1 CLÁUDIA PACHECO DA SILVA COMPLICAÇÕES NUTRICIONAIS NA COLESTASE E POSSIBILIDADES DE TRATAMENTOS DIETOTERÁPICOS CANOAS, 2012 1 CLÁUDIA PACHECO DA SILVA COMPLICAÇÕES NUTRICIONAIS NA COLESTASE E POSSIBILIDADES DE TRATAMENTOS DIETOTERÁPICOS Trabalho de conclusão apresentado à banca examinadora do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle – UNILASALLE, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição. Orientação: Profa. M.ª Sandra Maria Pazzini Muttoni CANOAS, 2012 2 CLÁUDIA PACHECO DA SILVA COMPLICAÇÕES NUTRICIONAIS NA COLESTASE E POSSIBILIDADES DE TRATAMENTOS DIETOTERÁPICOS Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle – Unilasalle. Aprovado pela banca examinadora em 04 de Julho de 2012. BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________ Profa. M.ª Sandra Maria Pazzini Muttoni Unilasalle _________________________________________________ Profa. M.ª Carmem Kieling Franco Unilasalle __________________________________________________ Profa. Mª. Rosana Maria Carolo da Costa e Silva Unilasalle 3 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Vera Regina e Cláudio Tadeu, por todo o incentivo e auxílio, pelo exemplo de caráter e pela educação que sempre me dispuseram. Em especial a minha mãe, pelo amor incodicional e por todos os dias de minha vida. Ao meu marido, Alexandre Maidana, que sempre esteve ao meu lado, nos momentos bons e ruins, sempre me compreendendo e auxiliando. À professora e orientadora Sandra Muttoni, pela compreensão, orientação e dedicação, durante a graduação e para o desenvolvimento deste trabalho. A todos os professores aos quais tive o prazer de ser aluna, nesta longa jornada do curso de nutrição, em especial as professoras Rosana Carolo e Carmem Franco e ao professor Joelso Peralta. À minha prima querida, Flávia Pacheco, que sempre me incentivou e me ajudou e que tanto me inspira a buscar cada vez mais o conhecimento. A todas as minhas amigas, em especial à Maria do Rosário Gama, Rutinéia Paiani, Tássia Rolim, Maiara Oliveira e Maria Lenir, as quais tive o prazer de conhecer ao longo da faculdade. À minha amiga Aline Oliveira e meus afilhados (Franciele Pacheco, Eduardo e Rafael Oliveira) por entenderem minha ausência nesses últimos anos. Ao meu grande amigo e irmão, Davi Moisés, por toda contribuição nesta minha jornada acadêmica. A todos que diretamente ou indiretamente contribuíram ao longo desses cinco anos e meio de graduação. À Deus, que me guia diariamente e me dá forças para seguir em frente, mesmo diante dos obstáculos da vida. 4 RESUMO A colestase é uma síndrome caracterizada pela diminuição ou ausência do fluxo biliar no duodeno que pode causar inúmeras complicações diminuindo a qualidade de vida e sobrevida dos pacientes. Ela é a doença hepatobiliar mais incidente em neonatos, principalmente devido ao mecanismo da bile apresentar-se imaturo nessa faixa etária. Suas causas são muito diversas, porém as que mais acometem crianças são a atresia das vias biliares e as intra-hepáticas. O objetivo desse estudo foi descrever quais as complicações nutricionais desencadeadas pela colestase e os seus possíveis tratamentos dietoterápicos. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório, descritivo, do tipo pesquisa bibliográfica. Foi utilizada como base de dados a Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), além de livros e outros artigos que fossem relevantes a pesquisa. Buscou-se materiais publicados nas últimas duas décadas. A revisão da literatura demonstra que uma das mais importantes consequências da colestase é a desnutrição, devido a diversos fatores, como a diminuição da ingestão alimentar, o aumento do gasto energético, além de alterações no metabolismo. A má absorção de gorduras também é uma complicação nutricional, visto que este distúrbio causa esteatorréia, perda energética e déficit na absorção das vitaminas lipossolúveis (A, K, D e E). Os tratamentos dietoterápicos na colestase se baseiam em quantidades de calorias, tipos de lipídeos e proteínas a serem administrados. A maioria das referências pesquisadas cita resultados favoráveis com suplementação de vitaminas e minerais, mas não foram encontrados resultados muito significativos em relação à reposição das vitaminas lipossolúveis com a dieta. Diante o exposto conclui-se que se torna muito importante o desenvolvimento de novas pesquisas sobre o assunto, para que os nutricionistas possam fazer uso deste conhecimento a fim de orientar os pacientes, auxiliando-os no processo de recuperação. Palavras-chave: Colestase. Nutrição e Colestase. Dietoterapia na Colestase. 5 ABSTRACT Cholestasis is a syndrome characterized by a decreasing or absence of the bile flow in the duodenum, which may cause several complications, decreasing quality of life and survival on patients. It is the most frequent hepatobiliary disease in neonates, mainly due to bile mechanism, which is immature at this age. Their causes are many, but the ones which most affect children are biliary atresia and the intrahepatic ones. The purpose of this study was to describe nutritional complications triggered by cholestasis and their possible dietotherapic treatments. This is a qualitative, exploratory and descriptive study, and also bibliographic research type. The Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) was used as database, besides books and other papers that were relevant to the research. Materials published in the last two decades were searched. Literature review shows that one of the most important consequences of cholestasis is malnutrition, due to many factors, such as decreasing in food intake, increasing in energetic expenditure, besides changes in metabolism. Fat malabsorption is also a nutritional complication, since this disturbance causes steatorrhea, energetic loss and deficit in the absorption of fat-soluble vitamins (A, K, D and E). Dietotherapic treatments on cholestasis are based on amounts of calories, types of lipids and proteins to be managed. Most researched references cite favorable results with vitamins and minerals supplementation, but no significant results have been found in respect to restoration of fat-soluble vitamins through the diet. For this reason it can be concluded that development of new researches about this theme is very important, so nutritionists can use this knowledge to educate patients, helping them on the recovery process. Keywords: Cholestasis. Nutrition and Cholestasis. Dietotherapy on the Cholestasis. 