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A EDUCAÇÃO POPULAR COMO ALTERNATIVA DE ENFRENTAMENTO AO
BULLYING
POPULAR EDUCATION AS AN ALTERNATIVE COPING TO BULLYING
Luis Carlos Borges dos Santos
1
RESUMO
Este trabalho parte de observações feitas em um espaço de educação social, localizado na Vila
Farrapos, na periferia urbana de Porto Alegre, durante o mês de Setembro de 2012, especificamente
entre os dias 03 a 14. Tem por princípio atender crianças e adolescentes em contexto de
vulnerabilidade social com ações socioeducativas, como ex, Oficinas de cidadania. Aborda o bullying
como um problema social crescente nos estabelecimentos de ensino; neste caso, é visto como objeto
de análise a Educação Social. Nosso objetivo é refletir como o bullying se desenvolve no ambiente da
educação social, bem como identificar as formas e as consequências dessa prática neste ambiente
educacional. As observações dirigiram-se às metodologias da educação popular como alternativa de
enfrentamento ao bullying. Para registro foi utilizado diário de campo e entrevistas individuais com
alguns diálogos, focando as falas de sujeitos mais representativos do que se pretendeu observar. As
entrevistas buscaram fortalecer a pesquisa empírica, uma vez que o foco das observações são as
metodologias apresentadas pelos educadores para o enfrentamento. O trabalho pretende apresentar
a Educação Popular como alternativa de mudança.
Palavras-chaves: Educação Popular, Bullying, Crianças e Adolescentes.
ABSTRACT
This paper presents observations on a social education space, located in Vila Farrapos, in the suburbs
of Porto Alegre, during the month of September 2012, specifically between days 03-14. Its principle
serve children and adolescents in the context of social vulnerability with social and educational
activities, such as ex, citizenship workshops. Addresses bullying as a growing social problem in
schools, in this case, is seen as an object of analysis to Social Education. Our goal is to reflect how
bullying develops in the setting of social education as well as to identify the forms and consequences
of this practice in the educational environment. The comments went to the methodologies of popular
education as an alternative to confronting bullying. To register was used field diary and interviews with
1
Acadêmico do curso de História – Faculdade Porto Alegrense- FAPA.
Educador Social atuando diretamente com criança e adolescentes em contexto de vulnerabilidade
social.
some dialogues, focusing on subject lines of the most representative of what was intended to observe.
The interviews sought to strengthen the empirical research, since the focus of the observations are the
methodologies presented by educators for the confrontation. The paper intends to present the Popular
Education as an alternative for change.
Keywords: Popular Education, Bullying, Children and Adolescents.
INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo refletir como a Educação Popular pode contribuir ao
enfrentamento do bullying assim como apresentar algumas alternativas. Para tanto
foram observados alguns atos referente à prática do bullying e algumas ações de
intervenção em um ambiente de educação social. O local da observação atende
cerca de cento e vinte cinco educandos entre crianças e adolescentes,
desenvolvendo ações socioeducativas nas perspectivas da Educação Popular,
atuando em duas frentes de trabalho: Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculo e Trabalho Educativo2. Esta instituição de ensino foi fundada em 1955 na
periferia da Venezuela por um Padre Jesuíta, veio para o Brasil em 1981 e para o
Rio Grande do Sul em 2005, está localizada no Bairro Farrapos periferia urbana de
Porto Alegre- RS.
A Vila Farrapos é uma área de periferia, constituída por uma população dotada
de poucos recursos econômicos que devido a fatores históricos e sociais possuem
uma visibilidade social negativa. Necessariamente, os fatores que levaram a esta
imagem negativa é a localização geográfica da comunidade, estando situada em
região relativamente afastada do centro da cidade, para qual concentravam ao longo
dos anos pessoas surgidas do interior do Estado em busca de trabalho e melhores
condições de vida e com baixo poder aquisitivo e também pelo fato de estar
marcado por relatos que referem à existência de vários episódios de violência em
seu interior, originou-se como alternativa de assentamento para a população de
Porto Alegre cada vez mais crescente e para famílias vindas do interior, considerada
uma das regiões mais desprovida de infraestrutura da cidade.
2
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vinculo (SCFV) e Trabalho Educativo (TE).
Podemos observar que o contexto da localidade onde estão inseridos os
atendidos dessa Organização Não Governamental (ONG), contribui para o
fortalecimento desse estigma de exclusão social. Ao longo dos anos a periferia foi
representada de forma pejorativa no imaginário urbano, como foco de doença,
“vileiros” inimigos do trabalho duro e honesto, ou seja, de população sem moral3.
