25 Sundin, M.F.C.A. et al., 2002 HERDABILIDADE E CORRELAÇÃO GENÉTICA PARA ALTURA DA PLANTA E NÚMERO DE PERFILHOS EM DOIS NÍVEIS DE NITROGÊNIO EM ARROZ (Oryza sativa L.) MARIA FLOR DO C. DE A SUNDIN1 MAURICIO B. PEREIRA2 ELIZABETH. B. B. PEREIRA3 PATRÍCIA FELIPE CARDOSO4 ABSTRACT: SUNDIN, M.F.C.A.; PEREIRA M. B.; PEREIRA E. B. B. & CARDOSO, P. F. HERITABILITY AND GENETICS CORRELATION FOR PLANT HEIGHT AND NUMBER OF TILLERS IN TWO LEVELS OF NITROGEN IN RICE (Oryza sativa L.). Genetic variation, genetic and phenotypic correlation and heritability for plant height and number of tillers number in rice, was estimated using sixteen F4 lines from crosses between two varieties, IR-8 and Sagrimão, cultivated under two levels of nitrogen. The sixteen F4 lines and two parents were cultivated in pots which received two levels of nitrogen. Results were analyzed considering a factorial under completely random design. Significant differences were showed for levels of nitrogen, for number of tillers, while no difference was observed for plant height. Interaction Nitrogen x lines was not significant for both traits, showing that nitrogen level had no effect on lines relative performance. There was significant variation among lines to both traits. Heritability value was 0.283 for plant height and 0.096 for number of tillers. Significant genetic correlation (-0.632) and significant phenotypic correlation (-0,258) were detected. These results suggest that selection to small plant height is indicated to improve these traits, since narrow sense heritability and genetic correlation showed high value. KEY WORDS: Rice, nitrogen, heritability, genetic correlation. INTRODUÇÃO O arroz é o segundo cereal mais plantado no mundo, atendendo a grande parte da necessidade protéica e calórica da população mundial, e tem o nitrogênio como um dos nutrientes minerais mais exigido pela cultura (De Datta et al., 1987). Chaubey & Richharia (1993), determinaram a variabilidade genética e o 1 2 3 4 Ms. Prof. Adjunto do Dep. de Genética da UFRRJ Dr. Prof. Adjunto do Dep. de Genética da UFRRJ Ms. Prof. Adjunto do Dep. de Matemática da UFRRJ Discente do Curso de Ciências Biológicas da UFRRJ coeficiente de correlaçãosimples para oito caracteres quantitativos em 80 cultivares de arroz (Oriza sativa var indica), tendo sido encontrada ampla faixa de variação para a maioria dos caracteres e alta herdabilidade no sentido amplo para altura da planta e número de perfilhos. Foi constatada também a ocorrência de correlação negativa entre altura da planta e número de perfilhos. Gravois & McNeal (1993), estudaram correlações genéticas aditivas e seleção envolvendo a produção e componentes da produção em arroz, observando a ocorrência de correlação negativa entre o número de panículas e a altura da planta, concluindo que a seleção visando genótipos de menor estatura tende a produzir mais panículas do que uma seleção de genótipos mais 26 altos. Mirza et al. (1992) determinaram correlações entre a altura da planta, a produção e os componentes da produção em seis cruzamentos de arroz. A altura da planta foi correlacionada positivamente com o número de panículas por planta. Correlações genotípicas maiores do que correlações fenotípicas foram encontradas em relação à produção e a componentes da produção em arroz (Krishan & Mishra, 1992; Latif et al., 1994). Cunha Filho & Nascimento (1994) estimaram a herdabilidade no sentido amplo, para vários caracteres em arroz, utilizando a geração F2, encontrando herdabilidade zero para o caráter número de perfilhos. Já para a altura da planta obtiveram os valores 89%, 84%, 79% e 29% dependendo da forma de medida e época de avaliação. Também no sentido amplo, Mishra et al. (1993), obtiveram valores de herdabilidade