maus tratos em idosos - Publicações

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maus tratos em idosos
Claudia Lysia de Oliveira Araújo
Ana Beatriz Pinto da Silva Morita
Liana Paola de Souza
Ana Carolina Salomão Faria
Amanda Chagas Almeida Mendes
Estefânia Maria de Camargo Oliveira
Letícia Helena Nunes dos Santos
Luciana Mara Ramos Leal
Vitória Nascimento Gonçalves
Claudia Lysia de Oliveira Araújo
Doutoranda pelo Programa de Pós Graduação de Enfemagem na Saúde Adulto pela Usp. Mestre em Enfermagem pela Unicamp. Professora da Fatea.
Ana Beatriz Pinto da Silva Morita
Mestre em Enfermagem pela Universidade de Guarulhos. Prrofessora Fatea
Liana Paola de Souza
Enfermeira
Ana Carolina Salomão Faria
Amanda Chagas Almeida Mendes
Estefânia Maria de Camargo Oliveira
Letícia Helena Nunes dos Santos
Luciana Mara Ramos Leal
Vitória Nascimento Gonçalves
Alunos Colégio aplicação
resumo
Esta pesquisa é fruto do programa do Colégio de Aplicação à Iniciação
Cientifica do Instituto Santa Teresa com as Faculdades Integradas Teresa
D’Àvila. Os maus-tratos contra idosos foram descritos pela primeira vez
em 1975, em publicações britânicas, e desde então têm sido tema de
pesquisas científicas e alvo de ações governamentais em todo mundo, e
no Brasil, especificamente, desde a última década. O estudo tem como
objetivo identificar e analisar os tipos de maus-tratos contra o idoso.
Este trabalho é uma pesquisa do tipo exploratório e descritivo, com
abordagem qualitativa, com o objetivo de identificar e analisar a fala dos
idosos sobre maus-tratos contra o idoso, realizado com idosos acima
de 60 anos residentes na cidade de Lorena, situada no Médio Vale do
Paraíba, no estado de São Paulo, com capacidade e lucidez para responder
coerentemente a entrevista e aceitaram participar assinando o TCLE. O
estudo foi aprovado pelo CEP – Fatea. Todos os idosos relataram a maior
incidência de agressões em idosos é do sexo feminino, Dos idosos que
participaram do estudo relataram mais de um tipo de abuso, sendo o
abuso verbal e o psicológico os mais recorrentes. O abuso sexual não
foi relatado. Os maiores agressões são familiares e cuidadores. Quanto
maior for o índice de dependência do idoso e a precariedade social, mais
provável é ocorrerem situações de maus tratos. A escassez de informações
quanto aos agredidos e agressores é uma temática delicada, de difícil
estudo e identificação, principalmente porque os idosos geralmente não
denunciam abusos e as agressões sofridas.
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Palavras-Chave
Idoso; Maus tratos; Fragilidade.
Abstract
This research programme is the fruit of the College of the Undergraduate
Application Institute of Santa Teresa with the Faculties Integrated Teresa
D’Àvila. The ill-treatment against elderly have been described for the first
time in 1975 in British publications, and since then have been subject
of scientific research and target of government actions in everyone,
and Brazil, specifically, since the last decade. The study aims to identify
and analyse the types of ill-treatment against the elderly. This work is
a search-type exploratory and descriptive, with a qualitative approach,
aiming to identify and analyse the speech of the elderly on ill-treatment
against the elderly, conducted with elderly residents over 60 years in the
town of Lorraine, located in the Middle Vale do Paraiba, state of Sao
Paulo, with lucidity and ability to consistently respond to interview and
agreed to take part by signing the TCLE. The study was approved by the
CEP - Fatea. All elderly reported the highest incidence of attacks in the
elderly is female, Two elderly who participated in the study reported more
than one type of abuse and the verbal abuse and psychological the most
applicants. The sexual abuse was not reported. The largest attacks are
family members and carers. The higher the rate of dependence on the
elderly and social insecurity, the more likely it is occurring situations of
abuse. The lack of information about the aggressors attacked and is a
delicate subject, difficult to study and identification, mainly because the
elderly generally not denounce abuses and attacks suffered.
Keywords
Aged; Ill; Weak.
