Cientistas identificam diretrizes e procedimentos que podem

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Cientistas identificam diretrizes e procedimentos que podem aumentar a taxa de
sucesso de experimentos com cobaias, que hoje é de 11%
Os pesquisadores dizem que os testes com animais
são necessários para o desenvolvimento da medicina.
No entanto, se eles tivessem uma taxa de sucesso maior,
algumas cobaias poderiam ser poupadas (Thinkstock)
Pesquisas científicas com animais são importantes para o desenvolvimento de
medicamentos e tratamentos para seres humanos. Elas costumam servir como um
primeiro passo para estudar a segurança e a viabilidade das terapias, antes de
testá-las em cobaias humanas. Um novo estudo, no entanto, mostra que a taxa de
sucesso nesse tipo de pesquisa é baixa — apenas 11% das substâncias que são
aprovadas para serem testadas em humanos acabam tendo aplicação clínica.
Segundo os pesquisadores, isso é causado, em parte, por conta de pequenos erros
e desvios nos testes com animais. O resultado disso é o uso desnecessário dessas
cobaias — desperdiçando os animais — e a ameaça à saúde dos humanos em que a
substâncias são testadas em seguida. Pensando nisso, os cientistas publicaram
nesta terça-feira, na revista PLoS Medicine, um estudo identificando medidas e
procedimentos experimentais que podem melhorar o índice de aproveitamento
dessas pesquisas.
Para isso, os autores fizeram uma revisão dos estudos e documentos divulgados
por cientistas de todo o mundo a fim de melhorar as pesquisas com animais. Eles
encontraram 26 diretrizes e 55 procedimentos que podem ajudar a aumentar as
taxas de sucesso das pesquisas.
A maioria das recomendações já é seguida por pesquisadores, mas os autores
defendem que passem a ser cobradas pelas instituições de pesquisa, revistas
científicas e agências de financiamento. Entre as recomendações estão o uso de
cálculos estatísticos para saber qual o número ideal de amostras animais a serem
estudadas e a alocação aleatória dos animais em suas gaiolas, para que eles sejam
afetados de modo semelhante pelos fatores ambientais como luz e temperatura
ambiente.
Além disso, os pesquisadores sugerem que, antes de a pesquisa ser iniciada, seja
realizado um estudo aprofundado do modo como as doenças se expressam nos
animais a serem utilizados. Segundo a médica veterinária Luiza Macedo Braga,
membro do Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal (CONCEA), a
medida é necessária, pois a biologia de cada cobaia pode interferir na expressão da
doença e em seu tratamento. “Quando vamos escolher um modelo animal,
buscamos um que mimetize as formas humanas da doença. Existem, por exemplo,
animais com uma predisposição natural para desenvolver certos tipos de tumor.
Não adianta utilizá-los para testar tratamentos contra o câncer”, afirma.
Opinião do especialista
Marcelo Morales
Coordenador do Conselho
(CONCEA)
Nacional
de Controle
de Experimentação
Animal
“O artigo é interessante, mas tem de ser visto com cautela. Ele é uma revisão de
várias recomendações já divulgadas, e não podemos pensar que todas são
verdades absolutas, válidas para todos os estudos. É um excelente compêndio, no
qual os pesquisadores podem se basear para ver o que é adequado para sua
pesquisa específica, tanto para preservar os próprios animais quanto os seres
humanos.
“Parte das sugestões já fazem parte das boas práticas de pesquisas com animais e
são utilizadas nos melhores laboratórios. O Brasil tem regras claras: o animal não
pode sofrer de modo algum. Todo protocolo de pesquisa tem de passar por
aprovação e algumas das medidas sugeridas pelos pesquisadores fazem parte dos
pré-requisitos exigidos no país.“
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/pesquisadores-pedem-melhorias-em-estudoscom-animais
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