ESTATÍSTICAS - Gravidez entre meninas de até 15 anos diminui

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ESTATÍSTICAS - Gravidez entre meninas de até 15 anos diminui menos no
Brasil na última década
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Enviado por: [email protected]
Postado em:04/11/2016
04/11/2016 - As gestações entre pré-adolescentes de até 15 anos permaneceram praticamente
estáveis na última década no Brasil. Por outro lado, a natalidade entre mulheres acima desta idade
caiu consideravelmente no mesmo período. Esta diferença tem preocupado especialistas. A
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(Foto: UNIC Rio/Pedro Andrade)
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As gestações entre pré-adolescentes de até 15 anos
permaneceram praticamente estáveis na última década no Brasil. Por outro lado, a natalidade entre
mulheres acima desta idade caiu consideravelmente no mesmo período. Esta diferença tem
preocupado especialistas.
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A natalidade total teve uma queda de 11% entre 2003 e 2014, segundo dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, enquanto os nascimentos entre meninas de 15 a 19
anos recuaram 23% no mesmo período, entre aquelas com até 15 anos a baixa foi de apenas 5% —
mantendo participação estável em relação aos nascimentos totais.
Para especialistas, o cenário é preocupante na medida em que o corpo das pré-adolescentes ainda
está em formação. A gravidez precoce prejudica tanto o desenvolvimento físico, como psicológico e
social, uma vez que a maior parte delas precisa parar de estudar para ter o bebê — muitas vezes
sem o apoio do pai da criança.
Jaime Nadal, representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, lembra
que o fenômeno afeta principalmente adolescentes e pré-adolescentes mais pobres, que muitas
vezes não têm acesso a serviços de saúde reprodutiva. Outras engravidam voluntariamente por não
ter perspectivas de um futuro que vá além da maternidade.
“Estamos falando de crianças tendo crianças”, disse Nadal. “Ficamos preocupados com o tema da
gravidez precoce pelo que isso significa: para muitas adolescentes, a maternidade é praticamente o
único projeto de vida”, completou.
A falta de informação e de educação sexual tanto na escola como na família, assim como o
machismo e o moralismo envolvendo a sexualidade feminina também agravam o problema. As
meninas de até 15 anos são ainda mais vulneráveis, por terem menos conhecimento sobre seu
próprio corpo e sobre métodos contraceptivos.
“Elas também sofrem mais com o julgamento moral condenatório dos adultos frente ao exercício
sexual”, explicou Jacqueline Pitanguy, socióloga, cientista política e coordenadora da ONG
especializada em direito das mulheres Cepia. Para ela, as pré-adolescentes estão mais sujeitas à
violência sexual, especialmente cometida por pessoas próximas e familiares.
Na opinião da cientista social e especialista em estudos de gênero Carmem Barroso, a estabilidade
dos índices de gravidez entre meninas menores de 15 anos é preocupante, já que são
mães-crianças. “É um sintoma da grave situação de abandono e desrespeito à lei. A gravidez nesta
idade dificilmente é voluntária, a própria relação sexual é frequentemente forçada. A lei a considera
uma violação, permitindo aborto em caso de violação e risco à vida”, afirmou.
De acordo com o UNFPA, 40% das meninas que são mães com menos de 19 anos abandonam a
escola. A agência da ONU estima que a demanda não-atendida por contraceptivos se encontre
entre os 6% e 7,7%, afetando aproximadamente de 3,5 a 4,2 milhões de mulheres em idade
reprodutiva.
Do total de nascimentos nos últimos cinco anos, 54% foram planejados para aquele momento.
Entre os 46% restantes, 28% eram desejados para mais tarde e 18% não foram desejados.
Consequências para a vida
As taxas de fecundidade adolescente na América Latina e no Caribe são umas das mais altas do
mundo. Apenas uma em cada quatro meninas se declara satisfeita com as políticas públicas de
planejamento familiar na região, apontou relatório recente da Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe (CEPAL).