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Introdução
Os maus-tratos na terceira idade podem ser definidos como ato único
ou repetido, ou ainda, ausência de ação apropriada que cause dano,
sofrimento ou angústia e que ocorram dentro de um relacionamento de
confiança (Organização Mundial de Saúde, 2002).
Na literatura especializada, os maus-tratos são usualmente classificados
em: físico, verbal, psicológico ou emocional, sexual, econômico, negligência e autonegligência (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2002;
PAVLIK et al., 2001; RODRIGUES MIRANDA et al., 2002).
As publicações sobre maus-tratos na terceira idade mostram-se ainda
incipientes, sobretudo na população brasileira (KLEINSCHMIDT, 1994;
MINAYO, 2003). Observa-se também que a violência contra a criança,
o adolescente e a mulher são temas mais freqüentemente pesquisados
do que a violência contra o idoso. Manthorpe e Watson (2002) alertam
que existe interesse e urgência desproporcional no campo da proteção
da criança. O mesmo não ocorre com relação aos maus-tratos contra
idosos, possivelmente pelo fato de a criança trazer uma imagem mais
desprotegida do que os idosos.
A Assembléia Mundial de Saúde declarou a violência como um problema
de saúde pública mundial, tendo em vista suas graves conseqüências a
curto e longo prazo para indivíduos, famílias, comunidades e países,
além do aumento da demanda que acarreta em serviços de saúde em
todo mundo (WORLD HEALTH ASSEMBLY, 1996).
As mortes violentas em idosos seriam conseqüências e principalmente
de acidentes de trânsito e transporte, quedas, causas que em conjunto
seriam responsáveis por mais de 50% dos óbitos por causas externas
nesse grupo (Minayo, 2003). As taxas de suicídio, embora se mantenham
em um patamar que pode ser considerado baixo, chamam atenção por
apresentar taxas mais elevada na população idosa (Mello, 1997). Deve-se
considerar, no entanto, que óbitos de idosos muitas vezes atribuídos a
causas naturais, acidentais ou desconhecidas, são na verdade conseqüência de abuso ou negligência (Wolf; Daichmann; Bennett, 2002).
Os maus-tratos contra idosos foram descritos pela primeira vez em 1975,
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em publicações britânicas, e desde então têm sido tema de pesquisas
científicas e alvo de ações governamentais em todo mundo, e no Brasil,
especificamente, desde a última década (Wolf; Daichmann; Bennett,
2002). Com o envelhecimento da população mundial, esse tema vem
adquirindo mais e mais relevância. De acordo com a Wolf, Daichmann
e Bennett (2002), o número de idosos em todo o mundo deve chegar
a cerca de 1,2 bilhões, em 2025, e representar 12% da população dos
países em desenvolvimento.
A violência contra o idoso pode assumir várias formas e ocorrer em
diferentes situações; e por diferentes motivos é subdiagnosticada e
subnotificada (Bradley, 1996). Segundo Cammer Paris (1996), entre as
causas para o difícil diagnóstico estão: sentimentos da vítima de culpa
e vergonha, medo de retaliação ou represália por parte do agressor,
ou ainda receio de ser internada em Instituição de Longa Permanência
para Idosos. A maioria dos casos de violência contra idosos é devido à
auto-negligência ou é perpetrado por um membro da família (Harrell
et al., 2002), o que pode explicar porque as vítimas tendem a minimizar
a gravidade da agressão e se mostrarem leais a seu agressor, freqüentemente negando-se a adotar medidas legais contra membros da família
ou a discutir sobre esse assunto com terceiros (CAMMER PARIS, 1996;
HARREL et al., 2002). Elas preferem conviver com maus-tratos a abrir mão
de um relacionamento pessoal em suas vidas (CAMMER PARIS, 1996).
Um estudo realizado por Krueger e Patterson (1997) procurou mostrar
as dificuldades apontadas pelos médicos para a detecção de violência
contra o idoso. Entre os principais problemas estavam: negação do paciente e/ou da família de que existe o mau-trato; oposição à intervenção,
uma vez identificado o abuso; falta de conhecimento sobre a definição
e prevalência de violência contra o idoso; inexistência de uma agência
à qual se possa denunciar o mau-trato; e falta de um consenso sobre
diagnóstico e conduta diante de violência contra o idoso.
