Ensino de Filosofia: usar os clássicos ou os manuais no Ensino

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
Centro de Formação de Professores
Curso de Licenciatura em Filosofia
Relatório de Atividade Acadêmica
Organização:
Priscila Oliveira Andrade (mediação do debate)
Bárbara Caroline Boamorte Braz (relatoria)
Amargosa, BA – Fevereiro, 2012
Relatório
Hoje, quinta-feira, dois de fevereiro de dois mil e doze, é dia da aula do componente
curricular de Currículo, ministrada pelo Prof. Wilson Correia. Entretanto, por motivo
de força maior, ele solicitou que a Profa. Denise Magalhães, Coordenadora do nosso
Curso, viesse à nossa sala (Turma de Filosofia do Terceiro Semestre Letivo do Curso
de Licenciatura em Filosofia de 2012) para nos propor uma Atividade Acadêmica. E
assim foi feito.
Uma das alunas, Priscila Oliveira Andrade, ficou encarregada de coordenar a
realização da atividade, entregando um texto* e explicando sobre o que seria
executado com base nele.
Estabelecidos os pormenores da situação, às 19h20min, deu-se início à aula
de Currículo, apesar de o professor não estar presente. O que teríamos que fazer?
ler, interpretar e discutir o texto apresentado, tratando de conteúdos relativos à
disciplina, o qual se fez acompanhar por três questões motivadoras do debate.
Também nos foi solicitado este relatório, contendo as principais informações acerca
do que ocorreu durante a aula.
Cientes do que se tratava, a sala foi modificada. As cadeiras foram colocadas
em posição semicircular para facilitar a aproximação de todos, possibilitando melhor
envolvimento e múltipla visualização entre os colegas durante a discussão.
Todos posicionados, algumas providencias foram tomadas. Foi passada
rapidamente uma lista de presença, para se colher a assinatura dos alunos presentes
e participantes do debate.
Não demorou muito para se iniciar o debate.
Inicialmente, uma pessoa se propôs a começar a leitura do texto, onde os
demais ouviam atentamente. Parágrafo por parágrafo, o texto ia sendo lido e
interpretado, paulatinamente, além de discutido pelos colegas -estavam presentes
vinte e seis alunos.
Já no primeiro parágrafo foi aberta a discussão sobre a utilização dos textos
clássicos de Filosofia nas salas de aula do Ensino Médio. Houve grande divergência
de opiniões. Alguns concordaram; outros, não. Mas expuseram suas idéias.
O debate prosseguiu à medida que novas interpretações para o texto eram
verbalizadas, sobretudo no que diz respeito ao ato de filosofar. Exemplos foram
dados para reforçar a iniciativa do filosofar como ato abstrato ou transcendente.
Também foram abertas especulações sobre o entendimento, ou não, do conteúdo
que o texto abordava, levando-se em conta a não presença da figura do professor
como mediador da aula e, portanto, da atividade.
Entretanto, o debate sobre o texto seguiu adiante, sem muita dificuldade.
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Quanto ao conteúdo inicial, alguns alunos se demonstraram contra a utilização dos
clássicos da Filosofia em sala de aula do Ensino Médio pelo fato de eles,
indiretamente, motivarem um pensar parecido ou igual aos clássicos, tornando-se
um tipo de parâmetro condutor de idéias e pensamentos referentes a conteúdos de
cunho filosófico.
Durante a leitura e interpretação do segundo parágrafo, o debate permaneceu
acirrado, e, em um dia de busca do saber, promovido pelo debate, seguiu-se a
análise do terceiro parágrafo.
A discussão girou em torno do entendimento da própria Filosofia -ou seja: da
Tradição Filosófica- que, aliás, antecede o ato hodierno de filosofar. Nesse sentido,
foi analisada pelos colegas a importância do pensamento dos Pré-Socráticos, como
embasamento teórico de toda a Filosofia posterior.