6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Alterações laboratoriais na colestase...................................................... 16 Figura 2 - Escala cromática de cores de fezes.................... .................................... 17 Figura 3 - Secreção hepática e esvaziamento da vesícula biliar ............................. 18 Tabela 1 - Causas extra-hepáticas de colestase em crianças com menos de 4 meses de idade............. .......................................................................................... 19 Tabela 2 - Causas extra-hepáticas de colestase em crianças maiores de 4 meses e adultos.......... ........................................................................................................... 19 Tabela 3 - Causas intra-hepáticas de colestase em crianças com menos de 4 meses de idade................................................................................................................... 20 Tabela 4 - Causas intra-hepáticas de colestase em crianças maiores de 4 meses e adultos............. ........................................................................................................ 20 Tabela 5 – Principais fatores que contribuem para a desnutrição em doença hepática crônica.......... ........................................................................................................... 22 Figura 4 - Metabolismo da vitamina D............. ....................................................... 25 Figura 5 - Manifestações clínicas decorrentes da deficiência da vitamina E...........26 Figura 6 - Complicações na colestase crônica........... ............................................ 27 Figura 7 - Teor de gorura corporal na colestase e interferência da vitamina C....... 30 7 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ALT – Alanina Transaminase BD – Bilirrubina Direta BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde BT – Bilirrubina Total BVS – Biblioteca Virtual de Saúde D2 – Calciferol D3 – Colecalciferol GH – Hormônio do Crescimento HCPA – Hospital de Clínicas de Porto Alegre IGF-1 – Fator de Crescimento Semelhante à Insulina NASPGHAN - Sociedade Norte Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica PTH – Hormônio Paratireóideo RDA – Recomendação Nutricional Diária TCL – Triglicerídeo de Cadeia Longa TCM – Triglicerídeo de Cadeia Média TPGS – D-alpha-tocopheryl polyethylene glycol 1000 succinate VLDL – Lipoproteína de Muito Baixa Densidade 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10 1.1 Objetivo geral .................................................................................................. 10 1.2 Objetivos específicos...................................................................................... 11 1.3 Justificativa...................................................................................................... 11 2 METODOLOGIA .................................................................................................. 12 3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 15 3.1 Definição de colestase e suas implicações .................................................. 15 3.1.1 Identificação ................................................................................................... 15 3.1.2 Bile.................... ............................................................................................. 17 3.1.3 Incidência ....................................................................................................... 18 3.1.4 Principais causas ........................................................................................... 18 3.1.5 Síndrome colestática ...................................................................................... 21 3.1.6 Colestase durante a administração de Nutrição Parenteral ........................... 21 3.2 Consequências nutricionais na Colestase.................................................... 21 3.2.1 Desnutrição .................................................................................................... 21 3.2.2 Má absorção de vitaminas lipossolúveis ........................................................ 23 3.2.2.1 Vitamina A ................................................................................................... 23 3.2.2.2 Vitamina D ................................................................................................... 24 3.2.2.3 Vitamina K ................................................................................................... 25 3.2.2.4 Vitamina E ................................................................................................... 25 3.2.3 Absorção de Cálcio ........................................................................................ 26 3.2.4 Interações na Colestase com alguns micronutrientes .................................... 27 9 3.3 Possíveis tratamentos dietoterápicos na Colestase .................................... 28 3.3.1 Macronutrientes .............................................................................................. 28 3.3.2 Micronutrientes ............................................................................................... 29 3.3.2.1 Vitamina D ................................................................................................... 29 3.3.2.2 Vitamina C ................................................................................................... 29 3.3.2.3 Vitamina A ................................................................................................... 31 3.3.2.4 Vitamina E ................................................................................................... 31 3.3.2.5 Vitamina K ................................................................................................... 32 3.3.2.6 Ácido Fólico ................................................................................................. 32 3.3.2.7 Zinco............................................................................................................ 32 3.3.2.8 Ferro..... ....................................................................................................... 