TERMO DE APROVAÇÃO Lucas Jorgete Ferreira Martins Sarzi MAIS: Um webdocumentário sobre a gravação do disco independente da cantora Mônica Bezerra Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 10,0 como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pelas Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil, mediante banca examinadora composta por: Prof.(a) e Presidente Felipe Harmata Marinho Prof.(a) Alex Wolf Prof.(a) Suzana Rozendo Curitiba, 29 de Novembro de 2012. FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL - UniBrasil Bacharelado em Comunicação Social – Jornalismo MAIS: Um webdocumentário sobre a gravação do disco independente da cantora Mônica Bezerra CURITIBA 2012 LUCAS JORGETE FERREIRA MARTINS SARZI MAIS: Um webdocumentário sobre a gravação do disco independente da cantora Mônica Bezerra Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção de grau de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo ao Setor de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, das Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil, sob orientação do professor Felipe Harmata Marinho. CURITIBA 2012 Dedico este trabalho a minha mãe, Terezinha Martins Sarzi, pois sem o apoio, paciência e confiança, não seria possível realizar estes quatro anos de universidade sem passar por cima das dificuldades. AGRADECIMENTOS Desde a época do ensino médio, me preocupava com os trabalhos e ouvia muitas pessoas dizendo: “Você está preocupado e se matando com trabalhos do ensino médio? Eu quero ver quando você chegar ao TCC”. Não sabia o que era o TCC e hoje eu digo: Quem disse isso tinha muita razão. O fato é que as dificuldades que encontramos no decorrer não são nada, se tivermos pessoas que nos ajudem a enfrentá-las. Por isso, agradeço a imensamente a cada um que passou pela minha vida neste período de faculdade e, principalmente, na reta final. Cada um, em sua especificidade, foi de extrema importância e significou muito para mim. Mônica Bezerra, obrigado por acreditar neste trabalho e dar toda a estrutura e atenção para que ele se concretizasse. Muito obrigado também ao Tomás Magno e sua irmã Constança Scofield, pela atenção e por me permitirem desenvolver o meu trabalho com toda liberdade. Aos músicos Marcelo Bezerra, Marcelo França e Rodrigo Chavez, que fizeram com que eu me sentisse parte da equipe, o tempo todo. Acredito que sem a compreensão, auxílio e apoio da família e dos amigos, ninguém consegue chegar ao fim de um trabalho como este com êxito. Por isso, muito obrigado família! Em especial minha mãe, Terezinha Martins Sarzi, e meus irmãos, Fabiana e Fernando, por me darem a segurança de que poderia contar com vocês. Maria de Fátima, obrigado pela preocupação e atenção. Agradeço imensamente a todos os meus amigos que, direta ou indiretamente, ajudaram na realização deste trabalho. Alessandra Consoli, seu apoio desde o começo da minha formação como profissional e durante todo este processo, foi o presente mais valioso que você poderia me dar. Giselle Macedo, você foi extremamente importante, me mostrou o caminho que deveria seguir e acertou. Tamie Ono Lôr, muito obrigado pela força e pelo apoio na produção, acredito que devo parte deste trabalho a você. Também dedico este trabalho aos amigos Cassio Deconto, Kalrhen Braga, Daiane Andrade, Naira Ueda, Rafaela Gussela, Kelly Ambrozzio, Taiana Tavares, Letícia Gabriele e a todos os que estiveram por perto sempre. Agradeço também a todo o pessoal das TVS Band Curitiba e Rede Massa. Vocês me mostraram caminhos que eu, certamente, não conseguiria enxergar sozinho. Professores, vocês me deram toda a estrutura de que eu precisava para que pudesse colocar em prática a minha ideia. Do começo ao fim. Agradeço, primeiramente, ao professor Victor Folquening, por amadurecer as minhas ideias e me mostrar o que é um jornalista de verdade. Maura Martins, sua força foi a base para que eu pudesse desenvolver este trabalho sem nenhuma preocupação. Obrigado também pela força dos professores Elaine Javorski, Ivone Ceccato, Laura Wolf, Marcelo Ribaric, Hugo Abati e Helio Marques. Felipe Harmata, eu não consigo ter palavras para dizer o quanto você e suas orientações significaram e significam. Sem você isso tudo não iria existir do jeito que foi feito e isso é fato. Muito obrigado pela atenção, pela preocupação, pelos puxões de orelha e pelas milhões de dicas. Tudo, desde o começo, foi aproveitado e de muita valia. Sou seu fã. Por último eu agradeço imensamente a Deus. Isso porque sem Ele, nada disso tudo que eu disse acima seria possível. “Para ele não existe o impossível. Ele pode tudo, para ele não existe o impossível. O impossível pra Jesus é deixar de te amar” (Lucas 1:37). RESUMO Este trabalho tem como produto final o webdocumentário Mais, que mostra como é a gravação do CD independente da cantora curitibana Mônica Bezerra. Foi utilizada bibliografia específica sobre jornalismo cultural e autores que tratam sobre o cenário musical. Também foi utilizada a teoria de cibercultura e a de documentário, partindo para artigos sobre webdocumentário. Também produzida uma pesquisa quantitativa, com a interpretação dos resultados. Palavras-chave: webdocumentário, música independente, jornalismo cultural SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................10 2. DELIMITAÇÃO DO TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO.....................................13 2.1. Cultura........................................................................................................13 2.2.História dos gêneros musicais rock, pop e pop-rock...................................16 2.3. Música Independente..................................................................................20 2.4. Cenário Local de Música...........................................................................22 2.5. Mônica Bezerra e a produção do CD..........................................................24 2.6. Internet como principal meio de divulgação................................................26 2.7. Problematização.........................................................................................30 3. OBJETIVO GERAL........................................................................................31 4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................................31 5. JUSTIFICATIVA...........................................................................................32 6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................35 6.1. Teoria de Cibercultura................................................................................35 6.2. Documentário..............................................................................................36 6.3. Webdocumentário.......................................................................................40 6.4. Webdocumentário jornalístico e a Comunicação Dirigida..........................42 6.5. Jornalismo Cultural.....................................................................................44 7. METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................48 7.1 Pesquisa bibliográfica..................................................................................48 7.2. Pesquisa quantitativa..................................................................................49 7.3. Análise da pesquisa quantitativa................................................................51 8. DELINEAMENTO DO PRODUTO.................................................................62 8.1. Linguagem..................................................................................................62 8.2. Pré-produção..............................................................................................63 8.3. Locais de gravação.....................................................................................63 8.4. Produção.....................................................................................................64 8.5. Pós-produção..............................................................................................66 8.5.1. Divisão dos vídeos...................................................................................66 8.6. Trilha sonora...............................................................................................67 8.7. Identidade visual.........................................................................................68 8.8. Custos.........................................................................................................69 8.9. Viabilização.................................................................................................69 8.10. Veiculação................................................................................................70 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................71 10. REFERÊNCIAS...........................................................................................74 11. ANEXOS......................................................................................................78 11.1. Questionário da pesquisa quantitativa......................................................78 11.2. Divulgação da pesquisa quantitativa nas redes sociais..........................81 11.3. Roteiro de perguntas aos entrevistados...................................................86 11.4. Roteiro e edição base...............................................................................87 1. INTRODUÇÃO Este trabalho de conclusão de curso tem como produto final um webdocumentário com os bastidores da gravação do disco, independente, da cantora curitibana Mônica Bezerra. Apesar do modo com que se lançam no mercado da música, os CDS traduzem o grande manifesto da arte, a luta e a conquista, e, muitas vezes, o grito uníssono necessário para a constatação da maturidade músical. O processo desta construção, desconstrução e reconstrução, da gravação de um CD, faz do produto final um aprendizado cultural e de formação. A escolha pelo tema foi pelo interesse de mostrar as dificuldades e o que existe por trás dos artistas indepententes. Levando também em conta o fato de não ter uma mídia que trabalhe com este público. Além disso, a disponibilidade de contato com a cantora, com os integrantes da banda e o produtor, facilitou a possibilidade de melhorar o conteúdo. Para a produção das pesquisas de elaboração, foram utilizados temas como Cultura, nacional e local; Música e música local; Internet e Jornalismo Cultural. Sobre Cultura, foram utilizados autores como Edward Palmer Thompson (1998), que relata a história da Cultura com a definição de que se trata de tradição. Além de Thompson, também foram utilizadas as obras do antropólogo Clifford Geertz (1989), que estabelece três fatores que podem contribuir com a observação das universais de cultura, de forma mais ampla. Além disso, para unir a definição de cultura com a música, foram utilizados artigos que explicam que a mídia ajuda na formação dos valores culturais locais para a determinação do que pode ser considerado cultura. No âmbito músical, para desenvolver um trajeto do estilo pop-rock, que é o da cantora Mônica Bezerra, foi preciso traçar uma linha do tempo com a história do rock e posteriormente chegar ao pop-rock. Para isso, foram utilizados autores como Luciana Salles Worms e Wellington B. Costa, que trazem informações sobre música em seu livro “Ao Pé da Letra da Canção Popular”. Também foi utilizado o livro “Pop brasileiro dos anos 80: uma visão semiótica da poética das canções mais cultuadas”, de Silvio Anaz. Para complementar a história do rock e seguir com a analogia para definir o estilo pop-rock, que surgiu a partir do rock, foi utilizado também o livro de Kid Vinil, O Almanaque do Rock. Demais autores, como Paul Friedlander, Edgard Piccoli, Larry Starr e Christopher Waterman também foram utilizados e tomados para a complementação do trabalho. Logo após o desenvolvimento da pesquisa sobre o Rock e Pop-Rock, foi necessário abordar outro lado da música, o cenário local. Isso porque se trata de um trabalho a respeito de uma artista regional. Esse meio foi empregado e abordado através de reportagens do jornal Gazeta do Povo, da revista Veja e também de demais artigos que foram encontrados no decorrer das pesquisas. Foi traçado, então, uma espécie de história sobre o cenário de música local, passando pelos anos que marcaram época de acordo com o material encontrado. O trabalho da cantora Mônica Bezerra, que é formada em Publicidade e Propaganda e tem formação músical em canto e técnica vocal pelo Conservatório de Música Popular Brasileira de Curitiba, foi desenvolvido a partir do cenário de música local. Neste tópico do trabalho é apresentada uma breve história sobre a cantora e também sobre seus trabalhos já desenvolvidos. Mônica produziu e investiu na gravação do seu próprio bolso. Trabalha e vive de música. O foco se mantém na produção de seu CD. Para explicar o cenário de música local e fazer a relação com o trabalho de música independente, foi criado também um tópico sobre artistas independentes. Nesta fase foram utilizados artigos e também reportagens da revista Veja que podem melhor explicar o surgimento desses artistas no país. A internet foi abordada em seguida. Para mostrar que, nos dias de hoje, essa plataforma pode ser utilizada como principal meio de divulgação do trabalho dos novos artistas, foram utilizados artigos como de Henrique Autoun e André Pecini, “A Web e a Parceria”. O artigo mostra que com a chegada da rede em que todos estão acostumados, sites, redes de relacionamentos e sites para compartilhamentos de vídeos, mais conhecido como a Web 2.0, tudo mudou no mundo virtual. Também utilizou-se de matéria da revista Time. O trabalho foi elaborado com base nas ideias de Jornalismo Cultural. Portanto, se fez importante falar sobre jornalismo cultural, de documentário e webdocumentário, para o embasamento teórico do trabalho. Para falar sobre jornalismo cultural foram utilizadas as teorias de Daniel Piza, conhecido como mestre da área. Sobre documentário, as teorias de Bill Nichols foram abordadas. Com relação ao assunto webdocumentario foram utilizados artigos e obras como a de Luciana Mielniczuk e também Díaz Noci, que fala sobre jornalismo interpretativo. As teorias usadas no trabalho foram: cibercultura e documentário. Também analisa questões do jornalismo cultural para a construção da fundamentação teórica. A partir da cibercultura foi possível identificar detalhes a respeito da internet. Também foi através desta teoria que foi elaborada uma pesquisa quantitativa², disponibilizada na web por três dias. A pesquisa foi divulgada somente através das redes sociais. Para obter 300 respostas, foi feita divulgação através do Facebook e Twitter da própria cantora, de amigos, conhecidos e até mesmo de cantores e apresentadores de TV do Paraná³. Como resultado, foi possível traçar o perfil do público, se haveria aceitação pelo documentário disponibilizado na internet, tempo de duração dos vídeos e quais os elementos que chamariam a atenção no produto. Também foi abordado sobre a cantora em questão, Mônica Bezerra. A partir da pesquisa foi possível identificar o quanto há de conhecimento a respeito da artista e se as pessoas estão dispostas a conhecer novos trabalhos como o dela. O objetivo foi o de pensar em como construir um webdocumentário que mostre, em forma de realidade, como funciona a produção de um CD independente. Mantendo o foco nas teorias do jornalismo cultural e fazendo a divulgação do trabalho de uma nova cantora. 