por que o método matemático foi o escolhido pelos filósofos da Idade Moderna? 3. Procure relacionar os quatro ídolos por Francis Bacon com situações concretas da atualidade ou de sua vida cotidiana. 4. Francis Bacon entendia que “saber é poder”. Reflita sobre essa afirmação. Você acha que o conhecimento é fonte de poder? Pense nos vários tipos de conhecimento (político, tecnológico, etc.) e nos vários meios de poder. Disserte sobre o tema.