iguais a 47%, 43%, 41% e 36% para o número de perfilhos e 63%, 69%, 70% e 71% para a altura da planta, utilizando populações F2 resultantes de seis cruzamentos entre cultivares de arroz. Valores de herdabilidade extremamente elevados para a altura da planta também foram relacionados por Latif et al. (1994). Lokaprakash et al. (1993), obtiveram valores de herdabilidade no sentido restrito iguais a 3,50% para o caráter número de perfilhos e 98,08% para o caráter altura da planta em cruzamento dialélico. Panwar et al. (1983) avaliaram a herdabilidade no sentido restrito, utilizando gerações F1 e F2, para vários caracteres correlacionados com a produção em arroz, encontrando altos valores de herdabilidade para a maioria dos caracteres considerados e baixo valor para o caráter altura da planta e número de panículas por planta. Estudos em populações de arroz em relação a três tipos de porte da planta (alto, médio e baixo) revelaram valores altos de herdabilidade para o caráter altura da planta em todas as populações estudadas © Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro Herdabilidade e correlação genética Lokaprakash et al. (1992). Baixos insumos são uma realidade em 60% da agricultura mundial (Ceccarelli, 1996), e nestas condições a seca e a deficiência de nitrogênio (N) são grandes fatores responsáveis pela baixa produtividade (Edmeades et al., 1997). A seleção de cultivares próprios para ambientes pobres em Nitrogênio tem sido tentada por diversos autores. Lafitte & Edmeades (1994) trabalhando com encontraram correlação fenotípica baixa entre a produção das progênies na condição de baixo teor de N com a produção na condição de alto teor de N, apesar da correlação genética ser alta. Os autores constataram também que os valores da herdabilidade para os caracteres estudados eram diferentes para as duas condições. Os resultados sugerem que a seleção para produção em ambientes com alto N pode não resultar em materiais com boa produção em ambientes com baixo N, sendo portanto necessário selecionar materiais próprios para cada condição. O estudo da variabilidade genética, bem como as estimativas dos parâmetros genéticos herdabilidade, correlação genética e correlação fenotípica em populações sob diferentes níveis de nitrogênio, podem fornecer informações úteis a programas de melhoramento com vistas a tentativas de obtenção de recombinantes e seleção para maior eficiência do uso de nitrogênio. Assim, esse trabalho teve como objetivo estudar a natureza e a magnitude da variação existente para os caracteres altura da planta e número de perfilhos em progênies F4 de arroz em dois níveis de nitrogênio e o grau de associação entre essas duas características. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas 16 progênies F4 , resultantes do cruzamento entre as cultivares IR-8 e Sagrimão, com posterior autofecundação natural das gerações F1, Revista. Universidade. Rural, Série. Ciências da Vida Vol. 22, n.1, p.25-32, 2002. 27 Sundin, M.F.C.A. et al., 2002 F2 e F 3. Essas cultivares são contrastantes para vários caracteres, entre eles, o porte da planta, e a capacidade de perfilhação, sendo a cultivar IR-8 de porte baixo e de alta capacidade de perfilhação e a cultivar Sagrimão de porte alto e de menor capacidade de perfilhação. Com essas progênies F4, e as duas cultivares paternas foi montado um ensaio, para as análises dos componentes da variância e da covariância, destinados ao estudo das correlações genéticas e fenotípicas entre a altura das plantas e número de perfilhos e estimativa da herdabilidade no sentido restrito (h2) desses caracteres. O modelo adotado foi um fatorial inteiramente casualizado, com 16 progênies F4 mais as duas cultivares paternas em 2 níveis de nitrogênio, constituindo 