Gustava Batista da Silva Bispo

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 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
Curso de Graduação em Enfermagem
GUSTAVA BATISTA DA SILVA BISPO
CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA, SOBRE
HEPATITES B E C POR MANICURES E PEDICURES NO
RECANTO DAS EMAS/DF
Taguatinga - DF
2013 GUSTAVA BATISTA DA SILVA BISPO
CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA SOBRE
HEPATITES B E C POR MANICURES E PEDICURES NO
RECANTO DAS EMAS/DF.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Enfermagem da Universidade
Católica de Brasília (UCB), como requisito à
aprovação e obtenção do título de Enfermeira.
Orientadora: Profª Maria Liz Cunha de Oliveira
Taguatinga - DF
2013
SUMÁRIO
PRÓLOGO .................................................................................................................. 4 RESUMO..................................................................................................................... 5 ABSTRACT ................................................................................................................. 6 1 – REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 7 1.1. Profissão de Manicure.......................................................................................13
1.2. Esterilização ................................................................................................... 14 2 – JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 17 3 – OBJETIVOS ........................................................................................................ 18 3.1. Objetivo Geral ................................................................................................. 18 3.2. Objetivos Específicos...................................................................................... 18 4 – QUESTÕES NORTEADORAS ........................................................................... 19 5 – HIPÓTESE .......................................................................................................... 19 6 – METODOLOGIA ................................................................................................. 19 6.1. Delineamento do Estudo................................................................................. 19 6.2. Local do Estudo .............................................................................................. 20 6.3. População e Amostra...................................................................................... 20 6.3.1. Critérios de Inclusão.......................................................................................... 20 6.3.2. Critérios de Exclusão ........................................................................................ 20 7 – COLETA DE DADOS .......................................................................................... 20 8 – ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 21 9 – ASPECTOS ÉTICOS .......................................................................................... 21 10 – RESULTADOS .................................................................................................. 22 TABELA 1 - Características Sócias Demográficas da População Estudada. ........ 23 TABELA 2 - Conhecimentos das manicures sobre hepatite. ................................. 24
TABELA 3 - Atitudes tomadas pelas manicures para evitar transmitir a doença
para as suas clientes..................................................................................................27
TABELA 4 - Práticas realizadas pelas manicures para evitar contrair Hepatite em
seu ambiente de trabalho. ..................................................................................... 29 TABELA 5 - Fatores de Risco. ............................................................................... 30 11- DISCUSSÃO ....................................................................................................... 33 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................40
ANEXO 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................... 43 ANEXO 2 – Termo de Concordância do Estabelecimento Comercial ................... 44 ANEXO 3 – Instrumento de Coleta de Dados ........................................................ 46
ANEXO 4 – Instrumento de Coleta de Dado............................................................50
ANEXO 5 PARECER N° 320/2012 ........................................................................ 54
4
PRÓLOGO
Este trabalho tem como finalidade mostrar qual o conhecimento, atitude e
prática das manicures e pedicures sobre a Hepatite B e C.
Foram coletadas informações em vários estabelecimentos e com diferentes
profissionais, no Recanto das Emas, no Distrito Federal.
Poderemos observar que nos dias de hoje, mesmo com o advento da Internet
e uma grande quantidade de informações disponíveis, os profissionais dos salões de
beleza e os que prestam seus serviços em domicilio têm pouco conhecimento sobre
as causas da Hepatite e como fazer a prevenção.
Até o momento, a questão da transmissão foi pouco estudada em salões de
beleza. É nesse sentido que a pesquisa se torna necessária para a coleta de dados
que possa aprimorar e definir novas estratégias para ações de prevenção e controle
desse agravo.
5
CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA, SOBRE HEPATITES B & C POR
MANICURES E PEDICURES NO RECANTO DAS EMAS/DF, 2013.
Orientadora: Profª Maria Liz Cunha de Oliveira
RESUMO
OBJETIVO: Estimar a prevalência de hepatite B e C em profissionais que oferecem
serviços de manicure e pedicure, em amostra de 70 (setenta) indivíduos, para
constatar se existe risco potencial de se adquirir as Hepatites Virais B e C, nos
salões de beleza localizados na Região Administrativa (RA) do Recanto das
Emas/DF.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, descritivo,
seccional, do tipo inquérito epidemiológico, do tipo PCAP, que visa a determinar os
conhecimentos, as atitudes e as práticas relativas às Hepatites Virais B e C das
manicures e pedicures da RA Recanto das Emas/DF.
RESULTADOS: Verificou-se que conhecimentos, práticas e atitudes em relação à
Hepatite B e C são inadequadas.
CONCLUSÃO: Diante dos resultados encontrados nesta pesquisa, percebe-se à
necessidade de estratégias para que ocorra mudança de hábito e costumes dessas
profissionais. O fortalecimento da autonomia das profissionais como essência do
processo educativo, além de considerar os saberes e opiniões, deve congregar os
contextos das vulnerabilidades ambientais, sociais, culturais.
Palavras Chaves: Hepatite, VHB, VHC, salões de beleza, manicures, pedicures,
pérfuro-cortantes.
6
KNOWLEDGE, ATTITUDE AND PRACTICE ON HEPATITIS B & C BY manicures
and pedicures Nook OF THE EMAS / DF, 2013.
Advisor: Prof. Maria Liz Cunha de Oliveira
ABSTRACT
OBJECTIVE: To estimate the prevalence of hepatitis B and C among professionals
that offer manicure and pedicure in a sample of 70 (seventy) individuals, to see if
there is potential risk of acquiring Viral Hepatitis B and C, in salons located
Administrative Region (RA) the Nook Emas / DF.
METHODOLOGY: This is a study of quantitative approach, descriptive, crosssectional, epidemiological survey type, PCAP type, which aims to determine the
knowledge, attitudes and practices related to Viral Hepatitis B and C from manicures
and pedicures Corner of the RA emus / DF.
RESULTS: It was found that knowledge, practices and attitudes toward hepatitis B
and C are inadequate.
CONCLUSION: In the analysis of the results found in this study, it realizes the need
for strategies to promote the change of habits and customs of these professionals.
The strengthening of the autonomy of professionals as the essence of the
educational process, in addition to considering the knowledge and opinions, should
unite the contexts of environmental vulnerability, social, cultural.
Key Words: Hepatitis, HBV, HCV, beauty salons, manicures, pedicures, drill-cutting.