33 3.3.2.9 Cálcio .......................................................................................................... 33 3.3.3 Albumina ........................................................................................................ 33 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 34 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 36 10 1 INTRODUÇÃO A colestase é a diminuição ou ausência do fluxo biliar no duodeno que pode ser causada pelas mais diferentes patologias, tanto intra quanto extra-hepática. Esta síndrome causa inúmeras complicações que podem diminuir a qualidade de vida e sobrevida dos pacientes (ROQUETE, 2000; BASTOS, 2002). Devido a colestase, muitas funções hepáticas se alteram, modificando também o estado nutricional, já que o fígado é o órgão responsável por inúmeras funções bioquímicas de utilização de nutrientes, além de ser o local de armazenamento de vitaminas e transformação para sua forma ativa. A desnutrição calórica e proteica pode ser considerada uma das mais importantes complicações que o paciente com colestase está suscetível, visto que este distúrbio causa digestão incompleta das gorduras, esteatorréia e má absorção de nutrientes. Diante do exposto, é possível pensar que a terapia nutricional torna-se um importante adjuvante no tratamento da colestase, visto que uma nutrição adequada pode auxiliar na recuperação dos pacientes. Assim, pesquisar e conhecer sobre quais nutrientes são auxiliares no tratamento da colestase é de grande importância para o nutricionista, principalmente devido a incidência frequente, principalmente em neonatos. Estima-se que 1 a cada 2.500 recém-nascidos desenvolvam esta patologia, tornando-se a condição hepatobiliar mais comum em neonatos (ROQUETE, 2000). Desta forma, com a presente revisão bibliográfica, pretende-se reunir o que se tem publicado sobre colestase nas últimas duas décadas, principalmente quais complicações nutricionais são relacionadas a esta alteração. Além disso, pretendese pesquisar como a dietoterapia pode auxiliar no tratamento, para que os nutricionistas possam fazer uso deste conhecimento a fim de orientar os pacientes, auxiliando no processo de recuperação. 1.1 Objetivo geral Descrever quais as complicações nutricionais desencadeadas pela colestase e os seus possíveis tratamentos dietoterápicos. 11 1.2 Objetivos específicos a) Revisar os conceitos relativos à colestase e suas implicações; b) Detalhar as complicações nutricionais que podem ser desencadeadas pela doença; c) Identificar os possíveis tratamentos dietoterápicos que podem influenciar positivamente na colestase. 1.3 Justificativa O papel do nutricionista é auxiliar as pessoas na escolha de alimentos que contribuam tanto para a promoção quanto para a recuperação da saúde. As comorbidades que afetam o estado nutricional devem ganhar atenção exclusiva, pois podem ocasionar conseqüências bem severas, principalmente no caso de crianças, afetando o crescimento e o desenvolvimento. Entre as principais causas da colestase, a atresia das vias biliares e as colestases intra-hepáticas podem apresentar índices de 100% de mortalidade se o tratamento não ocorrer adequadamente, sendo assim de suma importância a realização de pesquisas sobre esse tema. Relata-se grave déficit nutricional em estudos realizados em pacientes com colestase, resultando em mudanças no estado nutricional tanto em crianças, como em adultos (BATTOCHIO et al., 2004; DIAS, 2006; SANTOS; COELHO K. L. R.; COELHO C. A. R., 2008). O interesse pelo estudo da colestase surge devido à sua grande expressividade de causas, que envolvem também número expressivo de consequências e pelo fato de acometer principalmente crianças recém-nascidas. Com esse estudo poderei contribuir, como futuro profissional da área da nutrição, investigando qual o papel que a nutrição pode desenvolver atenuando as consequências da colestase. 12 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório, descritivo, do tipo pesquisa bibliográfica. De acordo com Gil (2007), uma revisão de literatura é desenvolvida a partir de materiais já elaborados, como livros, artigos e revistas, entre outros. Esse tipo de pesquisa tem como objetivo colocar o pesquisador em contato com aquilo que já foi escrito sobre determinado assunto. Assim uma revisão de literatura permite integrar, aprimorar e facilitar o conhecimento, elaborando novas ideias acerca do tema proposto. Para realizar a coleta de dados dessa revisão bibligráfica foi utilizada como base de dados a Biblioteca Virtual da Saúde (BVS). A BVS, desenvolvida sob coordenação do Centro Latino-americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), é uma rede de informações online para distribuir conhecimentos técnicos e científicos em saúde, principalmente para profissionais da saúde, estudantes e pesquisadores. Para fazer a busca nessa base de dados, foi utilizado a combinação de três descritores: colestase and dietoterapia, colestase and dieta, colestase and nutrição. Buscou-se artigos científicos publicados nas últimas duas décadas, além de outras referências que fossem relevantes à pesquisa. Após a seleção dos artigos foi realizada uma leitura exploratória, verificando quais artigos localizados interessavam à pesquisa. De acordo com Gil (2007), a leitura exploratória pode ser feita mediante a leitura de resumo, folha de rosto, índice, bibliografia e nota de rodapé. Desta forma, neste primeiro momento, foi realizada a leitura dos títulos e resumos dos artigos localizados, identificando os que se adequávam com o tema em questão. Após a seleção preliminar do material, foi realizada a leitura interpretativa e análise do material, buscando relacionar o conteúdo dos textos analisados com a questão da pesquisa (GIL, 2007). Essa etapa buscou conferir significado mais amplo dos dados, indo além deles e os relacionando com conhecimentos já obtidos para realização da análise. Para cumprir esta etapa, foi necessária a tradução dos artigos, visto que alguns estavam na língua inglesa. 