revista Fortalecer junho 2012.indd - CRESS-PR

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ANO IV | Nº 12 | MARÇO/ABRIL/MAIO DE 2012 | CRESS-PR
Datas nos meses de maio, junho e julho marcam lutas importantes na área da infância: Combate à Violência Sexual,
Enfrentamento ao Trabalho Infantil e Estatuto da Criança
e do Adolescente. Acompanhe uma reflexão sobre o papel
do/a Assistente Social na atuação em defesa dos direitos
infanto-juvenis.
Páginas 8 e 9
Confira também:
A Função da Supervisão de Estágio
Entrevista com Dra. Yolanda Guerra esclarece a visão e o contexto que se deve
levar em conta na importante função
de supervisionar estagiários/as.
Página 6
Preparativos para o V CPAS
Já estão abertas as inscrições de trabalhos
acadêmicos e relatos de práticas profissionais no V Congresso Paranaense de Assistentes Sociais, que acontece em outubro.
Página 12
EDITORIAL
Onde houver demandas sociais deve estar e atuar o/a Assistente Social. Mas como agir? Atuar de qual maneira? O/a
próprio/a profissional é impactado/a pelas situações que ele/a
atende, pois também é inserido/a e faz parte do contexto.
O capitalismo tenta cooptar saberes e usá-los como melhor
apetecer. Então o/a assistente social, além de dominar conteúdos técnico-metodológicos, deve ter clareza de como está
se comunicando, para quem e com quem. Seu discurso tem
que ser crítico e coerente, para alcançar e ter legitimidade ao
público que se propõe, de forma a fazer-se entender e também
interpretar as devolutivas que recebe, inclusive dando eco às
contradições que ele/a mesmo participa e/ou vivencia.
Queremos que você - profissional em Serviço Social - ao receber nosso informativo Fortalecer ou quando acessar nosso
site sinta-se e faça parte de cada artigo. Partimos do pressuposto que por lutarmos e acreditarmos em ideais comuns,
hegemonicamente construídos, estamos dando visibilidade
à luta de todos/as. Para tanto compomos e buscamos com
esmero fazer chegar até suas mãos com temas pertinentes
ao seu cotidiano e cremos que quanto mais informados/as e
orientados/as, possam vir contribuir para sua prática e exercício profissional.
Nesta edição do Informativo Fortalecer você pode acompanhar alguns debates que servem como formação continuada
aos/às profissionais. É o caso das entrevistas sobre a Supervisão de Estágio, o debate sobre o Serviço Social na Educação
e a matéria sobre a questão da infância. Também, como de
costume, você pode acompanhar as ações realizadas nos últimos meses pelo CRESS/PR e a agenda dos meses que virão,
destacando que em outubro haverá o V Congresso Paranaense
de Assistentes Sociais.
Boa leitura
Comissão de Comunicação do CRESS/PR - 11ª Região
FALA, ASSISTENTE SOCIAL
É permitida a cobrança de honorários para a emissão de Parecer Social no intuito de
subsidiar processo administrativo e ou judicial para requerimento do BPC - Benefício de
Prestação Continuada junto ao INSS ou Justiça Federal?
Na metodologia de ação do Serviço Social o Estudo Social emerge como instrumento ético, político e operativo que
compõe as competências técnicas e teóricas do/a Assistente Social. O/a profissional se utiliza deste instrumental para
a elaboração de parecer social sobre matéria específica do Serviço Social, sendo o
sigilo uma das normativas para mantermos o compromisso assumido com os/as
usuários/as e a profissão, na perspectiva
de assegurar direitos. Assim, o Estudo
Social é um instrumento utilizado para
conhecer, analisar e interpretar a realidade social de determinados sujeitos ou
grupos sociais.
Dessa forma, o Parecer Social é um
instrumento de viabilização de direitos,
tendo em vista a equidade, a igualdade,
a justiça social e a cidadania. É elaborado com base na observação e estudo
de uma determinada situação para subsidiar a concessão de benefícios sociais,
decisões periciais e judiciais ou para
atender outros interesses dos/as usuários/as e/ou famílias. Conforme consta na Lei nº 8662/93, artigo 5º, inciso
IV – Realizar vistorias, perícias técnicas,
2
laudos pericias, informações e pareceres
sobre a matéria de Serviço Social, constituem atribuições privativas do Assistente Social.
O acesso ao BPC envolve serviço público, direito garantido na Constituição
Federal às pessoas com deficiência e
aos idosos com 65 anos ou mais, sem
condições financeiras de prover a própria subsistência, não havendo, portanto, necessidade alguma de intermediários, em qualquer fase do processo. Em
consonância com o Código de Ética do
Assistente Social – Capítulo II, Artigo 8º:
É dever do Assistente Social empenhar-se
na viabilização dos direitos sociais dos
usuários, através dos programas e políticas sociais.
Neste caso específico, compete ao/à Assistente Social dos CRAS, CREAS, CAPS e,
outros órgãos ou instituições, orientar
e encaminhar o usuário às agências do
INSS, pois desde o mês de junho de 2009,
foi reestruturado o Serviço Social no INSS,
sendo uma das atribuições do Assistente
Social do INSS, a avaliação social para as
pessoas com deficiência.
No que se refere ao Benefício Assistencial para Pessoa Idosa, considera-se
a lei nº 10.741/03, que dispõe sobre o
Estatuto do Idoso e da outras providências: Capítulo VIII, Artigo 33 – A assistência Social aos idosos será prestada, de
forma articulada, conforme os princípios
e diretrizes previstos na Lei Orgânica da
Assistência Social, na Política Nacional
do Idoso, no Sistema Único de Saúde e
demais normas pertinentes.
A cobrança de honorários para emissão de Parecer Social para subsidiar
requerimento do Benefício de Prestação Continuada – BPC, seja no âmbito
administrativo ou no judiciário, poderá
incorrer em infração ética no que se
refere ao compromisso ético político da
categoria profissional na concretização
de estratégias para o fortalecimento do
projeto ético político profissional e da
organização política da categoria em
defesa dos direitos, das políticas públicas e da democracia.