7
1 – REFERENCIAL TEÓRICO
Hipócrates ao descrever, no sec. V A.C., um quadro epidêmico de icterícia,
tornou-se responsável por um dos primeiros relatos de surtos de hepatites virais de
que se tem notícia (ZACHVAL e DEINHARDT, 2007). No final do sec. XIX surgiram
os primeiros registros de casos de hepatites transmitidas por via percutânea, que
foram descritos por Lurman e colaboradores. Nas décadas seguintes, diversos
autores descreveram casos de hepatites transmitidas por via percutânea, mas
somente em meados do sec. passado, surgiram as primeiras associações de casos
de hepatite com transfusão de sangue e derivados (BRANDÃO-MELLO, MENDES e
PERNAMBUCO, 2001, p. 11).
No início do sec. XX, os estudos das hepatites se intensificaram e o termo
"hepatite infecciosa" passou a ser usado para descrever a forma epidêmica da
doença. Em 1918, essa síndrome foi relacionada a uma provável etiologia viral. Na
década de 60, Blumberg e colaboradores, pesquisando as proteínas do sangue,
observaram
no soro de um aborígine australiano a presença de um antígeno que
denominou de "Antígeno Austrália" (BLUMBERG e ALTER et al., 1995, 1997).
As hepatites virais se encontram disseminadas pelo mundo e, em termos de
freqüência, ocupam um dos primeiros lugares entre as infecções virais,
representando um importante problema de saúde. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) afirma que o mundo pode ser subdividido em três áreas de referência: "alta,
media e baixa endemicidade, baseadas na prevalência desse vírus" e diz ser a
região amazônica a de maior prevalência desse vírus, sobretudo os estados do
Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima (BRASIL et al., 2003, p. 565).
Na verdade, no Brasil, a endemicidade do vírus da hepatite B (VHB) é
bastante heterogênea, mais prevalente na região norte do país, embora, dados de
1996 a 2000 apontem o estado de Santa Catarina como a Unidade da Federação
que possui maior taxa de detecção, seguida pelo Distrito Federal, Paraná e Roraima
(BRASIL, 2004).
Rosini e Mousse (2002) estudaram a prevalência das Hepatites B e C em
doadores de sangue no estado de Santa Catarina no período de 1999 a 2001 e
obtiveram os seguintes resultados de anti-HBc positivos: Blumenau: 22,7%; Jaraguá
8
do Sul: 29,7%; Joinville: 18,21%. Cunha et al. (2000) avaliaram a prevalência do
HBsAg e anti-HBc em Monte Negro-RO, e detectaram em 636 indivíduos submetidos
ao anti-HBc positividade de 60,4%. Os autores concluíram a região como de alta
endemicidade para a Hepatite B. Indicaram a atividade sexual como forma
evidenciada de transmissão, além do contato direto com lesões de pele e
participação de insetos hematófagos como vetor mecânico. Ao analisarem a faixa
etária de 0-5 anos, observaram positividade para anti-HBc em 11,5% contra 73,7%
entre os maiores de 50 anos. A prevalência baixa entre 0-5 anos evidencia a
importância da vacinação, já que a imunização para Hepatite B foi introduzida na
região em 1994.
Segundo o Ministério da Saúde (2007), Hepatite designa qualquer
degeneração do fígado por causas diversas, dentre as quais: as infecções pelos
vírus A, B e C, o consumo de substâncias tóxicas e excesso de álcool. Os vírus das
Hepatites B (VHB) e C (VHC) são transmitidos, sobretudo por meio do sangue.
A infecção pelo VHB pode acometer qualquer pessoa. No entanto, alguns
grupos de indivíduos são particularmente expostos a este vírus, em função de
determinadas circunstâncias, pela adoção de certas atitudes comportamentais ou da
atividade profissional que exercem (FERNANDES et al., 2003). Esses grupos
populacionais, considerados mais expostos ao VHB, são denominados grupos de
risco, nos quais estão incluídos: receptores de transfusões de sangue ou derivados,
hemodialisados crônicos, hemofílicos, toxicômanos, filhos de mães portadoras do
vírus, barbeiros, manicures, depiladores e os profissionais da área da saúde.
Couto, Pedrosa e Nogueira (2003), observaram que a prevalência de
pacientes com VHB vem decrescendo através dos anos nos centros de diálise
graças às vacinações dos pacientes e ao menor emprego de transfusões de sangue
e dos derivados com o progressivo uso de ferro parenteral e eritropoetina para o
tratamento da anemia da insuficiência renal crônica e da prática do isolamento dos
pacientes contaminados em salas específicas.
Segundo Ferreira (2000), não se pode precisar o número de pessoas
portadoras do VHB em todo mundo. Estima-se algo em torno de 350 milhões de
pessoas. Em longo prazo, a infecção traz a seus doentes graves conseqüências ao
fígado, podendo evoluir para cirrose hepática e suas complicações, e para
hepatocarcinoma. Durante as últimas décadas, estudos clínicos e experimentais
9
desenvolvidos em todo mundo expandiram os conhecimentos sobre a Hepatite B, de
forma que se dispõem, hoje, de técnicas para o seu diagnóstico e de drogas
eficazes para o seu tratamento. O diagnóstico de qualquer das formas clínicas da
doença se realiza através de técnicas sorológicas, que também se mostram muito
úteis no seguimento da infecção viral, na avaliação do estado clínico do paciente e
na monitorização do tratamento.
Entretanto, a imunização ativa, preventiva, se constitui a arma mais
importante no combate à infecção pelo VHB. A prevenção da doença inclui: o
controle efetivo de bancos de sangue através da triagem sorológica; a vacinação
contra Hepatite B, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme
padronização do Programa Nacional de Imunizações (PNI) - a OMS recomendou
que todos os países introduzissem a vacina da Hepatite B nos programas
pediátricos de rotina; o uso de imunoglobulina humana Anti-Vírus da Hepatite B
também disponível no SUS-PNI; o uso de Equipamentos de Proteção Individual
(EPI) pelos profissionais da área da saúde; o não compartilhamento de alicates de
unha, lâminas de barbear, escovas de dente, equipamentos para uso de drogas; e o
uso de preservativos nas relações sexuais.