36 tratamentos com 4 repetições, no modelo misto, em que as progênies foram consideradas aleatórias enquanto os efeitos de doses de N foram considerados fixos. O experimento foi instalado em casa de vegetação na UFRRJ, no ano agrícola 95/ 96. Sementes colhidas das 16 progênies F3 , bem como das duas cultivares paternas, foram semeadas em vasos de 10 litros, contendo terra previamente adubada de acordo com a recomendação para a cultura, exceto quanto ao nitrogênio, utilizando-se duas sementes por vaso. Quando as plantas atingiram uma altura de aproximadamente de 10 cm, uma delas foi eliminada, ficando uma planta por vaso. Duas doses de nitrogênio (uréia), foram utilizadas: a primeira equivalente a 40 kg/ ha, aplicada a todos os vasos no plantio. A segunda, equivalente a 60 kg/ha, foi aplicada aos 50 dias após o plantio, apenas na metade dos vasos. Os vasos que receberam apenas a primeira dose foram chamados de nível 1 de N (N1). Os vasos que receberam as duas aplicações constituíram o nível dois (N2). A aplicação do nitrogênio foi feita na forma de irrigação com solução contendo N na concentração adequada. A altura da planta foi medida em centímetros, após 50 % das plantas terem florescido, com uma régua comum apoiada no solo, junto à planta, medindo até o ponto mais alto atingido pelas folhas ou pelas panículas esticadas para cima. A contagem do número de perfilhos foi feita na mesma ocasião e nas mesmas plantas utilizadas para a medida da altura, tendo sido considerados todos eles independente do estágio de desenvolvimento. Esses valores foram transformados em raiz quadrada da contagem para normalizá-los. As estimativas das variâncias genéticas entre progênies F4 (V p), da interação nitrogênio x progênie (V np) e residual (V r), foram calculadas pelas diferenças entre os quadrados médios, segundo a esperança dos quadrados médios, como a seguir: Vp = (M2 - M3)/8 ; V np = (M3 - M4)/4; Vr = M4, em que M2 é o quadrado médio entre progênies, M3 o quadrado médio da interação genótipos x níveis de N e M4 é o quadrado médio do erro experimental. Para a análise da covariância o mesmo esquema foi adotado, com as devidas substituições dos quadrados médios pelos produtos médios. A correlação genética entre os dois caracteres foi estimada de forma aproximada, desprezando-se o efeito de dominância, com os valores obtidos pelos componentes da análise da variância e da covariância como a seguir: rG = cov(xy)/( sx. sy) onde rG é o coeficiente de correlação genética; cov(xy) é a covariância genética entre progênies; s x é o desvio padrão entre progênies para o caráter x; s y é odesvio padrão entre progênies para o caráter y. Para testar a significância da correlação genética foi calculado o desvio padrão da correlação genética (SrG) , de acordo com Falconer (1987) e calculado o valor de “t”=rG/ SrG (Vencovsky & Barriga, 1992). As estimativas da variância e 28 Herdabilidade e correlação genética covariância fenotípica, foram obtidas pela soma da variância genética entre progênies e a variância residual e, a covariância fenotípica, como sendo a soma entre a covariância genética entre progênies e a covariância residual. Para o cálculo da correlação fenotípica, foi seguido o mesmo procedimento adotado para determinação da correlação genética, com as substituições dos componentes genéticos pelos componentes fenotípicos. A estimativa da herdabilidade no sentido restrito, (h2) foi feita de acordo com Mather & Jinks (1971), de forma aproximada, ignorando os efeitos de dominância e os efeitos de erros médios das parcelas, pela formula h2 = (2/3 Vp)/( Vp +Vd); onde: Vp é a variância genética de progênies F4 e Vd é a variância residual dentro de progênies F4. Para determinar a significância de h2 considerou-se