A "ovelha negra" dos animais domésticos não é a ovelha! Autor(es

Propaganda
A "ovelha negra" dos animais domésticos não é a ovelha!
Autor(es):
Correia, Cristina Sousa
Publicado por:
Publindústria
URL
persistente:
URI:http://hdl.handle.net/10316.2/25720
Accessed :
28-May-2017 07:51:26
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis,
UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e
Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos.
Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de
acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s)
documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença.
Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s)
título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do
respetivo autor ou editor da obra.
Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito
de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste
documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por
este aviso.
impactum.uc.pt
digitalis.uc.pt
A C T U A L I D A D E / C I Ê N C I A E I N V E S T IG A Ç Ã O
se encontra armazenada a molécula nicotianamina. Assim, sob
níveis elevados de zinco no citoplasma, a proteína transportadora
normalmente localizada na membrana celular (ZIF1) transporta a
nicotianamina do citoplasma para o vacúolo (um compartimento
que entre outras funções, armazena substâncias na célula). Ao ser
transferida para o vacúolo a nicotianamina arrasta com ela o excesso
de zinco, removendo-o então do citoplasma e do resto do sistema
transportador da planta. O zinco deixa de estar em competição com o
ferro, tornando este último mais disponível na célula.
O segundo artigo trata do papel da nicotianamina no transporte
de zinco entre as raízes e as folhas. Sabe-se que as plantas contêm
quantidades variadas de nutrientes dependendo das condições
ambientais a que se adaptaram e que determinaram a sua evolução
genética. A planta Arabidopsis halleri, nativa na Alemanha, armazena
100 vezes mais zinco nas suas folhas do que muitas outras plantas.
O mecanismo por detrás desta capacidade envolve a produção de
grandes quantidades de nicotianamina por parte desta espécie de
Arabidopsis. Quando os cientistas bloquearam a produção desta
proteína por meios de manipulação genética, as plantas passaram
a transportar muito menos zinco das suas raízes para as folhas. Os
dados deste estudo poderão ajudar a produzir variedades de culturas
mais ricas em nicotianamina e, por consequência, em zinco, cuja
deficiência na dieta é um dos factores de maior risco para a saúde
pública em países em vias de desenvolvimento.
O terceiro artigo aborda o mecanismo de absorção de cobre pelas
células das plantas. Os investigadores utilizaram sequenciação de
última geração, uma técnica que descodifica simultaneamente todas
as moléculas de RNA presentes na célula. Este método permite
obter uma visão global instantânea de todas as proteínas produzidas
num dado momento bem como das suas quantidades relativas.
A partir destes dados a equipa identificou novas moléculas com
papel importante na absorção do cobre. Foi demonstrado que os
iões de cobre são inicialmente convertidos da sua forma cúprica de
carga positiva (2+) para a sua forma cuprosa de carga positiva (1+)
por enzimas redutases do cobre, sendo esta última forma iónica a
requerida para absorção pela planta.
Os investigadores descobriram também, de forma não relacionada,
que deficiências em cobre provocam o surgimento de deficiências
em ferro, interacção diferente da interacção ferro-zinco previamente
descrita, mas que se assemelha ao que acontece com o metabolismo
dos metais em humanos.
Fonte: M.J. Haydon, M. Kawachi, M. Wirtz, S. Hillmer, R. Hell, U.
Krämer (2012): Nicotianamina vacuolar tem um papel importante
e específico na resposta à deficiência em ferro e captação de zinco
em Arabidopsis. The Plant Cell, DOI: 10.1105/tpc.111.095042
108
A "OVELHA NEGRA" DOS ANIMAIS
DOMÉSTICOS NÃO É A OVELHA!
Um estudo Australiano, que abrange os últimos 11 mil anos da história genética da ovelha, apresenta este animal como uma verdadeira estrela da domesticação. A ovelha pode gabar-se de uma alargada
diversidade genética, tendo ainda um longo caminho a percorrer
em termos de melhoramento genético.
Este estudo, publicado recentemente na revista Plos Biology, faz o
mapeamento das actividades humanas que moldaram a ovelha às
mais variadas condições ambientais e que levaram ao aumento da
sua capacidade genética para a produção de carne, lã e leite. A descoberta de muitos pormenores associados à domesticação da ovelha
contribui grandemente para o aprofundar dos conhecimentos actuais da própria história humana e seus fluxos migratórios.
Este estudo identificou partes específicas do genoma da ovelha que
parecem ter evoluído muito rapidamente como resposta a pressões
selectivas dos genes que controlam características tais como a cor
do pêlo, tamanho do corpo, certos caractéres reprodutivos e, especialmente, a "ausência de chifres" – uma das pressões selectivas mais
antigas nesta espécie...
Os investigadores calcularam o parentesco de cerca de 3000 ovelhas
(74 raças) oriúndas de várias localizações no mundo. O parentesco
entre estas ovelhas foi calculado através da comparação de cerca de
50 mil partes do genoma desta espécie. Desta forma conseguiram
identificar conjuntos de genes que se agruparam em consequência
da domesticação e que explicam a subsequente divisão da espécie
em centenas de raças.
Este mapeamento genético detalhado sugere também que as várias
raças de ovelha se geraram "fluidamente", o que torna a sua história
genética diferente da de outros animais domésticos. Cruzamentos
frequentes no passado entre as várias raças ancestrais permitiram
que raças modernas de ovelha mantivessem elevados níveis de
diversidade genética, o que contrasta com algumas raças de cães e
vacas que mostram níveis elevados de consanguinidade.
Níveis elevados de diversidade genética em raças modernas de ovelha permitem aos melhoradores genéticos continuar o seu trabalho,
na expectativa da obtenção de melhorias significativas nas características produtivas nesta espécie. Isto já não acontece em raças de
animais domésticos de elevada consanguinidade, por estas apresentarem baixo vigor, ou seja baixa adaptabilidade ao meio ambiente e
alta susceptibilidade a doenças.
A tecnologia utilizada neste estudo permite ainda a identificação de
genes "desconhecidos" controladores de características produtivas
importantes e de variantes genéticas causadoras de doenças. Este
tipo de informação poderá ajudar o melhorador a seleccionar ou
remover certas características de raça de uma forma ainda mais
orientada, tendo como objectivo a retenção da maior parte da restante diversidade genética na espécie.
Fonte: Kijas JW, Lenstra JA, Hayes B, Boitard S, Porto Neto LR,
San Cristobal M, Servin B, McCulloch R, Whan V, Gietzen K, Paiva S, Barendse W, Ciani E, Raadsma H, McEwan J, Dalrymple B.
2012. Análise genética de várias raças de ovelha revela elevados níveis de mistura genética no passado distante e elevada selecção genética mais recente. PLoS Biology. 10(2): e1001258. DOI: 10.1371/
journal.pbio.1001258
Download