2. DELIMITAÇÃO DO TEMA Uma breve apresentação sobre cultura e cultura local é feita para que haja melhor compreensão da sua importância na formação de determinado povo. Além disso, aborda-se o cenário de música local como fator primordial, juntamente com o fato de a música criar um espaço próprio. Tratando então das produções independentes e de informações ligadas à internet como principal plataforma de divulgação e lançamentos de novos projetos deste meio. 2.1. CULTURA O termo cultura, em sua definição comum e de autor desconhecido, nada mais é do que tudo o que é executado através da intelectualidade do homem. Mas, de acordo com Edward Palmer Thompson (1998), a cultura, gerada muitas vezes pela palavra tradição, é um campo que pode ser mudado e alguns cuidados ao se tratar do tema devem ser levados em consideração. Uma cultura é também um conjunto de diferentes recursos, em que há sempre uma troca entre o escrito e o oral, o dominante e o subordinado, a aldeia e a metrópole; é uma arena de elementos conflitivos, que somente sob uma pressão imperiosa – por exemplo, o nacionalismo, a consciência de classe ou a ortodoxia religiosa predominante – assume a forma de um “sistema". E na verdade o próprio termo cultura, como invocação confortável de um consenso, pode distrair nossa atenção das contradições sociais e culturais, das fraturas e oposições existentes dentro do conjunto (Thompson, 1998a, p. 17). Thompson (1981) retratou as culturas do povo inglês no século XVIII. O historiador se baseava em teorias marxistas para realizar suas obras. Mas, conforme suas pesquisas, o risco das generalizações acabarem com a singularidade das diferentes formas de apropriação cultural é grande e notório. O historiador apresentou, então, aspectos como produção, reprodução, circulação e dominação cultural. Para ele, a cultura traz a possibilidade de reinvenção, além disso, cria-se como também a perspectiva de conformação. E é neste jogo de possibilidades, que sua riqueza e fertilidade estão. Thompson defendia a opinião de que cada pessoa, por mais que estivesse em padrão de vida distinto ao dos outros, poderia se individualizar no sentido cultural. Para ele, cada um é capaz de manter a cultura de uma forma. Pois essas “vontades individuais", por mais “particulares” que sejam as suas “condições de vida”, foram condicionadas em termos de classes; e se a resultante histórica é então vista como a consequência de uma colisão de interesses e forças de 4 classe contraditórios, podemos ver então como a agência humana dá origem a um resultado involuntário – (...) – e como podemos dizer, ao mesmo tempo, que “fazemos a nossa própria história”, e que “a história se faz a si mesma" (Thompson, 1981, p. 101). De acordo com as ideias de Thompson, a história cultural e seus destinos são marcados por vários rumos. Cada pessoa trilha da sua forma. "Somos agentes voluntários de nossas próprias determinações involuntárias" (1981, p. 101). Com base nesta mesma ideia de que a cultura pode ter influências ou não de um povo, de um local e até mesmo de um período, o antropólogo Clifford Geertz (1989) estabelece três fatores que podem contribuir com a observação das universais de cultura, de forma mais ampla. Segundo Geertz (1989), os universais propostos devem possuir teor substancial e não apenas categorias vazias; os universais opostos devem ser fundamentados em processos particulares biológicos, psicológicos ou sociológicos e não apenas associados a realidades adjacentes; por ultimo, os universais propostos devem ser convincentemente defendidos como elementos essenciais em uma definição de humanidade perante outras particularidades culturais secundárias. Dentro deste âmbito cultural, a singularidade de cada local, cada região, ou até mesmo cada país faz com que tenhamos formas culturais distintas, diversificadas e relativas. O desenvolvimento cultural local nada mais é do que um processo natural entre poder público e comunidades. Nesse processo, a busca se faz para afirmar valores de sua cidadania cultural, que pode se desdobrar em fatores como acesso, criação, participação e informação. Geertz critica o uso desenfreado do termo cultura para definir todo e qualquer tipo de manifestação. A presença cultural deve ser entendida como uma forma de interpretação do meio e não como uma regra. O conceito de cultura que eu defendo é essencialmente semiótico. Acreditando, como Marx Weber, que o homem é um animal amarrado à teias de significado que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo estas teias e sua análise, portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura de um significado (Geertz, 1978, p. 15). Na formação dos valores culturais locais, um dos fatores que ajudam na determinação do que é considerado cultura, é a mídia. O poder imediato de influência determinante para certo povo, público, é muitas vezes transmitido pelos veículos de comunicação. Com isso, forma-se um paradigma do que é ou não considerado padrão cultural. Apesar disso, percebe-se a fluência de um contínuo intercâmbio de informações entre os diferentes canais de comunicação. Limitando-se à tríade cultural mencionada, nas últimas décadas, as Ciências Sociais vêm chamando a atenção para a circunstância de que conteúdos que são creditados originalmente à cultura popular têm sido apropriados por outras instâncias da Cultura e pelos canais midiáticos, tornando cada vez mais tênues as fronteiras entre os produtos culturais produzidos pelos diferentes agrupamentos sociais (REILY, 1990; BOSI, 1992). Dentro do meio cultural e midiático, uma das características culturais mais presentes em nosso dia a dia, entre outros fatores, é a música. A atividade é exemplo claro de expressão de sentimentos. Por outro lado, a arte ajuda em processos como o de sociabilidade no cotidiano das pessoas. As artes fornecem inspiração para sua própria proteção e renovação, e podem contribuir positivamente de várias maneiras para isso. A expressão cultural no nível local ou “de base” tem sido utilizada por agentes de desenvolvimento em seus esforços de fortalecimento da identidade de grupo e da organização social e comunitária; de produção de energia cultural; de superação de sentimentos de inferioridade e alienação; de educação e conscientização; de promoção da criatividade e da inovação; de estímulo ao discurso democrático e à mediação social; de auxílio ao desafio da existência de diferenças culturais; e de ingresso direto no sistema econômico pela produção de bens e serviços culturais (UNESCO, 1998). A música, segundo Napolitano (2005), sobretudo a chamada ‘música popular’, ocupa no Brasil um lugar privilegiado na história sociocultural. Tudo isso, através de mediações, fusões, encontros de diversas etnias, classes e regiões que formam este grande mosaico músical nacional. Napolitano explica que a música, no Brasil, é de extrema importância e que “conseguiu, ao menos nos últimos quarenta anos, atingir um grau de reconhecimento cultural que encontra poucos paralelos no mundo ocidental” (NAPOLITANO, 2002, p. 5). A partir do conhecimento da presença dos diversos estilos músicais presente em nosso país é possível identificar elementos que caracterizam o foco do trabalho. Para conhecer melhor a cultura músical e o estilo predominante no trabalho como um todo, é preciso estudar a história dos gêneros músicais rock, pop e pop-rock. 2.2. HISTÓRIA DOS GÊNEROS MÚSICAIS ROCK, POP E POP-ROCK Antes de se falar do cenário local de bandas curitibanas, é preciso traçar as características do gênero rock. Além disso, como o estilo do trabalho da cantora Mônica Bezerra é pop-rock, é necessário entender que, junto do rock, houve o surgimento do pop e o pop-rock. Isso porque a partir do surgimento do rock, o gênero trouxe a possibilidade de mais desenvoltura para a criação de outros gêneros, como o pop e pop-rock. Com origem híbrida, o rock surgiu nos Estados Unidos, em 1950. O rock tomou conta do espaço músical da época e tornou-se destaque. “O gênero músical inclui elementos de vários estilos da música americana: o blues, o ritmo black (R&B, ou ritmo e blues), a música gospel branca e negra, a música country e western, o som dos cantores de rádio popular e os grupos de harmonia” (MEI, LEPREVOST, ONO LOR, 2009, p. 16). De 1954 a 1955, considerada ainda época do surgimento do rock, o estilo era mais conhecido como ‘rock and roll’. Em 1964 o rock passou a ser chamado somente de ‘rock music’. A partir do estilo músical ‘rock music’ vários outros estilos foram surgindo, como o rap. Veio também um estilo que hoje é conhecidíssimo em todos os cantos do mundo, o pop. Mas o pop não era reconhecido como um estilo músical até então. Uma arte comercial, popular, em que as pessoas se reconheçam, mas com a intenção de ser uma obra de arte. O mundo pop era dominado pela chamada dance music, entre funk e a música eletrônica. Música para se dançar - as ‘discotheques’ (WORMS E COSTA, 2002, p. 146). Como o estilo não tinha a mesma agressividade sonora que o rock apresentava, o tipo de música passou a transitar entre o rock e até os anos 60 se confundia com soul music. Nos anos 80 o pop ganhou corpo e passou a ser conhecido e reconhecido como um gênero músical específico. Passando então a se tornar um estilo músical. Mesmo com todo reconhecimento e aceitação no mercado músical, o pop ainda continuou com certa dificuldade. Muitas músicas de rock que foram gravadas na década de 50 poderiam ser consideradas como pop. Alguns anos antes da década de 50, canções produzidas nos Estados Unidos já carregavam algumas características estéticas do que seria a música pop, como alguns sucessos de Glenn Miller ou Duke Ellington, e das grandes vozes, como as de Frank Sinatra e Bing Crosby. Foi somente com o sucesso do rock, gênero totalmente identificado com a cultura jovem que emerge nos anos 50, que se abriu espaço para que um novo universo na música popular fosse criado (ANAZ,2008). No Brasil, o rock chegou com o final da década de 1950 e início dos anos 60. O rock tornou-se conhecido a partir de uma mulher. “Foi lançada na voz de Nora Ney a música ‘Ronda das Horas’. Era uma versão da música “Rock Around the Clock”, um dos primeiro sucessos do rock, escrito por Max C. Freedman e Jimmy Knight e gravado por Bill Haley & His Comets”. (MEI, LEPREVOST, ONO LOR, 2009, p. 17). Outra artista que também se destacou no rock brasileiro foi Celly Campello. A cantora estourou nas rádios com os sucessos Banho de Lua e Estúpido Cupido, no começo da década de 1960. Junto com o estouro dos cantores nas rádios, surge também a Jovem Guarda. O grupo continha cantores como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. As letras, sempre com tom romântico e ritmo acelerado, fizeram sucesso entre os jovens. O gênero músical Jovem Guarda... era a concretização da tendência rock and roll que já seduzira as massas no exterior e trazia canções que reproduziam o ritmo com versões em português ou mesmo cantadas no original. Roberto, Erasmo e Wanderléa entraram no cenário quando começava a diminuir a popularidade dos brasileiros precursores do estilo rock and roll (VINIL, 2008, p.84). Na década de 1970, surge Raul Seixas. Vieram também grupos músicais como Secos e Molhados e a banda Os Mutantes. Juntos, estes e muitos outros cantores fizeram com que houvesse uma transformação no rock nacional e foram importantes de forma significativa. Sem dúvida, Os Mutantes foi a banda mais importante do rock brasileiro, reconhecida e cultuada até hoje, até mesmo no exterior. Em 2005, a revista britânica Mojo elegeu o álbum de estreia do grupo (Os Mutantes) como um dos melhores discos experimentais de todos os tempos. Fizeram shows por toda a Europa e Estados Unidos, e lançaram um CD e DVD ao vivo (VINIL, 2008, p.140). Em 1980 o país enfrentava uma de suas maiores crises políticas, com a ditadura e o militarismo. O rock já havia passado por muitas mudanças e, por conta dos problemas vividos no dia-a-dia, um dos temas mais retratados nas músicas eram os temas urbanos. Além disso, músicas que falavam da vida cotidiana também passaram a ser produzidas pelos cantores e compositores. Nesta época surgiram como Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Barão Vermelho, Kid Abelha, Engenheiros do Hawaii, Blitz e Os Paralamas do Sucesso. A década de 1990 foi uma das piores para o país. O Brasil enfrentava uma grande crise financeira e de inflação. Mesmo assim, fizeram sucesso no cenário do rock nacional artistas que se destacavam por um estilo mais independente, sem muita ligação com gravadoras. A melhor opção para quem queria fazer rock, depois do governo Collor, era ser alternativo. Em 1993, os titãs tiveram a idéia de criar um selo, dentro da gravadora WEA, destinado a gravar discos de bandas novas (PICOLLI, 208, p.126). O primeiro grupo a se destacar no país nesta época foi a banda mineira Skank. O grupo fazia uma mistura de rock e reggae e obteve sucesso. Os anos 90 terminaram com o ressurgimento e uma nova visão do rock na mídia. Isso foi provocado pelo sucesso de bandas como Charlie Brown Jr. e os Raimundos. Em 2000, bandas como Bidê ou Balde e Cachorro Grande, que tiveram início anos antes, conseguiram destaque com o lançamento de seus discos e tiveram exposição na mídia. A década também foi marcada com o surgimento de bandas como CPM 22, uma das primeiras bandas brasileiras com o estilo hardcore melódico a chamar atenção. Também tiveram nomes como Pitty e Detonautas Roque Clube. O rock nos anos 2000 foi se ampliando e, com o passar do tempo, bandas como NXO e Fresno também se destacaram no mercado músical. O estilo Happy Rock foi apresentado no país pelas bandas Cine e Restart. Com tamanha disseminação músical, o rock também sofreu suas variações. O estilo passou a ser misturado e ganhou jeito específico de cada região do país. A partir destas variações, surgiu o estilo classificado como poprock. De acordo com autores como Sílvio Anaz e Paul Friedlander, o estilo surgiu como sendo exclusivo da cultura e mentalidade jovem que emergia ainda nos anos 50. O pop rock foi adotado por uma geração de adolescentes que começava a colocar em questão alguns dogmas da cultura dominante. Durante um lento processo de desilusões, este novo grupo reconhecido - os adolescentes – formulou questões que uma década depois se tornariam gritos de protesto (FRIEDLANDER – Rock and Roll: Uma história social, p. 37). Os escritores Larry Starr e Christopher Waterman, no livro American Popular Music, consideram o pop rock como uma “variação do rock representada por artistas como Elton John, Paul McCartney, Rod Stewart, Chicago, and Peter Frampton”. De acordo com o livro, os anos 60 podem ser entendidos como o ano do pop-rock. Durante os anos 60, tornou-se casa para uma nova onda de grupos de escritores de pop-rock. Estes grupos trabalhavam freqüentemente com um número de artistas, produtores e selos e conseqüentemente puderam ter vários hits em posições simultâneas (STARR E WATERMAN, 2006). Para entender melhor o estilo músical e também as classificações de determinados artistas, é necessário estudar o cenário de música local. No Paraná, é importante conhecer o surgimento do rock. A capital Curitiba é uma capital com muitas bandas de rock independente. 