Comissão de Orientação e Fiscalização /
CRESS/PR
CRESS EM MOVIMENTO
Atuação junto ao
Movimento da População
em Situação de Rua
O CRESS/PR tem atuado juntamente com o Movimento Nacional de População de Rua (MNPR), na luta e na defesa dos direitos destes/as cidadãos/ãs, que sofrem com a falta de políticas
públicas apropriadas. A conselheira Renária Moura esteve presente no 1º Congresso Nacional do Movimento da População
de Rua entre os dias 19,20 e 21 em Salvador. Para o Congresso
Nacional o CRESS/PR publicou um manifesto, destacando a necessidade urgente de dar visibilidade às graves violações sofrida pela população em situação de rua. Em 8 de maio o CRESS/
PR participou também de Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Paraná em que foi anunciada a criação do Centro
Estadual de Defesa da População de Rua e Catadores/as.
Plenária Nacional do Fórum de Trabalhadores/as do SUAS
Em abril (13) o CRESS/PR esteve presente na Plenária Nacional dos/as Trabalhadores/as do SUAS que aconteceu no Rio de Janeiro. Representando o Conselho
esteve a conselheira Neiva luz dos Santos Silva e pelo Paraná estiveram presentes ainda as assistentes sociais Rosângela Aldrean de Londrina, Marilena
Silva e Vera Armstrong de Curitiba. Na Plenária foi eleita a nova coordenação
nacional do FNTSUAS que terá mandato de 01 ano. A conselheira Neiva destacou a capacidade de organização dos/as trabalhadores/as. “O momento é de
unir esforços para garantir direitos de trabalhadores/as do Sistema Único da
Assistência Social” afirmou Neiva. Por isso chama a atenção para a necessidade
urgente dos municípios começarem a constituir os seus fóruns.
Ética em Movimento em Foz do Iguaçu
Durante os sábados do mês de maio o
CRESS/PR, junto com o NUCRESS de Foz
do Iguaçu e Região, realizou neste município o curso Ética em Movimento. O
curso faz parte das atividades propostas pelo conjunto CFESS-CRESS, com o
objetivo de proporcionar atualização
profissional e reflexão ética, numa
conjuntura marcada pelo acirramento dos problemas sociais. Contou com
participação efetiva de 45 profissionais
da região, oriundos/as das diferentes
cidades da região.
Para a coordenadora do NUCRESS de
Foz do Iguaçu e Região, Roseane Cleide de Souza, entre os principais pontos
debatidos durante os encontros esteve
a reflexão sobre as relações sociais no
modo de produção capitalista. O processo de instrumentalidade do Serviço Social, a defesa intransigente dos
direitos humanos, o reconhecimento
da liberdade como valor ético central
e a qualidade dos serviços prestados
no cotidiano profissional são outros
pontos destacados pela coordenadora
do NUCRESS de Foz do Iguaçu e Região.
No mês de junho acontece o curso Ética em Movimento em Ivaiporã e em
agosto em Campo Mourão. Acompanhe a agenda de eventos no site do
CRESS/PR.
Observatório das 30hrs: Campo Mourão teve conquista
Na dia 12 de março foi aprovado na Câmara dos Vereadores de Campo Mourão o projeto de lei das 30hrs
semanais para assistentes sociais do município. A
luta para esta aprovação vinha sendo travada desde
setembro de 2010. Durante a sessão, a câmara ficou
lotada com a presença professores/as, alunos/as, servidores/as municipais que pressionavam a aprovação
do projeto. A assistente social Tania Mara, integrante
do NUCRESS de Campo Mourão, comentou: “Conseguimos mostrar que estamos organizados, articulados, o
que ajudou a dar mais visibilidade para a categoria”.
A Comissão de Orientação e Fiscalização do exercício
profissional (COFI) do CRESS/PR tem acompanhado e
lutado junto com a categoria pela efetivação da Lei
n° 12.317/2010 – que fixou a jornada de trabalho de
30 horas semanais, sem redução salarial para os/as
Assistentes Sociais. O site do CRESS/PR mantém um
observatório com os locais no Paraná que efetivam as
30 horas. Caso elas já tenham sido implementadas no
seu trabalho, escreva um e-mail para [email protected] e conte sua experiência. Caso isso ainda não
tenha ocorrido, procure o CRESS/PR para auxiliá-lo/a.
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Comemorações do Dia do/a Assistente Social no Paraná
15 de maio é o Dia do/a Assistente Social e em todo o país o conjunto CFESS-CRESS realizou atividades de comemorações e mobilizações.
O tema trabalhado em 2012 pelo conjunto foi: “Serviço Social de olhos abertos para a Educação: ensino público e de qualidade é direito
de todos/as”. Confira como foram as atividades alusivas ao Dia do/a Assistente Social pelo Paraná.
Curitiba: Foram três dias de atividades, iniciando por uma estratégia de abordagem direta com a população para esclarecer as atribuições do/a Assistente Social. No dia 13 de maio foi realizada uma panfletagem na feirinha do Largo da Ordem, buscando levar à população a importância do/a profissional de
Serviço Social e quebrar alguns mitos a respeito da profissão. No dia 14 aconteceu evento com palestra
da ex-ministra do Ministério de Desenvolvimento Social, Márcia Lopes e participação da representante
do CFESS Esther Luiza Lemos, além de autoridades. Com cerca de 120 participantes, o evento contou
também com falas que ressaltaram a importância da luta pela Educação em articulação com movimentos sociais. No dia 15 foram realizadas três oficinas temáticas, sobre os Megaeventos, Gestão e Trabalho
do SUAS e sobre o Campo de Atuação Sociojurídico. Cada oficina cumpriu seu papel de levantar o debate
junto à categoria, para articular e coletivizar ações e propostas de atuação em cada eixo debatido.
Ponta Grossa: O NUCRESS juntamente com o departamento de Serviço Social da UEPG, organizou as atividades durante o dia 15 de maio. O encontro contou
com a presença de acadêmicos/as de Serviço Social
e profissionais da região, tendo uma média de 250
participantes. “Foi um momento de reflexão, no sentido de marcar e reforçar o compromisso ético-político
e retomando o poder de mobilização e organização
política da categoria profissional.” comentou Maysa
Nuermberg, responsável pelo NUCRESS da região.
Londrina: Foram realizadas atividades formativas na Universidade Estadual de Londrina. No dia 15 aconteceu a conferência “Formação Profissional frente às refrações contemporâneas da questão social”. No dia 16
aconteceram oficinas temáticas sobre Assistência Social, Saúde, Criança
e Adolescente, Idoso, Habitação, Educação, Gênero e Sociojurídico. No dia
17 foi realizada a conferência “A importância da Supervisão de Estágio
para a Formação do Assistente Social” e a conferência “Formação Profissional do Assistente Social frente às perspectivas contemporâneas do ensino superior no Brasil”. No dia 18 foi realizada a conferência “Aspectos do
Cotidiano Profissional do Assistente Social e a Precarização do Trabalho”.