A associação do proposto “manual de Filosofia” presente no texto, como
formato de ensino da própria disciplina, transitou sobre as diversas opiniões: ele
deve ou não deve ser aceito? O manual não estaria, em parte, restringindo o vasto
campo do saber filosófico?
Além disso, foi lançado o desafio entre os colegas sobre a possibilidade de
criação-construção de um novo saber filosófico, não alicerçado sobre os clássicos,
mas independente deles: novo, individual, autêntico, irrestrito, algo que estivesse
além do pensamento clássico.
Avaliamos as condições de aceitação desse novo pensamento, que tenta se
livrar das bases difundidas antigamente pelos primeiros filósofos. Nesse sentido,
alguns alunos ainda propuseram que escrevêssemos algo, construir algo, sobre um
tema filosófico nosso, criado por nós, cada um com seus interesses e temas diversos.
Mas chegamos à conclusão de que isso não seria possível, visto que dentro da
academia seguem-se regras e grades curriculares que nos enquadram na situação de
futuros professores. Portanto, deve-se percorrer um longo percurso.
Dando continuidade ao texto, e ainda debatendo sobre a importância da
utilização de padrões dos clássicos em sala de aula, foi possível perceber duas
correntes de opiniões: uma girava em torno do argumento de que pelo fato de os
clássicos serem exatamente clássicos, não são esquecidos ou menosprezados ao
longo do tempo, vez que perpetuam seu pensamento nos livros e discussões, sendo
importante a nós sabermos avaliar o que já foi dito e pensado por eles, para que
possamos fazer algo diferente, entendendo o sentido do que já fora realizado
anteriormente.
Em contrapartida, outros argumentaram que a permanente utilização dos
clássicos nos deixaria presos aos seus pensamentos e idéias, limitando-nos, assim, a
um viés restrito ao que já foi contemplado pelos clássicos no sentido filosófico.
Os próximos parágrafos foram progressivamente debatidos e analisados pelas
diversas correntes de opinião presentes na sala naquele momento.
A partir do sexto parágrafo, foi debatida a questão da faixa etária do indivíduo
como determinação da capacidade de aprendizado. Vários argumentos se
intercalaram a respeito da qualidade do aprendizado e entendimento da Filosofia,
independentemente da idade, sobretudo no que se trata do entendimento desse
componente no Ensino Médio, como possibilidade positiva acerca do aprendizado em
Filosofia.
A crítica feita foi que, realmente, não se faz necessário julgar a capacidade de
alguém acerca de um tipo de aprendizado, tomando como pressuposto sua idade ou
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nível intelectual acadêmico: nível médio ou universitário.
E foi se desenrolando a discussão sobre o texto, quando, de repente, ecoou a
pergunta: e nós, candidatos a professores de Filosofia, utilizaremos os textos
clássicos em sala de aula, ou não?
A partir desse instante, o debate se prolongou. A discussão se tornou intensa,
além de muito produtiva. Pudemos assistir a uma exposição de argumentos
extremamente relevantes sobre a matéria estudada, de acordo com os mais diversos
posicionamentos teórico-metodológicos sobre o assunto.
Alguns alunos concordaram com a proposta de se utilizar os textos clássicos
nas aulas de Filosofia no Ensino Médio. Outros demonstraram certa preferência pelos
contemporâneos, embora não menosprezassem a importância dos clássicos para
viabilização da aprendizagem do conteúdo filosófico sob o ponto de vista da tradição.
Depois foi dada uma sugestão superinteressante para o ensino de Filosofia no
Ensino Médio: foi proposta pelos colegas a interpretação do conteúdo filosófico
(aparentemente complexo, de difícil entendimento) atrelado, em princípio, à própria
realidade, à realidade próxima dos estudantes.
Expectativas sobre a dificuldade de se aprender Filosofia –mesmo na
academia- foi suscitada. Também, não menos importante, falou-se sobre a
importância das matérias pedagógicas para um curso de licenciatura em Filosofia,
que se propõe a formar professores.
Falou-se, ainda, da relevância de ser professor de Filosofia, não somente
devido ao ensinamento que se aprende na academia, mas levando-se em
consideração fatores externos, tais como questões sócio-econômicas.
