DOC - CCMAR - Universidade do Algarve

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NOTA DE IMPRENSA
Investigadores recorrem a “Robomexilhões” para monitorizar
alterações climáticas
São pequenos robôs que têm ajudado os investigadores a estudar as variações das
alterações climáticas e de que forma é que isso afeta a biodiversidade. Uma equipa de
investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) está envolvida no estudo que
está a ser levado a cabo por 48 especialistas de todo o mundo.
Possuem a mesma forma, tamanho e cor dos mexilhões, mas estão dotados de um sensor
incorporado que monitoriza a temperatura dentro dos tapetes de mexilhões. Nos últimos
dezoito anos, a cada 10 e 15 minutos, a equipa mundial, liderada por Professor Brian Helmuth
(Northeastern University, Marine Science Center, Massachusetts, USA, usou estes robôs
para medir a temperatura interna do corpo dos mexilhões, que é determinada pela temperatura
do ar circundante ou água e também pela
radiação solar que o dispositivo absorve.
Os investigadores conseguiram assim
construir uma base de dados de quase
duas décadas, permitindo-lhes intervir
para ajudar a reduzir os danos nos
ecossistemas marinhos vitais, e
desenvolver estratégias que possam
impedir a extinção de determinadas
espécies.
Para além de assinalar os pontos em
risco, esta base de dados permite ainda
acompanhar os efeitos das alterações
climáticas e revelar hotspots emergentes de modo a que, quer cientistas, quer decisores
políticos, possam tomar medidas de modo a reduzir riscos de stress e/ou atuar contra a erosão
e a acidificação dos oceanos naquelas zonas.
Os robomexilhões assemelham-se exatamente a mexilhões, mas possuem luzinhas verdes a
piscar, de modo intermitente e com uma luz muito suave, atestam Katy Nicastro e Gerardo
Zardi, os investigadores do CCMAR envolvidos no projeto, que estão nesta altura a testar a
utilização de robomexilhões na Ria Formosa. O uso de robomexilhões revela a importância de
“investigar o impacto das alterações climáticas em escalas que são significativos para os
organismos, a fim de desenvolver uma compreensão realista de como estes animais estão a
reagir a um clima em mudança", afirmam os investigadores.
Os mexilhões são usados pelos investigadores como animais modelo em termos de previsão
ecológica, já que são um barómetro das alterações climáticas. Estas espécies dependem de
fontes de calor externas, tais como a temperatura do ar e a exposição solar, para o calor do
corpo e para prosperar.
Este trabalho de campo aliado a modelos computacionais e matemáticos ajuda os cientistas a
prever padrões de crescimento, reprodução e sobrevivência em zonas intertidais.
Os dados recolhidos, e que originaram a recente publicação de um artigo na revista Scientific
Data, têm surpreendido os investigadores. As alterações climáticas revelaram ter efeitos mais
complexos do que o previsto na natureza e hotspots em locais improváveis.
Os robomexilhões servem como sistema de alerta permanente e precoce, permitindo aos
cientistas atuar, prevenindo a morte de muitas espécies. Os bancos de mexilhões são
essenciais para o ecossistema e a preservação da biodiversidade, pois são fonte de alimento
para muitas outras espécies, incluindo lagostas e caranguejos. Para além disso, desempenham
um papel importantíssimo ao filtrarem milhões de partículas que existem na água ao longo da
costa.
Por isso os cientistas alertam que ao perder os mexilhões podemos estar a perder muito mais
do que uma espécie com valor económico e social importante, aniquilamos os juvenis que
deixam de crescer e chegar à nossa mesa, mas também perdemos importantes filtros que
contribuem para a claridade da água e para a biodiversidade de todos os animais minúsculos
que vivem no interior dos seus bancos.
Sobre o Centro de Ciências do Mar (CCMAR):
O Centro de Ciências do Mar (CCMAR) é uma organização privada sem fins lucrativos de
investigação científica na Universidade do Algarve. O CCMAR recebeu classificação Excelente
e é um dos mais importantes centros em Portugal, desenvolvendo investigação nas áreas da
oceanografia, biologia marinha, pescas, aquacultura, ecologia e biotecnologia. O CCMAR
possui cerca de 250 membros, 110 dos quais doutorados, e 30 alunos de doutoramento e é
parceiro de vários projectos e infraestruturas de investigação europeus como o EMBRC
(www.embrc.eu), Aquaexel (www.aquaexel.eu) e EMSO (www.emso-eu.org).
Link para o paper na revista Scientific Data:
http://www.nature.com/articles/sdata201687
Faro, 24 de Outubro 2016
Para mais informações contactar:
Departamento de Comunicação
Andreia Pinto
Email: [email protected]
Tlf: +351 289 800 050 | Tlm: 913794995
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