que, sendo este dependente do valor da variância entre progênies, esta será significativa sempre que for significativo o efeito de progênies. Portanto se o teste “F” para progênies for significativo a herdabilidade será considerada significativa. Além disso foi calculado o desvio padrão da estimativa da herdabilidade segundo Vello & Vencovsky (1974). Foram calculados ainda os progressos esperados com a seleção e a resposta correlacionada, de acordo com Ramalho et al. (1993). RESULTADOS E DISCUSSÃO Com relação ao caráter altura da planta , verifica-se na Tabela 1 significância ao nível de 1 % para o efeito de genótipos. A decomposição dos graus de liberdade mostra que houve significância ao nível de 1 %, para “progênies” e para “pais”, não tendo havido, no entanto “entre grupos”. Estes resultados indicam que as médias dos pais, as cultivares IR-8 e Sagrimão, diferiram entre si, mas a média dos pais não diferiu significativamente da média da geração F4 . O fato de a média das © Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro progênies não diferir da média dos pais pode ser visto como uma indicação de ausência de dominância para o caráter. Deve-se considerar, por outro lado, que a F4 é uma geração com certo grau de homozigose, não sendo muito influenciada por efeitos de dominância. A existência de diferenças entre as progênies indica a existência de variação genética para o caráter, o que é um indicativo também de que a herdabilidade do caráter difere de zero. A estimativa da herdabilidade no sentido restrito foi de 0,283 com desvio padrão 0,0723 (Tabela 2). O reduzido desvio padrão confirma a observação de que, se há diferença significativa para progênies e herdabilidade difere de zero. O valor da herdabilidade apresentado pelo caráter altura da planta, mostra que a seleção para a redução do porte da planta, poderá apresentar uma certa eficiência, considerando ser essa estimativa no sentido restrito. Esse resultado, discorda dos obtidos por Panwar et al. (1983), que encontraram valores baixos para a herdabilidade no sentido restrito para esse caráter. Concorda no entanto com os obtidos por Cunha Filho & Nascimento (1994), Lokaprakash et al. (1992), Chaubey & Richharia (1993), Lokaprakash et al. (1993), Mishra et al. (1993), Latif et al. (1994), que encontraram elevados valores de herdabilidade. O caráter não apresentou diferença significativa quanto ao nível de adubação nitrogenada, indicando que as diferentes quantidades desse nutriente usadas não influíram na altura das plantas. O valor de “F” para a interação genótipo e nível de adubação não foi significativo, indicando que, para esse caráter, o comportamento dos genótipos nos níveis de adubação usados é semelhante, não havendo portanto a necessidade de estudar em separado as progênies dentro de cada nível de N. A variância média dentro das progênies não diferiu, pelo teste “F”, da variância Revista. Universidade. Rural, Série. Ciências da Vida Vol. 22, n.1, p.25-32, 2002. 29 Sundin, M.F.C.A. et al., 2002 média dentro dos pais, o que seria esperado, já que dentro das gerações paternas espera-se somente variação ambiental enquanto dentro das progênies F4 resta alguma variação genética (¼ Va e ¼ Vd). Uma possível explicação seria a presença de diferentes linhagens dentro das populações paternas. Outra possibilidade seria que, sendo pequena a diferença na variação real, o experimento não teve precisão suficiente para detectála, atribuindo-se portanto o resultado a erros experimentais. Com relação ao caráter número de perfilhos, analisado com valores transformados para raiz quadrada, verificase na Tabela 1 significância ao nível de 1 % para o efeito de genótipos. A decomposição dos graus de liberdade mostra que houve significância ao