Seguimos parágrafos adiante: lendo, debatendo e propondo idéias. Cogitou-se
a possibilidade da aplicação do manual de Filosofia para o Ensino Médio como uma
seleção restrita de informações, objetivando que os alunos possam aprender a
disciplina de forma aparentemente mais fácil.
Com base nisso, a conclusão da turma foi a de que esse manual não deveria
ser validado, ressaltando-se, sim, a relevância necessária do estudo dos clássicos
para construirmos nosso próprio filosofar, expressar nossos argumentos filosóficos,
para aprendermos a discordar e a concordar, a averiguar e respeitar, à analisar e
criticar, desembocando em algo relevante do ponto de vista da Filosofia.
O debate avançou para os últimos parágrafos, reavaliando nossas idéias. Ao
fim do texto, discutiu-se sobre a aplicação do currículo em sala de aula, estando ele
atrelado à Filosofia, no que tange à discussão dos clássicos.
Essa questão foi o ponto crucial do debate, haja vista que disciplina e regras
são especificas, e existem na academia, o que, no caso de Filosofia, determina a
utilização dos textos clássicos em sala de aula –que, a propósito, está previsto no
currículo acadêmico, sob o pressuposto de que não se aprende a Filosofia se não se
não se aprende a se guiar pela tradição, partindo dos clássicos.
Isso significa que o currículo determina o que devemos aprender, de forma
que a diferença se dá na aplicação dessa discussão, mediante a orientação do
professor no momento da aula.
Assim, chegamos ao fim da discussão. O debate foi encerrado com as
considerações finais. Daí em diante, surgiu a possibilidade de nós, futuros
professores, sermos capazes de transformar nossa maneira de aprender e de
ensinar, e, com isso, fazermos a efetiva diferença.
O texto, aliás, muito interessante, terminou sendo lido por várias pessoas,
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que, mediante a leitura, ia expondo suas idéias e argumentos acerca de seu
entendimento.
Boa parte da turma participou efetivamente da discussão. Porém, cada um
com a sua maneira diferente e única de pensar.
Ressalta-se, aqui, o lado positivo da aula-debate, que, aliás, foi bastante
produtiva em termos de discussão e argumentos filosóficos.
O mais importante de tudo isso é que, apesar das opiniões divergentes, elas
se harmonizaram em algum momento, convergindo de forma positiva, o que, de
certa forma, acaba se complementando, construindo algo novo. Talvez radical!
O fato é que, independentemente do conteúdo filosófico, clássico ou não,
varias são as formas de aprender e várias são as formas de ensinar.
Talvez, o ponto principal da discussão esteja contido justamente no processo
de se fazer professor: você é professor com base no como você faz, no como você
ensina, não se restringindo apenas ao que se pretende ensinar.
Se fizermos breve e parcial analogia com as conjugações verbais, podemos
perceber que, de fato, independentemente do tempo do verbo (passado do clássico
ou presente dos textos atuais), é justamente o modo como ele vai ser conjugado o
que, na verdade, vai determinar a nossa ação pedagógico-filosófica quando
estivermos mergulhados no ensino de Filosofia no Ensino Médio.
__________
*Trata-se do texto a seguir:
ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS: O CLÁSSICO EM SALA DE AULA
O uso do texto clássico em sala de aula permanece uma incômoda
incógnita nas discussões sobre o ensino da filosofia. Há quem seja
favorável, há quem apresente restrições e há quem rejeite
completamente. Em 2009, a equipe de filosofia da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná tomou uma posição nesse debate: publicou uma
antologia de textos clássicos de filosofia. A Seção Filosofia na Escola ouviu
os responsáveis por essa publicação e apresenta suas perspectivas sobre
o uso dos textos dos filósofos nas salas de aula do ensino médio.