Vários estudos foram realizados na tentativa de determinar quais os
fatores associados a maus-tratos contra idosos. História de abuso de
álcool ou drogas e de distúrbio psicopatológico no cuidador (MINAYO,
2003; Wolf, Daichmann, Bennett, 2002; bradley, 1996; MacLennan,
2003) ou em sua família são fatores de risco bem conhecidos. Diminuição de capacidade cognitiva e física e conseqüentemente uma maior
dependência, foi considerada inicialmente como fator de risco para a
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violência contra idosos (MINAYO, 2003; Wolf, Daichmann, Bennett,
2002; CAMMER PARIS, 1996), entretanto estudos posteriores mostraram
que idosos maltratados não eram mais debilitados que aqueles que não
sofriam maus-tratos, sendo talvez até mais capazes, especialmente nos
casos de abuso físico e verbal (Wolf; Daichmann; Bennett, 2002) .Os
casos de maus-tratos comunicados às autoridades, contudo, envolvem
mais freqüentemente os mais idosos e dependentes (Wolf; Daichmann;
Bennett, 2002). O nível de estresse do cuidador também foi inicialmente
considerado um relevante fator de risco para maus-tratos contra idosos
(CAMMER PARIS, 1996), e embora ainda se acredite que seja um fator
contribuinte para a ocorrência de abuso, ele não responde, por si só, pela
ocorrência do mesmo (Wolf; Daichmann; Bennett, 2002).
Um comportamento violento ou agressivo do idoso é uma situação de
risco (MINAYO, 2003) e pode provocar violência recíproca por parte do
cuidador (Wolf; Daichmann; Bennett, 2002), mesmo que não se
observe mais esse comportamento violento no presente, de forma que
também se considera a história de violência familiar transgeracional
como um importante fator de risco (MINAYO, 2003; Wolf; Daichmann;
Bennett, 2002). Recentemente, estudos têm reforçado a idéia de que
o relacionamento entre o idoso e o cuidador, antes de estabelecida a
dependência, seria mais relevante até do que o nível dessa dependência
ou o grau de estresse do cuidador (Wolf; Daichmann; Bennett, 2002;
MACLENNAN, 2003).
As condições de vida devem ser consideradas um fator de risco por serem
causa de conflitos familiares (Wolf; Daichmann; Bennett, 2002; CAMMER PARIS, 1996) particularmente a aglomeração e a falta de privacidade
(Wolf; Daichmann; Bennett, 2002) e ainda que a violência contra o
idoso possa ocorrer com a vítima e o agressor vivendo separadamente,
o risco é maior quando o perpetrador vive na mesma casa que o idoso
(MINAYO, 2003; Wolf; Daichmann; Bennett, 2002).
Tanto o idoso sustentado por seu cuidador quanto um cuidador financeiramente dependente de um idoso mostram-se como situações de risco
(MINAYO, 2003; Wolf; Daichmann; Bennett, 2002).
Parece haver uma rede de interdependência que frustra os esforços de
intervenção nessa situação (Wolf; Daichmann; Bennett, 2002).
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O isolamento social é fator de risco para maus-tratos contra idosos, podendo se apresentar como causa (MINAYO, 2003; CAMMER PARIS, 1996)
ou conseqüência nas vítimas de abuso (Wolf; Daichmann; Bennett,
2002, além de ser considerado um fator causal quando observado em
agressores (MINAYO, 2003; CAMMER PARIS, 1996).
O grupo dos idosos vitimados por maus-tratos apresenta também uma
taxa de mortalidade muito mais alta que o dos idosos que não sofreram
abuso, mesmo quando eliminados os fatores confundidores (Wolf;
Daichmann; Bennett, 2002).
Do ponto de vista da saúde global, as diferentes formas de violência
contra o idoso comprometem sua qualidade de vida, acarretando somatizações, transtornos psiquiátricos e morte prematura. Além disso,
geram gastos com os setores da saúde, seja pelo aumento do número de
atendimentos ambulatoriais, seja por internações hospitalares (KLEINSCHMIDT, 1994) .
Diante desse cenário, a estimativa da violência contra o idoso em uma
população representa uma importante e desafiadora tarefa, principalmente para o planejamento das estratégias para o enfrentamento do
problema.
O estudo tem como objetivo identificar e analisar os tipos de maus-tratos
contra o idoso.
Método
Este trabalho é uma pesquisa do tipo exploratório e descritivo, com
abordagem qualitativa.