13 Os aspectos éticos foram respeitados na medida em que os autores das obras utilizadas foram devidamente referenciados ao longo do trabalho, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 14 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Definição de colestase e suas implicações Colestase é definida como a alteração fisiopatológica em que ocorre a diminuição ou ausência do fluxo biliar para o duodeno, ocasionada por defeitos na secreção da bile ou por intercorrências em seu processo de transporte (SANTOS; COELHO K. L. R.; COELHO C. A. R., 2008). A colestase crônica exerce impactos na função hepática. Bastos (2002) cita que esses podem estar relacionados à retenção hepática de diversos compostos acarretando em lesão na membrana celular, necrose e degeneração gordurosa podendo levar até a cirrose. O transplante hepático é indicado nos casos em que à progressão da doença hepática (CARVALHO; SEIXAS; CAMPOS, 2009). 3.1.1 Identificação A colestase pode ser identificada a partir do ponto de vista de cada profissional, segundo dados: clínicos, bioquímicos, patológicos e fisiológicos. Cada um deles pode ser elucidado da seguinte forma (ROQUETE, 2000; EDUARDO, 2002; SANTOS, 2007): • Clínicos: presença de icterícia, colúria, acolia ou hipocolia fecal, xantomas, prurido (ROQUETE, 2000; EDUARDO, 2002; SANTOS, 2007). • Bioquímicos: aumento dos níveis de bilirrubina direta no sangue, elevação nos níveis de atividade das enzimas fosfatase alcalina e gama- glutamiltransferase, transaminases e hipercolesterolemia (ROQUETE, 2000; EDUARDO, 2002; SANTOS, 2007). • Patológicos: presença de pigmentos biliares no citoplasma dos hepatócitos e das células de Küpffer, degeneração plumosa dos hepatócitos (colatoestase) e pela constituição de trombos canaliculares (bilirrubinoestase) (EDUARDO, 2002; SANTOS, 2007). • Fisiológicos: através da medida do clearence de substâncias eliminadas pela bile, quando essa encontra-se diminuída (EDUARDO, 2002; SANTOS, 2007). 15 Segundo Schneider, Pinto e Silveira (2007, p. 346) a presença de colestase, seguindo os critérios da Sociedade Norte Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (NASPGHAN), se dá quando a “bilirrubina total (BT) sérica for maior do que 5,0 mg/dL e a bilirrubina direta (BD) apresentar-se acima de 20% do valor da BT, ou se a bilirrubina total for menor do que 5,0 mg/dL, porém a bilirrubina direta estiver acima de 1,0 mg/dL”. Dentre os recursos utilizados para o seu diagnóstico, destacam-se: ultrassonografia, tomografia computadorizada de abdômen, cintilografia hepatobiliar, colangiografia e ressonância magnética do fígado. A figura abaixo demonstra as alterações laboratoriais que são encontradas na colestase (PORTELLA, 2006); DELL CASTILHO et al., 2001; CALY et al, 2009). Figura 1 - Alterações laboratoriais na colestase Fonte: Portella, 2006 Diferentes autores referem que a icterícia é um dos principais sinais clínicos da colestase. Se recém-nascidos saudáveis a apresentarem e ela for acompanhada de urina escura ou fezes claras ou se for persistente por mais de 3 semanas, a Academia Americana de Pediatria preconiza que seja realizada dosagem de bilirrubina direta. Sendo a hipocolia ou acolia fecal um dos sinais de icterícia, alguns países estão fazendo uso de escala colorimétrica de fezes a fim de detectar 16 precocemente o diagnóstico de colestase em recém-nascidos e lactentes, conforme figura abaixo (CARVALHO; SEIXAS; CAMPOS, 2009; TAVEIRA; SAWAMURA; FERNANDES, [s.d.]) Figura 2 - Escala cromática de cores de fezes. Fonte: JACQUEMIN, 2009 3.1.2 Bile A quantidade diária de bile secretada pelo fígado é entre 600 a 1000 mL/dia. Ela é constituída, principalmente pelos sais biliares que auxiliam na digestão das gorduras, fazendo com que as partículas sejam fragmentadas, facilitando assim a ação das lipases presentes no suco pancreático. Os sais biliares também formam as micelas que são altamente solúveis, estas “carregam” os lipídios intestinais (ácidos graxos, monoglicerídeos, colesterol e outros lipídios do trato) para serem absorvidos na mucosa intestinal (GUYTON; HALL, 2006). As células hepáticas secretam bile continuamente, porém grande parte permanece armazenada na vesícula biliar até ser eliminada pelo duodeno. A capacidade de armazenamento é em torno de 30 a 60 mlL, porém em um período de 12h são armazenados ao todo, cerca de 450mlL, pois água, sódio, cloreto e outros eletrólitos são absorvidos pela mucosa da vesícula biliar, ficando concentrados apenas os sais biliares, colesterol, lecitina e bilirrubina. São sintetizados cerca de 6g de sais biliares diariamente, sendo eles derivados do colesterol (GUYTON; HALL, 2006). O hormônio colecistocina, liberado em resposta aos alimentos gordurosos, estimula a vesícula a esvaziar-se completamente. Quando o alimento ingerido não contêm quantidades significativas de gordura, a vesícula é esvaziada lentamente (GUYTON; HALL, 2006). 17 Figura 3 - Secreção hepática e esvaziamento da vesícula biliar Fonte: GUYTON; HALL, 2006 3.1.3 Incidência Mowat (1991) relata a incidência de colestase em 1/500 nascidos vivos e Bellomo-Brandao et al. (2010) refere incidências de 1/2.500, 1/5.000 e 1/9.000. A colestase é a doença hepatobiliar que afeta, principalmente, crianças do período neonatal aos primeiros meses de vida, devido ao mecanismo da bile apresentar-se precoce. É somente em torno de um ano de idade que o sistema biliar da criança pode ser comparado ao de um adulto (ROQUETE, 2000). 3.1.4 Principais causas Nas tabelas abaixo seguem as classificações das causas da colestase. Estas são divididas conforme o local da lesão em intra-hepática ou extra-hepática. Também pode ser dividida de acordo com o início do processo antes ou após os 4 meses de vida. Entre as causas podemos destacar as que mais acometem as 18 crianças, ocasionando colestase crônica: a atresia de vias biliares a as intrahepáticas (EDUARDO, 2002; PASSONI, 2005; SANTOS, 2007). Tabela 1 – Causas de colestase extra-hepáticas em crianças menores de 4 meses CAUSAS EXTRA-HEPÁTICAS DE COLESTASE EM CRIANÇAS COM MENOS DE 4 MESES DE IDADE: Atresia de vias biliares Cisto de colédoco Coledocolitíase Colangite esclerosante primária (forma neonatal) Colangite infecciosa Colangite associada à histiocitose de células de Langerhans Perfuração do colédoco Estenose congênita do colédoco Tumor das vias biliares ou de tecidos adjacentes comprimindo ou obstruindo as vias biliares Fonte: Eduardo, 2002. Tabela 2 – Causas de colestase extra-hepáticas em crianças maiores de 4 meses e adultos CAUSAS EXTRA-HEPÁTICAS DE COLESTASE EM CRIANÇAS MAIORES DE 4 MESES E EM ADULTOS: Cisto do colédoco Litíase de vias biliares Neoplasias extra-biliares Estenose pós-cirúrgica Parasitoses – ascaridíase Compressão extrínseca Colangite esclerosante primária Neoplasia do trato biliar Fonte: Eduardo, 2002. 