A existência desses fatores desencadeou o surgimento de um imaginário social
moralizante, que tivera efeito de desqualificar os moradores inseridos, ou seja, os
estereótipos e preconceitos construídos em torno daquilo que se acredita ser a vida
dentro da vila.
Partindo disso podemos analisar que os fatores de exclusão social, injustiça
social e consequentemente o próprio bullying, fortalece-se nas suas "raízes" sociais,
uma vez que, o próprio oprimido não se sente pertencente a sua comunidade para
tal mudança. Parafraseando (Paulo Freire 2011) " A maior arma dos oprimidos para
vencerem a opressão é a sua consciência de classe".
Nessa luta para a autonomia temos a Educação Popular desenvolvida por
Freire, o mesmo desenvolve reflexões para o ato de conhecer, referindo-se que o
conhecimento adquire o seu sentido no processo de realização do ser humano, que
por sua vez,concerne à sua ontológica de “Ser Mais4”. O conhecimento faz parte da
totalidade da vida humana. Para combater a prática do bullying é preciso conhecêlo, buscar o conhecimento em comunhão.
[...] ninguém educa ninguém, como tão pouco se educa a si mesmo: os
homens se educam em comunhão, midiatizados pelo mundo, pelos objetos
cognoscíveis que na prática “bancária” são possuídos pelo educador que os
descreve ou os deposita nos educandos passivos. (FREIRE, p. 79, 1983).
No processo de conhecer definido por Paulo Freire, não há como transferir
conhecimento. Portanto, conhecer é sempre um ato dialógico que envolve sujeitos,
assim sendo “o conhecimento do mundo é também feito através das práticas do
mundo" (Freire, p,34, 2011).
Na Educação Libertadora a práxis é o diálogo, segundo Freire,
3
ZALUAR, Alba; ALVITO, Marcos, (Org.). Um século de favela. 3 ed. Rio de Janeiro: 2003.
Na obra de Pedagogia do oprimido, Freire concebe “ser mais” como desafio da libertação dos
oprimidos como busca de humanização. A partir do diálogo crítico e problematizador. ( Dicionário
Paulo Freire, 2011, p.370)
4
[...] o diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para
pronunciá-lo não se esgotando, portanto, na relação eu-tu. [...] É preciso
primeiro que, os que assim se encontram negados no direito primordial de
dizer a palavra, reconquistem esse o direito, proibindo que este assalto
desumanizante continue (FREIRE, p. 91, 2005).
Acerca disso a Educação Popular deve ser tomada como meio para
transformar pessoas e transformar a sociedade, nesta sociedade de convulsão, tão
agitada. Nas palavras de Esclarín (1990), uma educação que desperte o ser humano
que todos nós trazemos dentro de nós.
O trabalho com a educação no modo geral requer dedicação, amorosidade5,
respeito, afeto, tolerância e acima de tudo comprometimento. O comprometimento é
a “chave” principal para atingir os itens citados. No entanto durante as atividades nos
deparamos com situações que deixam os educadores com as “mãos atadas”.
Situações que surgem nas ações do chamado bullying.
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O BULLYING
A expressão bullying não é mais novidades nos ambientes escolares, sendo
formais e não formais. A sociedade contemporânea está marcada por profundas
modificações, ciências e tecnologia, costumes, relações de poder, transformações
culturais. O modelo capitalista contribui para o modo de vida da sociedade, sendo
atribuídas as manifestações de consumismo, individualismo e competividade. Neste
contexto social forma-se uma sociedade conflituosa e violenta onde o outro é visto
como inimigo.
Neste compartir de transformações os mais atingidos são as novas gerações
(crianças
e
adolescentes),
que
sendo
“bombardeados”
pelos
meios
de
Comunicação6, são induzidos a competir ao invés de compartilhar, são
“bombardeados” pela “ditadura” da beleza (esteticamente), do consumismo,
“sufocados” a terem o melhor tênis, as melhores roupas, celulares e entre outros.
5
“A amorosidade freiriana [...] materializa-se no afeto como compromisso com o outro, que se faz
engravidado da solidariedade e da humildade." ( Dicionário Paulo Freire, p. 37, 2011)
6
Os meios de comunicação que refiro são aquelas voltadas aos horários nobres da televisão, onde o
objetivo principal é a propaganda consumista.