Não há dúvida de que a imunoprofilaxia é o método de maior custo-benefício
para controlar globalmente a infecção pelo VHB e suas complicações. Atualmente, a
imunoprofilaxia é realizada através de vacinas seguras, disponíveis em praticamente
todo o mundo. As principais finalidades da vacinação contra o VHB são prevenir a
doença aguda, impedir a cronificação da hepatopatia e sua evolução para cirrose
e/ou hepatocarcinoma e, ainda, contribuir para minimizar a transmissão viral.
Não existe, entretanto, imunoprofilaxia preventiva para Hepatite C. Trata-se
de uma infecção progressiva que cursa lentamente, é grave e pode ser fatal. Suas
altas taxas de cronicidade e potencial evolutivo para cirrose e hepatocarcinona,
características essas aliadas à dificuldade de resposta ao tratamento e, por ser
ainda uma infecção oculta, em que a maioria dos portadores desconhece sua
condição de doente, faz com que a infecção pelo VHC seja o maior motivo de
indicação para transplante hepático e principal causadora de cirrose no mundo, e,
portanto, um grave problema de Saúde Pública.
Não se conhece, com precisão, a prevalência do VHC no nosso país. Há
relatos feitos em diversas áreas que sugerem que, em média, ela esteja entre 1% a
10
2% da população em geral. Os indivíduos considerados de risco são aqueles que
receberam transfusões de sangue e/ou hemoderivados antes de 1992, usuários de
drogas intravenosas, pessoas com tatuagens e piercings, alcoólatras, portadores de
HIV, transplantados, hemodialisados, hemofílicos, presidiários e sexualmente
promíscuos.
Como as notificações não são completas é impossível detalhar quais são os
principais fatores de risco para a nossa população. Em inquérito realizado pela
Sociedade Brasileira de Hepatologia para analisar a “Epidemiologia do vírus C no
Brasil” foi observada a prevalência de anti-VHC em pacientes com doenças
hematológicas, pré-doadores de sangue e hemodialisados, entre outros.
Alvariz, em estudo retrospectivo de 1.594 pacientes com positividade do antiHCV (Elisa 2 e/ou 3), avaliados entre 1975 e 2003, descreve uma prevalência de
44,8% infectados por transfusão de hemoderivados, 4,5% por drogas EV e 47% dos
pacientes infectados por via ignorada. A maioria dos pacientes pesquisados nesse
grupo (91%) era portador do genótipo 1 do VHC. Figueiredo e colaboradores,
revisando a literatura, verificaram que a freqüência do VHC é baixa em profissionais
da área de saúde, porém esse grupo pode ser considerado como de risco para
contrair o VHC. No Brasil, Ozakik e colegas não encontraram VHC positivo em
dentistas analisados.
O Projeto VigiVírus, que analisou retrospectivamente 4.996 prontuários de
pacientes anti-VHC positivos, de serviços de saúde públicos e consultórios privados
de profissionais brasileiros, revelou que 61% desses pacientes eram do sexo
masculino, 81% eram atendidos em instituições públicas e 7% eram também
infectados pelo HIV. Em relação aos genótipos, apenas 27% dos pacientes (1.348)
dispunham dessa informação: 64% eram genótipo 1, 33% eram genótipo 3 e 3%
genótipos 2 e 4. Na Região Sul do Brasil, o genótipo 3 foi o mais prevalente (44%)
quando comparado com as outras regiões (Sudeste: 26% e Nordeste: 27%).
Tanto a hepatite aguda, quanto à crônica, pelo VHC, são geralmente
assintomáticas. A manutenção do RNA-VHCA por mais de seis meses após a
infecção caracteriza a infecção crônica. Não há consenso no que se refere à
proporção de indivíduos que desenvolvem a doença crônica. Estimava-se que, em
média, deveria ficar entre 70% a 80% dos infectados, mas estudos realizados bem
recentemente mostram que a proporção dos que se livram do vírus pode ser maior.
11
Como a hepatite aguda pelo VHC é geralmente assintomática, é pouco
provável que a sua vigilância possa ser realizada em âmbito nacional. Entre outros
fatores, por que: a) não há marcador sorológico confiável para a infecção aguda; b)
é difícil diferenciar, do ponto de vista clínico, infecção aguda de exacerbação de
infecção crônica; e c) porque apesar de ter melhorado a notificação de casos antiVHC positivos, não há recursos suficientes para o esclarecimento da situação que
requer investigação complexa. A co-infecção pelos vírus VHC e HIV é relativamente
freqüente entre os viciados em drogas ilícitas e entre os hemofílicos, ocorrendo entre
50% e 75% dos casos. A presença da infecção pelo HIV parece acelerar a evolução
da infecção crônica pelo VHC para a cirrose e para a descompensação hepática,
principalmente entre os mais imunodeprimidos. A resposta virológica sustentada ao
tratamento com Interferon Alfa e Ribavirina é inferior àquela encontrada em
monoinfectados pelo VHC.
Embora o vírus C (VHC) seja transmitido por contato direto, percutâneo ou
através de sangue contaminado, em percentual significativo de casos não se
identifica a via de infecção. Pertence ao gênero Hepacivirus da família Flaviridae, e
seu genoma é constituído por uma fita simples de RNA. Há uma grande variedade
na seqüência genômica do VHC. Os diferentes genótipos foram reunidos em seis
grupos principais e vários subtipos, por Simmonds e colaboradores. Há uma
distribuição geográfica diferenciada em relação aos genótipos do VHC. No Brasil, os
mais freqüentes são: 1, 2 e 3.
Existem formas de prevenção da doença, tais como triagem em bancos de
sangue e centrais de doação de sêmen para garantir a distribuição de material
biológico não infectado; triagem de doadores de órgãos sólidos como coração,
fígado, pulmão e rim; triagem de doadores de córnea ou pele; cumprimento das
práticas de controle de infecção em hospitais, laboratórios, consultórios dentários,
serviços de hemodiálise; tratamento dos indivíduos infectados, quando indicado;
abstinência ou diminuição do uso de álcool, não exposição a outras substâncias
tóxicas ao fígado, como determinados medicamentos, etc.
O teste para detecção de anti-HCV se tornou obrigatório na triagem
sorológica dos bancos de sangue brasileiros em novembro de 1993. Faculta-se aos
serviços de hemoterapia a realização de testes confirmatórios ou complementares,
mas é de responsabilidade destes a convocação e orientação do doador com
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resultados de exames alterados e o seu encaminhamento a serviços assistenciais,
para confirmação do diagnóstico e orientação terapêutica.