2.3. MÚSICA INDEPENDENTE O surgimento dos artistas independentes no Brasil pode ser considerado a partir do final dos anos 70. “A cena do final dos anos 70, marcada pela atuação do músico e produtor Antonio Adolfo e pela produção desenvolvida em torno do Teatro Lira Paulistana (Sâo Paulo), a cena dos anos 90, impulsionada pelo desenvolvimento das tecnologias digitais de produção e pelas estratégias de terceirização das grandes gravadoras e o momento atual, de inédita articulação da cena independente bem como de sua atuação autônoma em diversos segmentos músicais” (VICENTE, EDUARDO, 2006, p. 01) Sempre houve grande diferenciação entre as empresas. Aqui no Brasil, seguindo a tradição norte-americana, estavam gravadoras de atuação globalizada ou ligadas aos grandes conglomerados de comunicação existentes no país. As grandes empresas, quando juntas, tendem a operar certa difusão de alguns poucos artistas e álbuns (no caso, os blockbusters). Atualmente, esse grupo é formado por empresas transnacionais Universal (França), Warner (EUA), Sony/BMG (Japão/Alemanha) e EMI (Inglaterra), além da nacional Som Livre – grupo que pertence à Rede Globo e foi criado em 1971. Dentro dessa mesma tradição, o termo indies refere-se às empresas de atuação predominantemente local, vinculadas normalmente a segmentos músicais específicos, que costumam atuar na formação de novos artistas e na prospecção de novos nichos de mercado (VICENTE, EDUARDO, 2006, p. 03). Hoje o termo está mais delineado e pode se referir tanto a pequenas gravadoras, quanto aos artistas que fazem seu trabalho de forma autônoma, produzindo seus discos. Desta forma, os artistas passaram a trabalhar de forma com que seu produto era feito, produzido e gravado por um selo independente. Livre de qualquer grande gravadora. Com isso, foi criada uma espécie de divisão do mercado. O meio músical estava dividido entre o das grandes gravadoras e o dos selos independentes. A expressão ‘independente’ pode ser utilizada para designar tanto o músico que produziu seu CD em um estúdio sem grandes gravadoras por trás, quanto por empresas que foram criadas a partir de investimentos de milhões de reais. Em 1998 a Revista Veja publicou uma matéria que expunha alguns aspectos do funcionamento dos artistas independentes. O grupo baiano Jheremias Não Bate Corner é um caso exemplar. No ano passado, seus três integrantes romperam com os empresários, o cantor Netinho e seu sócio, Misael Tavares. Detentores dos direitos sobre a marca, Netinho e Tavares contrataram outros artistas e montaram uma nova versão do Jheremias. A antiga banda teve de mudar seu nome para Jammil e Uma Noites. Essa nova forma de atuar permite aos empresários um lucro bem maior. A cada show, eles pagam aos artistas um cachê fixo, independentemente do valor recebido pela apresentação. O cearense Emanoel Gurgel, proprietário do Mastruz com Leite e de outros oito grupos de forró, tem hoje um império que inclui uma gravadora e uma rede de emissoras de rádio. Gurgel fatura 15 milhões de dólares por ano, enquanto alguns de seus músicos recebem 60 reais por show (Revista Veja 28/10/1998). O número de artistas independentes que utilizam da internet para a divulgação e disponibilização de seus conteúdos tem se tornado cada vez maior. Cada vez mais, a presença de uma plataforma que permite que o trabalho tome proporções imediatas. Conforme Valério Cruz Brittos e Mateus Gross do jornal Observatório de Imprensa escreveram em matéria publicada no dia 25 de outubro de 2011, o mundo virtual pode ser considerado como o primeiro e – até os dias de hoje – praticamente o único espaço onde a comunicação possibilita às bandas independentes mostrarem suas músicas, seu estilo e sua imagem. Isso porque o fenômeno da internet acontece em proporções mundiais e em múltiplas plataformas de interatividade dentro da própria internet. Este cenário configura-se como um extremo liberalismo músical, existindo empresas de diversas dimensões e um processo concorrencial. No capitalismo contemporâneo, onde a globalização é um traço característico, o lucro não funciona bem quanto à comercialização de álbuns, e sim, em termos de vendas de shows. Contudo, no longo prazo o sistema deve chegar a um quadro estável de funcionamento deste mercado, assim como dos demais setores, conformando-se mais claramente o modo de obtenção de retorno comercial, já viabilizado pelas grandes turnês, preferencialmente mundiais, envolvendo omainstream, é claro (BRITTOS, VALÉRIO e GROSS, MATEUS. 2011). É em busca de tal visibilidade e tamanhas possibilidades, que a música independente nos dias de hoje se faz mais presente na internet. Torna-se cada vez mais fácil a divulgação online. Isso porque a resposta também é, em sua maioria, mais rápida e eficiente. 2.4. CENÁRIO LOCAL DE MÚSICA No Paraná, o rock1 surgiu em 1960, com o Conjunto Alvorada. A banda era formada por quatro mulheres. Outra banda que também ficou conhecida no Estado pelo estilo e, posteriormente tornou-se uma das precursoras do rock no Paraná foi A Chave, em 1969. A banda trocou de nome em 1979 e passou a chamar Blindagem. A banda foi uma das que mais obteve destaque nos meios de comunicação locais e nacionais. Nos meses de setembro e outubro de 2001, o jornal Gazeta do Povo publicou uma série de reportagens que contavam sobre a história do rock no Curitiba, na década de 60. As matérias foram publicadas no caderno de cultura do jornal, o Caderno G. De acordo com a reportagem do jornal, havia grande dificuldade em mostrar um som diferente do que já existia, no caso, um som autoral. Era difícil fugir da MPB, que conquistava espaço com suas composições. Fazer música era o mesmo que aparecer na televisão. O público foi amadurecendo os pensamentos e, junto disso, começou a surgir a vontade de fugir do comum. O rock ganhou espaço e ficou mais explícito, mais agressivo. Mas no fim dos anos 60 e decorrer dos anos 70, houve grande mudança no rock em Curitiba. O estilo passou a ser conhecido pelos curitibanos e, ao mesmo tempo, o publico começava a aparecer em mais volume. No final dos anos 70, início dos 80, surge o movimento punk, orientado exclusivamente pela insatisfação dos 1 A definição do estilo músical rock pode ser encontrada no capitulo 2.1.1- História do gênero rock, pop e pop-rock, página 6. músicos com todo o cenário hippie e psicodélico predominante. Esse novo movimento tornou o rock mais rápido e agressivo, concentrando um grande público. Com isso, o punk foi um grande conciliador do público com a nova onda do rock que estava surgindo (MEI, LEPREVOST, ONO LOR, 2009, p. 13 e 14). Junto com o fenômeno do rock curitibano, começou a surgir então outros estilos músicais como o punk rock. Em Curitiba, uma das bandas mais conhecidas pelo estilo foi a Carne Podre. Com o final da década de 70, a década de 80 pode ser considerada como o lançamento e surgimento de um estilo novo e de grande porte, o pop2. “Nascia uma geração de múltiplas facetas, ainda que boa parte dela perseguida pelo fantasma de estourar fora daqui, o que resultou numa produção preocupada com o mercadão” (PERIN, 2001, Caderno G da Gazeta do Povo). Com a chegada do pop, houve o fortalecimento de novos elementos. A geração conhecida como pós-punk. Com a chegada dos anos 90, muita coisa muda e os gêneros começam a ser mais conhecidos e utilizados pelos cantores regionais. A revista Veja3 publicou em 1998 uma matéria em que consideravam Curitiba como a capital do rock (ROCHA, 1998). Curitiba foi comparada como Seatle, a capital do rock nos Estados Unidos. Na época foi inaugurada, por Helinho Pimentel (produtor músical e profissional reconhecido na área em Curitiba e no Paraná), na capital a primeira TV a cabo do país dedicada exclusivamente ao rock, intitulada como Estação Primeira. De acordo com a reportagem, na época Curitiba tinha pelo menos 450 grupos de rock em atividade e 46 deles com CD gravado (ROCHA, 1998). Muitos artistas vêm aproveitando o rumo em que a internet toma para se lançarem no meio. Cantores e bandas utilizam da plataforma da Web como principal foco em seus projetos. Para tal conhecimento, é importante conhecer qual o momento da internet vivemos, salientando a importância deste meio de comunicação na atualidade. 2 Informações sobre o estilo músical POP estão no capítulo 2.1.1- História do gênero rock, pop e pop-rock, página 6. 3 ROCHA, Jader, Revista Veja Cidades, Capital Pauleira. Acesso em 26/10/2012, http://veja.abril.com.br/161298/p_113a.html. É no cenário local de música curitibana que se destaca Mônica Bezerra. A cantora tem seu estilo tomado pelo pop-rock, com toques de MPB. Sempre de forma independente, a artista produz seus trabalhos em estúdios da capital paranaense, longe dos selos das grandes gravadoras. 2.5. MÔNICA BEZERRA E A PRODUÇÃO DO CD Formada pelo Conservatório de Música Popular Brasileira de Curitiba em canto e técnica vocal, onde também estudou leitura e teoria músical, violão e piano, Mônica Bezerra fez da música o seu principal foco de vida. Desde 1997, quando descobriu seu lado músical, começou a procurar fontes de especialização na área. Buscou se especializar e aprender todos os estilos músicais. Da MPB ao rock. Além disso, na busca por especialização, a cantora participa frequentemente de Oficinas de Música e Workshops com diversos artistas, músicos, fonoaudiólogos, professores de canto. Estudou Musicoterapia na FAP (Faculdade de Artes do Paraná) por um ano. Graduou-se em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda (PUCPR - 2004) e foi locutora da rádio Jovem Pan Curitiba por três anos. Atualmente, estuda Áudio e Produção Músical na Áudio Wizard Curitiba. Mônica canta profissionalmente desde 1999. A cantora trabalhou com bandas Extromodos e Match (PR), Ilka Villardo (RJ), fazendo backing vocals e gravando jingles. Como interprete, com voz e violão, já se apresentou em muitos bares do Paraná, Santa Catarina e no Rio de Janeiro. A cantora também foi bandleader de um grupo de rock e hoje, além do trabalho solo, é vocalista da banda Nega Fulô, interpretando ritmos da disco music, soul e pop, há dois anos. Mas além das aulas e dos shows em festivais, teatros, casas noturnas, eventos empresariais, hotéis, restaurantes, shoppings e bares, Mônica Bezerra compõe. Com característica própria nas canções, melodias simples e marcantes, a cantora faz de suas composições músicas que se tornam virais quando ouvidas. As letras, sobre assuntos do cotidiano, com uma leve pincelada de filosofia e tocada forte na interpretação, não fogem do padrão estilístico da cantora, que tem influência de artistas como Ana Carolina, Marisa Monte, Secos e Molhados, Mutantes, Rita Lee, Pato Fu, Paulinho Moska, Elis Regina, Tom Jobim, Adriana Calcanhoto, Nando Reis, Djavan, Alanis Morissette, Camille, KT Tunstall, The Beatles e Paul McCartney. A cantora independente teve o primeiro registro de suas composições em 2005, com a banda Trivolve, em Curitiba. Mais tarde, em 2008, gravou seu primeiro EP solo, entitulado como Clichê. Em 2010, Mônica Bezerra gravou o double Mútuo com a banda Trivolve. Mônica também foi uma das organizadoras de um festival, intitulado como “Agora é que são elas”, idealizado para homenagear grandes cantoras do Brasil como Maísa, Marisa Monte, Elis Regina, Sandra de Sá. O festival, que aconteceu em dezembro de 2011, teve participação de outras sete cantoras. Em maio a cantora passou pela fase de criação de harmonias músicais para o seu próximo trabalho autoral. Mônica entrou em estúdio no primeiro semestre de 2012, para gravar seu mais novo CD. O trabalho é o terceiro da carreira e já está em fase de criação das harmonias músicais. O CD será produzido por Tomás Magno. O produtor, conhecido no meio de músical nacional e independente, já trabalhou com bandas curitibanas como Terminal Guadalupe, Sabonetes e Anacrônica. No Brasil, Tomás já produziu trabalhos de artistas como artistas como Skank, Raimundos, O Rappa, Frejat, Maria Rita, Lenine e Preta Gil. O disco vai ter dez músicas, com aproximadamente seis autorais. Além disso, a cantora gravou uma música, que é versão da música Side, da banda escocesa, Travis. A música foi traduzida por Bruno Sguissardi, da banda Anacrônica. A produção desta música passou pela fase de autorização da Sony, detentora dos direitos autorais, e foi liberada depois de pagamento dos devidos direitos. Os ensaios para a gravação começaram no mês de fevereiro, na Casa de Rock Estúdio, em Curitiba. As gravações duram um pouco mais de dois meses e, por ser fora de Curitiba, foram programadas. Mônica Bezerra deve entrar em estúdio entre Abril e Maio de 2012. As gravações serão nos estúdios Toca do Bandido, no Rio de Janeiro, e no Praia Bonita – estúdio do produtor Tomás Magno, em São Paulo. A banda que acompanha a cantora tem nomes que também são conhecidos entre as bandas do cenário local. Marcelo França, baixista, e Marcelo Bezerra – baterista e irmão da cantora – são da banda Anacrônica. O trabalho teve também a participação do pianista Rodrigo Ribeiro, ex-integrante da banda Fuja Lurdes, também de Curitiba. Todos estes músicos são amigos próximos da cantora. 2.6. INTERNET COMO PRINCIPAL MEIO DE DIVULGAÇÃO A internet tornou-se cada vez mais um meio de comunicação com fácil utilização e longo alcance. No começo pouco se falava sobre o impacto que este significativo meio poderia causar nas grandes e já estabelecidas gravadoras. Hoje, o que se vê, é que com o avanço desmedido e imediato da internet, se tornou cada vez mais fácil produzir um material e obter êxito na rede. Por isso há necessidade de tratar do assunto. Com a chegada da rede em que todos estão acostumados, sites, redes de relacionamentos e sites para compartilhamentos de vídeos, mais conhecido como a Web 2.0, tudo mudou no mundo virtual. De acordo com uma reportagem publicada na Time¹ (2006), estaríamos vivendo a terceira etapa da Web. No início, a Web era apenas uma rede para compartilhamento de pesquisa acadêmica, depois se tornou uma rede de empresas pontocom, e posteriormente, virou uma ferramenta que une milhões de pequenas contribuições feitas por pessoas comuns de modo que estas façam a diferença. Eric Raymond escreveu no fim dos anos 1990 ‘A Catedral e o Bazar’, que tratava sobre o modo de produção do sistema operacional Linux. No livro, o autor defendia a tese de que para produzir um material e o mesmo ter sucesso na rede não era tão difícil, já que existia baixa taxa de ruído em seu desenvolvimento. Desta forma, sem hierarquias, nasceu a suposição de que tal produção auto-organizada teria o potencial de desbancar grandes produções hierarquizadas da grande indústria. Mas, com toda essa liberdade e possibilidade de expansão de todo e qualquer trabalho, a internet surge com um grande risco para os artistas, a pirataria. “Tão corrente quanto o imaginário que liga a produção de software livre ao comunismo, e as redes de parceria ao potencial de derrocada do sistema hierárquico, é o pensamento de que tais redes de compartilhamento de arquivos se prestam unicamente à pirataria” (AUTOUN, PECINI. 