XXXV Semana da Química – Rio de Janeiro: Produzindo Ciência há 450 anos VIII Jornada da Pós-Graduação em Alimentos Leite de Ovelha: potencial como alimento funcional, em particular alimentos probióticos e prebióticos BALTHAZAR, C.F. 1; SILVA, M.C.S. (orientador)1; CRUZ, A.G (orientador)1 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ Palavras-chave: leite de ovelha, probióticos, prebióticos Leite de Ovelha; Características Físico-Químicas O valor nutricional do leite de ovelha é elevado quando comparado aos leites de outras espécies animais, como vacas e cabras, devido ao elevado conteúdo de proteínas, lipídios, minerais e vitaminas essenciais a saúde humana. O leite de ovelha apresenta altas concentrações de ácidos graxos polinsaturados que são benéficos a saúde, como os isômeros do ácido conjugado linoleico (CLA) que possuem ação antitrombótica, anti-obesidade e anti-cancirnogênica [1] Finalmente, com relação ao teor de proteínas, nota-se a presença de altos níveis de caseína e proteínas do soro que são de extrema importância no processamento de queijos e iogurtes, proporcionando uma viscosidade única, sendo dessa forma dispensada a adição de fontes extras de sólidos totais como o leite em pó e/ou espessantes, na produção de leites fermentados ou mesmo a concentração prévia do leite por tecnologia de membranas [2]. Leite de Ovelha como matriz alimentícia para o desenvolvimento de alimentos prebióticos e probióticos Tem sido sugerido que leite de pequenos ruminantes podem ser usados na produção de produtos lácteos fermentados (Varga et al., 2014). Laticínios que usam como matéria prima o leite de ovelha tem potencial para o desenvolvimento tecnológico para a adição de bactérias probióticas e ingredientes prebióticos em sua formulação que se tornam vantajosas devido as suas intrínsecas características físico-químicas. De fato, o alto teor de gordura presente no leite de ovelha pode ser reduzido pela adição de inulina, um ingrediente prebiótico muito utilizado na indústria de alimentos. Em particular, na formulação do produto lácteo, a inulina apresenta capacidade de formar gel com características semelhantes a gordura, tornando desta forma possível o desenvolvimento de um produto que tem sua textura inalterada na percepção de consumidores, conferindo ainda um apelo funcional. Em relação à adição de bactérias probióticas em produtos lácteos derivados de leite de ovelha, o alto teor de proteínas e gorduras torna capaz o desenvolvimento de queijos e sorvetes com uma matriz mais compacta, para uma efetiva proteção para os microrganismos durante sua passagem pelo trato gastrointestinal, que é intrinsicamente caracterizado como hostil devido aos baixos valores de pH e elevados conteúdos de sais biliares. Pode dispensar ainda o uso de artifícios tecnológicos como a microencapsulação e filmes de elevada permeabilidade ao oxigênio, que devido ao metabolismo anaeróbio de bactérias probióticas é considerado um obstáculo a ser vencido. Em luz desses conhecimentos, é ainda importante a execução de testes laboratoriais para verificar o desempenho e o comportamento das diferentes linhagens de bactérias probióticas no ambiente de produtos lácteos derivados de ovelha, como queijos, iogurtes, bebidas lácteas e sobremesas. A avaliação de parâmetros intrínsecos de qualidade como que são críticos para a comercialização do produto final, como perfil de ácidos graxos, nível de ácidos orgânicos e proteólise ao longo da estocagem dos produtos devem ser obrigatoriamente executados. Finalmente, testes sensoriais com consumidores devem ser igualmente realizados para uma mais profunda otimização das formulações. . Referências [1] SERAFEIMIDOU, A., ZLATANOS, S., KOSTAS, L., SAGREDOS, A. (2012). Chemical characteristics, fatty acid composition and conjugated linoleic acid (CLA) content of traditional Greek yogurts. Food Chemistry, 134, 1839-1846. [2] TAMIME, A. Y., WSZOLEK, M., BOŽANIĆ, R., & ÖZER, B. (2011). Popular ovine and caprine fermented milks. Small Ruminant Research, 101, 2-16. [3] Varga, L., Süle, J., & Nagy, P. (2014). Survival of the characteristic microbiota in probiotic fermented camel, cow, goat, and sheep milks during refrigerated storage. Journal of Dairy Science, 97, 2039–2044. Instituto Federal do Rio de Janeiro / Campus Rio de Janeiro – 19 a 24 de Outubro de 2015