Por Juliano Orlandi – Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF)
Duas ideias sobre a investigação filosófica parecem ter triunfado no meio
acadêmico brasileiro: a primeira afirma que o lugar privilegiado para
encontrar a filosofia é o texto clássico, e a segunda, inevitável
consequência da anterior, diz que, para filosofar, é preciso freqüentar as
palavras dos filósofos. Essas perspectivas se irradiaram nas universidades
brasileiras, sobretudo, a partir do intercâmbio com os filósofos franceses
que lecionaram na Universidade de São Paulo em meados do século XX,
muito embora, em alguns lugares do país, a origem dessas ideias remonte
a outras tradições de pensamento. Seja como for, a preferência pela lida
com o texto clássico implicou no embate com uma perspectiva de
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exposição filosófica bastante comum nas universidades brasileiras: era a
tradicional perspectiva dos manuais de filosofia.
Não é uma tarefa fácil precisar a natureza e a origem dos manuais
de filosofia que circulavam entre os estudiosos brasileiros. O termo
“manual” é utilizado para intitular obras filosóficas de intenções e
características muito diferentes. Se considerarmos, contudo, apenas os
manuais que eram utilizados para o ensino da filosofia na época em que a
missão francesa desembarcou, é possível delimitar algumas características
básicas. Eles eram, em algum nível, materiais dogmáticos, privilegiando
sistemas filosóficos em detrimento de outros. Theobaldo M. Santos, no
prefácio ao seu Manual de Filosofia, explicava seu esforço como “uma
síntese da filosofia tomista com os ensinamentos da ciência moderna”. Os
manuais estavam ligados com maior ou menor intensidade à filosofia que
se ensinava nas instituições católicas de ensino. E, finalmente, estavam
orientados por perspectivas didáticas ou pedagógicas.
Para aqueles que estão hoje nas universidades, especialmente nos
grandes centros, os manuais de filosofia são realidades distantes e sem
qualquer relevância para suas atividades. Há certamente estudantes na
graduação que sequer folhearam uma obra dessa natureza. Elas possuem,
contudo, uma sobrevida num contexto diferente. Quando se trata do
ensino da filosofia no nível médio, os manuais, recauchutados e com
novas roupagens, ainda fazem sentir sua força e determinam amplamente
a prática de muitos professores.
O professor Bernardo Kestring, membro da equipe de filosofia da
Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED – PR) de 2005 a 2010,
lembra que, quando os professores da rede estadual eram reunidos para
discutir as questões relativas ao ensino de sua disciplina, não era
incomum encontrar aqueles que organizavam suas aulas com base em
manuais de história da filosofia, tal como o de Giovanni Reale e Dario
Antiseri. Estes materiais não correspondem exatamente aos antigos
manuais de filosofia, mas guardam algumas semelhanças: são obras de
caráter acentuadamente didático que pretendem apresentar a tradição
filosófica de forma sintética e organizada.
O professor Kestring conta que, quando questionava os professores
sobre o uso de textos clássicos em sala de aula, a resposta era
predominantemente negativa e vinha acompanhada de inúmeras
ressalvas à possibilidade de ensinar filosofia com esse tipo de material. O
argumento mais comum consistia em acusar os textos clássicos de serem
inacessíveis aos estudantes do nível médio. Ou porque a linguagem
representava um empecilho ou porque a argumentação era ininteligível.
De uma forma ou de outra, os professores estavam, em sua grande
maioria, convencidos de que não havia espaço para o texto clássico nas
salas de aula.
O exemplo do estado do Paraná nada mais é que o reflexo de um
paradoxo que se estabeleceu por todo Brasil entre o ensino universitário
da filosofia e o ensino escolar: o material rejeitado nas universidades, o
manual de filosofia, predominava amplamente nas escolas. Se a filosofia,
conforme a orientação francesa, está nos textos clássicos, é no mínimo
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questionável que os professores do ensino médio a procurem nos manuais
didáticos. E esse questionamento se desdobra de diversas maneiras: é
legítima a explicação de que os estudantes das escolas possuem uma
incapacidade natural (própria de sua idade) para lidar com as palavras dos
filósofos? É possível ensinar filosofia apenas com o discurso
acentuadamente didático dos manuais? É, de fato, impossível a um
estudante do ensino médio ler, compreender e interpretar um texto
clássico de filosofia?