19 Tabela 3 – Causas de colestase intra-hepáticas em crianças menores de 4 meses CAUSAS INTRA-HEPÁTICAS DE COLESTASE EM CRIANÇAS COM MENOS DE 4 MESES DE IDADE: Colestase fisiológica do recém-nascido Prematuridade Hipóxia e/ou isquemia hepática perinatal Infecções congênitas: sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes simples, parvovírus B19, herpes vírus tipo 6, doença de chagas, listeriose, hepatite de células gigantes com inclusões semelhantes à Paramixovírus. Infecções adquiridas: bacterianas (endotoxinas) e virais (vírus das hepatites A e B). Doenças metabólicas genéticas: Deficiências de α-1 antitripsina, Galactosemia, Intolerância hereditária à frutose, Tirosinemia congênita, Síndrome de Zellweger, Erros inatos do metabolismo dos ácidos biliares (Deficiência da redutase 5β dos ∆4 -3-oxoesteróide, Deficiência da isomerase/dehidrogenase dos esteróides 3β – hidroxi ∆5 –C27 e Deficiência de 7α hidroxilase dos oxiesteróides), Hemocromatose neonatal e Coagulopatia e hipoproteinemia congênitas associadas e hipertirosinemia. Colestase intrahepáticas familiares progressivas: Tipo I – doença dos Byler, Tipo II – deficiência de spgp – “sister protein of the P-glicoproteins” e Tipo III –deficiência de MDR3– “multidrug resistence factor number 3” Colestase associada à nutrição parenteral total Colestase por drogas administradas à mãe ou à criança – exemplo: clorpromazina, cetoconazale Colestase associada à incompatibilidade sanguínea materno fetal Doença de Aagenaes Colestase intra-hepática neonatal associada a siderose e esteatose hepática Colestase neonatal associada a displasia medular focal dos rins Colestase crônica com nefropatia tubulointersticial Hepatite neonatal idiopática, colestase neonatal benigna ou colestase transitória do recém-nascido Síndromes ductopênicos: Síndrome de Alagille e Ductopenia não sindrômica Fonte: Eduardo, 2002. 20 Tabela 4 – Causas de colestase intra-hepáticas em crianças maiores de 4 meses e adultos CAUSAS INTRA-HEPÁTICAS DE COLESTASE EM CRIANÇAS MAIORES DE 4 MESES E EM ADULTOS: Colestase intra-hepática ductais: Doença de Caroli, Cirrose biliar primária, Colangite esclerosanta, Vírus da Imunodeficiência Adquirida (Colangiopatia por Citomegalovírus e Colangite por Criptosporidium), Doença enxerto versos hospedeiro, Histiocitose de células de Langerhans, Síndrome ductopênica idiopática do adulto e Síndrome ductopênica tipo adulto por drogas. Colestase intra-hepática hepatocítica: Drogas (Fenotiazinas, Vasoconstritores e Estolato de eritromicina), Nutrição parenteral total, Hipotireoidismo, Induzida por sépses ou endotoxinas, Hepatite alcoólica, Colestase da gestação, Choque, Insuficiência cardíaca congestiva, Colestase intra-hepática benigna recorrente, Hepatites virais A (hepatite colestática ou fase colestática de uma hepatite bifásica), B e C, Hepatites auto-imunes e Sarcoidoses. Fonte: Eduardo, 2002. A avaliação da colestase deve se ter como prioridade a investigação da necessidade de tratamento cirúrgico (causas extra-hepáticas) ou tratamento clínico (causas intra-hepáticas – infecções e doenças genético-metabólicas) (CARVALHO; SEIXAS; CAMPOS, 2009; ROQUETE, 2000). 3.1.5 Síndrome colestática As causas da colestase se diferenciam bastante, porém a ocorrência de lesão hepatocelular é uma consequência incomum. Quando essa ocorre intensamente, e por um período longo, resulta no que chamamos de síndrome colestática (PRADO, 2003; SANTOS, 2007). 3.1.6 Colestase durante a administração de Nutrição parenteral A colestase em nutrição parenteral geralmente ocorre em recém-nascidos de muito baixo peso que ficam por tempo superior a 2 semanas fazendo uso desse tipo de nutrição. Pode acometer 80% dos lactentes que a recebem por mais de dois meses. As alterações hepáticas vão sendo desenvolvidas lentamente, sendo o jejum prolongado um dos fatores de risco mais importantes para desencadeá-la, porém o prognóstico pode ser bom se reinstituída a alimentação via oral ou enteral e se 21 tratada a doença de base. A remissão ocorre lentamente por volta de quatro a seis meses depois (ROQUETE, 2000; SOUZA; TESKI; SARNI, 2008). 3.2 Consequências nutricionais na colestase 3.2.1 Desnutrição Os pacientes com colestase podem desenvolver desnutrição devido a diversos fatores, como a diminuição da ingestão alimentar devido à anorexia, sendo que os indicadores mais sensíveis para determinação do estado nutricional na doença hepática crônica são a circunferência do braço e a prega cutânea tricipital (SARON; GODOY; HESSEL, 2009). O peso não é um indicador fidedigno em pacientes com hepatopatia crônica, a visceromegalia e a retenção de líquidos induzem a erros nos cálculos (CARDOSO et al., 1997). Mattar et al. (2005) cita em sua pesquisa que estudos realizados em pacientes com doença hepática crônica, em pré-operatório de transplante, detectaram a presença de desnutrição energético protéica e ingestão inadequada de nutrientes. Dias (2006) refere que, na doença colestática crônica, os hormônios anoréticos colecistoquinina e leptina, têm seus níveis aumentados ocasionando diminuição da ingestão alimentar. Outro fator que contribui para a desnutrição é o aumento do gasto energético decorrente da utilização das proteínas como fonte de energia, ocasionando em hipercatabolismo protéico. A colestase também provoca alterações no metabolismo intermediário devido à lesão hepatocítica, caracterizadas por alterações na síntese e secreção do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1) e resistência do hormônio de crescimento (GH), estes dois são fundamentais para o crescimento e o desenvolvimento, pois auxiliam no metabolismo dos lipídios, proteínas e carboidratos (DIAS, 2006; SANTOS, 2007). 