O tratamento da Hepatite C visa deter a progressão da doença hepática pela
inibição da replicação viral. A redução da atividade inflamatória costuma impedir a
evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular, havendo também melhora na
qualidade de vida dos pacientes. A precocidade do diagnóstico permite tratar
pacientes ainda assintomáticos, impedindo que evoluam para fases sintomáticas da
doença hepática, de controle mais difícil.
As hepatites podem infectar qualquer pessoa, independente da idade, do
sexo e da condição social. Por ser uma doença inflamatória do fígado que
compromete suas funções e pode levar à morte, será sempre melhor preveni-la. A
prevenção caminha a par e passo com o conhecimento. Pesquisas revelam que
grande parte da população desconhece seu estado de portador e, portanto, se
constitui num elo de transmissão do vírus da Hepatite B (VHB) e do vírus da
Hepatite C (HCV). O que ajuda o ciclo de transmissão das infecções.
Importante salientar que o risco sanitário é uma realidade com a qual se deve
aprender a lidar. Embora não seja possível eliminar todos os riscos sanitários da
vida, em geral, é muito importante estar alerta a eles. As pessoas se expõem ao
risco sanitário quando consomem medicamentos ou produtos de higiene e limpeza,
quando utilizam serviços de saúde ou frequentam salões de beleza, quando
trabalham em ambientes enfumaçados, etc. A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) NADAV/DIMCB/ANVISA 2009, considera risco sanitário a
probabilidade que os produtos e serviços têm de causar efeitos prejudiciais à saúde
das pessoas e coletividades.
Este estudo, numa amostra de 70 (setenta) indivíduos, tem como finalidade
mostrar qual o conhecimento, atitude e prática das manicures e pedicures sobre a
Hepatite B e C, em vários estabelecimentos de estética e com diferentes
profissionais, no Recanto das Emas, no Distrito Federal.
13
1.1. Profissão de Manicure
Foi sancionada em 18/01/12, a Lei 12.592, que reconhece, em todo o território
nacional, o exercício das atividades profissionais de cabeleireiro, barbeiro,
esteticista, manicure, pedicure, depilador e maquiador e determina que esses
profissionais obedeçam às normas sanitárias, efetuando a esterilização de materiais
e utensílios utilizados no atendimento a seus clientes.
Como medida preventiva à contaminação pelo vírus da Hepatite e outros
vírus, nos serviços de embelezamento e estética, a ANVISA e as Vigilâncias
Sanitárias de estados e municípios elaboraram referências técnicas, que podem ser
adotadas em todo o país. A referência técnica NADAV/DIMCB/ANVISA 2009 serve
como parâmetro que orienta a inspeção sanitária e serve como estratégia para levar
os cuidados de saúde ao mercado da beleza.
Embora, as referências técnicas não sejam documentos com valor legal, elas
contêm recomendações acerca das estruturas físicas, dos materiais utilizados, dos
procedimentos e dos recursos humanos e visam proteger os clientes de infecção por
vírus, pois detalham o tratamento que os salões de beleza devem dar aos materiais
de uso individual e único, aos descartáveis, e aos que são utilizados por diversos
clientes, além de definir quais podem ser higienizados com limpezas feitas apenas
com produtos químicos e aqueles nos quais a esterilização é necessária.
Essas normas levam em consideração o Código de Proteção e Defesa do
Consumidor (Lei Federal nº. 8.078/90), que estabelece que a proteção da saúde e
segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de serviços é
um dos direitos básicos do consumidor; consideram a necessidade de prevenção e
redução dos riscos à saúde aos quais ficam expostas as pessoas que freqüentam os
serviços de estética e embelezamento; consideram que os procedimentos invasivos
(aqueles que provocam o rompimento das barreiras naturais ou penetram em
cavidades do organismo) expõem os trabalhadores e usuários ao risco de infecções
(HIV, VHB e VHC, dentre outros) e consideram que as ações e serviços de saúde
são de relevância pública, estando sujeitos à regulamentação, fiscalização e controle
pelo Poder Público, nos termos do art. 197, da Constituição da República.
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1.2. Esterilização
Os salões de beleza, como dito acima, são considerados estabelecimentos de
interesse da saúde, e por isso, muitas vezes, representam riscos a quem os
frequenta. A principal preocupação é com a esterilização e o descarte de
instrumentos, já que ainda não é hábito de toda brasileira levar seu próprio
instrumentário ao salão.
A Lei 12592/12 é a primeira lei federal que traz, de forma expressa, a
obrigatoriedade de procedimentos como esterilização de materiais e utensílios
utilizados no atendimento aos clientes de salões de beleza e abre caminho para que
sejam feitas novas ações de proteção à saúde do trabalhador de salões de beleza e
dos próprios clientes.
A referência técnica da Anvisa para o funcionamento dos serviços de estética
e embelezamento sem responsabilidade médica esclarece como deve ser o manejo
de instrumentos usados em salões de beleza, de modo a prevenir riscos à saúde
dos clientes (como a contaminação por doenças infecciosas), dentre os quais,
destacamos:
• Toalhas e lençóis são artigos de uso único, devendo ser trocados a cada
cliente e devidamente lavados.
• Lixas para unhas e pés, espátulas de madeira e lâminas são instrumentos
descartáveis e não podem ser reutilizados nem reprocessados, pois isso
representa risco potencial à saúde.
• Alicates, pinças, afastadores e tesouras devem ser esterilizados após o uso.
A esterilização é o processo físico, químico ou físico-químico que elimina
todas as formas de vida microbiana. Deve ser precedida pela limpeza,
realizada com água e sabão ou detergente, de forma manual ou automática,
para remover sujidades visíveis, e pela desinfecção, processo físico ou
químico que elimina a maioria dos micro-organismos patogênicos dos objetos.
Após a esterilização, os instrumentos devem ser conservados em local limpo
e protegido. É obrigatório o uso de invólucros adequados, com etiqueta
informando a data em que foi realizado o procedimento.
• Trabalhadores em salões de beleza devem receber Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) — óculos, máscaras, luvas e jalecos — de acordo
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com as funções exercidas.
• Profissionais que realizam procedimentos com materiais perfurocortantes
devem ser vacinados contra Hepatite B e tétano.
