Eixo entre Santos e Santa Apolónia vai ser o

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ID: 62355194
19-12-2015 | Economia
Tiragem: 98880
Pág: 33
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 23,10 x 44,50 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
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Tendência Projetos para construir edifícios de escritórios,
hotéis e habitação de luxo multiplicam-se na zona-estrela de 2015
Eixo entre Santos
e Santa Apolónia vai ser
o novo Parque das Nações
O edifício da EDP, ao fundo, veio revolucionar o mercado de escritórios. Já na habitação, brasileiros e franceses pagam “valores de frente-rio”
Texto Marisa Antunes
Foto Alberto Frias
O
eixo ribeirinho de
Lisboa entre Santos
e Santa Apolónia
‘ganhou’ 35.000 m2
de novos edifícios de
escritórios nos últimos dez anos. Cerca
de 40% (13.900 m2)
integram-se na área
da nova sede da EDP, sendo que os
restantes 60% não corresponderam
a uma construção especulativa mas a
projetos com arrendatários pré-contratualmente definidos”, conclui o
estudo “O Dinamizar da Zona Ribeirinha”, da consultora Aguirre Newman.
A dinâmica que se gerou nesta zona
da cidade, relegada durante décadas,
foi a grande novidade do mercado de
escritórios da capital em 2015.
À sede da EDP têm-se sucedido vários negócios como é, por exemplo,
o edifício comprado pela Fidelidade
Property à Administração do Porto de
Lisboa, em frente ao futuro Terminal
de Cruzeiros e que vai acolher a sede
da Abreu Advogados, ou as duas aquisições fechadas também este ano pela
Edge Group, de Pinto Basto, que serão
também reconvertidas em escritórios.
A profunda requalificação urbanística que envolveu vários locais e onde
se incluem a Ribeira das Naus, a área
envolvente ao revitalizado mercado da
Ribeira, a Praça do Comércio e agora
também o Campo das Cebolas tem
acompanhado todo este dinamismo,
explica Eduardo Fonseca, diretor do
departamento de Promoção e Reabilitação da Aguirre Newman.
Mas há mais fatores a explicar esta
capacidade de atração. A escassez
de oferta no Parque das Nações para
instalar empresas que necessitam de
áreas amplas e que querem estar em
Lisboa tem também contribuído para
uma procura crescente nesta zona.
“Acreditamos que por força da redução da oferta no Parque da Nações
(que conta apenas com 5,55% de taxa
de disponibilidade) e o aumento da
procura na frente ribeirinha, haverá
um crescimento estruturado entre
Santa Apolónia e Alcântara onde
estão em curso a reconstrução/reabilitação de alguns edifícios já com
utilizadores finais identificados.
Para além de todo o potencial que a
zona oferece no que diz respeito à
reabilitação, há ainda uma grande
capacidade para o desenvolvimento
de construção nova. O Plano de Pormenor designado como Aterro da
Boavista, compreendido entre o mercado da Ribeira e a Rua Dom Carlos
I, tem uma capacidade construtiva
acima dos 110.000m2 entre escritórios, habitação e comércio, assim como
os terrenos disponíveis entre Santa
Apolónia e o Parque das Nações”,
especifica ainda Eduardo Fonseca,
acrescentando não ter dúvidas de que
“dentro de uma década esta zona será
o próximo Parque das Nações”.
NÚMEROS
35
mil metros quadrados
de novos edifícios de
escritórios construídos
na última década
1400
euros é o valor médio
do metro quadrado
transacionado para
edifícios devolutos
13.900
metros quadrados tem
a área total da sede da EDP
À semelhança do que acontece na
Expo, também aqui há diversidade no
tipo de projetos pois estes não se restringem só ao mercado de escritórios.
“O mercado hoteleiro também está
bastante voltado para esta zona da
cidade. A proximidade com a Baixa-Chiado, Cais do Sodré e mercado da
Ribeira são alguns dos motivos que
captam a atenção das unidades hoteleiras que desejam instalar-se em
Lisboa. E, mais uma vez, o impacto
da instalação de grandes empresas
nesta zona faz vislumbrar a ida de
outras, apresentando mais condições
para investir neste sector”, refere-se no estudo. “Quase todos os meses
abrem negócios de pequenas e médias
dimensões nesta zona, hostels e hotéis
de 3 e 4 estrelas. Mas há pelo menos
dois projetos grandes, já aprovados,
com áreas a rondar os 5000 m2 aprovados para hotelaria”, aponta o responsável da Aguirre.
Prédios para reabilitar a 5 milhões
Os estrangeiros, não só os turistas,
mas aqueles que querem adquirir casa
ou investir a uma escala maior em
Portugal, estão a impulsionar também
a reabilitação de vários edifícios da
zona.
Manuel Neto, responsável pela loja
da Engel&Volkers do Parque das Nações, já teve muitos clientes chineses
(não só particulares mas também
promotores) interessados nesta zona
mas a polémica gerada em torno dos
vistos gold tem feito esmorecer este
mercado que se está a virar para Espanha. Mas ficaram os promotores
nacionais e estrangeiros de outras
nacionalidades atentos ao fenómeno
do turismo em Portugal: “São promotores que procuram prédios para
reabilitar com valores entre €1 e €5
milhões. E há interessados de todo o
tipo. Para além dos nacionais, também promotores espanhóis, franceses e belgas e ainda do Dubai, Líbano,
Paquistão, Líbia e Egito”.
O destino final dos prédios reabilitados é para apartamentos turísticos ou
para estrangeiros que querem residir
cá. “Principalmente brasileiros e franceses”, refere Manuel Neto. Eduardo
Fonseca, da Aguirre Newman, corrobora, dizendo que, neste momento,
praticamente tudo o que está a ser
construído na zona é para este segmento. “São pessoas que estão a pagar
valores de frente-rio. Valores que o
mercado interno não paga. E nesta
frente há cada vez mais projetos residenciais”. Os valores de venda variam
entre os €3750 e os €6000 por m2”.
Ainda na fase da construção, para
quem procura edifícios devolutos, o
preço do m2 de área a construir acima do solo varia muito consoante a
localização mas a média rondará os
€1400, estima o responsável da Aguirre, referindo que não há uma base de
comparação em termos de valorização
para os valores que eram comercializados antes da crise. “Isto porque, na
prática, nada se vendia ali antes ou
durante a crise”.
E muitos dos projetos que começaram por ser direcionados para escritórios acabaram reconvertidos em
habitação. “É o caso do Eight Building, junto ao mercado da Ribeira,
transformado num edifício com cerca
de uma centena de apartamentos dos
quais mais de 80 foram vendidos ao
mercado asiático”, exemplifica Manuel Neto, da Engel&Volkers.
Ou um “edifício da Rua da Moeda
que sempre esteve destinado a escritórios e que agora é habitação,
pois o promotor tinha um canal de
escoamento para o mercado asiático”, exemplifica também Eduardo
Fonseca.
O estudo da Aguirre Newman realça
ainda que a capacidade de atração da
zona estende-se já aos serviços, dando
como exemplo um projeto de grande
dimensão, a CUF Tejo da José de Mello Saúde, um investimento de €200
milhões, cuja conclusão está prevista
para 2018.
Do outro lado, na direção de Santa
Apolónia, zona que irá ficar marcada
pelo Terminal dos Cruzeiros, começam também a surgir projetos de peso
onde se destaca o investimento da
Fidelidade Property nos antigos arquivos centrais na Administração do
Porto de Lisboa para os reconverter
na sede da Abreu Advogados.
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