2007, P. 05). Lawrence Lessig (2005) se dedicou às questões ligadas ao direito autoral e ao consumo de bens culturais. O autor enumera quatro tipos de comportamentos dominantes nas redes. Primeiramente, pessoas que copiam as músicas em vez de comprá-las; também há aqueles que usam as redes legalmente, copiando algumas faixas – de amigos, por exemplo – e, posteriormente, comprando os CDs; em terceiro lugar, há pessoas que procuram nessas redes conteúdo que, apesar de protegido por direito autoral, não é mais vendido (o que, mesmo assim, configura quebra de direito autoral, mas não a perda de uma venda para a indústria); por fim, temos os que copiam conteúdo livre, gratuito ou protegido apenas por copyleft, sistema que permite a cópia (AUTOUN, PECINI , Apud, LESSIG, 2005, p.82-84). Desta forma, sentiu-se a necessidade de haver mediadores na Web. “De modo genérico, o intermediário na rede será aquele que permite a alguém encontrar o que deseja e atesta a credibilidade do encontrado [...] portais e os mecanismos de busca ocuparão esta posição de intermediários entre dois nós quaisquer. Filtram e facilitam o encontro”. (VAZ, 2000, p.12). Sendo assim, qualquer usuário poderia colocar um novo produto na rede. Mas o crescimento e a popularização deste produto depende do que é esperado pelo público, da mesma forma que acontece nas mídias como TV, rádio e até mesmo no cinema. [...] um modelo de comunicação em rede, feito de forma aberta e distribuída por milhares de participantes, tende à homogeneidade (MARTINS, 2006, p.111). Os produtos devem ser diferentes do comum, para não se disseminar na Web e não conseguir nenhum êxito. Seguindo o padrão de divulgação e compartilhamento, está o site YouTube. “A interface do YouTube também apresenta diversos recursos que facilitam as ligações dinâmicas de um vídeo a outro, por meio de tags, palavras-chave que designam o vídeo por diferentes características que facilitem sua indexação em uma multiplicidade de arquivos. De acordo com Alex Primo (2006, p.4), o processo é chamado “folksonomia”, classificação taxonômica feita “de baixo para cima”, pelos próprios usuários” (AUTOUN, PECINI. 2007, p. 11 e 12). Este recurso de separação por gostos e preferências faz com que o site se torne de fácil utilização. Com isto, os usuários podem ter acesso à um conteúdo que pode ser recebido por indicação ou até mesmo por simples busca. O fato é que com a mudança e a modernização de sites como o Youtube, os recursos se fazem transferíveis, desta forma se um usuário se interessa por determinado vídeo listado por um participante, há grande chance de que ele se interesse por outros de sua lista. É no fato de abrir os gostos para algo novo e diferente que faz da internet um grande meio de divulgação de novos cantores e bandas independentes. Um exemplo disso é a música Oração, do grupo intitulado como a Banda Mais Bonita da Cidade. O grupo, independente e sem nenhum apoio de grandes gravadoras, colocou na rede, mais especificamente no Youtube um vídeo da música que obteve grande número de acessos e se tornou fenômeno na internet em pouco tempo. O vídeo teve, até 02 de abril de 2012, 9.744.349 visualizações. A banda ganhou repercussão nacional e em pouco tempo todos estavam comentando sobre o assunto. Em uma matéria publicada no site G1 Paraná (2011), o grupo é denominado como exemplo de como pode funcionar a internet. Outro tipo de projeto colaborativo que pode ser considerado como forte ajudante na divulgação de um artista são as redes sociais e a eficiência da alta tecnologia que temos a disposição hoje em dia. Através da informática de um modo geral, a música se modificou e passou a ter maior poder. Junto disso, a internet faz com que haja maior difusão do conteúdo disponibilizado. Para já do que se trata é da possibilidade de os processos de difusão e venda de música pelo complexo industrial-cultural se reconfigurarem através da plataforma digital que no limite acabará com o formato dos discos que conhecemos (discos com um conjunto pré-fixado de temas); cada consumidor de música poderá fazer os discos com a música que preferir (LOPES, JOSÉ. 1998, p. 01). Através das ideias de José Lopes (1998), é possível identificar aspectos que fazem com que a internet seja considerada um meio de comunicação eficiente para novos projetos e conteúdos musicais. Isso porque nos aspectos intrinsecamente musicais, pode-se dizer que a Web tem o mesmo efeito que o Rádio e TV, somando o fato de que uma vez disponibilizado online, o conteúdo permanece na rede e suas proporções são imedíveis. Desta forma, muitos artistas vêm testando a capacidade da internet. De certo modo, a busca pela internet se faz maior justamente pelo fato de haver pequena oferta de locais para mostrar trabalhos autorais. “Com a pequena oferta de locais para mostrar o trabalho autoral, o caminho escolhido pelos músicos é a internet. Nesta plataforma, bandas iniciantes disputam os mesmos espaços que outras já famosas e a liberdade é maior. Facebook, Twitter, site, YouTube, My Space e outras ferramentas são requisitos básicos para quem quer divulgar sua música” (PORTAL ÉSEU, 2012). Praticamente tudo que é colocado na Web pode se tornar grande. “Dessa forma, em vez de simulações sobre similaridade de gostos apenas por cliques ou escolhas predefinidas em questionários, como indicavam ser os primeiros esboços sobre cruzamento de interesses, pode-se construir vizinhanças de gosto por meio da padronização (por meio de traduções e aproximações) de palavras informadas livremente”. (AUTOUN, PECINI, Apud, LIU ; PATTIE; GLORIANNA, 2007, p. 12) Mas, ao mesmo tempo, é impossível ter noção do sucesso de um produto na rede. O importante é realizar os trabalhos sempre de acordo com um padrão novo, uma estética diferente do que já é feito. Por isso a internet se torna cada vez mais uma forma de divulgação mais específica, atendendo um nicho que pode ser o esperado. Através do webdocumentário, foi possível elaborar um conteúdo multiplataforma, onde texto, fotografia, áudio, imagem estática e em movimento vão estar interligados entre as diversas micronarrativas conectadas. Sendo assim, o receptor é quem fará as escolhas pelos diferentes caminhos, dando a liberdade necessária para a compreensão sobre o tema. Hipermídia é a maneira de se proporcionar uma estrutura interativa e ordenada para a multimídia. A hipermídia deve fazer com que o receptor sinta que pode mover-se livremente pela informação, de acordo com suas necessidades. A hipermídia deve conceder essa liberdade ao autor e ao receptor (SEAMAN E WILLIAMS, 1992, p. 305). Tal interatividade possibilita a constituição do ciberespaço como território para a circulação de informação, vinculado à produção de conteúdo, a partir de um sistema descentralizado. O webdocumentário pode ser definido então como uma maneira de aproximar o leitor do tema, permitindo maior contato com pessoas envolvidas no processo e personagens. Desta forma, neste projeto, tudo o que é feito tem a dinâmica e a possibilidade de poder ser atualizado conforme a necessidade. 2.7. PROBLEMATIZAÇÃO: Com base nas informações já descritas, com a ascensão da internet, das formas de divulgação imediatas, downloads e buscas online, produzir um CD, do início ao fim, tornou-se fácil. Sendo assim, a divulgação e o lançamento de um artista independente também ganhou maior espaço. Então, como um webdocumentario que utiliza conceitos do jornalismo cultural pode retratar a gravação do disco da cantora Mônica Bezerra? 3. OBJETIVO GERAL: Apresentar, por meio de um webdocumentário, o processo de produção da gravação do CD independente da cantora Mônica Bezerra. 4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: - Através do jornalismo cultural, abordar os bastidores de ensaios, gravações e até mesmo da vida da personagem. - Trazer informações sobre como é o meio músical independente. - Refletir sobre a divulgação do material na mídia local, destacando a possibilidade de revelar ao público um novo artista e auxiliar no lançamento de seu produto. 5. JUSTIFICATIVA O trabalho resulta em uma produção de um webdocumentário com foco na produção de um disco independente. Ao analisar os meios de comunicação e suas abordagens, foi possível observar que há pouco espaço quando se trata de música independente. Quando o assunto é música local e os artistas do cenário de Curitiba, é ainda menor a quantidade de informações. Faltam informações e produtos que tratem do assunto. Além do mais, por tratar sempre de artistas já conhecidos, com fama e premiados, artistas que ainda estão em ascensão acabam esquecidos e é importante mostra-los. Analisando os veículos de forma mais específica, nos jornais o espaço curto e é, na maioria das vezes, destinado aos grandes lançamentos. Em rádio e TV, os conteúdos são exclusivamente sobre artistas já consagrados. O jornalismo cultural em si trata, em maior escala, de artistas do showbiz, que já são conhecidos e renomados. Por isso, na busca por um espaço maior, resultase a escolha de um documentário. Sendo assim, haverá tempo e espaço suficiente para retratar o que necessita. Além disso, o conteúdo exclusivo faz com que haja necessidade de mostrar um pouco sobre as novidades do mercado músical. Haja vista a escolha por um webdocumentário, com o grande espaço que há na internet nos dias de hoje, nada melhor do que se optar também pela divulgação e lançamento deste produto na rede. Conforme matéria publicada na Veja (2008), a internet é o local indicado para se lançar um vídeo de visualização em massa. A revista destaca também que o portal YouTube permanece na linha de frente, desenvolvendo modos de crescer e competir com grandes televisões a cabo, já que, a cada minuto, oito horas de vídeo são carregados no YouTube (VEJA, 2008). Por isso, torna-se um webdocumentário. Assim, com o grande avanço das redes sociais e da Web 2.0, poderá então garantir que o trabalho ganhe maior abrangência. “O documentário produzido para a Web oferece ao usuário uma estrutura multidimensional de informações interconectadas. Texto, fotografia, áudio, imagem estática e em movimento, fazem parte de diversas micronarrativas conectadas por links, permitindo ao receptor fazer escolhas, optar por diferentes caminhos, dando liberdade para a compreensão sobre o tema” (RIBAS, 2002, p. 05). Por isso também se faz importante a discussão sobre cibercultura. Isso porque o webdocumentário disponibilizado no espaço da internet permite que haja maior interação e até mesmo recepção do conteúdo. Além da ideia Pierre Lévy (2000, p.17), de que é possível entender que a cibercultura tem como principal determinante o fato de ser um novo meio de comunicação. As técnicas utilizadas para a produção do material serão as ofertadas pelo Jornalismo Cultural, que permite maior valorização e aproveitamento do conteúdo, já que a internet tem sido um dos principais caminhos para o estilo jornalístico no presente (PIZA, 2011, p. 31). A música local também é um dos focos do trabalho, destacando sua importância. Como Curitiba é conhecida como a capital do rock no Brasil (VEJA, 1998), é importante tratar dos artistas que aqui trabalham. Como cantora, Mônica Bezerra já vem desenvolvendo seu trabalho em Curitiba há, pelo menos, dez anos. A cantora está presente no cenário local e vive do seu trabalho com a música. Mônica também participa de eventos culturais locais, que prezam pela música local e independente. Sempre trabalhando para aumentar a divulgação e reconhecimento dos artistas de Curitiba. A cantora utiliza unicamente das redes sociais para a divulgação de seus materiais. Além disso, Mônica também aproveita de artifícios como o aplicativo Twitcam, da rede social Twitter, que possibilita a interação via webcam online. Em suas chamadas já teve visualização de mais de mil pessoas. Agora, com a gravação de seu novo material solo e totalmente independente, é importante desvendar o que está por trás de uma produção como esta. Com o material dedicado exclusivamente à produção do material independente da cantora Mônica Bezerra, será possível abordar de forma mais específicas e densas sobre o tema. O objetivo é trazer à tona todas as informações, caminhos e o que pode haver no percurso que vai além de um lançamento de um CD. O foco é mostrar como uma cantora como Mônica Bezerra, que tenta ganhar espaço no mercado da música, produz seu trabalho, criando um único ambiente para tratar somente desse segmento. 6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para tentar entender o que se passa através do desenvolvimento músical e dos meios de comunicação, que hoje se utilizam, em sua maioria, da internet, um levantamento foi elaborado com o intuito de abordar algumas teorias que sustentam os argumentos presentes no trabalho. Além de dar base para as pesquisas e suas metodologias. 6.1. Teoria de Cibercultura O termo cibercultura, que foi definido por Pierre Lévy (2000, p.17), traduz a teoria como o conjunto de elementos que se interligam através da internet. Todo este envolvimento se dá através de técnicas, práticas, atitudes, modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. Com isso, modifica-se a relação do homem com seu meio. A partir desta teoria, é possível entender que agora há um ciberespaço, virtual, que chega como um novo meio de comunicação, surgido da interconexão mundial dos computadores (2000, p.17). A cibercultura, ainda de acordo com a ideia de Lévy (2000, p.17), traz a possibilidade de que seja entendido o meio cultural a partir das novas tecnologias. A cibercultura cria novas condições e possibilita ocasiões inesperadas para o desenvolvimento das pessoas e das sociedades (2000, p.17). O autor explica que a cibercultura se realiza e encontra-se sempre em constante mutação. Desta forma, tudo é sempre desprovido de qualquer essência estável. Mas, justamente, a velocidade de transformação é em si mesma uma constante – paradoxal – da cibercultura. Ela explica parcialmente a sensação de impacto, de exterioridade, de estranheza que nos toma sempre que tentamos aprender o movimento contemporâneo das técnicas (LÉVY, 2000, p. 27). Mas a cibercultura se intensificou mesmo a partir do início dos anos 80. Neste período, começaram a se intensificar cada vez mais os casamentos e misturas entre linguagens e meios. Estas misturas funcionam como um multiplicador de mídias. Dessa forma, as mensagens produzidas eram híbridas. Sendo assim, tornou-se possível encontrar seus conteúdos, além da internet, em meios como os suplementos literários ou culturais especializados de jornais e revistas, nas revistas de cultura, no radiojornal, telejornal, etc (SANTAELLA, 2003, p.26). Desta forma, explicando que a cibercultura pode ser considerada como um novo meio de comunicação, podemos também visualizá-la como a cultura contemporânea. Essa cultura que sofre constantes mutações, conforme suas mudanças que acontecem no cenário social, criando então uma nova forma de cultura, conforme André Lemos (2001, p. 17). As relações que existem entre a cibercultura, o ciberespaço e a comunicação estão se tornando cada vez mais estreitas. Deste modo, tudo se une e faz com que haja certa conexão. Isto acontece principalmente após a década de 90, com o surgimento da multimídia, principalmente da internet (2002. p. 25). “A internet encarna a presença da humanidade a ela própria, já que todas as culturas, todas as disciplinas, todas as paixões aí se entrelaçam” (LEMOS, p. 12). O cenário passa então por uma mudança visível. A era da informação se assume com autoridade, influenciando as formas de relacionamento da sociedade de forma direta. Mas a ascensão desta sociedade em rede está concentrada na informação e nas pontas do processo, ou seja, nas pessoas e suas máquinas. O fluxo de informações trocadas é o centro do método, ou seja, o homem é, ao mesmo tempo, causa e consequência de sua própria evolução. Então, a partir do pensamento de Pierre Lévy (2000, p.17), é possível entender que a cibercultura tem como principal determinante o fato de ser um novo meio de comunicação. Tornando então a grande possibilidade de divulgação e realização na web. Junto disso, há também uma preocupação, levantada por André Lemos (2001, p.12), que diz respeito a aparência da identidade nas redes sociais. Tais elementos podem servir como garantia de uma vaidade própria em sua visibilidade na rede. “A liberdade presente na internet gera tanto situações positivas, quanto negativas no meio, pois nos confrontamos à nossa própria responsabilidade” (LEMOS, 2001, p. 12). Com os sites disponíveis na rede, hoje se tornou grande a possibilidade de que a internet seja utilizada como principal forma de divulgação e experimentação para novos artistas e produtos. Tudo isso faz com que a sociedade se forme sem forma física. Existem, hoje, inúmeros sites na internet para todos os gostos e necessidades, desde portais de informações, que muitas vezes substituem os periódicos matinais; sites de marcas, produtos e serviços, utilizando a grande rede para uma publicidade exacerbada; entre outros endereços eletrônicos que contribuem e facilitam a vida social. É a internet da colaboração criativa e da inteligência coletiva (LEMOS, 2001, p. 13). Além disso, o espaço da cibercultura permite que haja melhor construção e adaptação do material através das informações fragmentadas. A chamada hipermídia faz com que a organização mais articulada das informações e do conteúdo obtenha níveis de aprofundamento que se interligam. Permite que o receptor navegue entre o conteúdo e o entenda. Hipermídia é a maneira de se proporcionar uma estrutura interativa e ordenada para a multimídia. A hipermídia deve fazer com que o receptor sinta que pode mover-se livremente pela informação, de acordo com suas necessidades. A hipermídia deve conceder essa liberdade ao autor e ao receptor. (Seaman e Williams, 1992 p. 305). Sendo assim, a cibercultura pode fazer com que o conteúdo que se disponibiliza no espaço seja uma maneira de aproximar o leitor do tema, permitindo o contato com pessoas envolvidas no processo, através de inúmeras formas. 