• Todos os produtos devem estar dentro do prazo de validade.
• Equipamentos e instrumentos devem ser disponibilizados em quantidade
suficiente para atender a demanda do estabelecimento, respeitando os
prazos de limpeza, desinfecção e esterilização.
• Produtos que devem ser mantidos sob refrigeração devem ser guardados em
refrigeradores específicos, com termômetro e registro diário de temperatura,
não podendo dividir espaço com alimentos.
O site do Ministério da Saúde elenca medidas simples de biossegurança:
•
Lavar bem as mãos com água e sabão líquido, antes e depois de atender cada
cliente;
•
Usar luvas descartáveis para cada cliente e trocá-las a cada atendimento;
•
Usar materiais descartáveis: lixa para unhas e pés, palitos, protetores de
plástico para cubas e bacias. Desprezar os materiais descartáveis em
recipientes resistentes à perfuração e com tampa;
•
Usar toalhas individuais para cada cliente. As toalhas descartáveis devem ser
desprezadas após o uso. As de tecido devem ser lavadas e embaladas em
saco plástico individual e guardadas em local limpo, seco e arejado até serem
usadas novamente. Retirar a toalha da embalagem plástica na frente do
cliente;
•
Esterilizar seus instrumentos em autoclaves ou estufas: a esterilização é o
processo que elimina todos os tipos de vírus, bactérias e fungos;
•
Utilizando uma luva de borracha, lavar bacias e cubas com água e sabão
líquido ou detergente após o término do atendimento de cada cliente;
•
Manter os móveis limpos. A desinfecção do mobiliário deve ser feita com
álcool 70%, após o atendimento de cada cliente;
•
O ideal é que cada pessoa tenha seu kit. Estimular os clientes a levarem seus
próprios instrumentos.
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A esterilização é um processo que, quando realizado corretamente, elimina
todos os tipos de vírus, bactérias e fungos.
Estufa (calor seco) – é um processo simples, mas que exige cuidados
especiais, como manter a livre circulação de ar por toda a estufa e entre as caixas
de alumínio ou aço inoxidável. É necessário observar rigorosamente o tempo de
exposição e a temperatura. Os instrumentos precisam permanecer durante uma
hora a 170ºC ou duas horas a 160ºC. A estufa deve possuir, além do termostato
(botão do equipamento que registra a temperatura), um termômetro externo. A porta
da estufa não poderá ser aberta durante o processo de esterilização e, quando isso
ocorrer, todo o processo deve ser reiniciado.
Autoclave (vapor saturado sob pressão) – é o processo de esterilização
mais seguro, eficiente e rápido, porque, uma vez iniciado, o ciclo não pode ser
interrompido. As recomendações quanto a tempo, temperatura e pressão deverão
ser seguidas, de acordo com o manual técnico do equipamento. A autoclavagem é
um processo físico de esterilização que acontece por ação de vapor saturado sob
pressão (calor úmido), bastante utilizado em laboratórios de pesquisa e em
hospitais.
Porém, a autoclave é um equipamento caro e nem sempre disponível, por
isso, uma alternativa com o mesmo princípio da esterilização por autoclave, eficiente
e simples, que pode ser realizada até em domicílio é o uso de panela de pressão.
Para essa técnica, são necessários os seguintes materiais:
•
Uma panela de pressão de 4 litros ou mais
•
Cesta de metal ou suporte improvisado (latas cortada para ficar com 6 cm de
altura, e com fundo perfurado com orifícios de 0,3 cm de diâmetro).
•
500 ml de água
•
Fogão
•
Material a ser esterilizado
A panela deve ser previamente lavada com água, sabão ou detergente, e
esponja. Os artigos que requerem o mesmo tempo de esterilização devem ser
acondicionados e identificados, conforme quadro abaixo. Coloca-se a água, em
17
seguida o suporte no interior da panela. Entre o suporte e a água deve-se deixar no
mínimo 3 cm. Coloca-se então, o material sobre o suporte. O material deve ser
disposto de modo a facilitar a circulação do vapor, utilizando-se no máximo 85% da
superfície do suporte. Fecha-se a panela (a borracha deve ter boa vedação), que
deverá ser posta sobre a chama intensa até a saída de jato de vapor contínuo.
Então, diminui-se a intensidade do fogo e começa-se a marcar o início e o fim do
tempo de esterilização – 30 minutos. Ao final do período, desligar o fogo e esperar o
desaparecimento da pressão da panela. Retirar a válvula e manter a panela fechada
por 10 minutos aguardando a secagem fechada. Entreabrir a panela por outros 10
minutos para completar a secagem. Retirar o material, colocar sobre uma superfície
seca, não metálica, para evitar a condensação do vapor. Anotar a data da
esterilização e a data limite de validade do pacote. Estocar de preferência em
armário
fechado,
em
ambiente
limpo
e
seco
e
de
acesso
restrito.
NADAV/DIMCB/ANVISA 2009.
Tempo mínimo de exposição (em minutos) para esterilização pelo vapor, segundo a temperatura:
Artigos hospitalares / Acondicionamento
Autoclave
Vácuo
Alto vácuo
(gravidade) 121º C
132º C
132º C
INSTRUMENTOS METÁLICOS
30’
15’
4’
- em bandejas metálicas, embrulhadas em campo de
algodão cru (duplo);
30’
15’
4’
- envolvidos individualmente em compressas ou
campo simples, embrulhados em campo duplo.
2 – JUSTIFICATIVA
Os salões de beleza são considerados estabelecimentos de interesse da
saúde. O ambiente de trabalho dos profissionais de estética, como outros cenários
de trabalho, oferecem riscos à saúde. Daí a necessidade de educação do
trabalhador, numa visão prevencionista e a importância das normas de
biossegurança.
Existe potencial risco de transmissão do vírus das Hepatites B e C em
estabelecimentos especializados em estética, se houver incidências de acidentes
perfuro-cortantes com instrumentos compartilhados (lixas de unha, bacias, lâminas
18
de barbear, alicates, tesouras, etc.), e como afirmar se estes estão totalmente
limpos, desinfetados e esterilizados?
Até o momento, a questão da transmissão foi pouco estudada em salões de
beleza e barbearias. É nesse sentido que a pesquisa se torna necessária para a
coleta de dados que possa aprimorar e definir novas estratégias para ações de
prevenção e controle desse agravo. Essa pesquisa será direcionada para um maior
e melhor conhecimento, que as profissionais manicures tem sobre a doença
Hepatite e suas atitudes para evitar a contaminação no salão de beleza que ela
trabalha.