22 Tabela 5 – Principais fatores que contribuem para a desnutrição em doença hepática crônica Fatores Comentários Diminuição da ingestão alimentar Anorexia, dietas impalatáveis pelas restrições alimentares, náuseas, aumento do volume abdominal que levam à saciedade precoce. Aumento do consumo energético O consumo energético em crianças com hepatopatia crônica é 30% maior do que uma criança normal. Diminuição da síntese de carboidrato A diminuição da síntese de glicogênio e da metabolização de insulina pelo fígado gera uma resistência periférica à insulina e uma diminuição da tolerância à glicose Aumento da oxidação de proteínas e diminuição da síntese de novas proteínas Um balanço nitrogenado positivo requer quantidade maior de proteínas do que a indicada para a faixa etária. A possibilidade de encefalopatia hepática muitas vezes impede que essa oferta seja possível. Fonte: BASTOS, 2002. Tabela 6 – Principais fatores que contribuem para a desnutrição em doença hepática crônica (continuação) Fatores Comentários Alteração do metabolismo lipídico Os ácidos graxos essenciais são deficientes e o colesterol elevado. Má absorção de gorduras A deficiência de ácidos biliares intraluminais produz esteatorréia com perda energética em torno de 60% e, consequentemente má absorção de vitaminas lipossolúveis e de minerais. Complicações clínicas que comprometem o estado nutricional Sangramento do trato gastrointestinal: peritonite bacteriana espontânea; internações prolongadas com maior exposição a infecções. Deficiência de Fator de Resistência à Insulina (IGF-1) produzido pelo fígado IGF-1 são hormônios anabólicos produzidos no fígado necessários ao crescimento normal. Em crianças com doença crônica do fígado esse hormônio não se eleva, apesar do estímulo do hormônio do crescimento. Fonte: BASTOS, 2002. 3.2.2 Má absorção de vitaminas lipossolúveis Devido à ausência ou diminuição do fluxo da bile, os triglicerídeos de cadeia longa (TCL) que dependem da ação das micelas contidas nos sais biliares não são degradados, ocasionando em esteatorréia, perda energética e déficit na absorção 23 das vitaminas lipossolúveis (A, K, D e E). Essas vitaminas devem ser ingeridas através da alimentação, pois o nosso organismo não consegue sintetizá-las em quantidades suficientes ou não as sintetiza (BASTOS; SILVEIRA, 2003; SARON; GODOY; HESSEL, 2009). 3.2.2.1 Vitamina A A deficiência de vitamina A é constatada constantemente em pacientes com colestase crônica. Ocorre perda na liberação de suas reservas hepáticas e suprimento inadequado das reservas teciduais, quando a sua absorção é prejudicada devido à ausência de bile no intestino e quando a lesão do parênquima hepático afeta a síntese hepática e a liberação das proteínas ligadoras de retinol (EDUARDO, 2002; SANTOS, 2007). Saron, Godoy e Hessel (2009) referem em sua pesquisa que os níveis dessa vitamina sofrem alteração conforme a idade, as crianças são mais sensíveis à sua deficiência do que os adultos devido ao armazenamento ser menor nessa faixa etária e em recém-nascidos. Isso se explicaria devido à intensidade do crescimento e da diferenciação celular que ocorre nos dois primeiros anos de vida. Os sintomas da deficiência da vitamina A em crianças manifestam-se por: alterações oculares prejudiciais, xeroftalmia, cegueira noturna, queratomalácia, retinopatia pigmentar, xerose cutânea, diminuição da pressão intracraniana e competência imunológica e velocidade de crescimento diminuídas (EDUARDO, 2002; SANTOS, 2007). 3.2.2.2 Vitamina D Essa vitamina pode ser considerada um hormônio esteróide, é encontrada tanto na dieta (D2 - calciferol), como na exposição aos raios ultravioletas sobre a pele (D3 - colecalciferol). Na colestase está prejudicada devido à ausência da bile, pela dificuldade de sua metabolização, através dos raios ultravioletas, devido á presença de icterícia e pela lesão hepática que pode acarretar prejuízos na sua ativação (EDUARDO, 2002; BASTOS; SILVEIRA, 2003; SANTOS, 2007). 24 A vitamina D atua estimulando a captação intestinal de cálcio e de fósforo com deposição nos ossos, o fígado é um dos principais responsáveis pela sua regulação. As principais manifestações decorrentes da deficiência dessa vitamina são: hipocalemia, hipofosfatemia, tetania, osteomalácia e raquitismo (BASTOS; SILVEIRA, 2003; SANTOS, 2007). A figura a seguir demonstra o metabolismo da vitamina D no organismo. Figura 4: Metabolismo da Vitamina D. Fonte: FURTADO et al, 2011 3.2.2.3 Vitamina K Após 2 a 3 dias, do desenvolvimento da colestase, já pode ser constatada a deficiência da vitamina K, devido a sua má absorção intestinal e diminuição da flora bacteriana que a produz. A vitamina K tem papel fundamental na síntese dos fatores de coagulação II, V, VII, IX e X, portanto a sua deficiência ocasiona hemorragia, que podem manifestar-se inicialmente através de hematomas e epistaxes. A protombina, devido à diminuição dos fatores de coagulação, tem seu tempo aumentado em no mínimo 20% de sua concentração de 24h. (EDUARDO, 2002; DIAS, 2006; SANTOS, 2007) 25 3.2.2.4 Vitamina E A vitamina E é considerada um antioxidante, mantendo a integridade da membrana celular, pois ela protege os ácidos graxos poliinsaturados das membranas da peroxidação lipídica. Ela necessita de uma maior concentração de sais biliares para a absorção intestinal, por ser a mais hidrofóbica das vitaminas lipossolúveis. Na colestase os seus níveis plasmáticos desaparecem rapidamente, pois ela necessita das lipoproteínas de alta e baixa densidade para ser transportada no sangue (BASTOS, 2002; EDUARDO, 2002; SANTOS, 2007). A deficiência de vitamina E pode ocasionar doença neuromuscular progressiva, manifestando-se por neuropatia periférica, ataxia, fraqueza muscular, retinopatia pigmentar, entre outros (BASTOS, 2002; SANTOS, 2007). Figura 5: Manifestações clínicas decorrentes da deficiência de vitamina E. Fonte: BASTOS, 2002 3.2.3 Absorção de Cálcio Em hipótese não confirmada, Moreira, Duarte e Farias (2004), sugerem que em pacientes com colestase crônica pode ocorrer maior reabsorção óssea, pois a má absorção da vitamina D levaria a uma menor absorção de cálcio e aumento do hormônio paratireoideo (PTH) que é liberado com o intuito de elevar a calcemia. Nesse mesmo estudo relatam que em crianças, a colestase crônica ocasiona 26 diminuição da densidade mineral óssea, que pode estar relacionada com a inibição direta da bilirrubina sobre os osteoblastos (MOREIRA; DUARTE; FARIAS, 2004). 3.2.4 Interações na colestase com alguns micronutrientes Devido às fases de digestão, absorção, armazenamento e metabolismo de vários nutrientes estarem afetadas na colestase, ocorrem deficiência de fósforo, zinco, cobalto, magnésio e ferro. Outra consequência também presenciada é o acúmulo de cobre, manganês e alumínio, ocasionando estresse oxidativo danificando o parênquima hepático (BASTOS, 2002; EDUARDO, 2002). Figura 6 – Complicações da colestase crônica Fonte: CARVALHO; SEIXAS; CAMPOS, 2009. 