6.2. Documentário O termo “cinema documentário” foi utilizado pela primeira vez pelo escocês John Grierson. Ele criou a Escola Britânica de Documentários, a primeira do mundo especializada no gênero cinematográfico. Grierson contribuiu para a consolidação da linguagem documental e o reconhecimento da produção fílmica enquanto algo autoral. “O primeiro filme de que se tem notícia com características do gênero documentário foi produzido pelo cineasta Robert Flaherty, em “Nanook, O Esquimó” (Nanook of the North, 1922), muito embora há autores que considerem os primeiros filmes feitos por Lumiére (a chegada do trem na estação, a criança se alimentado) como filmes documentais. “Nanook” narra a luta pela sobrevivência de uma família de esquimós no Ártico e alcançou destaque por contar a historia a partir das imagens naturais do meio em que viviam os próprios esquimós”. (FERREIRA, 2008, p. 2) Bill Nichols (2007) traduz a ideia de se fazer documentários como uma das formas mais importantes de se mostrar o que os olhos podem ver, gravar e até mesmo investigar. O cinema, em forma documentário, pode apresentar caráter investigativo, que toma como abordagem o mundo real. Englobando questões de cunho político, social, intimista, muitas vezes com reflexões referentes à existência humana, os documentários podem trazer questões ainda não destacadas em grandes blockbusters. Os documentários utilizam-se, em sua grande maioria, de câmeras com qualidade, mas a improvisação, imagens de arquivo, filmagens externas, são base. Além disso, os chamados não-atores, apresentando sempre um ponto de vista sobre o real, são o foco do conteúdo passado. Segundo Bill Nichols (2007), “os documentários mostram aspectos ou representações auditivas e visuais de uma parte do mundo histórico, eles significam ou representam os pontos de vista dos indivíduos, grupos e instituições”. (NICHOLS, 2007, p. 30). Os documentários contêm traços estilísticos distintos, mas não podem ser tratados com distanciamento por completo do ficcional. Isso porque ambos podem utilizar a fusão de estratégias e técnicas discursivas para criar um diálogo coerente com a representação. De acordo com Nicolls (2007), os documentários podem ser identificados com, pelo menos, seis agrupamentos genéricos que formatam a história. Cada um com traços e formas distintos: poético, expositivo, observativo, participativo, reflexivo e performático. O documentário poético permite ênfase na exploração de associações e padrões mais livres de imagens. Nesta forma de documentário tudo é levado em conta, tudo importa, mesmo que não haja aparente coerência narrativa. Há, portanto, uma ênfase no tom, na linguagem, no abstrato e em formas aparentemente subjetivas. Os atores sociais funcionam em igualdade de condições com outros objetos do filme. (NICHOLS, 2007, p.138). Já a forma de documentário expositiva tem como estrutura apresentar os elementos de forma argumentativa. Esta forma de documentário se dirige ao espectador através de legendas ou de comentários com vozes. Tais vozes podem ser classificadas de duas formas: comentário com voz ‘de Deus’, onde orador é ouvido, mas não é visto; comentário com voz da autoridade, onde orador é ouvido e visto. O gênero expositivo coloca as imagens em segundo plano e a ênfase recai exclusivamente na impressão da objetividade e do argumento bem embasado. Em sua terceira classificação, Nichols, traz à tona o sub-gênero observativo. Nesta forma de documentário temos uma proposta de inovação. Neste modo, os diretores capturariam fielmente os fatos da vida cotidiana no momento em que acontecessem. Com isso, de acordo com Nichols, o resultado “é o rompimento com o ritmo dramático dos filmes de ficção, às vezes apressada, das imagens que sustentam os documentários expositivos ou poéticos”. (NICHOLS, 2007, p. 149). O quarto sub-gênero de documentário, o participativo, estabelecido por Nichols traz a vivência do cineasta em determinado meio social, que origina obras específicas. Nesta forma de documentário, o diretor, se torna um agente ativo nos ambientes que pretende retratar. Este tipo de obra oferece a ideia de que é para o cineasta “viver” determinada situação e apresenta uma nítida colaboração entre diretores e atores sociais envolvidos nos temas abordados. O sub-gênero reflexivo traz uma construção do discurso já centrado na relação entre cineasta e espectador, respectivamente. De acordo o modo apontado por Nichols, o desenvolvimento da narrativa se faz a partir da utilização das técnicas de montagem que propiciem impressões acerca do tema exposto, trazendo à tona uma reflexão sobre os processos de edição que desencadearam tais impressões. Nichols (2007) classifica o gênero como um dos mais eficientes, “o gênero reflexivo é o mais consciente de si mesmo e aquele que mais se questiona” (NICHOLS, 2007, p. 149). O último sub-gênero de documentários, o performático, faz uma analogia ao documentário poético, segundo Nichols (2007). Este gênero apresenta questionamentos acerca do que, a partir do produto, pode ser considerado conhecimento ou não. Desta forma, partindo do princípio que um mesmo objeto pode representar, ou significar, diferentes coisas, para diferentes pessoas. Com isto, o cineasta se utiliza de sua sensibilidade para provocar o espectador. Tais estratégias e sub-divisões das diferentes formas de documentários têm suas peculiaridades de acordo com o contexto e até mesmo do embasamento pelos quais estão incorporadas. Portanto, entende-se que o subgênero observativo deverá servir de base para a produção deste trabalho, assim como a elaboração de seu conteúdo sobre os recursos discursivos presentes. Utilizando sempre de suas células imprescindíveis para a compreensão da construção do pensamento estruturado do cinema documentário. 6.3. Webdocumentário Aproveitando da internet como principal plataforma e meio de divulgação, a escolha pela junção de documentário com a web torna-se fator primordial. Obtendo assim maior nível de abrangência e também espaço. Quando trata-se de webdocumentário, mais especificamente de web, determinadas características, como a permanência dos conteúdos e o armazenamento ilimitado, sugerem modificações na hora de produzir e publicar informações para a Web. Junto disso, o poder de produção é maior e há também espaço mais aproveitado. De acordo com Díaz Noci (2005), o jornalismo interpretativo se beneficia com o ambiente virtual. Especialmente com a hipertextualidade. A produção do webdocumentário faz com que o espaço seja diferenciado. Barbosa (2004), colocando suas teorias apoiadas em Manovich, diz que as bases de dados são espaço de inovação e desenvolvimento de novos gêneros, híbridos entre gêneros e incremento dos gêneros tradicionais. Desta forma, pode-se classificar um webdocumentário como um produto de gênero próprio. Pois, da mesma forma que compartilha alguns modos de como se relaciona com critérios de outros produtos, o conteúdo é absolutamente particular no conjunto. Mesmo com a ideia de independência do webdocumentário, é possível obter retratos das ideias de Nichols (2005) com relação à interação obtida através do webdocumentário. Embora o conteúdo esteja disponível a inúmeras possibilidades de entendimentos e absorção de diversos níveis, baseia-se numa interatividade limitada por um roteiro. Sendo assim, a autoria não é diluída, pelo contrário, é fundamental, pois a coerência e a construção do roteiro estão sob o ponto de vista do autor. Sendo assim, volta-se às ideias de Nichols (2005), quando diz que o mesmo encoraja uma crença de autenticidade (trabalhando com elementos da realidade em que se representam) ao mesmo tempo em que assume um ponto de vista, uma argumentação, busca convencer da validade de sua “opinião”, ou seja, o público reconhece o posicionamento. O webdocumentário busca, a todo o momento, a imersão do usuário. Com isso é possível que, em um determinado campo de recepção, o mesmo ‘se transfira’ para a ambientação do produto e haja maior interação. Da mesma forma se dá a linguagem do webdocumentário, que busca pela caracterização de uma linguagem multimídia, abordando então uma hipermídia cujo suporte é a Web. Unindo texto, foto, áudio e vídeo, os webdocumentários estão classificados como uma espécie de “matéria fria”, que não é factual. Sendo melhor visto como um espaço de publicação online dos especiais. Esta classificação é melhor destacada por Mielniczuk (2003) Os especiais, embora possam ser também matérias de destaque na edição, na maioria das vezes, refere-se a material informativo mais extenso, elaborado com mais tempo e que ocupam seções específicas do webjornal. (MIELNICZUK, 2003, p. 52). Portanto, o conteúdo pode se definir entre dois tipos de especiais: matérias de destaque (aqueles que são elaborados sem tratamento distinto quanto ao arquivamento) e os especiais (produtor cuja disponibilização é permanente e cumulativa, que utilizam com mais frequência da memória, hipertextualidade e multimidialidade). Com isso, o webdocumentário pode receber como classificação a segunda definição. Além disso, Machado (1997) defende o fato de que os webdocumentários unem e aproximam o receptor do conteúdo, fazendo com que o mesmo se sinta parte da construção. O autor também explica que se tornou comum a interação entre o receptor e as pessoas envolvidas no processo através de e-mail, chats, comentários e até mesmo contato via telefone. Isso faz do webdocumentário algo distinto do documentário em vídeo, porque constitui uma audiência que permite que o usuário tenha um outro nível de experiência, que estabelece uma situação interativa. 6.4. Webdocumentário jornalístico e as relações com a Comunicação Dirigida Este webdocumentário é um produto jornalístico que utiliza de elementos da comunicação dirigida para destacar o foco e o personagem principal. Isso porque em todo o decorrer da produção, o personagem principal guia o vídeo, mas, em compensação, foram feitas entrevistas para distanciar ainda mais de um material de comunicação dirigida. As produções audiovisuais utilizadas na comunicação dirigida auxiliar de uma empresa, banda, artista e até mesmo profissionais, são chamadas de vídeos institucionais. Mas nos dias de hoje o termo institucional vem acompanhado de muitos significados, todos passíveis de entendimentos diversos. Steffen (2007) constitui que institucional é uma área das relações públicas, que trabalha para estabelecer e instituir formas sociais especificas de garantir a continuidade do sistema social organização-públicos. De acordo com o autor, isso está atrelado ao mecanismo da comunicação, que acontece de acordo com os interesses e necessidades da sociedade, que passa por mudanças a todo o momento. Kunsch (2002) afirma que a comunicação dirigida nada mais é do que a comunicação segmentada e direta com os públicos específicos que a empresa ou o produtor pretende atingir. Desta forma, cabe ao comunicador informar o público-alvo de um modo que este público absorva as informações transmitidas. Sempre permitindo que o receptor forme sua opinião a partir de tudo o que ele viu e ouviu. Nesse sentido, Moutinho (2000) argumenta que a comunicação dirigida procura cada vez mais por novas tecnologias de informação. “O vídeo institucional pode ser considerado como um dos veículos mais importantes entre a empresa e seus vários públicos, pois tem um grande poder de atração para todos os tipos de audiência” (MOUTINHO, 2000, p. 4). Por conta da visibilidade e difusão que os vídeos institucionais apresentam, as empresas têm utilizado as técnicas da comunicação institucional para promoverem suas imagens organizacionais. Fazer comunicação institucional é mostrar o lado público das empresas privadas, ou seja, compartilhar e difundir informações de interesse público sobre as filosofias, as políticas, as práticas e os objetivos das organizações, de modo a tornar-se compreensíveis essas propostas (FONSECA, 1999, p. 140). No caminho da explicação estrutural dos vídeos institucionais, Fortes (2003) defende a ideia de que cada elemento de comunicação dirigida tem uma linguagem própria, ou seja, é produzida ao público receptor especifico, tanto nos termos, quanto na sua linguagem, nas imagens e até mesmo no feedback. Isso faz com que os vídeos se assemelhem e até mesmo se aproximem dos conteúdos jornalísticos. Isso porque o material é feito para informar sobre alguma coisa, para tratar de um tema especifico e até mesmo discutir um fato. O objetivo é fazer com que o público se sensibilize com a mensagem, reflita sobre ela e, aos poucos, se motive e forme sua própria opinião em relação ao assunto, tomando, afinal, a decisão esperada, favorável aos objetivos de uma campanha (FRANÇA e LEITE, 2007, p. 48). Partindo da ideia de que a intenção do vídeo institucional é informar e a de um webdocumentário jornalístico também é a de informar, Zanetti estabelece uma singularidade dos vídeos institucionais. Isso para explicar que há uma diferença entre ambos. “Funcionam como um cartão de visitas, apresentando sua filosofia de trabalho, missão, valores, ramo de atuação, reforçando a imagem e o conceito do negócio” (2010, p.22). Sendo assim, mesmo com a utilização de alguns elementos da comunicação dirigida, que fazem com que o wedocumentário tenha em alguns momentos aparência de institucionalidade, a diferença entre um vídeo institucional e um webdocumentário jornalístico está no fato de que o webdocumentário informa sobre um fato em si, conta uma história, mas se isenta de evidenciar, destacar ou promover alguma coisa, já o institucional pressupõe unicamente a promoção. 