O estudo foi realizado com idosos acima de 60 anos residentes na cidade
de Lorena, situada no Médio Vale do Paraíba, no estado de São Paulo.
Participaram do estudo sujeitos com idade igual ou superior a 60 anos,
avós maternos ou paternos de alunos do Instituto Santa Teresa – Lorena,
com capacidade e lucidez para responder coerentemente a entrevista e
aceitaram participar assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – Fatea
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com registro 19/2007. Após o consentimento e observados os aspectos
éticos, a coleta de dados foi iniciada utilizando uma entrevista com questões abertas (Apêndice 1) como instrumento de coleta de dados.
Resultados e Discussão
Todos os idosos relataram a maior incidência de agressões em idosos é
do sexo feminino, devido sua fragilidade.
Souza et al. (2003) em seu estudo, com 50 idosos pesquisados, a maioria, em número de 36 (72%), era constituída de mulheres. Destas, 14
eram as mais longevas, situando-se na faixa etária de 80 anos e mais,
e 17 eram viúvas, que viriam geralmente com familiares descendentes.
As casadas eram em número de 14, e possivelmente faziam parceria
em algumas instâncias, como o casal idoso dependente de cuidados de
uma família.
O significativo aumento da população longeva resulta em profundas
transformações na vida da família cuidadora, principalmente pelo
fato de a idade avançada fazer aumentar a susceptibilidade a doenças
crônico-degenerativas e a conseqüente necessidade de maior atenção.
Nesse sentido, o crescimento da população idosa geral e, sobretudo,
dos mais longevos, leva-nos a entender que viver mais acarreta sérias
implicações para a qualidade de vida, não só do idoso como de todos
que se envolvem no seu viver diário. Dependendo das circunstâncias do
viver diário, as possibilidades de ocorrência de violência intrafamiliar se
tornam uma realidade (SOUZA et al., 2003).
Observou-se, ainda, nos dados, que essa longevidade veio acompanhada da chamada feminização da velhice. A questão de gênero também
está ligada aos fatores de risco de maus-tratos no contexto da violência
intrafamiliar, uma vez que a mulher foi e é “vítima” mais fácil por razões
históricas: considerada frágil, indefesa e, no caso da idosa, duplamente
fragilizada em função das circunstâncias do envelhecimento (SOUZA et
al., 2003).
Dos idosos que participaram do estudo 67% relataram mais de um tipo
de abuso, sendo o abuso verbal e o psicológico os mais recorrentes, com
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prevalências variando de 1,1% a 26,8% e 29,6% a 47%, respectivamente.
No que concerne ao abuso físico, as prevalências variaram entre 1,2% e
16,5%. O abuso sexual não foi relatado.
Em um levantamento feito nas Delegacias de Proteção ao Idoso de
Belo Horizonte e São Paulo (FONSECA; GONÇALVES, 2003), as queixas
mais freqüentes dos idosos dizem respeito a delitos de lesão corporal,
furtos, maus-tratos, injúria, extravios de documentos, mal uso dos bens
dos idosos pelos próprios familiares, perturbações da ordem, ameaças,
abandono material, apropriação indébita.
De todas as formas de abuso a mais freqüente é aquela de cunho financeiro. São tentativas dos familiares de se apoderarem das fontes de
renda do idoso, ou de seus bens e economias, ainda em vida. Os parentes
mais próximos é que são os atores (filhos, conjugues, genros e noras),
apossam-se da renda, da casa, dos outros bens, e não é raro acontecer
de deixarem faltar subsídios para o próprio idoso (MINAYO, 2003).
Hoje no Brasil, cerca de 70% dos idosos vive em situação de pobreza ou
miserabilidade. Mesmo aqueles que são pobres, vêem-se na obrigação de
contribuir na renda familiar com o pouco dinheiro de suas aposentadorias, ou até mesmo de servir de arrimo de família com tão pouca quantia.
Após a aposentadoria os idosos sentem-se inferiorizados tendem a ser
considerados inúteis e improdutivos (FONSECA; GONÇALVES, 2003).
Quanto a opinião sobre agressões os 39% relataram ser praticados pela
família e pelos cuidadores dos lares que são muitas vezes agravados pela
falta de preparo e pouca sensibilização para a velhice. Quanto maior for
o índice de dependência do idoso e a precariedade social, mais provável
é ocorrerem situações de maus tratos.