27 3.3 Possíveis tratamentos dietoterápicos na colestase 3.3.1 Macronutrientes Para se promover um adequado estado nutricional, buscando uma demanda adequada de energia e eficientes reservas de proteínas e lipídeos, a equipe de hepatologia pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), preconiza as seguintes recomendações: • Calorias: 150% das recomendações nutricionais diárias (RDA); • Proteínas: 15% das calorias • Lipídeos: 30% das calorias • Carboidratos: 55% das calorias Dornelles et al. (2010) cita em sua pesquisa que os lactentes com colestase devem alimentar-se de leite materno exclusivo até o sexto mês de idade e se for necessário devem receber complementação com fórmulas de 1º semestre que contenham em sua composição gordura a base de óleos vegetais e triglicerídeos de cadeia média (TCM). O TCM pode ser adicionado às refeições das crianças maiores equilibrando-os com ácidos graxos poliinsaturados – ômega 3 e ômega 6. Fontes de TCM são óleo de côco e óleo de palma. A importância da gordura da dieta também é explicada por ser fonte de fornecimento dos ácidos graxos essenciais, visto que não ocorre produção exógena destes (PÉRET FILHO, 2003). A ingestão de calorias é necessária para suprir a grande demanda, deve ser aumentada caso o paciente esteja com baixo peso. Em relação às proteínas, são recomendados aminoácidos de cadeia ramificada - encontrados em fontes de proteína animal - não devendo ultrapassar 3g/kg/dia em crianças, aliada a uma dieta de alto teor calórico. Caso o paciente desenvolva encefalopatia hepática, as proteínas devem ser limitadas a 0,5 a 1g/kg/dia (BASTOS, 2002). 3.3.2 Micronutrientes Como já elucidado anteriormente, a colestase apresenta diversas intercorrências, entre elas a deficiência de micronutrientes: vitaminas lipossolúveis, 28 ferro, zinco, entre outros. Nos itens a seguir serão expostos os principais micronutrientes, cujas suplementações foram relatadas na literatura. 3.3.2.1 Vitamina D Essa vitamina é encontrada naturalmente em alimentos de origem animal, na forma de colecalciferol: na manteiga, na nata, na gema de ovo e no fígado. Uma das fontes mais ricas, que é utilizada no combate ao raquitismo, é o óleo de fígado de peixe (BASTOS, 2002). Em estudo realizado por Bastos e Silveira (2003) não foram encontradas diferenças significativas entre os níveis plasmáticos de vitamina D entre os pacientes que utilizaram suplementação oral e os que não a utilizaram, ambos apresentaram hipovitaminose. Os autores preconizam a monitorização periódica dos níveis de vitamina D, aliada à exposição solar adequada e uma dieta com níveis normais de cálcio e fósforo. Caso seja evidenciada a deficiência, deve-se utilizar vitamina D3 oral, de três a dez vezes a recomendação para a idade, cuidando sempre os níveis plasmáticos a fim de não ocorrer à intoxicação. 3.3.2.2 Vitamina C A vitamina C é hidrossolúvel e tem papel antioxidante, exerce ação sobre o citocromo P450 e também atua como co-oxidante interagindo com a vitamina E. É encontrada principalmente nas frutas cítricas e nos vegetais verdes. A suplementação com vitamina C, em estudo realizado em ratos, teve efeito sobre a desnutrição, atuou normalizando ou aumentando a produção da apoliproteína A-1, consequentemente de VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade) e da lipase lipoprotéica, ocasionando a normalização do transporte de triglicerídeos para os tecidos e aumentando o percentual de gordura da carcaça. A vitamina C exerceu efeito hepatoprotetor estimulando a função desintoxicante do fígado, diminuiu a hiperglobulinemia e o depósito de gordura hepática que é desencadeado pela colestase (SILVA, 2002; PASSONI, 2005). 29 Figura 7: Teor de gordura corporal na colestase e interferência da vitamina C Fonte: SILVA, 2002 Outro efeito positivo dessa suplementação foi constatado em relação à vitamina E, evitando que ocorra a sua diminuição dos níveis séricos na presença de colestase. Isso pode ser explicado pela ação que a vitamina C exerce, evitando a diminuição de VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade) mantendo o transporte da vitamina E e pelo seu efeito antioxidante auxiliando na preservação dos seus níveis séricos. Os níveis séricos de LDL também sofreram alterações, em estudo realizado em ratos (SILVA, 2002; PASSONI, 2005). Soylu et al. (2006) em seu estudo também demonstrou efeitos benéficos em relação à suplementação da vitamina C, isolada ou acompanhada da vitamina E, sobre a fibrose hepática. São necessário estudos em humanos, de longo prazo, com doença colestática a fim de avaliar se serão encontrados todos esses efeitos benéficos. 30 3.3.2.3 Vitamina A As reservas de vitamina A estão quase totalmente localizadas no fígado, mais de 90%. A vitamina pode ser absorvida com pouco ou nenhum fluxo biliar se administrada em forma hidrossolúvel por via oral (PÉRET FILHO, 2003). Bastos (2002) refere em sua pesquisa que a dose recomendada da suplementação, na forma hidrossolúvel, para crianças com colestade crônica é de 5.000 a 25.000 UI/dia e cita as maiores fontes de vitamina A nos alimentos: o fígado de boi, óleo de fígado de peixes, gema de ovo, leite e derivados e os vegetais verdes e amarelos a partir de carotenóides que se converterão em vitamina A no organismo. Em um estudo realizado em ratos, a suplementação oral com vitamina A adicionada a uma forma TPGS (D-alpha-tocopheryl-polyethylene glycol-1000 succinate) que é solúvel em água, exerceu efeito benéfico protegendo os animais dos efeitos lesivos da colestase, atenuando a fibrose hepática, a proliferação ductal e a função hepática. Esse efeito pode ser elucidado devido à ação antioxidante da vitamina A (EDUARDO, 2002). 3.3.2.4 Vitamina E A vitamina E pode ser encontrada, principalmente em óleos de sementes, e em quantidades pequenas em frutas, vegetais e gorduras animais (BASTOS, 2002). A suplementação de vitamina E através da dieta não gera resultados positivos com a presença de estresse oxidativo quando comparada com a administração subcutânea. Em pesquisa utilizando-se da via parenteral, a administração de vitamina E teve resultados benéficos sobre a fibrose hepática, tanto associada isolada e em conjunto com a vitamina C. (SOKOL; DEVERAUX; KHANDWALA, 1991; SOYLU et al., 2006) Santos (2007) estudou em ratos a utilização de vitamina E-TPGS, forma hidromiscível que foi suplementada oralmente. Obteve muitos efeitos benéficos, exercendo um efeito hepatoprotetor: aumentou o depósito de nitrogênio e o de gordura da carcaça, diminuiu o tempo de sono após pentobarbital, aumentou os níveis séricos de albumina, diminuiu os níveis de ALT (alanina transaminase - 31 marcador de lesão hepatocelular), diminuiu a fibrose e a resistência a circulação portal, aumentou os níveis séricos de vitamina E e vitamina A, diminuiu o estresse oxidativo, entre outros. 