Campo Mourão: O NUCRESS da região organizou atividades durante o dia 11, com o apoio da UTFPR.
Foram realizadas apresentações culturais e uma palestra a respeito do Serviço Social e Educação. A
coordenadora do NUCRESS da região, Edilene Alves da Costa avaliou positivamente o encontro. “Tivemos uma palestra muito boa respeito do papel do/a assistente social na educação. Além de refletirmos sobre nossa atuação no cotidiano” afirmou Edilene.
Umuarama: No dia 18, cerca de 23 municípios da região
participaram das atividades em
Umuarama. “Com este encontro
conseguimos fortalecer nosso
núcleo, através das contribuições técnicas e
da aproximação das discussões com a categoria” comentou Gislaine Ramires, coordenadora do NUCRESS da região.
Maringá: Durante os dias 19, 21 e 22 ocorreram diferentes palestras na cidade. Foram debatidos temas
a respeito do Serviço Social na Educação, as relações
entre a universidade e a sociedade num contexto
da mercantilização da educação, a luta em defesa
de uma educação a serviço da classe trabalhadora.
“Para a região foi um momento importante para
pensarmos a educação junto com a sociedade” avaliou Cilena Dias Silveira, representante do NUCRESS.
Ivaiporã: O NUCRESS promoveu palestra no dia 19 de maio,
contando com a participação de Assistentes Social de toda
a região, além de acadêmicos/as. O debate girou em torno
da educação e escola enquanto elementos de reprodução da
sociedade capitalista e das atribuições do/a Assistente Social
neste âmbito. O evento encerrou-se com um almoço comemorativo.
Guarapuava: Com o tema Fundamentos e Perspectivas do
Serviço Social no Mundo do Trabalho e Formação Profissional,
o NUCRESS promoveu palestra no dia 16 de maio, tendo como
palestrante a representante do CFESS Esther Luíza Lemos.
Pato Branco: O NUCRESS realizou atividade na região em parceria com a prefeitura de Mangueirinha. O evento aconteceu
no dia 14, na cidade de Honório
Serpa, onde houve uma reflexão
a respeito da profissão e sobre a
conjuntura nacional.
Cascavel: No dia 15 foi realizada uma
confraternização por adesão, fortalecendo os vínculos com os/as profissionais.
Houve também uma atividade de debate
a respeito do piso salarial no dia 8 e participação do NUCRESS na Semana Acadêmica da Unioeste – Toledo, com o tema
Direitos Humanos e a comemoração dos
25 anos do curso de Serviço Social.
União da Vitória: No dia 22 de maio aconteceu o evento com uma palestra a respeito das lutas contemporâneas do exercício
profissional na garantia de direitos.
Cornélio Procópio: A atividade aconteceu em 23 de maio, sendo realizado o I Seminário de
Vivencia do Serviço Social na região do Núcleo de Cornélio Procópio em comemoração ao dia
do/a Assistente Social. Onze municípios estiveram representados no evento.
Parabéns aos/às assistentes sociais, profissionais que atuam na defesa da justiça,
dos direitos humanos e sociais e na construção da sociedade que queremos para todos/as!
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ARTIGO
Propostas para melhorias da
Saúde da Mulher no Paraná
O conjunto CFESS/CRESS, em seu eixo de orientações - deliberadas nacionalmente - que trata da Seguridade Social, assume o compromisso quanto à garantia da vida, evitando que a mesma seja destruída ou danificada em qualquer sentido que seja. O Eixo defende a
preservação da vida em toda a sua plenitude, a qual, em princípio, de acordo com a Constituição Federal de 1988, deve ser garantida
pelas políticas de Assistência Social, Previdência Social e Saúde. Em consonância com estas orientações o CRESS/PR apresenta, pela
Dra. Ligia Cardieri, as questões que tratam da Saúde da Mulher, tendo em vista que o dia 28 de Maio marca nacionalmente a data
de combate à mortalidade materna, cujos índices ainda são alarmantes no país (60 mulheres para cada 1000 bebês). A partir desta
reflexão o CRESS/PR propõe a discussão e ampliação da concepção e das ações nos espaços de defesa de direitos e de execução e de
políticas públicas para as mulheres, com vistas à construção da igualdade e da equidade de gênero, em consonância com as lutas dos
movimentos sociais e feministas, mantendo-se firmes na efetivação do projeto ético-político da categoria. Este debate é uma demanda muito presente no cotidiano profissional do/a Assistente Social, principalmente na área de saúde, devido a diversas razões, como a
própria violência, inclusive do Estado por ausência, omissão ou insuficiência de políticas públicas. Alertamos, portanto, para que os/
as profissionais ao atuarem, levem em consideração as deliberações e encaminhamentos das conferências, movimentos sociais e dos
órgãos de saúde para que, ao materializar direitos para as mulheres, o façam de acordo com os interesses gerais e com as diretrizes
nacionais de nossa categoria.
Acompanhe artigo sobre propostas de melhorias na Saúde da Mulher no Paraná, de autoria da Dra. Ligia Cardieri:
Apontamos aqui algumas questões que os movimentos de mulheres vêm discutindo. Representam um convite ao debate e,
quem sabe, um estímulo à maior participação das mulheres na
luta por políticas públicas efetivas e eficazes.
ção, serviço social, justiça e outras, bem como, implantar novos
serviços para atendimento aos casos de violência de gênero, em
especial os Centros de Referência Hospitalar para a violência Sexual nas Regiões de Saúde do estado até o final dessa gestão;
A área técnica voltada à saúde da mulher tem tido historicamente poucos recursos humanos e financeiros. Seria importante
diagnóstico completo e aprofundado sobre a saúde e a doença das mulheres paranaenses. Alerto que o método de registrar
deve levar em conta dois aspectos fundamentais:
• Implantar o sistema de registro de notificação obrigatória dos casos de violência de gênero em todos os municípios, acompanhando
a regionalização da RIAMulher, independentemente do tamanho
populacional;
• A perspectiva de gênero: devido a diferenças biológicas e desigualdades socioculturais as mulheres adoecem e morrem diferentemente dos homens e isso precisa ser levado em conta no
planejamento de ações e serviços, assim como na avaliação dos
serviços.