O professor Kestring e seus colegas na SEED – PR responderam
negativamente todas essas questões e, em 2009, tentaram tornar o
ensino escolar da filosofia mais coerente com o ensino universitário. Eles
publicaram uma reunião volumosa de excertos de obras clássicas de
filosofia destinadas ao ensino médio e a intitularam Antologia de Textos
Filosóficos [1]. Em lotes que variavam de acordo com o tamanho dos
colégios, ela foi distribuída nas bibliotecas escolares da rede estadual do
Paraná com o intuito de se transformar num dos principais materiais para
o ensino da filosofia.
O professor Jairo Marçal, organizador da obra, justifica sua
publicação dizendo: “uma opção pelo caminho de supostas facilitações
significaria a renuncia à própria Filosofia e, consequentemente, isso
geraria uma desconfiança quanto à sua presença no currículo escolar.
Filosofia deve ser Filosofia em qualquer nível de ensino.” Se, do ponto de
vista acadêmico, ela deve ser procurada nos textos clássicos, no nível
médio, não pode ser diferente. “O desafio consiste, afirma o professor
Marçal, em saber dosar”.
Para explicar o que entende por “dosar”, o organizador
da Antologia destaca suas preocupações no momento de confecção do
material. “Em primeiro lugar, a escolha dos textos ou excertos que
integram a Antologia foi realizada em função daquilo que fosse mais
acessível aos estudantes do nível médio. Em segundo lugar, tivemos o
cuidado de encomendar dos tradutores ou de estudiosos reconhecidos
curtas introduções a cada um dos textos. O objetivo era apresentar
informações de cunho biográfico ou histórico que pudessem ajudar na
compreensão do texto e sugestões de temas, questões ou interpretações
que pudessem ser desenvolvidas pelos professores em sala de aula.” O
resultado desse processo é um material “didático” de filosofia bastante
incomum no Brasil.
É interessante lembrar que uma publicação dessa natureza não é
necessariamente excludente e que outros materiais didáticos podem ser
utilizados concomitantemente. A equipe de filosofia da SEED – PR, além
da Antologia, municiou os professores de sua rede estadual com um Livro
Didático de Filosofia [2] e uma biblioteca para o professor, onde se
encontra, por exemplo, a História da Filosofiade Giovanni Reale e Dario
Antiseri. “A Antologia, afirma o professor Marçal, não é mais importante
que os outros materiais, eles são complementares.”
Desse ponto de vista, o uso do texto clássico no nível médio de
ensino não é um problema muito diferente do uso de qualquer material
em sala de aula. A exigência consiste em reconhecer as circunstâncias e
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os meios para que ele se torne realmente significativo no ensino da
filosofia. Este reconhecimento depende obviamente de um conhecimento
sólido e rigoroso da tradição filosófica, mas também de uma sensibilidade
para as dificuldades e capacidades dos estudantes. Talvez fosse a falta
dessas duas condições que tornavam os professores do Paraná tão
descrentes no uso do texto clássico. Sendo assim, é legítimo imaginar que
o ensino da filosofia a partir das palavras dos filósofos seja possível, uma
vez que tais condições sejam criadas. Eis um desafio que se apresenta
não propriamente às escolas, mas aos responsáveis pela formação dos
professores, a saber, os cursos de licenciatura em filosofia. Se for legítimo
generalizar o exemplo paranaense para o resto do Brasil, então a
efetivação do ensino da filosofia a partir dos textos clássicos é algo que
depende em grande parte das universidades brasileiras.
[1] O material está disponível para download gratuito no endereço:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_pedagogicos/caderno_filo.pdf
[2] Disponível para download gratuito no endereço:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/livro_e_diretrizes/livro/filosofia/seed_filo_e_book.pdf
Fonte deste texto de Juliano Orlandi: http://www.anpof.org.br/spip.php?rubrique10
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