O organismo das Nações Unidas lembra que a gravidez precoce gera uma série de barreiras para o
desenvolvimento inclusivo e autônomo das mulheres por suas implicações na saúde e no exercício
de outros direitos, como à educação, ao trabalho, ao tempo de lazer, e gera maior carga econômica
associada à criação dos filhos.
As mães adolescentes também têm mais chances de sofrer discriminação de gênero e estigmas
culturais, enquanto a gravidez precoce contribui para a manutenção da pobreza de uma geração
para outra, aponta a CEPAL.
“A função de mãe não é socializada, ou seja, as creches públicas que aceitam bebês são muito
raras. Então, é uma função exercida, sobretudo, pela família e pela mãe”, disse Pitanguy. “Quando
há gravidez num período em que a menina deveria estar estudando, construindo um projeto de vida
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profissional, ela recebe essa sobrecarga, o que significa que terá muito menos tempo para estudos
e aperfeiçoamento profissional ou artístico”.
Para a socióloga, é necessário o Estado brasileiro informar adolescentes e pré-adolescentes sobre
a prevenção da gravidez por meio de um programa de educação sexual nas escolas. “É
fundamental que essas jovens tenham acesso a serviços de saúde pública e que recebam
informação sobre sexualidade, vida reprodutiva e métodos contraceptivos, para que possam ser
atendidas com privacidade”, declarou.
“É um capital humano que o país perde”, disse Nadal, do UNFPA. “O país deveria ter políticas
efetivas para evitar a união precoce, que leva à maternidade precoce e limita as oportunidades para
essas meninas e para suas famílias”, concluiu. (Foto de capa do vídeo: EBC) [Fonte: ONU BR Nações Unidas no Brasil - Publicado em 01/11/2016 e Atualizado em 03/11/2016]
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‘Tem muita menina grávida na escola, elas acham normal ter filho com 15 anos’ A carioca
Gabryelle Passos engravidou aos 15 anos e demorou meses para contar aos amigos de escola que
estava grávida, com medo de ser ridicularizada. Usava roupas largas para disfarçar, mas, um dia, o
inevitável aconteceu: levou uma bolada na barriga durante um jogo de futebol e começou a gritar:
“para, para, que eu estou grávida!”.
Inicialmente, os colegas não acreditaram e começaram a rir. Mas logo se convenceram quando ela
levantou a camiseta. “Eles passaram a ter mais cuidado comigo. Se não fosse por isso, eu não teria
falado nada, porque tinha vergonha. Eu era do primeiro ano”, contou.
Agora aos 18, Gabryelle não vê a mesma reação entre suas amigas de colégio, nem entre as mais
novas. “Hoje em dia, tem muita menina grávida na escola. Elas acham que é uma coisa normal ter
filho com 15 anos. Eu não achava isso, eu achava que tinha perdido a minha vida”.
Mesmo sem ter “perdido a vida” e amando sua filha Heloísa Helena, de quase 2 anos, Gabryelle
reconhece que a gravidez foi um atraso para seus projetos: queria já estar na faculdade e
continuado a dançar balé, sua paixão.
Expulsa de casa pela mãe quando engravidou, teve que morar com a família do namorado,
Anderson, seis anos mais velho. No final da gestação, pediu para voltar, pois enfrentava fortes dores
e precisava da ajuda materna. Mora até hoje com a mãe no Meier, zona norte do Rio de Janeiro,
enquanto o namorado continua vivendo com o pai.
“Foi um susto, eu ia abortar, porque não tinha condições de ter uma criança, iria atrapalhar minha
vida pessoal e na arte. Mas quando descobri, já estava com cinco meses”, disse, lembrando que
raramente tomava pílula anticoncepcional no dia certo.