• A visão da integralidade: não se reduzir a saúde das mulheres
às questões reprodutivas, e sim recuperar o princípio da integralidade que constava do PAISM – Programa de Atenção Integral
à Saúde das Mulheres, formulado na década de 80, e atualizado pelo Ministério da Saúde na política intitulada PNAISM de
2007/2008.
Pensando nos desafios atuais, a Comissão de Saúde da Mulher
do Conselho Estadual de Saúde debateu e aprovou em 2010 um
plano com três eixos prioritários: Eixo 1 - Problemas relacionados às funções reprodutivas; Eixo 2 - Problemas relacionados à
violência de gênero (doméstica e sexual): e Eixo 3 – Outros problemas de saúde das mulheres.
A partir deste plano algumas propostas foram construídas para
todo o Estado, destacando-se:
• Constituir Comissão de saúde da Mulher junto a cada conselho
municipal de saúde;
• Fortalecer a Rede Interinstitucional de Atenção à Mulher em
Situação de Violência denominada RIAMulher e implantar as Redes Regionais, integrando as áreas da saúde, segurança, educa-
• Realizar a capacitação das equipes regionais e municipais sobre
prevenção e assistência à violência de gênero, e constituição de
redes, em todas as regionais de saúde;
• Todos os dados de atendimento, registros de mortes e acidentes
e doenças devem ser analisados e divulgados por sexo e faixa
etária e sempre que possível adotar também o recorte de cor/
etnia.
• As entidades de trabalhadores e movimentos sociais precisam
informar e mobilizar seus/suas integrantes no sentido de aumentar a participação de mulheres nos espaços de controle social do
SUS e na ampla defesa dos direitos das mulheres à saúde integral
e de qualidade.
Ligia Cardieri é socióloga, sanitarista, com
especialidade em epidemiologia; integra a
CSM/CES/PR como representante do SINDSAÚDE/PR, e o CEPMM/PR- comitê estadual
de prevenção à morte materna, representado a RFS/PR- Rede Feminista de Saúde,
Direitos Sexuais e Reprodutivos.
Quem desejar conhecer a íntegra do Plano
e dos 3 eixos pode mandar um e-mail à
autora [email protected].
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O papel da
supervisão de estágio
A crise do capital e suas mais recentes estratégias de reprodução em escala ampliada vêm alterando substancialmente as
condições e relações de trabalho profissional, o cotidiano profissional, o padrão e a condição das políticas sociais, o processo
de formação profissional, os estágios supervisionados e os processos de supervisão. A isso se soma a lógica da expansão universitária, a precarização da formação profissional estimulada pela proliferação de cursos de pouca qualidade e à distância,
as dificuldades enfrentadas pelos cursos presenciais (com suas particularidades nos âmbitos público e privado), a lógica
mercadológica, instrumental, gerencial e produtivista que sustenta o atual padrão de acumulação do capital e atravessa as
instituições campos de estágio/mercado de trabalho profissional, enfraquece a dimensão pedagógica da supervisão e acirra
sua dimensão controlista, gerencial, administrativa, burocrática.
Este trecho da fala da Dra. Yolanda
Guerra contextualiza em partes a necessidade de se debater a supervisão
do estágio, especialmente nos cursos
de Serviço Social. Com este objetivo
o CRESS/PR realizou nos dias 12 e 13
de abril o Encontro das Unidades
de Formação Acadêmica (UFAS), em
Curitiba, tendo como tema a “Ética e o
estágio supervisionado no processo de
formação profissional do/a Assistente
Social”. Estiveram presentes profissionais que atuam na supervisão de estágio acadêmica e de campo, coordenadores/as de curso de serviço social e de
estágio, docentes da disciplina de ética
e estudantes de todo o Paraná.
O Encontro contou com a exposição
do tema Ética na formação profissional
em Serviço Social, apresentado pela
Dra. Cristina Maria Brites. Ela esclareceu que “não há como desvincular a
existência ética do estágio”. A palestrante explicou que a ética pressupõe
uma reflexão crítica, que determina
6
valores e que ao realizar o estágio o/a
estudante busca o entendimento na
realidade dos princípios e valores que
são a base teórica da categoria dos/as
assistentes sociais. “Esta reflexão não
se esgota no estágio, pois o exercício
profissional é continuamente desafiado a isso. É uma formação contínua”,
afirma Cristina.
Os/as participantes do Encontro das
UFAS tiveram acesso também a um
panorama sobre os avanços e desafios da questão do estágio em Serviço Social. A palestrante Dra. Yolanda
Guerra destacou o reconhecimento a
alguns avanços como a Política Nacional de Estágio, as diretrizes da categoria, como a resolução 533/08 e o
próprio acumulo que o Serviço Social
tem sobre o estágio supervisionado.
“Temos um grande acumulo de conhecimentos, pois consideramos a
natureza do estágio vinculada à atuação profissional, entendendo que é
um campo do exercício da categoria e
compreendendo que é sempre supervisionado”, comentou a Dra Yolanda.
Lembrou também que o estágio é um
espaço para o/a futuro/a profissional
desenvolver sua visão crítica com relação à sociedade e ao seu trabalho.
Mesmo com grandes avanços há ainda a precarização do estágio, devido a
uma série de fatores como a mercantilização do ensino, os processos equivocados de formação profissional,
entre outros, como citado na fala que
abre esta matéria. Para aprofundar o
debate sobre este assunto e comparti-
lhar com toda a categoria no Paraná,
o CRESS/PR disponibiliza a seguir entrevista com a Dra. Yolanda Guerra:
Quais as dificuldades postas para
o estágio pela conjuntura atual?
Eu costumo explicar a realidade do
estágio a partir de dois elementos, a
base material e as dificuldades históricas. Por base material falo do modelo
de acumulação hegemônico que é a
financeirização, no qual se desenvolve
a lógica do curto prazo, do imediatismo da descartabilidade, da resolução
de problemas, do barateamento, que
faz parte da lógica do capitalismo. A
lógica do quanto mais rápido e mais
barato melhor empobrece a formação
profissional do/a assistente social e
atravessa os campos de estagio. Já na
questão das dificuldades históricas
temos a ainda não superada concepção de estagio supervisionado como o
lugar do chamado “ensino da pratica”
em detrimento do ensino teórico que,
supostamente, se realizaria na sala de
aula. Aqui aparece dois níveis de fragamentação que são complementares: a suposta dicotomia entre teoria e
pratica e a fragmentação entre entre
ensino e pesquisa. A meu ver ambas
podem ser superadas no estágio concebido como como o espaço privilegiado de analise concreta de situações
concretas, no qual a de pesquisa da
realidade tem necessariamente que
subsidiar a intervenção na realidade.