Esta nova perspectiva do TER gera os conflitos, do SER7 gera a exclusão,
dentro das relações sociais, que esta nova geração está inserida. Manifestações que
se expõe de diversas formas adentra em todas as instituições sociais, inclusive as
escolas. Aliado a isso, a violência entre crianças e adolescentes, envolvendo
agressões físicas e psicológicas, praticadas de forma perversa e cruel, sendo
denominada de bullying.
O bullying é um tema extenso e complexo, onde envolvem a sociedade, os
sujeitos, as instituições de ensino. Na definição de alguns estudiosos acerca desse
tema o termo bully significa: valentão, tirano. De acordo com Lopes Neto, Monteiro
Filho e Saavedra:
[...] vários estudos foram realizados com as finalidades de verificar os
fenômenos sob diversos aspectos. Hoje é reconhecido que o BULLYING,
como fenômeno social, pode surgir em diversos contextos, como parte de
problemas de relações pessoais entre adultos, jovens e crianças em
diferentes locais, como: trabalho (workplace bullying), prisões, asilos de
idosos, ambientes familiares, clubes e playgrounds, entre outros. (p.7, 2012)
O termo segundo esses autores surge a partir de estudos sobre as relações
sociais conflituosas, analisadas em todas as esferas sociais.
Para tanto Cléo Fante em sua obra Fenômeno bullying: como prevenir a
violência nas escolas e educar para a paz( 2011)define desse modo,
Bullying: palavra de origem inglesa, adotada em muitos países para definir o
desejo consciente e deliberado de maltratar outra pessoa e colocá-la
sobtensão; termo que conceitua os comportamentos agressivos e antisociais, utilizados pela literatura psicológica anglo-saxônica nos estudos
sobre o problema da violência escolar. (p.27, 2011)
Para os autores, existem certas dificuldades em definir a problemática do
bullying, partindo que o tema envolve todas as estruturas sociais, não restringindo a
uma categoria da população, porém como já salientado, os maiores atingidos são as
crianças e adolescentes vulneráveis, que por sua já estão em contexto de opressão
e exclusão social.
7
Para melhor compreensão nas questões sugiro a leitura de FROMM, Erich. Ter ou ser? Rio de
Janeiro: Zahar, 1977.
A caracterização da prática do bullying torna-se um subconjunto de atos
agressivos,
repetitivos,
nos
quais
evidencia
um
desequilíbrio
de
poder,
oportunizando a incapacidade de defesa da vitima. Dessa forma:
Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam
profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam,
ridicularizam e inferiorizam a vida de outros os levando à exclusão, além de
danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do
comportamento bullying (FANTE, p.29, 2011).
Essas dimensões associadas às práticas perversas do bullying constituem
elementos a serem pensados e trabalhados nos currículos e a partir da prática do
educador, elementos a serem considerados no planejamento e na organização dos
centros educativos8, para promover conhecimento, competências, soluções,
habilidades e valores, contra a prática do bullying.
PERSONAGENS DO BULLYING
Para compreender os sujeitos envolvidos é de fundamental importância
identificar e analisar as suas atitudes e procurar a raiz de tal comportamento. O
praticante segundo Fante: “Ele sente uma necessidade imperiosa de dominar e
subjugar os outros, de se impor mediante o poder e a ameaça e de conseguir aquilo
que se propõe”. (p.73, 2011).
Pode-se analisar que há nesses agressores, a intenção de atrair a atenção e
obter a sensação de poder sobre o outro, esquecendo muitas vezes que outro
também poderá ter uma reação adversa às atitudes e promover também a agressão.
Observando os agressores nota-se que buscam a valorização da autoestima
tenta de todas as formas chamarem a atenção de quem está ao lado. Analisando
outros autores sobre o tema observamos o seguinte:
[...] podem ser de ambos os sexos. Possuem em suas personalidades
traços de desrespeito e maldade, e, na maioria das vezes, essas
características está associado a um perigoso poder de liderança que, em
geral, é obtido ou legitimado através da força física assédio psicológico.
(SILVA p.43, 2010)
8
Este trabalho parte de observações em um Centro Social de ensino, porém esse tema deve ser
trabalhados nas escolas formais, centro comunitário, reuniões de pais e principalmente na família.
Para a autora Silva (2010) as características que apresentam, desde muito
cedo são aversão às normas, não aceitam serem contrariados, e geralmente estão
envolvidos em atos de pequenos delitos, podendo agir sozinhos ou em grupos.