Para cuidar do bebê, Gabryelle teve direito a seis meses de licença-maternidade pela escola. Após
esse período, não conseguiu vaga para a filha em uma creche pública perto de casa e teve que
entrar com uma ação na Justiça. Conseguiu um lugar somente em outubro, quando já estava quase
um ano sem ir às aulas. Repetiu o segundo ano por excesso de faltas.
Hoje, além de ir à escola, ela faz um curso remunerado em uma clínica da prefeitura, onde recebe
menos de um salário-mínimo. Conta com a ajuda da mãe e do pai da criança, que trabalha em dois
empregos e só consegue ver o bebê nos fins de semana.
Gabryelle diz se sentir pressionada para ser uma mãe perfeita, enquanto sente que as pessoas só
se preocupam com as necessidades da criança, ignorando as dela. Também enfrentou dificuldades
com o preconceito de pessoas que a responsabilizavam pela gravidez. “O mesmo julgamento não
aconteceu com o Anderson”, desabafou.
Além das pressões externas, Gabryelle também enfrenta as próprias cobranças. Diz que Anderson
é um pai melhor do que ela é mãe, mesmo sabendo que o pai passa muito menos tempo com a
criança. “Eu não tenho tanta paciência”.
“Ainda sou muito nova. Tem coisas que eu quero que saiam da minha cabeça, mas não saem
assim tão fácil. Tipo, sexta-feira, quero sair com as minhas amigas. E não posso”, disse. “Eu prezo
muito pela minha liberdade. E ter uma filha não é isso.”
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Apesar das dificuldades, ela vê um lado positivo da maternidade: a responsabilidade. Afirma que
agora consegue dar conselhos para as amigas, pede que elas se cuidem, tomem pílula
anticoncepcional, e as lembra que a maternidade não é tão fácil para uma adolescente.
Por enquanto, não pensa em se casar, por considerar que já está difícil o suficiente criar uma
criança, quanto mais “comandar uma casa”. “Ainda existe isso de a mulher cuidar da casa, e não o
homem”.
Para o futuro de Heloísa, ela quer uma escola de qualidade e, quem sabe, colocá-la no balé. Para
si própria, pretende voltar a dançar, terminar o ensino médio e fazer faculdade. “Quero continuar
fazendo as coisas que eu fazia antes”, declarou. “E mais pra frente, quando ela estiver maior, morar
sozinha com ela ou com o pai dela também”.
“Eu quero dar para minha filha tudo o que a minha mãe quis dar para mim e não conseguiu”,
concluiu.
Gravidez precoce preocupa especialistas
As gestações entre pré-adolescentes de até 15 anos permaneceram praticamente estáveis na
última década no Brasil. Por outro lado, a natalidade entre mulheres acima desta idade caiu
consideravelmente no mesmo período. Esta diferença tem preocupado especialistas (leia aqui a
reportagem completa).
A natalidade total teve uma queda de 11% entre 2003 e 2014, segundo dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, enquanto os nascimentos entre meninas de 15 a 19
anos recuaram 23% no mesmo período, entre aquelas com até 15 anos a baixa foi de apenas 5% —
mantendo participação estável em relação aos nascimentos totais.
Para especialistas, o cenário é preocupante na medida em que o corpo das pré-adolescentes ainda
está em formação. A gravidez precoce prejudica tanto o desenvolvimento físico, como psicológico e
social, uma vez que a maior parte delas precisa parar de estudar para ter o bebê — muitas vezes
sem o apoio do pai da criança.
Jaime Nadal, representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, lembra
que o fenômeno afeta principalmente adolescentes e pré-adolescentes mais pobres, que muitas
vezes não têm acesso a serviços de saúde reprodutiva. Outras engravidam voluntariamente por não
ter perspectivas de um futuro que vá além da maternidade.
Assista abaixo ao vídeo com o depoimento de Gabryelle: [Fonte: ONU BR - Nações Unudas no
Brasil - Publicado em 01/11/2016 e Atualizado em 02/11/2016]
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