Primeira geração do feminismo: Final do século XIX e início do século XX (Europa e EUA) reivindicação (liberal): pela participação na esfera pública (luta das mulheres pela igualdade de direitos civis, políticos e educativos) Movimento Sufragista; denúncias e movimentos (de orientação socialista utópica, socialista marxista e anarquista) contra a repressão às mulheres no espaço doméstico e no trabalho; * decorrência da Revolução Industrial - mulheres pobres ingressaram nas fábricas (interesse do sistema capitalista → mão de obra mais dócil e mais barata do que a masculina); * cumpriam longas jornadas de trabalho, recebiam salários inferiores; * reprodutoras da classe trabalhadora → para aumentarem o exército industrial de reserva; 2 Mulheres e Homens: seres determinados pela natureza Corpo biológico → determinação dos papéis (discurso naturalista) Relação entre homem e mulher predeterminada por diferenças psicológicas: homem = racionalidade; mulher = afetividade Mulheres: reclusas ao espaço doméstico, à vida privada, familiar, exercendo um trabalho não remunerado, como gestoras da família (ideal feminino republicano) Papel da sexualidade feminina: procriação (influência Catolicismo) Sexo exercido como prazer → pecado; do 3 Segunda geração do feminismo: Décadas de 1960 e 1970, em especial nos Estados Unidos e na França Feministas americanas: denúncia da opressão masculina e a busca da igualdade – “Feminismo da Igualdade” Feministas francesas: valorização das diferenças entre homens e mulheres, dando visibilidade, principalmente, à especificidade da experiência feminina – “Feminismo da Diferença” Terceira geração do feminismo Início dos anos de 1980: tensões e controvérsias sobre a exequibilidade da categoria “mulher” Questionava-se: a utilização de categorias universais que desconsideravam as diferenças históricas e culturais; a identificação de um sujeito histórico de transformação (luta), a essência de uma identidade coletiva diferentes experiências femininas remetiam a identidades diferenciadas; a possibilidade de construção de utopias libertárias apoiadas na ideia de uma “solidariedade inerente ao gênero feminino” objetivo compartilhado: a busca pela igualdade de direitos. (Joan Scott, 1986) Tributário destes debates o conceito de gênero surge como uma nova abordagem da temática feminina; Surge entre as feministas norte-americanas; Posteriormente, incorporado ao campo de pesquisa da “História das Mulheres”; Se desenvolve em meio a um intenso diálogo interdisciplinar nas Ciências Humanas. Permitiu a superação do determinismo biológico como princípio diferenciador entre os “sexos”: categorias “masculino” e “feminino” percebidos como campos simbólicos construídos frente a contextos histórico-culturais específicos. Conteúdo relacional do conceito: homens e mulheres não podem ser mutuamente excluídos da análise categorias definidas apenas em situação contrastiva Superação da oposição binária entre “masculino” e “feminino” enquanto estrutura organizadora da vida social Ampliação da análise a partir de diferentes categorias de gênero: raça, classe social, etnia, orientação sexual. (Joan Scott, 1986) Crítica da construção da identidade sexual/gênero regrada por um “sistema binário”, articulado a partir de três níveis: Sexo (biológico) Gênero (identidade) Orientação sexual (relações afetivo-sexuais) (Lorenzo Bernini, 2011) Os sujeitos são levados ao enquadramento : nos polos sexuais biológicos (macho ou fêmea – tendo por base a constituição genital); nos polos de gênero (papéis sociais de homens ou mulheres); na orientação sexual (voltando o prazer para o desejo hetero ou homossexual) (Judith Butler, 2003) Heteronormatividade é a matriz base para o estabelecimento do poder e da naturalização dos corpos, gêneros e desejos. Representa a primeira inserção do poder na socialização do sujeito e pode ser apresentada como uma grade de símbolos culturais e sociais que se estabelecem de forma cognitiva. Mesmo que os sexos pareçam não problematicamente binários em sua morfologia e constituição (e os intersexuais??), não há razão para supor que os gêneros também devam permanecer em número de dois. A hipótese de um sistema binário dos gêneros encerra implicitamente a crença numa relação mimética entre gênero e sexo, na qual o gênero reflete o sexo ou é por ele restrito. (Judith BUTLER, 2003) Conceito de transsexual Pessoa que passa por tratamento médico para se assemelhar ao que a sociedade interpreta como o gênero com que ela se identifica Conceito de Transgeneridade: pessoa que se identifica com o gênero oposto ao sexo de nascimento, não passando necessariamente por tratamento médico Gêneros não-binários: "Gender Queer” (gênero estranho) Termo usado a partir dos anos de 1990 Além de transgredirem à imposição social dada no nascimento, ultrapassam os limites dos polos e se fixam ou fluem em diversos pontos da linha que os liga, ou mesmo se distanciam da mesma. Bigênero: pessoas que são totalmente de dois gêneros, sem que haja, entretanto, uma mescla bem delimitada entre os dois; qualquer combinação de gêneros é possível, não apenas a combinação feminino com masculino; Agênero: identidade onde os indivíduos vivenciam ausência de gênero; tem sinônimos como nãogênero ou gendergless; Demigênero: termo para vários gêneros onde pessoas interpretam suas identidades como sendo parcialmente femininas ou masculinas e parcialmente alguma identidade não-binária; ou ainda, parcialmente agênero; Pangênero: identidade que se refere a uma grande gama de gêneros que pode ultrapassar a finitude do que entendemos atualmente sobre gênero; Gênero fluido: identidade de pessoas que possuirão o espectro de gêneros em constante mudança, não sendo restrito a dois gêneros apenas. (ESPECTOMETRIA não-binária, 2015) https://www.facebook.com/search/top/?q=espectometria%20nao%20bina ria As expressões dessas identidades são extremamente variadas, divergindo de indivíduo a indivíduo, bem como de contexto a contexto (autodenominação). Historicamente os gêneros não-binários se aproximaram da população LGBTT pela luta por equidade de direitos civis e sociais por se enquadrarem socialmente enquanto transgêneros. BERNINI, Lorenzo. Macho e fêmea Deus os criou!? A sabotagem transmodernista do sistema binário sexual. Bagoas - Estudos gays: gêneros e sexualidades. Natal. v. 5, n. 06, 2012. Butler, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. Costa & C. Bruschini (Orgs.). Uma questão de gênero (Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1992. Louro, G. L. (1995). Gênero, história e educação: construção e reconstrução. Educação e Realidade, 20(2), 101-132. _____. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pósestruturalista. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. Saffioti, H. A mulher na sociedade de classes: mitos e realidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1979. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto Alegre, vol. 20, nº 2, jul./dez. 1995, pp. 71-99.