3 – OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Conhecer o nível de conhecimento, atitudes e práticas sobre a Hepatite B e C
por profissionais de beleza.
3.2. Objetivos Específicos
1. Verificar
se
as
manicures
e/ou
pedicures
adotam
normas
de
biossegurança na sua rotina de trabalho;
2. Conhecer o nível de informação que as manicures e/ou pedicures
possuem sobre as vias de transmissão e prevenção das hepatites B e C;
3. Avaliar o grau de percepção de risco à exposição acidental a agentes
infecciosos;
4. Verificar o tipo de esterilização executada nos salões;
5. Estudar os resultados em função do tempo de profissão nas manicures
e/ou pedicures.
19
4 – QUESTÕES NORTEADORAS
1. Qual o nível de informação sobre essas infecções?
2. Há risco potencial de se adquirir as Hepatites B e C nos estabelecimentos de
estética e embelezamento da RA do Recanto das Emas /DF?
5 – HIPÓTESE
Se os salões de beleza são considerados estabelecimentos de interesse da
saúde, existe um potencial risco de se adquirir Hepatites B e C se for identificada a
incidência dos fatores:
1. Baixo nível de conhecimento dos indivíduos que oferecem o serviço de
manicure e pedicure sobre o vírus VHB e VHC e sua transmissão;
2. Desconhecimento dos indivíduos que oferecem o serviço de manicure e
pedicure sobre sua condição vacinal ou condição vacinal incompleta, para o
VHB (a dose recomendada pelo MS é de três doses para obtenção da
soroconversão);
3. Baixo nível de conhecimento dos indivíduos que oferecem o serviço de
manicure e pedicure sobre procedimentos técnicos adequados que evitem a
transmissão das Hepatites B e C, no caso de acidentes perfuro-cortantes;
6 – METODOLOGIA
6.1. Delineamento do Estudo
Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, descritivo, exploratório, do
tipo inquérito epidemiológico populacional, do tipo PCAP que visa acompanhar a
evolução de indicadores na população brasileira que retratam a incorporação de
medidas e estratégias de prevenção e de praticas de risco relacionadas às doenças
Hepatites B e C. Será utilizada uma ficha de registro contendo um questionário do
20
tipo misto com questões fechadas sobre seus conhecimentos sobre os vírus VHB e
VHC, meios de transmissão e prevenção, e seu estado vacinal.
6.2. Local do Estudo
O estudo será realizado na Região Administrativa do Recanto das Emas/DF.
O Recanto das Emas foi criado, por meio da Lei 510/93, em 28 de julho de
1993 (data do aniversário da cidade), para assentar 86 mil habitantes. A população
ultrapassa 160 mil habitantes.
A cidade, com área territorial de 101,48 Km2, fica a 25,8 km do Plano Piloto.
6.3. População e Amostra
O estudo será realizado a partir de coleta de dados em uma população de 70
(setenta) salões de beleza que executam procedimentos de manicure e pedicure.
6.3.1. Critérios de Inclusão
Ser manicure, trabalhar em um salão de beleza, e ser maior de 18 anos.
6.3.2. Critérios de Exclusão
Ser manicure e se recusar a participar da pesquisa.
7 – COLETA DE DADOS
Questionário com questões fechadas (anexo 3);
21
O questionário utilizado nesta pesquisa é do tipo PCAP foi modular, contendo
as
seguintes
seções:
condições
sócio
demográficas;
conhecimento
sobre
transmissão da Hepatite B e C; atitudes de prevenção; prática usada pelas
manicures para evitar passar a doença; Fatores de risco que ela já se submeteu.
Coleta de dados ocorreu de forma aleatória em salões em salões da Cidade
Recanto das Emas/DF.
Trabalho de campo - O trabalho de campo foi realizado entre Outubro/2012 a
Fevereiro/2013.
8 – ANÁLISE DOS DADOS
Os dados obtidos foram submetidos ao programa STATICAL PACKAGE FOR
SCIENCES (SPSS) que é uma ferramenta de informática que permite realizar
cálculos estatísticos complexos e visualizar em poucos segundos os resultados
(PEREIRA, 2006).
O SPSS é utilizado por diversas áreas cientificas como: saúde, tecnologias,
economia, direito, ciências sociais entre outras. A maior vantagem de se utilizar tal
programa consiste em poder analisar
dados quantitativos de muitas formas
diferentes com grande rapidez
Serão atribuídos três intervalos para o conhecimento: Inadequado (<70%),
Adequado (70 a 89%) e Muito Bom (>90%).
9 – ASPECTOS ÉTICOS
O presente faz parte do projeto maior conhecimento atitudes e práticas pelas
manicures e pedicures do DF o estudo foi submetido à apreciação do Comitê de
22
Ética e Pesquisa da Universidade FEPECS, parecer Nº 320/2012 e aprovado, sob
protocolo do projeto Nº 311/2012.
10 – RESULTADOS
Das 70 manicures que constituíram a amostra desta investigação, todas eram
do sexo feminino, com idade variando entre 18 e 61 anos de idade; e tempo de
serviço variando de1 ano a mais de 10 anos de profissão em que trabalham em 70
salões de beleza da cidade do Recanto das Emas/DF.
Quero registrar que o grau maior de dificuldade encontrado nesta pesquisa foi
o fator idade das manicures, pois a maioria dos salões que visitei, encontrei menores
de dezoito anos exercendo esta profissão, no entanto para alcançar a o numero de
70 questionários respondido, visitei mais o mesmo 150 salões para concluir este
resultado. Registro ainda que fiz entrevista com uma manicure de 13 anos de idade
que me chamou a atenção, e seu questionário se encontra no ( anexo 5) desta
pesquisa.
Das entrevistadas 53 (75%) trabalham em salões de beleza do bairro, 14 (20%)
em casa, 01 (1,4%) em salão de beleza em shopping, 02 (3%) prestam serviços de
porta em porta e 01 (1,4%) não responderam.
23
TABELA 1. Características Sócias Demográficas da População Estudada.