Qual a visão mais comum aplicada ao estágio?
O/a estagiário/a é contratado para
atender às demandas institucionais,
por um custo muito menor que um/a
profissional. Acaba sendo utilizado/a
como mão de obra barata, sem vínculos ou direitos trabalhistas, em condições ainda mais precárias que os/as
profissionais, para, em muitos casos,
responderem às mesmas demandas e
exigências profissionais. A observação
da realidade nos permite afirmar que
tem havido uma substituição da contratação de profissionais por estagiá-
rios/as e a área das ciências humanas
e sociais é ainda mais afeita a isso.
Tal lógica institucional não incorpora a lógica pedagógica da formação
profissional. Mais ainda, ela é o seu
avesso, pois a instituição não prioriza nem a demanda dos/as usuários/
as nem a demanda de aprendizagem
do/a estagiário/a. Disso decorre um
conjunto de problemas que se coloca na contramão do nosso projeto de
formação profissional.
Quais os avanços que temos neste
campo?
Os avanços se dão cotidianamente
tendo em vista o reconhecimento por
outras áreas de que o Serviço Social
tem um acumulo no processo de estágio que pode oferecer subsídios a estas,
bem como que tem feito avançar no
que diz respeito a formulação de uma
Política Nacional de Estagio, a conformação de um marco regulatório,
composto porregulamentos e normativas, dentre elas a Politica Nacional
de Estado da ABEPSS, a Resolução 533
do CFESS que fala das condições éticas
e técnicas necessárias, a mudança do
papel das Comissões de Fiscalização,
assumindo cada vez mais funções
educativo-pedagógicas e a constituição de Fóruns de Supervisores/as, dentre outras iniciativas e políticas voltadas para qualificar o estágio.
Qual a importância da supervisão
de estágio?
Supervisão é tanto uma atribuição
profissional quanto uma mediação
necessária à formação e capacitação
de profissionais com competência teórica, técnica e ética-política. Assim,
os/as assistentes sociais que assumem uma supervisão são responsáveis pela formação profissional, porém devem ser preparados para isso.
Como devem se preparar?
Vou citar seis preceitos fundamentais na compreensão da supervisão
de estágio. Um é que a supervisão é
a expressão da indissociabilidade entre trabalho e formação profissional.
Estas duas dimensões (trabalho e
formação) se articulam e realizam a
síntese entre as condições objetivas
do mercado de trabalho e as condições subjetivas relativas à qualificação profissional. O segundo preceito
é: supervisão deve expressar a unidade entre teoria e prática, que pressupõe a construção de saberes interventivos e do domínio de uma teoria
social. A partir do enfrentamento das
condições concretas em campo serão
construídas alternativas e respostas
profissionais. O terceiro é que a supervisão não pode ser compreendida
desvinculada dos seus componentes
ético e político e da compreensão do
significado social do Serviço Social
na sociedade brasileira. Por quarto
cito que qualquer modalidade de
supervisão não pode ser realizada
sem levar em conta as particularidades das políticas sociais envolvidas no âmbito de atuação, seja a de
educação superior, sejam as demais
políticas sociais setoriais. Em quinto destaco que a supervisão realiza
a unidade entre ensino e pesquisa:
os campos de estagio possibilitam a
pesquisa concreta de situações concretas. E por último digo que é na
supervisão que se realiza a unidade
entre ensino e aprendizagem a partir
da análise e conhecimento do movimento da realidade.
7
ESPECIAL
A Questão da Infância
A constituição de 1988 representou uma mudança com relação às políticas de atenção à infância, reconhecendo a criança como
cidadã e redefinindo as funções das instituições de atendimento às crianças. Com isso, a atuação do/a assistente social nesta área
também tomou nova proporção, sendo um/a profissional fundamental para a propagação dos direitos da criança e do adolescente.
Aproveitando que estamos próximos a datas que marcam lutas referentes à questão da infância, o CRESS/PR apresenta o artigo da
Dra. Ana Christina Brito Lopes, contextualizando o papel do Serviço Social no campo de proteção integral à infância.
Acompanhe datas que celebram a luta aos direitos da infância e adolescente:
(Com informações dos sites: Rede Andi, Prómenino, OIT)
18 de maio: Dia de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infantil
O debate sobre este crime tomou grande proporção na mídia recentemente. Mas alguns esclarecimentos são importantes:
O que são estes crimes? Abuso sexual é submeter criança ou adolescente à lascívia de um adulto, situação em que o contato
físico pode estar presente ou não. E Exploração Sexual ocorre quando o agente satisfaz sua lascívia a partir de uma relação de
troca de dinheiro ou de favores com a vítima. Este termo, Exploração Sexual, é confundido com Prostituição Infantil – termo
equivocado, pois a criança não é psicologicamente habilitada a decidir por se prostituir, embora possa ter seu corpo explorado
por terceiros.
Por que 18 de maio? A data refere-se ao caso da menina Araceli Sanches de oito anos de idade, que no dia 18 de maio de 1973
foi sequestrada, drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família de Vitória.
Falta de denúncias: “Muitos ainda não denunciam, principalmente as crianças que são abusadas pois se sentem culpadas. O
abusador geralmente é próximo da família e é comum que ameace a mãe e os familiares”, comenta assistente social Graciela
Dreschel, que atua no Serviço de Atendimento ao Vitimizado. Com relação à Exploração Sexual, agravando a falta de denúncia
ainda há o preconceito – a sociedade costuma culpar a criança ou adolescente, considerando erroneamente que eles entram
em situação de exploração por espontânea vontade.
12 de junho: Dia de Combate ao Trabalho Infantil
No Brasil qualquer trabalho exercido por criança e adolescente com menos de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, é proibido por lei. Em 2002 a Organização Internacional do Trabalho, decidiu implantar a data 12 de junho como o dia internacional
de combate ao trabalho infantil. O objetivo da data é chamar a atenção de sociedades e governos para o grave problema enfrentado, para que haja uma mobilização internacional de enfrentamento ao trabalho infantil.
