PERFIL DE IDOSOS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ NO ANO DE 2009 Daniela De Ré¹; Daniela Martins Cunha¹; David Lam¹; Ilírian Buosi Sena²; Eduardo Alexandre Loth³; Juliana Cristina Frare4 Introdução: O envelhecimento pode ser definido como um processo irreversível, caracterizado por alterações funcionais e estruturais de diversos órgãos e sistemas, que variam de um indivíduo para outro¹. Estima-se que, em 2025, os idosos no Brasil representem 13,8% da população, chegando a 34 milhões de indivíduos². O aumento da população idosa brasileira teve seu início no século XX, devido às transformações no âmbito da saúde pública, com a implementação da vacinação, medidas de higiene pública e campanhas sanitárias, que melhoraram a qualidade de vida da população, reduzindo as taxas de mortalidade infantil e fecundidade e aumentando a expectativa de vida. Conseqüentemente, as doenças transmissíveis, que até então eram as mais comuns, deram lugar a patologias crônicas decorrentes do envelhecimento, sendo essas responsáveis por um grande número de óbitos em todo o país ²,3.Atualmente, a freqüência das doenças crônicas e a longevidade dos brasileiros são as duas principais causas do crescimento das taxas de idosos portadores de incapacidades4. Em geral, esse novo tipo de doença perdura por vários anos, podendo levar a incapacidades, institucionalização e perda de autonomia, além de exigir acompanhamento médico constante e gerar altos custos para o sistema de saúde pública 5. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo traçar o perfil epidemiológico de um grupo de idosos atendidos no Ambulatório de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus Cascavel. Materiais e métodos: Esta pesquisa caracteriza-se como estudo transversal, retrospectivo, de caráter quantitativo. Foi realizada por meio da análise de prontuários, através da coleta de dados da ficha de avaliação dos pacientes. A amostra foi composta por prontuários de pacientes idosos atendidos pelos acadêmicos do Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus Cascavel, durante Estágio Supervisionado de Fisioterapia Geral, no ano de 2009. Estes idosos eram atendidos em grupo, no Ambulatório de Geriatria da Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE. Os critérios de inclusão para a seleção dos prontuários foram: idade igual ou superior a 60 anos e atendimento realizado em grupo durante o período letivo de 2009. Dos prontuários pesquisados, 37 enquadraram-se nos critérios de inclusão e foram utilizados para o estudo. Os itens da ficha de avaliação analisados foram: dados de identificação (idade, profissão, sexo e estado civil), dados clínicos (diagnóstico clínico, história da doença atual e pregressa, patologias associadas e medicamentos em uso) e hábitos (tabagismo, etilismo, atividade física). Os dados foram organizados e tabulados no programa Microsoft Office Excel 2007, através de estatística descritiva simples, apresentados sob forma de medida de tendência central, medida de dispersão e distribuição de freqüência, sendo posteriormente demonstrados em forma de tabelas. Resultados: Os 37 prontuários que compuseram a amostra mostraram que os idosos atendidos no Ambulatório de Geriatria apresentavam média de idade de 67,51 anos (± 5,85), com idades variando entre 60 e 80 anos. Destes, 35 (94,59%) eram mulheres e ______________________ ¹ Acadêmico do 5º ano de Fisioterapia. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. ² Acadêmico do 5º ano de Fisioterapia. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. [email protected]. Fone: (44)9980-8887. ³ Docente. Especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica, Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. 4 Docente. Especialista em Fisioterapia Dermato-Funcional, Mestre em Bioengenharia. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. 