CARACTERISTICAS
Sexo Feminino
Idade em anos
Idade 10-20
Idade 21-30
Idade 31-40
Idade 41-50
Idade 51-60
Idade 61-70
Estado civil
Solteiro
Casado
União Estável
Viúva
Separada
Cor
Branco
Negro
Mulato
Amarelo
Não respondido
Escolaridade
Ensino Fundamental Incompleto
Ensino Fundamental completo
Ensino Médio Incompleto
Ensino Médio completo
Ensino Superior Incompleto
Ensino Superior completo
Pós-Graduação
Curso de Manicure
Fez curso formal (sim)
Fez curso formal (não)
Curso formal - Não Respondido
Renda 1 salário mínimo
Renda 2 a 5 salários mínimos
Renda – Não respondido
Tempo de trabalho – 1 ano
Tempo de trabalho – 2 a 5 anos
Tempo de trabalho – 6 a 9 anos
Tempo de trabalho – >10 anos
Tempo de trabalho – não respondido
NÚMERO
f(%)
70
100 %
6
17
19
16
11
1
8,6%
24,3%
27,1%
22,9%
15,7%
1,4%
17
27
15
03
8
24,3%
38,6%
21,4%
4,3%
11,4%
27
15
12
15
1
38,6%
21,4%
17,1%
21,4%
1,4%
22
16
10
16
1
4
1
31,4%
22,9%
14,3%
22,9%
1,4%
5,7%
1,4%
10
41
19
24
45
1
8
36
16
8
1
14,3%
58,6%
27,1%
34,3%
64,3%
1,4%
11,4%
51,4%
22,9%
11,4%
2,9%
A maioria das entrevistadas tem entre 20 a 50 anos como podemos observar
na tabela acima. Quanto à escolaridade, podemos destacar que a maioria, 21(30%),
tem o ensino fundamental incompleto. Outro dado quanto ao conhecimento é que a
maioria, 41(58,6%), não tem curso formal.
24
O tempo de profissão para 08 (11,4%)% delas é de 1 ano enquanto 36 (51,4%)
já são manicures entre 2 e 5 anos; das entrevistadas 16 (22,9%) delas têm entre 6 a
9 anos de trabalho como manicure; 08(11,4%) delas mais de 10 anos e apenas 01
(2,9%) não responderam.
TABELA 2 - Conhecimentos das manicures sobre hepatite.
CONHECIMENTO
Sabe o que é Hepatite B
NÚMERO
f(%)
Sim
46
65,7%
Não
23
32,9%
1
1,4%
Sim
34
48,6%
Não
35
50,0%
Não Respondido
01
1,4%
Hepatite B
4
5,7%
Hepatite C
30
42,9%
6
8,6%
29
41,4%
1
1,4%
1
1,4%
Fígado
44
62,9%
Não sabe
12
17,1%
Vários órgãos
10
14,3%
Outros
1
1,4%
Não respondido
2
2,8%
9
9,7%
Não Respondido
Sabe o que é Hepatite C
Qual é a mais grave
Não há diferença
Não sabe
Não Responderam
A hepatite ataca
Coração
O que a pessoa sente quando está com Hepatite
Cansaço
25
Perda de peso
9
9,7%
Intestino
1
1,1%
Dor muscular
5
5,4%
13
14,0%
Outros
2
2,2%
Urina escura
7
7,5%
47
50,5%
1
1,4%
Sexual
26
37,1%
Contato de Pessoa a Pessoa
19
27,1%
Contato com Sangue
16
22,9%
Contato com fluidos orgânicos
1
1,4%
Não sabem
7
10,0%
Doença do coração
5
4,6%
Doença de pele
6
5,6%
Cirrose hepática
40
37,0%
3
2,8%
34
31,5%
7
6,5%
13
12,0%
Sim
29
41,4%
Não
2
2,9%
38
54,3%
1
1,4%
14
20,0%
Falta de Apetite
Coloração amarela
Como pega Hepatite
Água
A hepatite com o tempo leva a
Transplante de rim
Câncer de fígado
Mal-estar
Não sei
Existe vacina para evitar pegar a hepatite B
Não Sei
Não respondido
Existe vacina para evitar pegar a hepatite C
Sim
26
Não
6
8,6%
49
70,0%
1
1,4%
Quem usa droga
3
4,3%
Profissionais de saúde
2
2,9%
Quem faz sexo sem camisinha
6
8,6%
49
70,0%
Portadores de doença crônica
1
1,4%
Não sabe
9
12,9%
Quem pratica sexo sem preservativo
19
27,1%
Recém-nascidos de mãe portadores
7
10,0%
30
42,9%
Profissionais de saúde
4
05,7%
Usuários de drogas
8
11,4%
Outros
2
2,9%
Não sei
Não respondido
Quem deve tomar a vacina para Hepatite:
Todas as pessoas
Quem apresenta riscos para adquirir o vírus da
hepatite B e C
Contato com material de uso pessoal (barbeadores)
Quanto aos conhecimentos, podemos destacar que a maioria das entrevistadas
diz conhecer a Hepatite B, 46(65,7%), enquanto quanto a Hepatite C a maioria não
conhece 35 (50%). Em contrapartida, mesmo dizendo não conhecer a Hepatite C 30
das entrevistadas (42,9%) acham que ela é mais grave, e também podemos citar
que 29 das entrevistadas (41,4%) não sabem qual das 2 é a mais grave.
Quanto a que órgãos a Hepatite ataca, 44 (62,9%) disseram que ataca o
fígado. Quanto a como se pega a Hepatite, a maioria acha que se pega através de
relações sexuais, 26(37,1%). Em relação a se existe vacina contra Hepatite B e C,
para ambos os casos, observamos que a maioria não sabe, 38(54,3%) para Hepatite
B e 49(70%) para Hepatite C. Outro dado importante é que para 30 das
entrevistadas (42,9%) quem apresenta risco de adquirir o vírus das hepatites é quem
tem contato com material de uso pessoal.
27
TABELA 3 - Atitudes tomadas pelas manicures para evitar transmitir a doença
para as suas clientes.