6.5. Jornalismo Cultural Muito se fala sobre a atuação do jornalismo cultural. No Brasil, o estilo é discutido e analisado por profissionais da área a todo momento. O jornalismo Cultural tem sua abordagem e linguagem diferente do comum noticiário do diaa-dia, através da subjetividade empregada pelos profissionais que o utilizam. O jornalismo cultural, para Daniel Piza (2003), nada mais é do que um estilo de texto dedicado à avaliação de ideias, valores e artes. No Brasil, o jornalismo cultural ganha força no final do século XIX. “Dele nasceria o maior escritor nacional, o nosso Henry James, Machado de Assis (1839-1908), que começou a carreira como crítico de teatro e polemista literário”. (PIZA, 2003, p. 16) Mais no final do século XIX, o jornalismo começou a mudar e junto disso o estilo da crítica cultural também passou por mudanças. A crítica – comum no jornalismo cultural – passou a ser feita em periódicos. Com o passar do tempo, quem continuou a desempenhar papel fundamental no jornalismo cultural foram as revistas. Nestes produtos foram incorporados os tabloides literários semanais ou quinzenais. O jornalismo cultural se fazia através de ensaios, resenhas, críticas, reportagens, perfis, entrevistas, além da publicação de contos e poemas. Mas a crítica, segundo Piza, continua sendo um dos elementos mais importantes do jornalismo cultural. “A crítica, claro, continua a ser a espinha dorsal do jornalismo cultural, não só das revistas. Ela pode ser encontrada em várias publicações específicas mundo afora” (PIZA, 2003, p. 28). O autor retrata também o fato de que as seções culturais dos grandes jornais continuam entre as páginas mais vistas e queridas. Mas, como se sabe, tratar de cultura nos dias atuais é um exercício diferente do que se fazia há alguns anos ou algumas décadas. “Assim, antes se entendia (e, por vezes, ainda se entende) que há uma Cultura ‘alta’ e uma Cultura ‘baixa’, esta de menor qualidade, compreendendo todas as criações populares, massivas e mercantis como objetos que não mereceriam reconhecimento e análise de sua importância nas práticas sociais” (MELO, 2010, p. 03). Mas, ao mesmo tempo que a forma de se fazer jornalismo cultural teve que se adaptar, com a chegada dos meios de comunicação em massa, o estilo se beneficiou, de certa forma. “Os meios de comunicação potencializaram o conhecimento do que era distante, iluminando e revelando diferenças que já existiam, mas que eram dominadas por paradigmas totalizantes” (MELO, 2010, p. 03). Conforme cita Daniel Piza, a internet também tem sido uma das principais peneiras para o jornalismo cultural. O caminho se tornou uma das principais alternativas para o estilo. Mas, ao analisar o conteúdo jornalístico cultural on-line, é possível verificar que o conteúdo existente nas versões impressas é o mesmo. O que acontece é que o texto é transferido para o ambiente virtual, sem que haja produção específica para a mídia Internet. Piza explica este fato como um fenômeno que comum, já que ainda há falta de espaço. “Incontestáveis sites se dedicam a livros, artes e ideias, formando fóruns e prestando serviços de forma que a imprensa escrita não pode, por falta de interatividade e espaço” (PIZA, 2003, p. 31). Mas o fato é que o jornalismo cultural é uma das principais formas para desenvolver qualquer debate sobre critérios de avaliação de um produto. O meio cultural está cada vez maior e a diversidade precisa ser diferenciada para apresentar sua relevância. Isto acontece, entre outras formas, através de críticas e produtos do estilo jornalístico. O jornalismo cultural precisa estar informado sobre diversos assuntos, pois é um meio eficiente de se lançar novos artistas e produtos. Ao procurar por notícias relacionadas a música nos cadernos culturais dos jornais, sites e até mesmo programas de TV, o comum é encontrarmos informações sobre artistas já conhecidos nacionalmente. Dificilmente o jornalismo cultural trabalha com novidades e até mesmo artistas que estão começando a carreira, sem ser conhecidos popularmente. Gadini (2007) defende a ideia de que existem três elementos que contribuem para que isso aconteça. O fato de cada vez mais haver a preocupação de divulgar eventos e artistas como serviço e a notícia se converter em entretenimento; outro fator é que na conversão da informação se prioriza o nome, a fama, o nível de sucesso que determinado artista tem e, por último, a tradição do colunismo social presente no jornalismo brasileiro, herdado parcialmente das revistas de variedades. Esses três aspectos não apenas sintetizam uma certa tendência de parte do jornalismo cultural brasileiro contemporâneo em reduzir a cultura à perspectiva do lazer/entretenimento, como ressaltam o viés de espetáculo que perpassa uma determinada expressão cultural em sua estrutura de representação e simultânea construção discursiva. Esse viés, contudo, não é exclusivo, uma vez que essa mesma expressão cultural – discurso, ‘produto’ e representação que possibilita a instituição de outras relações sociais – é forjada por uma série de aspectos que tensionam uma visibilidade e potencial projeção de sentidos no imaginário coletivo dos leitores ouvintes, telespectadores ou internautas (GADINI, 2007, p. 01 e 02). A partir disso, podemos dizer que a mídia ‘catalisa’ e define as atenções, interesses e investimentos forjando uma cultura. Com isso é possível entender que o jornalismo cultural reproduz modos de pensar e viver que, configurados em um consumo fácil, não projetam muita possibilidade de transformações. “[...] vivemos num mundo no qual a mídia domina o lazer e a cultura. A mídia é, assim, a forma dominante e o lugar da cultura nas sociedades contemporâneas” (KELLNER, 2001, p.54). Com base nas informações de Kellner, Gadini defende o fato de que, cada vez mais, o fio condutor dos cadernos de cultura parece atender às exigências do showbiz cultural. Por isso, “em muitos casos, os próprios editores acabam cedendo às pressões de agendamento e tematização das estratégias de marketing e divulgação de seus produtos” (2007, p. 06). O resultado disso são cadernos culturais que falam todos de uma mesma indústria cultural e guias de lazer e entretenimento. 7. METODOLOGIA Foram realizadas duas pesquisas, uma bibliográfica e outra quantitativa. Cada uma com uma finalidade, mas juntas puderam deixar o trabalho completo e fazer com que as ideias fossem melhores apresentadas. 7.1. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA A primeira pesquisa se fez essencial para descobrir quais seriam os trajetos percorridos para conseguir traçar o rumo do trabalho. Depois que houve a decisão e melhor desenvolvimento do tema, foi pensado nos subtítulos que deveriam ser colocados em discussão. Logo após, com tal a definição, foi feito uma analise de quais autores que poderiam ser incluídos. Os tópicos foram subdivididos em cultura, história dos gêneros músicais rock, pop e poprock, cenário local de música, internet como principal meio de divulgação, jornalismo cultural, música independente e Monica Bezerra, respectivamente. Para falar sobre a cultura, de forma geral, foram escolhidos dois autores, entre eles Edward Palmar Thompson. O autor foi utilizado no trabalho por ser um dos que trata do tema com melhor definição e abrangência. Foi com base nas informações de Thompson que tornou-se possível encontrar outros autores com pensamentos e teorias similares. Sobre a história dos gêneros musicais rock, pop e pop-rock, as pesquisas sobre a música de uma forma mais abrangente foram realizadas através do livro de Luciana Salles Worms e Wellington B. Costa. Os autores publicaram, em 2002, um livro que trata sobre a canção popular. Para dar continuidade aos gêneros propostos, foram utilizados autores como Kid Vinil e Edgard Piccoli. Vinil publicou, em 2008, um almanaque com sobre o rock e Piccoli também trata do tema. Por não ter muitos autores que tratem sobre o tema, o cenário local de música foi tratado com base nas informações veiculadas através de jornal impresso, como a Gazeta do Povo e também a revista Veja. A relação da internet como o principal meio de divulgação foi feita através dos conteúdos encontrados em artigos. Alguns dos principais utilizados são dos autores Henrique Autoun e André Pecini. Através dos artigos também tornou-se possível a pesquisa por autores que tratam do tema. O tópico dedicado ao jornalismo cultural foi produzido a partir das teorias de Daniel Piza. O autor é considerado como especialista no assunto. Para falar sobre a música independente, as pesquisas se fizeram também por artigos de revistas como a Veja. Além disso, o cenário da música independente, junto com o de música local, foram expostos por autores de artigos como Eduardo Vicente. Como forma de finalizar a pesquisa bibliográfica, foi realizada uma explicação de quem é a cantora Mônica Bezerra e qual sua função no cenário de música local independente. 7.2. PESQUISA QUANTITATIVA Para ver as preferências das pessoas a respeito do tema proposto, foi elaborada uma pesquisa quantitativa 4 Foi construído um questionário com dezoito perguntas que, do dia 8 de Maio, ao dia 11 do mesmo mês, teve como resultado 300 respostas. O objetivo foi o de descobrir qual é o público que se interessa pelo tema e qual o foco que o produto deveria ter. Utilizou-se a ferramenta Google Docs, conhecida por seu diferencial na produção de enquetes online e também por ser uma ferramenta gratuita. O número de respostas foi escolhido para melhor atingir o nível de público necessário. Durante a elaboração do trabalho, houve a escolha por pesquisa quantitativa, pela mesma, conforme diz o Ibope, ser a forma mais adequada para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados. Este tipo de pesquisa utiliza de instrumentos estruturados, os chamados questionários, e podem representar um determinado universo. “Seu objetivo é mensurar e permitir o teste de hipóteses, já que os resultados são mais concretos e, consequentemente, menos passíveis de erros de interpretação. Em muitos casos geram índices que podem ser comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico da informação” (IBOPE, 2012). Para Minayo (1993), a pesquisa quantitativa é uma forma de se aproximar de uma realidade. Portanto, através da pesquisa quantitativa, é possível identificar focos. “É uma atividade aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados” (MINAYO. 1993, p.23). Com isto, pode ser considerado como pesquisa quantitativa tudo o que pode ser quantificável, ou seja, o que pode traduzir em números, opiniões e informações. Isso porque depois de realizada, a pesquisa pode ser classificada e analisada. Para tanto, na construção da pesquisa quantitativa, é elaborado um questionário. Oliveira (2005) define o questionário como um elemento que vai permitir que o pesquisador conheça o seu objeto de estudo. Em sua classificação, as perguntas podem ser simples, direcionadas para determinado conhecimento ou abertos quando a resposta emite conceito mais abrangente. Com base nas informações obtidas através dos autores pesquisados, foram colocados em discussão temas que induziram a descobrir itens como o objetivo das pessoas ao assistir um vídeo na internet e ver como o publico recebe determinadas informações. A pesquisa também teve como finalidade primordial descobrir se as pessoas utilizam da internet para assistir documentários. Também foi abordado, de forma mais ampla, perguntas com relação às redes sociais, que atingem grande nível de pessoas. Como forma de finalizar, foi tratado sobre a cantora em questão, Mônica Bezerra, para ver qual é o número de pessoas que já a conhece e qual o publico que poderia a conhecer. O objetivo central da pesquisa, como um todo, foi de analisar melhor o cenário a ser estudado. 7.3. ANÁLISE DA PESQUISA QUANTITATIVA Público Para entender melhor qual o publico e o foco que o produto deve ter, foram feitas perguntas com relação a idade, renda familiar e escolaridade. A partir do resultado da pesquisa, foi possível identificar que no âmbito da idade, o público-alvo será de adultos entre 18 e 35 anos (Gráfico 01). Mas os dados mostram que se fizer junção entre idades, é possível ter maior abrangência do produto. G R Á FI C O 01 Quanto a renda familiar, foi possível observar que há uma chance de empate entre o publico que tem, por mês, uma renda que varia de 3 a 5 salários mínimos e os que possuem renda de mais de 6 salários. Mesmo com pouca diferença, houve maior participação do publico com mais de seis salários mínimos. Há possibilidade de fazer uma junção entre os dois primeiros. Levando em conta o fato de que 4% das pessoas recebem menos de um salário mínimo e 19% tem renda entre 1 e 2 salários. (Gráfico 02). G R Á FI C O 02 A escolaridade foi o último tema da pesquisa com relação ao públicoalvo. Com esta pergunta pode-se observar que o publico que está em um curso superior se interessa mais pelo produto, chegando aos 35%. Também pode haver junção entre superior cursando e superior completo, chegando então aos 59% do público. Mas, em compensação, houve um relevante número de respostas de um público com ensino médio completo, de 17%. As respostas com pós-graduação obtiveram 18% dos votos. Sendo assim, se fizermos uma junção entre graduação e pós-graduação, podemos obter resultado ainda maior, chegando então a 77% das respostas (Gráfico 03). G R Á FI C O 03 Internet e Compartilhamento Pôde se observar que grande parte do publico, mais de 90%, utiliza da internet para fazer downloads de músicas (Gráfico 05). O número, bastante representativo, mostra a força que a internet tem nos dias de hoje. Quando mencionadas as redes sociais, a resposta também foi forte com relação ao Facebook. Mas como as redes sociais podem ser unificadas, se juntarmos Facebook, Twitter (as redes que mais receberam votos), conseguimos atingir mais de 100% do público. Além disso, o produto também pode ser divulgado em outras redes como Tumblr e Orkut, que obtiveram 8% e 7%, respectivamente (Gráfico 06). G R Á FI C O 05 G R Á FI C O 06 Com relação ao tema, os internautas consideraram o fato de assistir a documentário pela internet como algo positivo. De todas as respostas, 72% disseram assistir aos vídeos e 28% se mostraram negativos (Gráfico 07). Houve uma quantidade significativa de respostas com relação ao fato de assistir até o final os vídeos disponibilizados na internet. 