Problema social: apesar da clareza da legislação, há ainda a cultura de que a criança que trabalha pode ajudar a família a ter
condições de garantir seu próprio sustento. Mas se a família não consegue atender às necessidades de suas crianças e adolescentes, o Estado e até a própria sociedade devem intervir para fazer com que esses direitos sejam garantidos.
13 de Julho: Aniversário do ECA
O Estatuto da Criança e Adolescente foi instituído pela Lei 8.069 no dia 13 de julho de 1990. É um conjunto de normas jurídicas,
regulamentam o preceito de proteção integral da criança e do adolescente. O Estatuto possui 267 artigos sendo uma referência
mundial em termos de legislação, destinada à infância e adolescência.
Preconceito: Além da dificuldade de efetivação de todos os direitos das crianças, existe um preconceito que perdura desde a
criação do ECA, há 22 anos: o de que não responsabiliza os seres em formação. O ECA apresenta artigos de medidas socioeducativas àqueles que por um motivo ou outro transgridam as leis, prevendo um tratamento diferenciado que considera a peculiar
condição de indivíduo em formação.
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Os profissionais do Serviço Social no campo da proteção integral
a crianças e adolescentes pós-reforma constitucional de 1988
Por Ana Christina Brito Lopes
Dentre as várias conquistas da redação
do texto que consagrou um novo ordenamento jurídico, a partir da promulgação
da Constituição da República em 1988,
destaca-se para o tema aqui a ser desenvolvido o artigo 227 da Constituição, onde
se tem a semente da Proteção Integral a
crianças e adolescentes, regulamentado
pela Lei 8.069/1990, quando se inaugurou
uma nova forma de proteção e cuidados
com o público representado por aqueles
que estejam ainda em fase gestacional
estendendo-se até os dezoito anos incompletos. Trata-se do Estatuto da Criança e
do Adolescente, como é conhecido pela
sociedade.
A Lei 8.069/90 seguiu o princípio já consagrado da “absoluta prioridade” com as
ações para esta faixa etária na sociedade,
independente da origem socioeconômica
em que a criança ou o adolescente estivesse inserido, além de reatribuir e confirmar a responsabilidade jurídica constitucional de todos com a proteção integral,
configurando o que é possível se entender
como uma espécie de “solidariedade jurídica”, para além da solidariedade social
marcada por um viés moral, mas agora
como um dever por força de lei.
A mutação jurídica impôs novas formas
de ações que enfrentam os desafios culturais com um passado cuja tônica era
a “filantropia ou o assistencialismo para
menores” (entendidos como aqueles de
origem “pobre”). Deveria passar-se à era
“da promoção, da afirmação dos direitos
fundamentais de crianças e adolescentes”,
que tornaram-se juridicamente titulares
de um rol de direitos que não se esgotam
somente no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Dentre os grandes desafios neste campo
do Direito está a articulação entre os profissionais e atores do denominado Sistema de Garantia de Direitos (SGD) de forma
interdisciplinar, aqui com destaque para
os do Serviço Social, que após a promulga-
ção da Constituição, viram-se ainda mais
implicados (jurídica e politicamente) com
a promoção dos direitos para esta parcela
da sociedade nos variados espaços inaugurados para este fim e que vêm compondo a denominada Rede de Proteção nos
diferentes municípios.
Houve um aumento considerável de demandas para as ações e intervenções
dos Assistentes Sociais, seja nos espaços
intimamente ligados às políticas deste
segmento, como o CREAS e o CRAS, mas
também uma crescente necessidade que
se façam presentes nas Escolas (públicas
e privadas), nas Delegacias Especializadas, nos Conselhos Tutelares, nos serviços hospitalares (em especial dedicados
ao atendimento de crianças vítimas de
maus-tratos), nas unidades socioeducativas para adolescentes infratores e, com
destaque para os Tribunais de Justiça, atuando junto às Varas Especializadas (colocação em família substituta, situação de
risco, adolescentes infratores e vítimas de
crimes), dentre outros espaços para a efetivação da Proteção Integral.
Os profissionais de Serviço Social darão
grande contribuição, por exemplo, analisando o contexto sociofamiliar onde a
criança vitimizada esteja inserida. O mesmo ocorrendo quando estiverem atuando
em Escolas (muito além do mero papel de
analisarem pedidos de “bolsa de estudos”
em escolas particulares, mas como “analistas” do contexto das práticas familiares
onde mesmo com alto “poder aquisitivo”
a integridade física e psicológica do aluno esteja sendo violada), nas Delegacias,
contribuindo para impedir que questões
de conflitos familiares ou de adolescentes drogaditos sejam judicializadas, providenciando o encaminhamento para
programas específicos e também nas
Varas Especializadas, esclarecendo questões acerca dos equívocos de encaminhamentos sob possíveis “negligências” que
venham, inclusive, a desencadear em institucionalizações equivocadas de crianças
por “pobreza”, prática comum à época do
Código de Menores, mas proibida no atual ordenamento jurídico. A atuação do
Assistente Social, através do relatório no
Judiciário há de ser levada em conta por
Juízes e Promotores de Justiça, por serem
fundamentais, tendo em vista que tais
operadores do Direito, de sua parte, precisam do olhar e formação específicas dos
Assistentes Sociais para cumprirem também seus papéis no SGD.
O que se percebe, no entanto, como um
dos entraves, é a dificuldade na compreensão do que seja a função e o papel de
cada ator dentre os integrantes da Rede
de Proteção para cooperar em conjunto
e operacionalizar a “solidariedade jurídica” para a Proteção Integral, imposta
pelo ordenamento jurídico especializado em uma atuação interdisciplinar em
que cada um dê a sua cota para o resultado final.
Uma das estratégias que vem despontando como necessária para enfrentar
as inúmeras manifestações de violências
contra crianças e adolescentes, com possibilidades de aproximar as práticas institucionais da efetivação dos avanços da
construção jurídica para que se alcance
também um avanço na realidade social
de crianças e adolescentes, é justamente
investir na compreensão do papel de cada
ator do SGD e da importância de uma solidariedade, para além da imposta juridicamente, mas de consciência moral com
o princípio da prioridade absoluta. Neste
sentido, não resta dúvida da grande importância da intervenção dos profissionais
do Serviço Social para esta nova mirada,
em especial, com as atuações aqui destacadas para uma atividade interdisciplinar
que afaste interesses diversos e outros
vícios do cotidiano cultural e profissional
de diferentes formações distantes do outro princípio muitas vezes esquecido: o do
melhor interesse de crianças e adolescentes, que deve ser priorizado para orientar
todas as ações empreendidas.