nível de 1 %, para o efeito de progênies, não tendo havido significância, no entanto, entre os pais e nem entre pais e progênies. Estes resultados indicam que, apesar de as cultivares paternas não diferirem fenotipicamente, são contrastantes do ponto de vista genético, já que houve diferenças entre progênies. Assim, os genes que determinam o número de perfilhos em uma cultivar não são os mesmos da outra, daí a segregação transgressiva observada. Neste caso, a ausência de diferença entre a média dos pais e a média das progênies F 4 não é uma indicação de ausência de dominância, pois os pais não diferiram entre si, enquanto foram detectadas diferenças entre as progênies F4, fato que poderia acontecer mesmo com genes dominantes, se cada cultivar paterna tiver um grupo próprio de genes favoráveis, ocorrendo em número mais ou menos igual em ambas. A diferença significativa entre as médias das progênies, evidencia a existência de variação genética para o caráter número de perfilhos, o que indica também que a herdabilidade difere de zero. Isto, no entanto, é conflitante com o fato de o valor obtido para a herdabilidade no sentido TABELA 1. Resumo da análise de variância para ;.altura das plantas e Número de perfilhos 1 das cultivares Sagrimão, Ir-8 e 16 progênies F4 resultantes do cruzamento entre as cultivares. ALTURA DAS PLANTAS NÚMERO DE PERFILHOS FONTES DE VARIAÇÃO GL QM QM GENÓTIPOS (G ) (17) 2093,744** 0,393** PROGÉNIES ( PRO) 15 2048,590** 0,385** PAIS ( P) 1 4743,766** 0,438 GRUPOS ( GR) 1 121,031 NITROGÊNIO ( N) 1 124,508 NXG (17) 318,763 N X PRO 15 352,689 NX P 1 40,641 N X GR 1 88,002 DENTRO (108) DENTRO DE 96 PROGÊNIES DENTRO DOS PAIS COEF. DE VARIAÇÃO 12 ns ns ns ns ns ns 294,03 286,707 0,477 ns ns 2,109** 0,156 0,166 0,110 0,052 ns ns ns ns 0,171 ns 0,162 ns 352,620 0,245 15,73% 12,60 Dados transformados em √x ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo 1 test F. restrito ter sido de 0,0964 com desvio padrão 0,0554 (Tabela 2). A subtração de dois desvios padrões atinge o valor zero, portanto, se for admitido um intervalo de 95%, pode-se dizer que a herdabilidade não difere de zero. 30 Herdabilidade e correlação genética O baixo valor da herdabilidade no sentido restrito, indica baixa eficiência da seleção para esse caráter. Esse resultado, está de acordo com os obtidos pôr Lokaprakash et al. (1993) e Cunha Filho & Nascimento (1994), que também encontraram baixo valor de herdabilidade no sentido restrito e no sentido amplo respectivamente. Entretanto, uma alta herdabilidade no sentido amplo para esse caráter, foi relatada por Chaubey & Richharia (1993) e também por Mishra et al. (1993). A baixa herdabilidade para o número de perfilhos pode ser atribuída à maior sensibilidade desse caráter a fatores ambientais, o que é notado pelo fato de que o mesmo apresentou diferença para níveis de N, que não foram suficientes para causar diferenças na altura das plantas. TABELA 2. Valores das médias, herdabilidade, correlação fenotípica e correlação genética para os caracteres altura da planta e número de perfilhos, calculados com base na geração paterna e na geração F4. ALTURA DA PLANTA N ÚMERO DE PERFILHOS NI N2 MÉDIA N1 N2 MÉDIA 126,5 120,75 123,625 3,134 3,435 3,284 IR -8 88,875 89,500 89,188 3,631 3,600 3,615 F4 108,117 110,530 109,323 3,139 3,395 3,267 SAGRIMÃO HERDABILIDADE 0,283 + 0,0723 0,0964 + 0,0554 CORRELAÇÃO FENOTÍPICA - 0,258** CORRELAÇÃO G ENOTÍPICA - 0,632** G S MÉDIA DE PROGÊNIES F4 13,466 i1 RESP. 0,125 i 0,097 i CORRELACIONADA G S SELEÇÃO 9,492 i 0,0629 i FENOTÍPICA RESP. CORRELACIONADA 1 i 0,0681 I É A INTENSIDADE DE SELEÇÃO. A diferença, para esse caráter, quanto ao nível de adubação nitrogenada, foi significativa a 1% de probabilidade sendo que a maior dose de