Os agressores manifestam falta de responsabilidades e de respeito aos seus
educadores que muitas vezes são agredindo verbalmente e fisicamente. São
sujeitos que demonstram ter a autoestima baixa e que mais falta a eles é o afeto
pelos outros.
AS VITIMAS
São crianças e adolescentes que aparentam ser “indefesos”, são escolhidos
por motivos banais, por exemplo: estar fora dos “padrões de beleza”, principalmente
as meninas, estar acima do peso, possuir cabelos enrolados, ser magra, estatura
baixa, ser alta, etc... Para o agressor qualquer forma de denegrir a pessoa passa a
ser chacota pelos outros.
Quem sofre bullying nunca esquece e procura manter-se isolados dos outros
evitando assim as relações sociais, muitas vezes prejudicando na intervenção . Silva
complementa as afirmações ao dizer que:
São indivíduos que não conseguem reagir aos comportamentos provocados
e agressivos dirigidos contra elas. Normalmente são mais frágeis
fisicamente alguma “marca” que as destaca da maioria dos alunos: são
gordinha ou magras demais, altas ou baixas demais, usam óculos, são
“caxias”, deficientes físicos, apresentam sardas ou manchas na pele,
orelhas ou nariz um pouco mais destacados, usam roupas fora da moda,
são de raça, credo, condição socioeconômica ou orientação sexual
diferentes. ( SILVA, p.38, 2010)
Ao entrevistar uma criança vitima do bullying perguntei a ele o que o deixava
irritado e ele enfático disse: “-provocações, tipo, baleia, gorducho, pançudo, negro,
feio”. Após a resposta fiz outra pergunta, salientando o que ele poderia fazer com
quem o agride ele disse: “– Eu queria ser branco, porque só os brancos batem nos
negros” (F C. 8 anos).
Percebe-se, portanto, que violência está interligada a várias concepções a
quem agride e a quem a recebe por ser agredido. Perguntei ao agressor o porquê
ele provocava outros meninos ele respondeu: “– porque gosto, porque ele é gordo
mesmo e não preciso ter amigos como ele.” (F S. 10 anos).
Com isso, notamos que os oprimidos têm medo da liberdade e os opressores
medo de perder a liberdade de oprimir, nestas relações antagônicas o que mais
caracteriza tanto oprimido quanto opressor, é o fato de serem classes sociais, pois
nestas perspectivas as relações de classes se “diluem” na sociedade, não havendo
uma consciência. Para Paulo Freire estas relações opressor-oprimido só alcançará a
ruptura quando o opressor identificar-se como classe.
No entanto como a Educação Popular pode contribuir para o enfrentamento do
bullying?
Para trabalharmos com essa temática tão preocupante precisamos acreditar
que é possível acabar com essa prática tão perversa nos espaços escolares,
partindo da conscientização do educador que está à frente do enfrentamento, uma
vez que ele será o mediador da mudança.
Toda pedagogia segue necessariamente uma filosofia, isto, é, o conceito que
se tem da educação e da pessoa que se pretende formar. Para isso o educador que
se propõem trabalhar contra o enfrentamento, precisa primeiramente acreditar que a
educação constitui uma tarefa de libertação, ou seja, “a ação e a reflexão dos
homens sobre o mundo para transformá-lo" (Freire, p.70, 1970).
A Educação popular oportuniza através de ações da realidade do seu
educando
ferramenta
para
serem
utilizadas
contra
essa
prática,
sendo
primeiramente respeitar e cultivar os processos psicológicos, emocionais e afetivos
de cada pessoa, de modo que possa crescer harmoniosamente.
Competência que o levem a desenvolver sua identidade pessoal, familiar e
social, que ajudem a se conhecer, elevar a autoestima e tomar rumo de sua própria
realização com os demais. Competência para não agredir nem física, nem verbal,
nem psicologicamente os outros.
Ações que somente através do diálogo poderá ser concretizado, repudiando
qualquer forma de autoritarismo ou agressão. Esse clima deve reinar também na
família, que é a primeira educadora, o que vai exigir da Educação Popular, a
necessidade de trabalhar juntos e de agregar a família na educação de seus filhos.
Para tanto o principio pedagógico essencial, base e condição de todos os
outros, é o amor aos educandos. O educando é amado e ensinado ao mesmo
tempo, e o educador cresce e se humaniza com amor de seus educandos.
A Educação Popular como enfrentamento ao bullying precisa promover uma
pedagogia do amor, da saúde, da valorização do corpo, uma busca pela pesquisa,
pela pergunta, do diálogo e da participação coletiva. Essas dimensões constituem
em elementos a serem pensados e trabalhados.