Ana Christina Brito Lopes é Doutoranda em Sociologia pela UFPR, Professora da PUCPR dos Cursos de Direito e Serviço Social, Coordenadora e Professora da Especialização “Panorama Interdisciplinar do Direito da Criança e do Adolescente” vinculado ao Curso de Serviço Social e
Coordenadora do Observatório de Violências na Infância do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da UFPR.
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EDUCAÇÃO
O Serviço Social
na Educação
Neste ano de 2012 a Educação é o
tema que permeia reflexões e ações
do Conjunto CFESS-CRESS. Durante o
primeiro semestre os Conselhos Regionais de Serviço Social realizaram
encontros com o tema do Serviço Social na Educação e no início de junho
(dias 4 e 5) é realizado em Maceió-AL
o Seminário Nacional de Serviço Social na Educação.
Estes encontros significam a oportunidade de debater um assunto que
ao longo de toda a história do Serviço
Social como profissão vem se constituindo como uma demanda cada vez
maior: a inserção do/a Assistente Social na política social de educação e
a socialização do debate acumulado
entre a categoria.
No Paraná o debate aconteceu no
dia 30 de maio, reunindo profissionais e estudantes de Serviço Social
de diversos municípios para o 1º Encontro Estadual de Serviço Social na
Educação do Paraná. No Encontro
paranaense foram realizadas exposições que apontaram a necessidade
de maior interlocução entre a categoria de Assistentes Sociais com a
Educação.
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Segundo a Doutora em Serviço Social
e Mestre em Educação, Ilda Lopes,
apesar de que em 75% dos Estados
brasileiros existe a atuação do/a assistente social nas escolas, a real
função do/a assistente social ainda
é muito desconhecida por diferentes
profissionais que atuam na educação. “Para muitos pedagogos/as, por
exemplo, assistente social cuida apenas da permanência da criança na
escola. Eles/as geralmente vêm a atuação deste/a profissional como assistencialista, quando na verdade tem
uma atuação política e social muito
maior que isso”.
Entre os principais objetivos destes
debates não apenas no Paraná, mas
em todo o Brasil, está o de somar esforços para a aprovação do projeto de
Lei que vai regulamentar as atribuições de Assistentes Sociais nas Escolas – PL 060/2007. O conselheiro Kleber Rodrigo Durat, que faz parte do
Grupo de Trabalho nacional de Serviço Social na Educação, comentou que
neste sentido o Encontro no Paraná
foi muito proveitoso: “a proposta do
Encontro era justamente fortalecer a
categoria no sentido de apropriação
das políticas de educação, e principal-
mente levantar experiências do Paraná que serão utilizadas para embasar
a construção de políticas e fortalecer
ainda mais a luta pela aprovação do
PL 060/2007”.
Para o maior entendimento sobre o
que envolve este assunto – “Serviço
Social na Educação”, o CRESS/PR entrevistou a Doutora em Serviço Social
e Mestre em Educação Ilda Lopes.
Acompanhe:
Há quanto tempo vem sendo discutido o papel do Serviço Social
na Educação?
Fiz um resgate histórico em minha
tese de doutorado, onde evidenciei
que quando o Serviço Social surge
no Brasil, na década de 30, ele já tem
como área de atuação a educação. Já
havia Assistentes Sociais atuando nas
escolas fazendo acompanhamento da
evasão escolar e o chamado inquérito
escolar. Na biblioteca da PUCPR en-
contrei um TCC da década de 40, em
que é colocado que o Governo do Estado requisita o Assistente Social nas
escolas. O estudo demonstrou que o
assunto foi discutido na década de 50
e 60, havendo uma retração a partir
de 1970, advinda da valorização do
assistente social na saúde que provocou uma migração para este setor.
Neste mesmo período foi implantado
o Serviço de Orientação Educacional,
que acabou conflitando com o Serviço
Social, havendo um espaço de disputa
entre estes dois campos.
Por que somente em 2012 estamos
vivendo este debate?
A partir do Congresso de 1985 começam a surgir artigos acadêmicos
sobre Serviço Social na educação,
sendo consideravelmente ampliado
a partir de 2001. A partir de estudos
que surgiram em meados dos anos
2000 começaram-se a ampliar as discussões sobre o assunto. A partir de
encontros realizados os/as Assistentes Sociais começaram a se articular,
apontando a Educação como espaço
possível para a categoria. Também
começou a entrar em voga a atuação
do Serviço Social nas políticas públicas de garantia de direitos universais
– como é o caso da Educação. Houve uma percepção de que nós não
estávamos inseridos nas políticas de
educação. Mas o debate já ocorre há
tempos. As ações do conjunto CFESSCRESS em 2012 são reflexo da profissão que tem demandado bastante a
cerca do assunto.
De que modo o/a assistente social pode intervir na Educação?
Nós entendemos que a educação
é uma política que tem um papel
muito importante no processe de
formação, para a consciência critica,
e para a cidadania. Ideologicamente é uma política muita controlada,
pois os mecanismos de participação
neste setor são bem restritos. Na es-
cola tem o Conselho Escolar
e existe também o Conselho
Municipal de Educação em
alguns municípios. Em Curitiba tem há pouco tempo,
não é uma política onde a
população participa. A preocupação do Serviço Social
é fazer com que haja uma
discussão desta política pela
educação. Por exemplo, quando entramos na universidade não participamos da estruturação deste curso,
do conteúdo, da discussão. A gente
recebe pronto do MEC. É uma política muito controlada. A perspectiva
do Serviço Social é fazer com que
esta política seja mais participativa
e que haja representação de todos os
segmentos interessados. Queremos
que esta política promova a cidadania que seja aberta para participação, para discussão.
Existe um projeto de lei aprovado
no Paraná prevendo a inserção
de Assistentes Sociais nas Escolas. Como os/as governantes do
Paraná veem o/a Assistente Social na Escola?
O projeto de lei que temos no Paraná
a respeito da inserção dos/as assistente sociais nas escolas não foi um
projeto discutido em todas as instâncias, foi um decreto do governador,
exigido pelo Ministério Público (MP).