2 (5,41%) eram homens. Em relação às profissões citadas, 16 (43,24%) idosos realizavam atividades do lar, 13 (35,14%) eram aposentados e 8 (21,62%) exerciam algum tipo de atividade remunerada. Quanto ao estado civil, 21 (56,76%) idosos eram casados, 11 (29,73%) viúvos, 3 (8,11%) separados e 2 (5,41%) solteiros. Nos prontuários analisados, 18 patologias diferentes apareceram citadas como diagnóstico clínico dos pacientes, sendo 13 (35,14%) artrose, 7 (18,92%) hipertensão arterial sistêmica, 5 (13,51%) osteoporose, 4 (10,81%) hérnia discal, 3 (8,11%) labirintite, dislipidemia e transtornos musculares respectivamente, 2 (5,41%) lombalgias, doenças gastrointestinais, bursite, doença vascular e fibromialgia respectivamente, 1 (2,70%) doenças cardíacas, osteófitos, hérnias abdominais, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus e pneumopatias. Em quatro prontuários não foram encontrados dados referentes ao diagnóstico clínico na ficha de avaliação. Observou-se que 13 (35,14%) idosos apresentavam mais de uma patologia como diagnóstico clínico, sendo 1,63% a média de patologias por indivíduo, e 4 o máximo de patologias associadas. Diversas patologias foram verificadas nos itens relacionados à história da doença pregressa e patologias associadas. Entre elas as mais incidentes foram: 28 (75,68%) hipertensão arterial sistêmica, 25 (67,57%) patologias ortopédicas, 16 (43,24%) artrose, 14 (37,84%) incontinência urinária e 13 (35,14%) distúrbio gastrointestinal. Trinta (81,08%) idosos relataram dor como queixa principal, ou seja, a maior parte da amostra apresentava sintomatologia dolorosa. Destes idosos, 18 (60%) tinham dores localizadas (membros superiores, membros inferiores ou coluna) e 12 (40%) apresentavam esse sintoma em mais de um desses locais. Em relação ao uso de medicamentos, dos 37 prontuários analisados, 6 (16,22%) não continham dados quanto ao uso ou não de medicação, os demais relatavam o uso contínuo de pelo menos um tipo de medicamento, sendo os anti-hipertensivos os mais citados, aparecendo em 21 (56,76%) dos prontuários. Também foram citados os medicamentos para patologias circulatórias, da tireóide, oesteoporose e os analgésicos. Os dados revelaram que cada idoso utilizava em média 2,55 medicamentos e, ainda, que 20 (64,52%) utilizavam continuamente mais de um tipo. Dos pacientes selecionados para o estudo, 6 (16,22%) eram tabagistas e não foi verificado nenhum etilista na amostra. Em relação à prática de atividade física, 24 (64,86%) eram ativos, 9 (24,32%) eram pouco ativos, 3 (8,11%) não praticavam nenhum tipo de atividade e 1 (2,70%) prontuário não continha informações a respeito da atividade física. As atividades relatadas pelos idosos foram: caminhada, fisioterapia em grupo, hidroterapia, alongamento, ginástica e bicicleta. Estas atividades eram realizadas em média 3,07 vezes por semana. Conclusão: Observou-se na amostra estudada uma média de idade de 67,51 anos, prevalência do sexo feminino e diagnóstico clínico de artrose, associada principalmente à hipertensão, além de problemas ortopédicos. A maioria da amostra apresentava queixa de dor em membros superiores, coluna, e/ou membros inferiores, estes últimos com prevalência sobre os demais. Grande parte dos idosos fazia uso de mais de um tipo de medicamento, sobretudo anti-hipertensivos, o que contribuía para o aparecimento de problemas gastrointestinais decorrentes de interação medicamentosa. Quanto aos hábitos de vida, a amostra revelou-se saudável, devido à prática de atividade física (caminhada, fisioterapia, hidroterapia, alongamento, ginástica e bicicleta), não etilismo e não tabagismo. Estudos de caracterização epidemiológica com idosos são de grande importância para essa população que vem crescendo continuamente, pois auxiliam os profissionais no desenvolvimento de metas de tratamento bem estabelecidas, com elaboração de terapêuticas adequadas para as necessidades individuais, o que, conseqüentemente, possibilita a estes idosos um envelhecimento com menos incapacidades e melhor qualidade de vida. Palavras-chave: idoso, perfil de saúde, fisioterapia Referências 1. Rodrigues ACC, Romeiro CAP, Patrizzi LI. Avaliação da cifose torácica em mulheres idosas portadoras de osteoporose por meio da biofotogrametria computadorizada. Rev. Bras. Fisioter. 2009; 13 (3). 2.Berbel AM, Carvalho DA, Souza VF. Osteoporose nas UBSs: conhecimento e prevenção na visão dos coordenadores da Subprefeitura de Pirituba/SP. ConScientiae Saúde 2009; 8 (1):111-22. 3. Reis LA, Mascarenhas CHM, Costa AN, Sampaio LS. Saúde dos idosos da clínica-escola de fisioterapia da universidade estadual do sudoeste da Bahia. Revista Ciência, Cuidado e Saúde 2008; 7 (2):187-92. 4. Karsch UM. Idosos dependentes: famílias e cuidadores. Cad. Saúde Pública 2003; 19 (3). 5. Veras R. Em busca de uma assistência adequada à saúde do idoso: revisão da literatura e aplicação de um instrumento de detecção precoce e de previsibilidade de agravos. Cad. Saúde Pública 2003; 19 (3):705-15.