ALTERNATIVAS AO ENFRENTAMENTO: CAMINHOS E POSSIBILIDADES
Após as considerações acerca da Educação Popular e um breve apanhado do
tema bullying, vamos dedicar este espaço para apresentar algumas alternativas de
enfrentamento que observei durante a pesquisa no centro social.
Iniciamos apresentando a Pedagogia da Pergunta (Freire, 2011), perguntar
requer inteligência9, consistindo em saber pensar e atuar de modo mais adequado,
de acordo com os contextos e situações. É inteligente quem é capaz de dar uma
opinião razoável, de assumir uma postura critica não da mera repetição das
“verdades veiculadas pela mídia", é inteligente o educador (a) que não fica calado ao
presenciar uma ação preconceituosa.
É inteligente o educador (a) que pensa em suas atividades focadas no contexto
atual, que problematiza que questiona. A inteligência supõe capacidade de
compreenderem-se, de compreender os outros e de compreender o mundo.
Todo conhecimento começa pela curiosidade, ensinar requer primeiro fazer a
pergunta, mas não qualquer pergunta, mas sim, aquela que desestabiliza, que
9
Inteligência. Termo cujo sentido genérico se aproxima de intelecto, entendimento e razão. Capacidade humana
de solucionar problemas através do pensamento abstrato, envolvendo memória, raciocínio, seleção de dados,
previsão, analogia, simbolização. (JAPIASSÚ. Hilton, MARCONDES, Danilo. In. Dicionário de Filosofia,
p.135, 1991)
problematiza, trata-se tornar o educando senhor de seus processos de
aprendizagem e colocá-lo em uma atitude de reflexão e investigação para a solução
de seus problemas, de ajudá-lo interpretar a realidade.
Outra forma de trabalhar com os educandos é a utilização das mídias, pode-se
começar com a apresentação de desenhos animados, por exemplo: a) "Procurando
Nemo”, onde o desenho retrata as questões referentes à inclusão. (b) “Vida de
Inseto" mostra as questões de gênero. c) "Patinho Feio" demonstra a busca da
inclusão e participação. d) “Sherek" trabalha as questões voltadas para a beleza
interior e a amizade.
Após a exibição busca-se o debate a pesquisa sobre determinadas ações
apresentada nos desenhos, pode-se utilizar-se de questionário previamente
construído pelo educador, o teatro de fantoche, a produção de fanzine também são
alternativas. A leitura de matérias jornalísticas acerca das agressividades
promovidas pela prática do bullying é pertinente para a formação critica do
educando, uma vez que contribui para a leitura de mundo e da palavra (FREIRE).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo procurou diante das considerações, problematizar as ações do
enfrentamento do bullying em ambiente não formal, primeiramente apresentando o
local onde pesquisamos e problematizando as alternativas. também buscamos
oportunizando o dialogo com as questões do cotidiano, uma vez que o educador não
pode silenciar-se perante essa prática tão maléfica, procuramos demonstrar neste
espaço os contextos que autores apresentam acerca do bullying tanto no âmbito
escolar quanto social.
Por sua vez demonstramos sucintamente como a Educação Popular pode
contribuir de forma pedagógica alternativa para o enfrentamento do bullying.
Utilizando mídias de diversas formas como ferramenta, mapeando os focos do
bullying, intervindo, estabelecendo diálogos entre os setores que trabalham com a
educação.
Por fim utilizando dessas alternativas, podemos contribuir para o enfrentamento
dessa prática, sendo possível prevenir atitudes de violências e também promover os
valores de tolerância e a solidariedade que tanto buscamos na educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FANTE, Cléo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar
para a paz. São Paulo: Versus, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
_____________ Por uma Pedagogia da Pergunta. 7 ed. rev. São Paulo: Paz e Terra,
2011.
_____________Que fazer: teoria e prática em Educação Popular. 11 ed. Petrópolis:
RJ 2011.
FROMM, Erich. Ter ou ser?. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
JAPIASSÚ. Hilton, MARCONDES, Danilo. In. Dicionário de Filosofia, Ed. Jorge
Zahar. 1991).
LOPES NETO, Aramis Antonio; MONTEIRO FILHO, Lauro; SAAVEDRA, Lucia
Helena. Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes.
Disponível em: <http://www.observatoriodainfancia.com.br/IMG/pdf/doc-154.pdf>.
Acesso em: 15/09/ 2012.
SILVA, Beatriz Barboza e. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro,
2010.
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