89% disse assistir até G R Á FI C O 07 o fim e 11% disse não acompanhar até o final. (Gráfico 08). G R Á FI C O 08 O tempo aproximado de que cada vídeo deveria ter também foi uma das perguntas. Através desta pergunta foi possível avaliar que os vídeos com mais de 15 minutos tiveram boa aceitação, com mais de 80% de respostas. Também houve empate entre vídeos com curta e relativa duração. Os vídeos com aproximadamente 3 minutos e os com 10 minutos receberam a mesma quantidade de votos, 17%. A opção dos vídeos com apenas um minuto recebeu 12% dos votos. Sendo assim, através do resultado obtido, é possível haver variação de tempo entre os vídeos. Ao ver as opções com mais respostas, conseguimos chegar a conclusão de que o tempo de duração pode variar entre 5 e 15 minutos, respectivamente (Gráfico 09). G R Á FI C O 09 A plataforma para a disponibilização dos vídeos, de acordo com o publico votante, deve ser o YouTube. O site obteve 86% dos votos. As outras plataformas tiveram porcentagens relativamente iguais. Em segundo lugar ficou a opção de outras plataformas, com 7%. O Vimeo e as plataformas com Player Próprio obtiveram 4% 10). G R Á FI C O 10 Música e Documentário e 3% dos votos, respectivamente (Gráfico Como o tema central do produto é música, o tema não poderia ser esquecido. Quando se perguntou ao público se havia ou não interesse pelo tema, a resposta foi, praticamente, unanime. Das 300 respostas, 295 pessoas, ou seja, 98% dos votos, disseram gostar de música. Apenas 5 pessoas, o que representa 2%, disseram não se interessar pelo assunto (Gráfico 11). G R Á FI C O 11 Quanto ao estilo músical, este se fez variado. Como a pesquisa foi divulgada em redes sociais de diferentes pessoas – com seus respectivos gostos músicais –, e-mails e através de indicações de amigos, o circulo de pessoas se fez maior. Mesmo com tamanho nível de abrangência, dos listados, o gênero que mais obteve votos foi o Rock, com 70%, seguido do gênero da cantora Mônica Bezerra, o Pop-Rock, com 59%. As pessoas também mostraram se interessar por músicas instrumentais. O gênero recebeu 33% dos votos. (Gráfico 12). G R Á FI C O 12 A internet se mostrou forte novamente em outro momento da pesquisa. Quando perguntado sobre qual o meio mais utilizado para encontrar novos estilos musicais, a internet voltou a mostrar a força que tem, com relação aos outros meios. A resposta se fez quase que unanime, com 265 votos ou 88%. Isto comprova que a escolha por webdocumentário pode ser a melhor solução para se mostrar novo conteúdo de cantores independentes. Os outros meios como jornal, TV, rádio, lojas de CD, indicação, amigos e outros não tiveram mais de 4% (Gráfico 13). G R Á FI C O 13 Para entrar no tema do produto e conseguir informações a respeito do que poderia chamar a atenção do publico, depois de perguntar sobre música, internet e interar sobre o que mais pode ser utilizado pelos internautas, a pergunta base foi sobre os documentários. Primeiro procurou-se saber o que interessa em produtos de cantores independentes. A intenção foi melhor identificar objetos que podem ser colocados de melhor forma no documentário. Entre os elementos destacados nesta questão, mais de 70% das respostas foram com relação à música. O publico demonstrou interesse em conhecer e ouvir música durante a exibição dos vídeos. Em seguida, com 140 votos e 47%, ficou a opção dos depoimentos durante o documentário. Com isso, há possibilidade de fazer outra junção entre música e depoimentos. Também se destacou o fato de que mais de 130 pessoas esperam ver bastidores (Gráfico 14). Outra pergunta foi aplicada com a intenção de descobrir se o publico se interessa por documentários de música, na internet. Esta questão também mostrou que a internet tem força. 85% das pessoas demonstraram preferir assistir aos documentários disponibilizados em plataformas da Web. Dos 300 votos, apenas 45 pessoas disseram não ter interesse em documentários sobre música (Gráfico 15). G R Á FI C O 14 G R Á FI C O 15 Mônica Bezerra Para finalizar a pesquisa, foram realizadas três perguntas que podem ser consideradas de grande importância para a produção do webdocumentário. A primeira foi produzida com a intenção de descobrir o quanto as pessoas procuram por novos artistas nas redes sociais e se já descobriram algo novo através deste meio. Das 300 respostas, 268 pessoas ou 89%, disseram já ter conhecido algum artista ou música através das redes sociais. Este número mostra que as redes sociais são importantes para a divulgação dos novos artistas. Através deste meio pode-se obter grande desempenho (Gráfico 16). G R Á FI C O 16 Logo após, a intenção foi identificar o quanto a cantora independente Mônica Bezerra é conhecida entre o publico que respondeu ao questionário. Mais de 70% das respostas foram negativas, ou seja, as pessoas dizem não conhecer a cantora. Outros 24% responderam que já conhecem o trabalho da cantora (Gráfico 17). Na última pergunta foi perguntado se as pessoas se interessariam em conhecer o trabalho da cantora. O nível de interesse do público em conhecer o trabalho desta nova artista foi de 80%, com 240 respostas positivas. Apenas 20% das pessoas se opuseram a não conhecer a cantora e seu trabalho, o que pode ser visto como algo bom, já que houve maior positividade (Gráfico 18). G R Á FI C O 17 G R Á FI C O 18 Com base na pesquisa realizada, é possível identificar que o público utiliza da Web sempre como maior elemento de comunicação e entretenimento. A internet se mostrou forte em todo o decorrer da pesquisa. Em todos os momentos foi possível identificar que, cada vez mais, as pessoas procuram por novos artistas e conteúdos através da internet. Ao mesmo tempo, o publico busca por novidades no mercado da música. Os estilos musicais da atualidade ficam entre Rock, com 70%, e Pop-Rock, com 59%. Mesmo assim, as pessoas se mostraram disponíveis para conhecer novos talentos e artistas, já que a pesquisa obteve 240 votos positivos com relação a isso. Também foi possível identificar pontos em que podem ser melhorados e melhor aproveitados em documentários sobre música. Abordando o tema com mais ênfase e aproveitando de depoimentos e da própria música. O fato de que as pessoas não conhecem a cantora Mônica Bezerra pode ser bem aproveitado junto com a ideia de que a internet é o principal meio que o publico utiliza para conhecer novos produtos. 8. DELINEAMENTO DO PRODUTO O webdocumentário é um produto audiovisual com aproximadamente 20 minutos que fala sobre a gravação do CD da cantora independente Mônica Bezerra. O material traz o processo de gravação e se divide em outros dois vídeos que tratam do mesmo tema, que é a música local. A intenção é destacar a força que tem o cenário de música em Curitiba. O produto final será divulgado no YouTube, em Março de 2013, juntamente com o lançamento do disco. O disco da cantora Mônica Bezerra, até o fechamento deste trabalho e a finalização das gravações, não havia recebido nome. O delineamento do produto foi pensado ainda no primeiro semestre de 2012. A cultura musical em Curitiba é forte, por isso existem inúmeras bandas, cantores e artistas de vários estilos, muitos independentes. Mas os artistas que trabalham de forma independente nem sempre aparecem na mídia. Foi pensando nisso, que houve a busca pela possibilidade de produzir um material, em forma de documentário, que contasse a partir de uma cantora como funciona o processo de gravação de um disco independente. Sabendo que o material seria segmentado, se criou a possibilidade de produzir um documentário para a internet, por ser o mesmo meio utilizado pelos artistas, para informar sobre o tema música. Depois de saber que a cantora Mônica Bezerra estava planejando entrar em estúdio para gravar um novo trabalho, houve então o interesse por mostrar como funciona este processo, do começo ao fim. 8.1. Linguagem Para a produção do webdocumentário, foi utilizada a câmera subjetiva. Isso porque esta técnica de filmagem permite que os fatos que estão acontecendo sejam mostrados em sua integridade. Como se a câmera fosse parte do que está acontecendo. A câmera subjetiva permitiu também que houvesse mais naturalidade ao trabalho, porque os momentos capturados não foram posados, produzidos ou intencionais. Apenas mostra o que acontece. Além da câmera subjetiva, o wedocumentário alterna com entrevistas das pessoas que trabalham na produção do CD. Foram aproveitados também momentos de descontração e de gravações na rua, com caminhadas até os locais de gravação. A linguagem foi abordada de acordo com o estilo da cantora e dos entrevistados. Serão utilizados elementos que os definam, em especifico. Sendo assim, a linguagem é atual, podendo conter gírias e até mesmo palavras comuns nos dias de hoje. 8.2. Pré-produção O processo de gravação foi dividido, basicamente, em quatro grandes blocos e locais: Os ensaios em Curitiba-PR, pré-produção em São Paulo-SP, gravação no Rio de Janeiro-RJ e finalização em São Paulo-SP. A partir disto, houve a elaboração das pautas e do planejamento de como seria produzido cada gravação. A primeira preocupação foi a construção das pautas e reuniões com a cantora Mônica Bezerra. Para este trabalho foi reservado um período de uma semana. Durante o processo, foi feita uma pesquisa sobre a vida da cantora, os elementos que a fizeram se tornar artista, etc. Foi feita uma entrevista para que mais tarde houvesse aproveitamento deste material para a elaboração do roteiro das perguntas para as entrevistas oficiais. A produção das pautas se finalizou no período reservado. Mas como o planejamento das gravações foi sendo feito de acordo com a rotina da própria cantora, muitas das pautas caíram, deram lugar a outras ou apenas foram reconstruídas a partir do que pedia a situação. O imediatismo. 8.3. Locais de gravação As primeiras gravações oficiais foram feitas no Estúdio Casa de Rock, em Curitiba, nos meses de Abril e Maio de 2012, onde Mônica Bezerra fez todos os ensaios e duas fases da pré-produção do CD. Nestes foram gravados somente o trabalho realizado. Logo depois, no mês de Maio, em São Paulo, onde a cantora fez toda a pré-produção do disco, foi feita a segunda série de gravações das imagens de apoio para o documentário. Além de acompanhar a cantora nos ensaios, também foi feito acompanhamento diário da rotina. O estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro, foi o local onde a maior parte das imagens do material foram produzidas. As gravações no local foram feitas todas no mês de Junho. Como praticamente toda a gravação do CD de Mônica Bezerra foi feita no local (foram gravadas as vozes, bateria, contrabaixo e pianos) e o estúdio é conhecido no Brasil inteiro por ser de um famoso produtor musical, chamado Tom Capone, a Toca do Bandido serve de base para o documentário. A finalização das gravações foi feita em Setembro, em São Paulo, no estúdio Praia Bonita. Mônica gravou violões, parte de algumas vozes e também sintetizadores. Em São Paulo também foi feita uma entrevista com o produtor do CD, Tomás Magno. 8.4. Produção Para falar do processo de gravação do CD independente de Mônica Bezerra, foram escolhidos personagens que fizeram parte do trabalho. Músicos e o produtor. Isso pelo fato da proximidade com a produção e com a própria cantora. Primeiro foi feito o roteiro de perguntas, anexo ao trabalho4. Este trabalho foi pensado e produzido em dois dias. O roteiro servia como base para que todos os personagens entrevistados respondessem às mesmas perguntas. A intenção era abordar ao máximo tudo o que fosse possível dentro do contexto musical e de produção musical. Com isso, foi criada uma série de perguntas base, de como funcionou a formação da banda, como foram os ensaios, a pré-produção, o porquê das gravações serem no estúdio Toca do Bandido. Também fizeram parte do roteiro elementos como contar quem é a cantora, quem são os músicos e o produtor. Os entrevistados também falaram de como é trabalhar com a cantora Mônica Bezerra. Além disso, foi utilizado o cenário de música local – sempre focando no trabalho da cantora – e a internet como elementos principais de um vídeo extra. Também foram colocadas entrevistas com inserções sobre a produção, arranjos musicais, história e composição de cada música escolhida para o CD. Sempre com bastidores do que acontece durante as gravações, reuniões e ensaios. Houve também perguntas que foram feitas a partir do desenrolar de cada entrevista. Ao todo foram quatro entrevistados. Todos seguiram o mesmo roteiro. As primeiras entrevistas foram feitas com a cantora Mônica Bezerra. Na primeira serie de gravações o roteiro foi focado em sua vida pessoal. A cantora falou sobre família, amigos, contou sua história. Também abordou as dificuldades de trabalhar de forma independente e viver de música. A segunda serie de gravações foi produzida em São Paulo, juntamente com a finalização do trabalho da cantora. A entrevista foi feita no estúdio Praia Bonita, que serviu 4 O roteiro de perguntas segue anexo no conteúdo deste trabalho. de cenário. Lá também foi produzido um roteiro de perguntas, desta vez no sentido profissional. A cantora respondeu sobre o processo de gravação do CD, o trabalho em si, as mudanças que houve no decorrer das gravações e a expectativa. Ainda em São Paulo, o produtor do trabalho de Mônica Bezerra, também foi entrevistado. Tomás falou sobre o CD, sobre a cantora, sobre a banda escolhida para trabalhar com Mônica e também sobre o cenário local de música em Curitiba e a internet. Além das entrevistas com a cantora e o produtor, que são duas pessoas que definem o desenrolar da história durante o documentário, foram feitas gravações com outros dois, dos três, músicos envolvidos no processo de desenvolvimento do CD. Isso porque os músicos e o produtor estão envolvidos no trabalho de forma que podem explicar melhor os detalhes sobre os ensaios, as pré-produções e as gravações. As entrevistas com os músicos foram feitas de acordo com a disponibilidade de cada um. Para tanto, foram entrevistados os músicos Marcelo Bezerra, que gravou a bateria das músicas; e Marcelo França, contrabaixo. 8.5. Pós-produção Foram destinados um pouco mais de trinta dias para a edição e finalização do documentário. Em um primeiro momento, para a edição, foi feita a decupagem de todo o material gravado. Tudo foi assistido, selecionado e as cenas importantes e necessárias, anotadas. Isto facilitou na formação de ideias e sugestões para a criação do roteiro de edição. Também foi a partir da decupagem, que as melhores imagens foram selecionadas. Em seguida, foi montado o roteiro de edição5, que serviu para os três vídeos do weddocumentário. Durante as edições, o roteiro sofreu alterações, assim como em qualquer ilha de edição e produção, e acabou sendo alterado. Ao todo foram criados três roteiros diferentes e o último destes o final. Isso garantiu que o material fosse montado peça por peça, elemento por elemento. 5 O roteiro de edição está anexo a este trabalho. A ideia principal do roteiro final foi de um documentário mais dinâmico, sem muitas entrevistas. As informações também são passadas através das imagens. Houve então a mistura dos trechos das músicas que foram gravadas para o CD, junto disso se utilizou do processo de gravação das músicas, sempre intercalando com as entrevistas e bastidores em geral. 