nitrogênio levou a um maior perfilhamento. © Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro A interação genótipos x níveis de adubação não foi significativa, indicando que, também para esse caráter, os genótipos tiveram um comportamento semelhante nos dois níveis de adubação. Mais uma vez a variância média dentro das progênies não diferiu da variância média dentro dos pais. As explicações dadas anteriormente podem ser aplicadas também a este caso. O valor da correlação genética (rG) entre os dois caracteres considerados, foi de -0,632, indicando a existência de causas comuns de variação entre esses dois caracteres, sugerindo que fatores atuantes no aumento do número de perfilhos, estão pelo menos em parte, determinando a diminuição do porte da planta. As causas genéticas das correlações são o pleiotropismo, isto é, mesmos genes determinando dois caracteres diferentes ou a ligaçäo fatorial. Pelos resultados deste trabalho não é possível dizer qual dos dois fenômenos está ocorrendo. O sinal negativo e o valor relativamente elevado dessa correlação entre o número de perfilhos e altura da planta, é extremamente interessante do ponto de vista do melhoramento, uma vez que a maior capacidade de perfilhação é um caráter importante para alta produção de grãos em arroz (De Datta et al, 1987); além disso, o menor porte da planta é também um caráter desejável, já que, evita a tendência ao tombamento, que é uma ocorrência comum em plantas de porte alto em arroz. Resultados semelhantes, foram discutidos no trabalho de Gravois & Mc New (1993), com respeito à correlação negativa e à seleção para o caráter altura da planta e número de panículas, caráter que é dependente em parte do número de perfilhos. Considerando seleção pela média das progênies, o progresso genético obtido no número de perfilhos, devido à resposta correlacionada, foi inferior ao progresso esperado pela seleção direta. Porém, Revista. Universidade. Rural, Série. Ciências da Vida Vol. 22, n.1, p.25-32, 2002. 31 Sundin, M.F.C.A. et al., 2002 considerando seleção fenotípica, a resposta correlacionada foi maior que o progresso obtido pela seleção direta. Isso permite supor que em algumas situações poderá ser mais vantajoso selecionar com maior intensidade, apenas a altura das plantas, obtendo um progresso indireto com seleção pela média das progênies no número de perfilhos. A correlação fenotípica (rF) entre os dois caracteres, foi de -0,258. Apesar de o valor dessa correlação fenotípica ter sido menor do que a correlação genética, o sinal foi o mesmo, confirmando a associação negativa existente entre os dois caracteres. Uma correlação fenotípica menor do que a correlação genética, também foi encontrada em trigo (Costa & Kronstad, 1994). Em arroz, Krishan & Mishra (1992), Latif et al. (1994), informam a ocorrência de correlações genéticas maiores do que fenotípicas em relação ao caráter produção e seus componentes. A ocorrência de correlação fenotípica menor do que a correlação genética, no presente trabalho, provavelmente, é devida à existência de correlação ambiente positiva entre os dois caracteres. De forma geral, para as 16 progênies F 4 estudadas, pela análise feita para os caracteres número de perfilhos e altura da planta, podem ser tiradas as seguintes conclusões: os níveis de nitrogênio influenciaram significativamente o caráter número de perfilhos, mas não o caráter altura da planta, não se constatando interação das progênies com doses de N para os dois caracteres. Foram verificadas diferenças significativas entre as progênies, tanto em relação ao caráter número de perfilhos como em relação a altura da planta, mostrando a existência de variação para os dois caracteres. Foram determinados baixos valores de herdabilidade para