Os maus tratos realizados em idosos na maioria das vezes 95% são
praticados pelos adultos, segundo o estudo em questão.
A literatura já descreve características e fatores ligados ao perfil do agressor de idosos mais comumente identificado na nossa sociedade (MINAYO,
2003): mora com a vítima; é financeiramente dependente dela; abusa de
álcool e drogas; vínculos familiares frouxos; pouca comunicação e afeto;
isolamento social dos familiares da pessoa de idade avançada, o idoso
ter sido ou ser uma pessoa agressiva nas relações com seus familiares;
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história pregressa de violência na família; os cuidadores terem sido vítimas de violência doméstica; padecerem de depressão ou de qualquer
tipo de sofrimento mental ou psiquiátrico.
Dados curiosos ainda precisam ser acrescidos: a violência é praticada
também por filhas mulheres; se transmite por gerações, pois é freqüente
que o agressor seja um neto (a) ou bisneto (a); as mulheres são vítimas
comuns e mais numerosas, o que reflete a violência de gênero adentrando
na terceira idade (FIGUEROA, 2007).
Conclusão
A escassez de informações quanto aos agredidos e agressores é uma temática delicada, de difícil estudo e identificação, principalmente porque
os idosos geralmente não denunciam abusos e as agressões sofridas. O
fazem por constrangimento ou por temerem punições e retaliações de
seus cuidadores que são, freqüentemente, os próprios agressores. Há
ainda aqueles que sofrem maus-tratos mascarados e nem se dão conta
que estão sendo vítimas de violência.
Variando em grau e intensidade, a violência contra os idosos ocorre em
cada país e está diretamente relacionada com a cultura local, englobando questões de gênero e de sexualidade, problemas geracionais, de
exploração por parte de filhos.
Também, observou-se a falta de estudos metodologicamente bem
delineados, particularmente no Brasil, verificou-se a inexistência de informações científicas sobre o tema. Isto pode ser justificado, em parte,
pelas dificuldades que envolvem estudos dessa natureza, encontrando
obstáculos sobretudo no tempo e custos elevados.
Muitos dos avanços alcançados em outros países contribuem para uma
compreensão da questão no Brasil. No entanto, por tratar de aspectos
culturais de cada sociedade, faz-se necessário o entendimento do fenômeno na realidade brasileira.
Como se percebe, atualmente no Brasil, existe amparo legal ao combate
à violência contra o idoso, o que não existe é efetivação suficiente das
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medidas de prevenção por parte do Estado, nem respeito e abertura de
visão por parte da sociedade, e nem conscientização e mais amor por
parte das famílias.
No entanto, as relações violentas não são unilaterais, suas causas são
complexas e ocorrem em diferentes níveis. Dentro dessa perspectiva,
Williamson & Schaffer (19) afirmam ser a qualidade da relação anterior ao
estado de dependência do idoso em relação ao cuidador que determina
a forma positiva ou negativa com que este último percebe sua tarefa,
podendo vê-lo como castigo ou como ato de gratidão e dedicação
amorosa. Kleinschmidt (1994) ressalta que a relação, naturalmente
estressante, entre cuidador e idosos se transforma em violenta apenas
quando o cuidador se isola socialmente, possui laços afetivos frouxos com
o idoso, foi vítima de violência por parte dele no passado ou apresenta
algum tipo de problema psiquiátrico.
Recomenda-se que estudos epidemiológicos adicionais com amostras
representativas da população geral e critérios uniformes para definição
de maus-tratos contra os idosos sejam desenvolvidos. Da mesma forma, são necessários estudos que visem a compreender o universo de
significados e sentidos que permeiam a relação agressor-agredido e a
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Apêndice 1. – Instrumento de Coleta de Dados
1. Em sua opinião, as agressões acontecem em maior incidência em
homens ou mulheres (idosos)?
2. Você já sofreu algum tipo de agressão?
Se sim. Qual? (Psicológica, verbal, sexual, física).
3. Qual sua opinião sobre agressões aos idosos?
4. Você já presenciou uma agressão física, verbal ou psicológica a um
idoso?
5. Quando existe os maus tratos em idosos você acha que na maioria
das vezes são os jovens, adultos ou crianças que o fazem e porque?
Obrigada por responder!
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