3.3.2.5 Vitamina K Esta vitamina é encontrada em vegetais folhosos de cor escura e em concentrações mais baixas nos fígados de boi e porco, resistindo a cocção (BASTOS, 2002). Sua suplementação é indicada em caso de deficiência, via oral e hidrossolúvel, em doses que variam de 2,5mg a cada dois dias na semana até doses de 5mg ao dia. Se a terapêutica oral não obtiver resultado, é recomendado vitamina K intramuscular na dose de 5mg a cada 15 dias (PÉRET FILHO, 2003). 3.3.2.6 Ácido fólico Em um estudo experimental, realizado em ratos, o ácido fólico exerceu efeito positivo sobre o balanço nitrogenado, a suplementação atenuou a diminuição. Esse resultado pode ser explicado devido ao fato do ácido fólico ser um co-fator na síntese dos aminoácidos. São necessários mais estudos em relação a esse assunto, pois a suplementação com ácido fólico pode aumentar a necessidade de vitamina A, resultado que pôde ser constatado nesse mesmo estudo através da queda dos níveis séricos dessa vitamina (DIAS, 2006). 3.3.2.7 Zinco A deficiência de zinco ocasiona retardo no crescimento, prejuízo na maturação sexual, diminuição do apetite e paladar, diminuição das funções cognitivas, deficiências no sistema imune, entre outros. São necessários mais estudos elucidando o efeito do zinco nas doenças hepáticas crônicas em crianças, sugere-se que ele fica concentrado no fígado e não é distribuído aos outros tecidos do corpo, ocasionando baixos níveis no soro e no plasma. Esses dados justificam a importância da suplementação em casos de sua deficiência (PEREIRA; HESSEL, 32 2009). Preconiza-se a administração de 1mg/kg/dia de zinco elemento em solução de sulfato de zinco, via oral, nas crianças com colestase crônica (PÉRET FILHO, 2003). 3.3.2.8 Ferro A anemia é bastantante comum nas doenças hepáticas crônicas. Mattar et al. (2005) em sua pesquisa encontrou nos pacientes com colestase níveis mais elevados de ferritina e menor absorção intestinal de ferro, do que em pacientes com anemia e sem colestase. Esse achados sugerem que na colestase a anemia é relacionada com a inflamação e que a ferroterapia oral é necessária. 3.3.2.9 Cálcio Em pacientes com doença hepática crônica, principalmente em fase avançada, a suplementação de cálcio e vitamina D é cada vez mais frequente, a fim de minimizar a perda óssea (Moreira, Duarte e Farias, 2004). Na colestase neonatal, deve haver monitoração periódica, realizar calciúria de 24h inicialmente depois em mês e após a cada três meses (TOMMASO; CORDOVANI, 2008). Péret Filho (2003) cita a suplementação de 25 a 100 mg/kg/dia em crianças. 3.3.3 Albumina A albumina, proteína mais abundante do plasma, exerce um papel antioxidante, inibindo a produção de radicais livres pelos leucócitos polimorfonucleares. O estresse oxidativo tem efeito na ativação das células estreladas hepáticas, antioxidantes podem impedir essa ativação e consequentemente a fibrogênese hepática (LESSA et al, 2011). Lessa et al. (2011) testaram essa hipótese em ratos e tiveram resultados positivos em relação à suplementação de albumina e efeito hepatoprotetor na: secreção canalicular, na capacidade de conjugação da bilirrubina no curto prazo e na permeabilidade da membrana do hepatócito. Entretanto são necessários mais 33 estudos sobre esse respeito a fim de serem utilizados na melhora dos efeitos desencadeados pela colestase. 34 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com as bibliografias pesquisadas para o desenvolvimento desse trabalho pôde-se constatar que a colestase é um distúrbio bastante grave, que pode acarretar em danos à saúde. Sua importância deve ser evidenciada pelo fato de ser frequente em crianças recém-nascidas e devido à sua grande diversidade de causas. Suas consequências podem ser bastante severas se não diagnosticada e tratada precocemente, podendo ser necessário transplante hepático ou até levar ao óbito. A grande incidência em neonatos parece estar justificada devido ao mecanismo da vesícula biliar ainda apresentar-se imaturo nos primeiros meses de vida. As deficiências nutricionais encontradas nessa pesquisa são justificadas bioquimicamente, pois o corpo-humano funciona em processos. Caso ocorra alguma intercorrência ou deficiência consequentemente outro processo será prejudicado e assim sucessivamente. Ficou evidenciada a importância do papel desempenhado pelos sais biliares que atuam no metabolismo dos nutrientes facilitando a absorção destes pelo organismo. Com a absorção de lipídeos afetada as vitaminas que dependem deles também são lesadas, desencadeando outras deficiências de micro e macronutrientes, todos dependentes e inter-relacionados uns aos outros. Os tratamentos dietoterápicos na colestase se baseiam em quantidades de calorias, tipos de lipídeos e proteínas a serem administrados. Não foram encontrados resultados muito positivos em relação à reposição das vitaminas lipossolúveis com a dieta. A maioria das referências pesquisadas cita resultados bastante favoráveis com a suplementação de vitaminas e minerais, entre eles podemos citar: vitamina A, vitamina E, vitamina C, vitamina K, Cálcio e Zinco. O papel do nutricionista é de grande responsabilidade na colestase, onde este profissional precisa atuar com o intuito de minimizar os malefícios que tal enfermidade ocasiona, principalmente no âmbito da desnutrição que é uma das consequências mais periclitantes e na qual o balanço nitrogenado apresenta-se negativo, desencadeando déficits de peso, crescimento e desenvolvimento. Ainda são poucos os estudos que envolvem esse distúrbio, principalmente em âmbito nacional e em humanos. São necessárias mais pesquisas que possam 35 propor mais possibilidades de tratamento, tanto dietoterápicos quanto em outros seguimentos da área de saúde. 36 REFERÊNCIAS BASTOS, M. D. 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