os caracteres considerados. Considerando o maior valor da herdabilidade para o caráter altura da planta, e o alto valor da correlação genética entre os dois caracteres considerados, deve-se preferir, neste caso, a seleção de plantas mais baixas, uma vez que isso poderá resultar também em ganho genético para maior capacidade de perfilhamento. LITERATURA CITADA CECCARELLI, S. 1996. Adatation to low/ high imput cultivation. Euphytica 92: 203-214. CHAUBEY, P.K. & RICHHARIA, A.K. 1993. Genetic variability, correlations and path- coefficients in indica rices. Indian J. Genet. 53 (4): 356-360. LATIF, T., IQBAL, M., KHAN, A. M. & XHAN, M. A. 1994. Correlation coefficient analysis of yield components in rice (Oryza sativa L.). Sarhard Journal of Agriculture. 10 (6): 667 – 670. LOKAPRAKASH, R., SHIVASHANKAR, G., MAHADEVAPPA, M., GOWDA, B. T.S & KULKARNI., R.S. 1992. Study on genetic variability, heritability and genetic advance in rice. Indian J. Genet. 52 (4): 416-421. LOKAPRAKASH, R., SHIVASHANKAR, G., MAHADEVAPPA, M., GOWDA, B. T.S & KULKARNI, R. S. 1993. Genetic components of variation in rice. Indian J. Genet.53 (1): 4-7. MATHER, K. & JINKS, J.L. 1971. Biometrical Genetics. The study of continous variation. Cornell University. 2a ed. 382 p. MIRZA, M. J., FAIZ. F.A & MAJID, A. 1992. Correlation studies and path analysis of plant height, yield and yield components in rice (Oryza sativa L.). Sarhad J Agric 8 (6): 647- 653. 32 MISHRA, S. K., MAURYA. D.M. & VISHWAKARMA, D.N. 1993. Selection model in rice (Oryza sativa L.). Indian J. Genet. 53 (2): 131 – 137. PANWAR, D. V. S., PARODA, R. S. & RANA, R. S. 1983. Genetic analysis of grain yield and related characters in rice. Indian J. Agric. Res., 17 (3): 149158, RAMALHO, M. A. P.; SANTOS, J. B. & ZIMMERMANN, M. J. O. 1993. Genética quantitativa em plantas autógamas. Editora da UFG, Goiânia, 271 p. VELLO, N. A. & VENCOVSKY. R. 1974. Variâncias associadas às estimativas de variâncias genéticas e coeficientes de herdabilidade. Relatório científico do Departamento de Genética da ESALQ, n 8, 247 p. VENCOVSKY, R. & BARRIGA. P. 1992. Genética biométrica no fitomelhoramento. Ribeirão Preto, Soc. Bras. de Genética, 496 p. COSTA, J.M. & KRONSTAD, W.E. 1994. Association of grain protein concentration and selected traits in hard red winter wheat populations in the pacific northwest. Crop Sci. 34: 1234 –1239. Herdabilidade e correlação genética De DATTA, S.R., OBCEMEA, W.N., CHEN, R.Y., CALABIO, J.C. & EBANGELISTA, R.C. 1987. Effect of water depth on nitrogen use efficiency and N15 balance in low land rice. Agron. J., 79: 210-216. EDMEADES, G O; BÄNZIGER, M; MICKELSON, H R & PEÑA-VALDIVIA, C B, (eds.). 1997. Developing droughtand low N tolerant maize. Proceedings of a symposium, March 25-29, 1996, CIMMYT, El Batán, Mexico. Mexico, D.F.: CIMMYT. FALCONER, D.S. 1987. Introdução a Genética Quantitativa. UFV, Impr. Univ., Viçosa, Brasil. 279p. GRAVOIS, K. A. & McNEAL, R.W. 1993. Genetic relationships among and selection for rice yield and yield components. Crop Sci. 33: 249-252, KRISHAN, P, & MISHRA. S.N. l992. Genetc variability and correlation coefficients relating to grain yield and other quantitative characteres in oats (Avena sativa L.). Adv Plant Sci 5 (1): 6 – 11. LAFITTE, H R & EDMEADES, G O. 1994. Improvement for tolerance to low soil nitrogen in tropical maize I. Selection criteria. Field Crop Research 39 1-4. CUNHA FILHO, L. A. & NASCIMENTO, L.S. 1994. Estudo da potencialidade genética do cruzamento “IR-8” x “Sagrimão” para o melhoramento do arroz (Oryza sativa L.) Rev. Univ. Rural, Sér. Ciênc. Da Vida. 16 (1-2): 9-19. © Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro Revista. Universidade. Rural, Série. Ciências da Vida Vol. 22, n.1, p.25-32, 2002.