8.5.1. Divisão dos vídeos O material será disponibilizado em três vídeos diferentes, mas que tratam do mesmo assunto e se completam. Isso porque a lógica de webdocumentário permite que sejam disponibilizados quantos vídeos for preciso para desenvolver a história. Foi pensado para poder passar mais informações e até abrir espaço para discussões e apresentar fatos que o vídeo principal não permitia, por falta de tempo. O primeiro vídeo do webdocumentário, “Documentário Mais – A gravação do primeiro disco de Mônica Bezerra” é o material em si, com 19 minutos e 30 segundos, este material apresenta a gravação do CD de Mônica Bezerra e conta como foi todo o processo. Acompanha a cantora em todos os momentos da produção, do começo ao fim. Logo em seguida, a página será composta por dois vídeos extras. O primeiro vídeo, “Documentário Mais – Quem é Mônica Bezerra?” fala sobre a cantora Mônica Bezerra em si, a partir de entrevistas com músicos e uma espécie de autobiografia. A característica deste vídeo é trazer apenas as músicas cover interpretadas pela cantora, para ilustrar o conteúdo. O segundo vídeo extra, “Documentário Mais – Viver de música e a internet como divulgação” fala sobre viver de música e os artistas que utilizam a internet como principal plataforma de divulgação. Este último material cria uma espécie de discussão sobre como é trabalhar com música e também permite que seja colocado em pauta assuntos como as dificuldades e tudo que envolve o trabalho. Também gera espaço para uma discussão sobre como o crescimento da internet favoreceu para que as grandes gravadoras pensem em outras formas diferentes de divulgação, já que agora qualquer artista pode se divulgar sem que precise pagar por isso. 8.6. Trilha Sonora Como o webdocumentário é focado em música e acompanha a gravação de um CD, as trilhas sonoras foram todas escolhidas e colocadas de acordo com o roteiro. Todas as músicas utilizadas foram as do próprio trabalho da cantora Mônica Bezerra. Além disso, a sonoplastia também utilizou de som ambiente. Conversas, som das gravações, os ensaios e até mesmo o barulho dos carros na rua. Os direitos das músicas foram cedidos para melhor aproveitamento de todo o áudio capturado durante os dias de gravação. Mas a novidade é que não são utilizadas as músicas prontas, em estúdio. Isso foi pensado com a ideia de mostrar o trabalho como estava, em sua produção, com o produto final chegando aos ouvidos do telespectador da mesma forma que os personagens recebiam. Outro fator primordial, é que o documentário se preocupa em não entregar as músicas inteiras a quem assiste. A seleção das partes das músicas utilizadas na trilha é feita de forma cuidadosa e minuciosa, para criar no receptor a vontade de conhecê-las por inteiro. 8.7. Identidade Visual Na finalização do webdocumentário foram aproveitados alguns padrões de estética visual já conhecidos e utilizados pelos profissionais da área. Um dos elementos está presente logo no inicio, que é a logo criada para apresentar o produto. Foi feita produção de arte visual. A fonte utilizada no trabalho todo, de nome Agency FB, foi pesquisada, escolhida e baixada especialmente para o webdocumentário. Isso por trazer traços diferentes e ter aspecto visual diferente do comum utilizado. Os créditos são disponibilizados de acordo com o padrão utilizado. Em duas linhas, sendo o nome/cidade em letra maiúscula na primeira linha e, abaixo, na segunda linda, a função/nome do local em letras minúsculas. Como todo o material foi desenvolvido a partir das gravações do processo de ensaios, gravações, viagens e bastidores, as imagens têm cara de bastidor. Mas sempre tomando os devidos cuidados para utilizar, também, as técnicas de filmagem essenciais como luz, controle de zoom, captação de cenas rápidas, etc. A edição se preocupou com detalhes de corte, finalização e também por tornar o trabalho mais chamativo no sentido de dinâmica. Por isso foi feito, em alguns momentos, a quebra da tela e também o uso de imagens para cobrir entrevistas e momentos do trabalho. Também foram utilizados clipes das músicas, durante o decorrer do documentário, que foram gravados em ensaios, viagens e acompanhamento em geral. 8.8. Custos Alguns investimentos foram feitos para que o documentário acontecesse. Assim como a contratação de um jornalista, com valores baseados na Federação Nacional dos Jornalistas6, a compra de equipamentos de vídeo e suporte para captura completa. Além disso, como a produção toda do material foi realizada basicamente em locais fora de Curitiba, três viagens foram feitas, o que também gerou custos para a produção. Material 6 Quantidade Custos Jornalista 1 R$ 2.323,68 Câmera Canon SX30IS 1 R$ 1.400 Cartão de memória SD 4 R$ 130 HD externo 500GB 1 R$ 300 Acessado em 26/10, disponível em http://www.fenaj.org.br/pisosalarial.php#LON. 8.9. Notebook 1 R$ 1.200 Viagens 3 R$ 2.000 Computador para edição 1 R$ 2.000 Finalização/edição 1 R$ 200 Gasolina R$ 300 Alimentação R$ 150 TOTAL R$ 9.780 Viabilização A forma de viabilizar o documentário, para que este seja exibido também em salas de cinema de Curitiba, foi através da lei Mecenato, da Fundação Cultural de Curitiba. O documentário seria inscrito no edital de Mecenato Subsidiado. A lei é destinada aos agentes culturais iniciantes e não-iniciantes como forma de garantir oportunidade. Como os trabalhos inscritos devem conter e apresentar contrapartidas sociais, o documentário pode ser visto como forma de retratar um cenário em que muitas pessoas tentam conseguir espaço: A música independente. Curitiba também é conhecida pela diversidade de bandas e qualidade musical. O orçamento previsto do trabalho é de R$ 7.370,00 e isso pode ser outro fator determinante para a viabilização através da lei. O valor máximo para os trabalhos inscritos na lei Mecenato é de até R$ 44 mil para iniciantes, categoria em que está o documentário. 8.10. Veiculação A veiculação do produto finalizado vai ser feita pelo portal YouTube. O wedocumentário será lançado junto com o disco e a previsão de lançamento é março de 2013. O site foi escolhido pela facilidade de trabalhar com vídeos novos e também por ser um dos mais utilizados para divulgar música no Brasil e no mundo. Além disso, a cantora Mônica Bezerra sempre se preocupou e optou por divulgar seu trabalho pela internet e o meio se mostra eficaz, no sentido de maior abrangência e divulgação. Para unir todos os vídeos em um só local, foi feita a escolha de criar uma página para o weboducmentário no YouTube, que contenha todos os vídeos. Assim, se torna possível também colocar vídeos em outros subgrupos abaixo dos vídeos principais, que mostrem mais do trabalho da cantora. Permanecendo reunidos em uma única página, com subdivisões. Assim, além de as pessoas poderem assistir ao documentário e aos extras, também podem conhecer um pouco mais sobre o trabalho da cantora. Isso faz com que haja uma divulgação ainda maior do trabalho. A página, que ainda será criada, pois o contrato de lançamento da cantora impede que isto seja realizado já, vai receber o nome de ‘MaisMonicaBezerra’, ficando então no link: www.youtube.com.br/MaisMonicaBezerra. 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto teve o intuito de confeccionar um webdocumentário, que se destina ao cenário musical independente curitibano. Também trazendo a novidade de um novo estilo, o soft-rock, que ainda é impossível defini-lo. A ideia surgiu devido à falta de maior abordagem do tema através dos materiais que já foram produzidos para o gênero independente que, atualmente, se encontra em ascensão, mas que ainda luta por um espaço fixo e mais visível. Para definir o tema, foi feita uma pesquisa bibliográfica, que resultou em autores que falam sobre cultura de modo geral e também de cultura se atrelando a música. A pesquisa também conta uma breve história dos gêneros musicais rock, pop e pop-rock, para chegar ao estilo musical definido para o trabalho, um estilo novo, que permeia entre todos estes: soft-rock. Também se aborda o cenário de música independente e local. É na pesquisa bibliográfica que é apresentada a cantora Mônica Bezerra, personagem principal do trabalho. Junto disso também se fala de internet como meio de divulgação. Para que fosse criado este material, com foco na música independente e em um artista em específico, foi realizada uma pesquisa, que pôde ajudar no sentido de trazer informações do nível de conhecimento do cenário local, sobre a própria cantora e também informações técnicas de interesse do público em geral a respeito de vídeos disponibilizados na internet. A pesquisa mostrou que as redes sociais são grandes formas de se encontrar por artistas novos e que a internet em si é hoje a plataforma mais utilizada para ouvir música. Também foi possível reafirmar a ideia de que as pessoas não assistem aos vídeos disponibilizados por inteiro e que optam sempre por opções mais curtas e mais dinâmicas. Além disso, 70% dos entrevistados disseram que não conheciam o trabalho de Mônica Bezerra e 80% afirmou ter interesse em conhecer. Esses e outros resultados, encontrados nos gráficos, ajudaram a traçar um perfil de pessoas interessadas no produto, como idade, gosto musical. Também contribuiu com informações de complemento para duração dos vídeos e até mesmo na edição do produto. A pesquisa também foi importante para definir quais as redes sociais seriam utilizadas para a divulgação e disponibilização do trabalho. A teoria de cibercultura analisada contribuiu para reforçar o que foi visto na pesquisa quantitativa. Isso porque a internet é hoje o meio mais utilizado entre os artistas na divulgação de seus trabalhos. A partir da analise da teoria foi possível entender o motivo disso para que o trabalho fosse feio partindo de um embasamento correto e fixo. A partir da análise dos fundamentos de documentário, as teorias puderam mostrar rumos que o trabalho deveria tomar e qual modelo deveria ser seguido. A teoria de Bill Nicholls (2007), que diz que os documentários são divididos em seis formas distintas: poético, expositivo, observativo, participativo, reflexivo e performático, pôde mostrar qual destes métodos seria utilizado. Partindo disso, se optou pelo documentário observativo, já que o webdocumentário utiliza de artifícios para que seja mostrada a realidade, de forma a não participar do que acontece, apenas mostrar. Depois de definir qual gênero estilístico o webdocumentário utilizaria, foi preciso conhecer as teorias de webdocumentário. A escolha foi tomada pelos fatores de que a internet é um dos meios com mais força no âmbito de divulgação e abrangência, e porque um webdocumentário, por estar na internet, pode ter inúmeras facetas como a disponibilização de vídeos extras e até mesmo unir com textos e outros conteúdos relacionados ao tema. Foi utilizado dos também um breve embasamento sobre as relações webdocumentários jornalísticos com a comunicação dirigida. Para que não houvesse duvidas a respeito do foco do trabalho. As pesquisas sobre jornalismo cultural ajudam a mostrar que não existe muita informação sobre o meio de música independente e do cenário local. Muito se fala sobre os grandes artistas do showbiz, mas quando o assunto é os que estão em ascensão, o tema é pouco tratado. Por isso, a teoria de jornalismo cultural foi importante para embasar teoricamente a produção do documentário. No delineamento do produto houve a preocupação de explicar os detalhes sobre o material, como pré-produção, produção e pós-produção. Isso porque as gravações não foram feitas somente em um local, o webdocumentário foi gravado em mais de quatro locações diferentes, o que deu maior amplitude para o produto final. É o delineamento que define bem como foi feito e qual é o resultado final do webdocumentário, que é o de contar como é a produção de um CD de forma independente e também de mostrar um artista novo, que tenta se colocar no mercado musical. 10. 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Rock Pop-Rock MPB Sertanejo Pagode Axé Forró Instrumental Gospel Outros Qual meio você utiliza, prioritariamente, para procurar novos estilos músicais? Internet Jornal TV Rádio Lojas de CD Amigos Indicação Outros Você se interessa por documentários sobre música? Sim Não Se sim, assiste a documentários na internet? Sim Não Se você assiste documentários pela internet, qual plataforma prefere? Youtube Vimeo Player próprio Outros Você assiste vídeos na internet até o fim? Sim Não Quando você assiste um vídeo na internet, quanto tempo costuma acompanhar? Aproximadamente 1 minuto Aproximadamente 3 minutos Aproximadamente 5 minutos Aproximadamente 10 minutos Mais de 15 minutos O que prenderia sua atenção em um documentário sobre música e artistas independentes? História Videografismo Edição Making Off Depoimentos Música Como foi o processo de criação do CD Como foi o processo de criação das músicas Você faz download de músicas pela internet? Sim Não Quais redes sociais você utiliza com mais frequência? Twitter Facebook Orkut MySpace Linkedin Tumblr Outros Você compartilha vídeos em sua rede social? Sim Não Você já conheceu algum artista ou música pelas redes sociais? Sim Não Conhece a cantora independente Mônica Bezerra? Sim Não Se não, teria interesse em conhecer o seu trabalho? Mônica Bezerra é uma cantora curitibana, que está gravando seu CD, com três músicas autorais e uma versão. Seu estilo é o Pop-Rock, com toques de MPB. Sim Não 11.2. DIVULGAÇÃO DA PESQUISA NAS REDES SOCIAIS A cantora Mônica Bezerra fez a divulgação e pediu para que seus amigos respondessem a pesquisa. Através do pedido da cantora a resposta vai de cerca de 100 pessoas. A cantora de rock Mizuho Lin, também fez o pedido através da sua rede social e, somente por este pedido, recebemos mais de 100 respostas. A apresentadora do SBT, Fernanda Rocha, também contribuiu para o êxito da pesquisa em sua rede social. Agradecimento pela quantidade de respostas que a pesquisa recebeu. Postado no dia 11 de maio de 2012, logo após a pesquisa ser finalizada. 11.3. ROTEIRO DE PERGUNTAS ENTREVISTADOS 1) MONICA (DEFEITOS E QUALIDADES) 2) FALE UM POUCO DE CADA MUSICO 3) COMO FOI O PROCESSO DE GRAVAÇÃO? 4) QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE AS MÚSICAS? FALE UM POUCO DE CADA UMA. 5) FAÇA UM BALANÇO DAS GRAVAÇÕES. 6) O QUE ESPERAM DO TRABALHO? 7) COMO É O CENÁRIO DE MÚSICA EM CURITIBA? 8) COMO É SER UM ARTISTA INDENDENTE? QUAIS AS DIFICULDADES? 9) COMO A INTERNET PODE AJUDAR OU NÃO UM CANTOR OU UMA BANDA? 11.4. ROTEIRO DE EDIÇÃO BASE Inicio: Imagem do estúdio (só instrumentos) e. A fala explicando o nome da música. Abertura do Doc: música Mais e a "logo". Ligação 1: imagens rápidas da montagem do estúdio Mônica: entrevistas mescladas de quem é a Mônica (ela falando do inicio da carreira e logo em seguida produtor e banda falando sobre a cantora) - ter falas também de manias e outras coisas, não deixar somente elogios. - imagens de shows e gravações Banda: Mônica falando sobre cada um da banda ( mesclar com imagens deles / dividir tela com todos da banda). Deixar os outros falarem dos outros músicos. Cenário Local: Aproveitar o gancho que todos são curitibanos (entrevista com todos sobre o cenário local) - imagens com shows na cidade e GC com informações desses lugares Independente/ dificuldade: Mônica falando da escolha de ser uma artista independente e as dificuldades enfrentadas (nas dificuldades incluir fala de todos) Gravação: Mônica fala sobre a idéia de gravação do disco, falar que no inicio a ideia era um EP e que foi amadurecido. Tomas: Entrevista da Mônica sobre a escolha do produtor (imagens do Tomás) Ansiedade: entrevista com todos sobre a ansiedade da gravação (imagens do bastidor) Imagem: imagens do estúdio Processo pré gravacao: processo de ensaio, conciliar horário (imagens ensaio Curitiba) deixar todos falarem. Se vc tiver colocar imagens deles tocando músicas de outros cantores Processo de gravação: fala de cada um sobre processo de gravação, explicação (imagens da gravação) - maior parte do doc. Escolha das músicas: fala (principal) Mônica sobre algumas músicas (as 4 que você tem) a opinião dos meninos sobre as músicas. ( imagem ensaios fora do estúdio) Escolha Single: pq a escolha da música Mais Balanço da gravação: entrevista com todos sobre como foi a gravação (imagem estúdio) Forma de divulgação: fala da Mônica e do produtor de como pretendem divulgar, prazo (se tiver) Internet: como a internet ira auxiliar no trabalho do Mais. Entrevista com todos de como a internet pode ajudar ou não um artista músical Expectativa: o que cada um espera com esse trabalho, onde querem chegar. Não esquecer: - Cg com nome dos lugares e músicos - E certos momentos quebrar a tela clm outras imagens divididas para não cansar - Colocar trechos que misturem imagem com fala ou música no fundo - Mesclar imagens do doc com brincadeiras de bastidores.