Isto porque havia uma discussão a
respeito da Ficha de Identificação
da Violência Escolar e o MP tomou
providencias, recomendando que
montassem uma equipe multiprofissional nas escolas e assim foi feito o
decreto. Mas não houve destinação
de recursos e previsão orçamentária
até hoje. Então não tem de onde tirar
este recurso para colocar esta equipe
multifuncional, que incluiria os/as
Assistentes Sociais. No decreto não
está descrita a implantação, apenas
há a recomendação. Não acho que
haja vontade política de implantar
e no Paraná ainda estamos longe de
conseguir esta implantação.
Qual a importância da categoria
debater este assunto?
A gente está sempre brigando pela
política de assistência, do idoso,
criança e adolescente, saúde. E nesta política (Educação) não? Ideologicamente esta política é muito importante e muito significativa. Não
podemos ficar ausentes dela. Nossa
briga não é pelo espaço ocupacional
mas pela discussão dos/as assistentes sociais para que se perceba que é
uma politica importante. Temos que
estar inseridos neste debate. A Escola fica trabalhando “empreendorismo” no sentido capitalista para que a
criança aprenda a ser consumidor/a,
investidor/a, uma pessoa de negócios,
em vez de estar discutindo temas
transversais tão importantes, mas
que ficam de lado.
Como está a atuação dos/as Assistentes Sociais na Educação no
Paraná?
No encontro que realizamos aqui no
Paraná, percebemos que eles/as estão
nas escolas privadas, nos institutos
tecnológicos. As escolas técnicas desde a década de 60 nunca deixaram
de ter assistentes sociais. Elas foram
criadas e os/as assistentes sociais foram criados/as dentro delas. Os institutos estaduais de educação também
foram criados com Assistentes Sociais
mas com o tempo eles/as saíram. As
universidades públicas e privadas
também têm estes profissionais. Mas
onde não tem é no ensino fundamental, na escola pública. Ou seja, onde é
obrigatório a criança estar neste espaço é que não tem.
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Vem aí: 5º Congresso Paranaense de Assistentes Sociais – de 11 a 14 de outubro
O site oficial do Congresso já está no ar. Assistentes Sociais e estudantes podem inscrever trabalhos até 15 de julho
Com o tema O Trabalho do Assistente
Social: Conquistar, Consolidar e Resistir
na Luta por Direitos, o CRESS/PR anuncia para 11 a 14 de outubro de 2012 o
V Congresso Paranaense de Assistentes
Sociais (V CPAS). O Congresso será realizado na cidade de Foz do Iguaçu e sua
programação contará com conferências
e mesas de debate, plenárias simultâneas, sessões de apresentações de trabalho e oficinas de instrumentalização do
exercício profissional.
Os debates contarão com a presença de
nomes de expressão nacional da categoria profissional e de outras áreas importantes para o subsídio dos debates.
O CPAS é um evento de natureza formativa e política, realizado a cada três anos e
que reúne centenas de profissionais e estudantes do Serviço Social. A expectativa
é que conforme as últimas edições haja
uma participação de cerca de 1.000 participantes, entre profissionais e estudantes.
A proposta do V CPAS é promover debates com a categoria e oportunizar a
construção coletiva de estratégias para
o fortalecimento das lutas sociais que
compõem a atuação profissional. Segundo a presidenta do CRESS/PR, Maria
Izabel Scheidt Pires, “o congresso paranaense tem a importância de mobilizar assistentes sociais de todo o estado
e fora dele, muitos já inseridos neste
contexto de luta para, a partir das experiências destes/as assistentes sociais,
debater e reconstruir estratégias para a
consolidação de conquistas e colocação
de novas pautas a serem trabalhadas”.
Profissionais e estudantes podem inscrever seus trabalhos – Relato de experiência profissional ou Artigo científico – na
modalidade oral ou pôster. As inscrições
deverão ser feitas pelo site do evento
até 15 de julho.
Acompanhe novidades sobre o V CPAS
no site oficial do evento:
www.cpas2012.com.br
AGENDA DE EVENTOS – CRESS/PR
Junho
Agosto
Último trimestre
• III plenária de Seguridade Social.
• Curso de capacitação das Comissões de Instrução.
Local: CRESS/PR.
• Curso de Ética em Movimento Campo Mourão.
Dias 04, 11, 18 e 25 de agosto.
Encontro com representantes do CRESS/PR, dos Conselhos de Políticas Públicas e
de defesa de Direitos.
• Curso de Ética em Movimento Ivaiporã.
Dias 02, 16, 23 e 30 de junho. Local:
CRAS - ivaiporã.
• Assembleia Geral Ordinária da Categoria.
Dia 23 de junho - 9hs.
Local: Auditório do CRESS/PR.
Outubro
V Congresso Paranaense de Assistentes Sociais.
Local: Foz do Iguaçu. Dias 11 a 14 de outubro.
Acompanhe a atualização
da agenda no site
www.cresspr.org.br
EXPEDIENTE
O informativo Fortalecer é uma publicação do Conselho Regional de Serviço
Social da 11ª Região (CRESS-PR)
Rua Monsenhor Celso, 154, 13º andar
Centro, Curitiba – PR | CEP 80010-913
Tel: (41) 3232-4725
www.cresspr.org.br
[email protected]
Diretoria
Presidente: Maria Izabel Scheidt Pires
Vice-presidente: Elias de Souza Oliveira
1ª secretária: Joziane F. de Cirilo
2ª secretária: Daraci R. dos Santos
1º tesoureiro: Rafael Carmona
2ª tesoureira: Wanderli Machado
Conselho Fiscal
Juliana Moraes, Roselene Sonda e
Uilson Araújo
Suplentes
Adriana Maria Matias, Renária
Moura Silva, Neiva Luz dos Santos Silva, Neiva Maria Liesenfeldt,
Kleber Rodrigo Durat, Rosenilda
Garcia, Vera Armstrong e Elza
Maria Campos
Comissão de comunicação
Elda Lilian da Cruz Corrêa, Daraci
R. dos Santos, Rosenilda Garcia e
Vera Armstrong
Projeto gráfico e diagramação:
Sintática Comunicação
Jornalista responsável:
Téo Travagin
Mtb 5531
Estagiário: Lucas Molinari
Março/Abril/Maio 2012
12º Edição
Tiragem: 7.000 exemplares
REMETENTE: Conselho Regional de Serviço Social da 11ª Região (CRESS-PR) – Rua Monsenhor Celso, 154, 13º andar. Centro, Curitiba – PR | CEP 80010-913
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