CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO 2008 Nº Despacho PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 366/2008 Concede o Título de Cidadã Honorária do Município, “Post Mortem”, a Vicentina de Paula Oliveira, a cantora DALVA DE OLIVEIRA (1917 – 1972). Autor: Vereador Adilson Pires A CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO DECRETA: Art. 1° Fica concedido o Título de Cidadã Honorária do Município do Rio de Janeiro, “Post Mortem”, a Vicentina de Paula Oliveira, a cantora DALVA DE OLIVEIRA (1917 – 1972). Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação. Plenário Teotônio Villela, 6 de agosto de 2008. Vereador Adilson Pires - PT CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO JUSTIFICATIVA Vicentina de Paula Oliveira nasceu na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, em 5 de maio de 1917, intérprete de música popular brasileira de enorme valor, cuja extensão de sua voz, que ia do contralto ao soprano, marcou época como intérprete e uma das grandes estrelas dos anos 40 e 50. Filha de um carpinteiro e clarinetista nas horas vagas, o Sr. Mário Antônio de Oliveira, o Mário Carioca, e da portuguesa Alice do Espírito Santo Oliveira, doméstica e cozinheira, que trabalhava fazendo salgadinhos para vender. Teve mais três irmãs meninas, Nair, Margarida e Lila, e um irmão que nasceu com problemas de saúde e morreu ainda criança. Órfã de pai aos oito anos, Dona Alice resolveu, então, tentar a vida na capital paulista, onde arrumou emprego de governanta. As três filhas entraram par um internato de irmãs de caridade, o Internato Tamandaré, onde ela teve aulas de piano, órgão e canto. Devido a uma séria infecção nos olhos, saiu do internato (1928) e trabalhou então como arrumadeira babá e ajudante de cozinha em restaurantes. Depois, conseguiu um emprego de faxineira em uma escola de dança onde havia um piano e, dona de uma poderosa voz, iniciou sua carreira. Passou a usar o nome de Dalva, sugerido pela mãe, pois um seu amigo empresário não achava que seu nome não era bom para uma cantora. Aconselhada a ir para o Rio de Janeiro, pois na Capital Federal teria mais chances, transferiram-se com a família para o Rio de Janeiro (1934), onde foram morar à Rua Senador Pompeu, na tentativa de deslanchar artisticamente como cantora. Nascia aí a nossa imortal cantora DALVA DE OLIVEIRA. Empregou-se como costureira numa fábrica de chinelos, da qual um dos proprietários, o Milton Guita, conhecido como Milonguita era diretor da Rádio Ipanema, a atual Rádio Mauá, e este a convidou para um teste na Rádio Ipanema. Aprovada, logo depois se transferiu para as Rádios Sociedade e Cruzeiro do Sul, onde cantou ao lado de Noel Rosa. Passou em seguida pela Rádio Philips e finalmente conseguiu trabalho na Rádio Mayrink Veiga. Trabalhou (1936) na temporada popular da Casa de Caboclo, do Teatro Fênix, onde atuou ao lado de Jararaca e Ratinho, Alvarenga e Ranchinho, Ema D'Ávila, Diamantina Gomes e Antônio Marzullo. No mesmo período, trabalhou na Cancela, em São Cristóvão, num teatro regional onde ela apresentava números imitando a atriz Dorothy Lamour, e lá conheceu Herivelto Martins, com quem fez dupla e casou-se (1937) e o casal teve seus dois filhos, o cantor Pery CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO Ribeiro e o produtor de programas televisivos da TV Globo, Ubiratã. Gravaram o primeiro disco (1937) na RCA Victor, com as músicas Itaguaí e Ceci e Pery, razão do nome do seu primeiro filho, o futuro cantor Pery Ribeiro. Transferiu-se para a Rádio Tupi e para a gravadora Odeon. Participou do filme Berlim na batucada (1944) e Caídos do céu (1946). Separou-se (1947) de Herivelto e casou-se (1949) com o argentino Tito Clement e foram morar em Buenos Aires. Retornou ao Brasil (1950), separou-se (1963) de Clement e depois casou-se com Manuel Carpinteiro. Sofreu um grave acidente automobilístico (1965), sendo obrigada a abandonar a carreira por alguns anos. Retornou à carreira artística em 1970, lançando um dos grandes sucessos do ano e também seu último: “Bandeira Branca”, marcharancho de Max Nunes e Laércio Alves. Residia numa confortável casa no bairro carioca de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, fazendo concorridas apresentações no Teatro Tereza Raquel e em vários programas de televisão e em shows, quando faleceu na Cidade Maravilhosa em 30 de agosto de 1972, vítima de hemorragia no esôfago.