ATITUDES
Como você evita pegar hepatite B e C
No
f(%)
Evitar partilhar objetos pessoais
21
29,6%
Cuidados com tatuagens e piercing
11
15,5%
Usa preservativo
23
32,4%
Toma vacina contra hepatite B
8
11,3%
Nunca compartilhar agulhas ou seringas
2
2,8%
Não sabe
4
5,6%
Outros
2
2,8%
Esteriliza o material com água e sabão
5
6,8%
Lava os materiais com água e sabão
2
2,7%
Orienta os clientes a levar seu próprio
material
35
47,9%
Joga fora o esmalte usado pela cliente que
sangrou
2
2,7%
28
38,4%
1
1,4%
5
7,1%
Coloca o material após o uso direto na estufa
57
81,4%
Coloca o material de molho na água sanitária
7
10,0%
Não respondido
1
1,4%
2
2,9%
62
88,6%
Coloca na autoclave
1
1,4%
Coloca no molho em solução química
4
5,7%
No seu trabalho como você faz para
prevenir a transmissão da doença:
Lava o material com solução química
Não sabe
Como você limpa o material:
Lava os materiais com água e sabão
Você esteriliza o material em:
Ferve em panela normal
Coloca na estufa
28
Não respondido
1
1,4%
15 minutos
13
18,6%
30 minutos
24
34,3%
40 minutos
17
24,3%
1 hora
8
11,4%
Outros
1
1,4%
Não respondido
7
10,0%
30 minutos
5
7,1%
1 hora
2
2,9%
Outros
7
10,0%
56
80,0%
15 minutos
2
2,9%
30 minutos
2
2,9%
Outros
6
8,6%
60
85,7%
15 minutos
4
5,7%
30 minutos
2
2,9%
40 minutos
1
1,4%
Outros
7
10,0%
57
80,0%
Quanto tempo você coloca na estufa:
Quanto tempo você coloca no autoclave:
Não respondido
Quanto tempo você coloca na panela de
pressão para ferver
Não respondido
Quanto tempo você coloca a panela para
ferver:
Não respondido
Em relação às atitudes, destacamos em primeiro lugar, que para como se
evita pegar as hepatites, 23 entrevistadas (32,4%) responderam que é usando
preservativo, seguido de evitar partilhar objetos pessoais, com 21 pessoas (29,6%).
29
Para prevenção no ambiente de trabalho, a grande maioria respondeu que
orienta os clientes a levar seu próprio material, 35 (47,9%), seguido de lavar o
material com solução química, com 28 entrevistadas (38,4%).
Quanto aos procedimentos com os materiais, destacamos que 57 das
entrevistadas (81,4%) limpam os materiais colocando-os na estufa após o uso.
Quanto a esterilização, 62 (88,6%) das entrevistadas colocam na estufa e deixam
por 30 minutos para 24 entrevistadas (34,3%).
TABELA 4 - Práticas realizadas pelas manicures para evitar contrair
Hepatite em seu ambiente de trabalho.
PRATICA
Em caso de sangramento o que você faz:
Cobre com um algodão com acetona
No
f(%)
8
10,8%
Joga pó cicatrizante
55
74,3%
Cobre com algodão
4
5,4%
Coloca pedra ume
7
9,5%
Sempre
4
5,7%
Às vezes
6
8,6%
59
84,3%
1
1,4%
Sempre
34
48,6%
Às vezes
18
25,7%
Nunca
17
24,3%
1
1,4%
Sempre
5
7,1%
Às vezes
13
18,6%
Você usa luvas para fazer as unhas de suas
clientes:
Nunca
Não respondido
Você usa o material do salão para fazer sua
própria unha:
Não respondido
Você lava os materiais usando luva:
30
Nunca
50
71,4%
2
2,9%
Sim
20
28,6%
Não
45
64,3%
5
7,1%
Sim
10
14,3%
Não
55
78,6%
5
7,1%
Não respondido
Já sofreu algum acidente com material de
trabalho:
Não respondido
Já sofreu algum acidente de trabalho que te
levou o contato com o sangue de uma cliente:
Não respondido
Quanto às práticas, em caso de sangramento a maioria joga pó cicatrizante
55(74,3%). 59 das entrevistadas (84,3%) nunca usam luvas para fazer as unhas das
clientes. Quanto ao uso dos materiais, 34 entrevistadas (48,6%) dizem que sempre
usam o material do salão para fazer a própria unha e 50 entrevistadas (71,4%)
nunca lavam o material usando luvas. A maioria das entrevistadas, 45(64,3%) não
sofreu acidente com material de trabalho e 55(78,6%) não sofreram acidentes que
levaram ao contato com sangue do cliente.
TABELA 5 – Fatores de Risco.
FATORES DE RISCO
Alguém que mora na sua casa já teve
hepatite:
Sim
No
7
10,0%
Não
27
38,6%
Não lembra
35
50,0%
1
1,4%
Marido
2
28,6%
Crianças
2
28,6%
Não respondido
f(%)
Se sim, quem:
31
Irmão
3
42,8%
Sim
2
2,9%
Não
65
92,9%
3
4,3%
Antes 1993
1
50,0%
Após 1994
1
50,0%
Sim
25
35,7%
Não
45
64,3%
Sim
20
28,6%
Não
50
71,4%
Sim
8
11,4%
Não
61
87,1%
1
1,4%
Sim
34
48,6%
Não
36
51,4%
Menos de 6 meses
51
72,9%
Mais de 6 meses
12
17,1%
Não respondido
7
10,0%
Sim
15
21,4%
Não
45
64,3%
Já recebeu transfusão
Não respondido
Sua transfusão foi
Fez cirurgia
Tem tatuagem
Tem piercing
Não respondido
Já compartilhou material cortante de higiene
pessoal
Já teve relação sexual desprotegida
Já contraiu alguma
transmissível
doença
sexualmente
32
Não Sei
10
14,3%
Sim
2
2,9%
Não
56
80,0%
Não sei
12
17,1%
69
98,6%
1
1,4%
Usou injeções com fortificantes
Já realizou algum reparo odontológico
Sim
Não sei
Quanto aos fatores de risco, 35 (50%) das entrevistadas não lembram se
alguém em sua casa teve hepatite. 25 (35,7%) das entrevistadas já fizeram cirurgia;
20 (28,6%) têm tatuagem e 8 (11,4%) têm piercing. Mas 34 (48,6%) afirmam ter
compartilhado material cortante de higiene pessoal como barbeador. Do total 12
(17,1%) tiveram relação desprotegida há mais de 06 meses; 51 (72,9%) há menos
de 06 meses e 15 (21,4%) já contraíram alguma DST.
O estudo demonstrou que 2(2,9%) da população entrevistada tomaram
injeções de fortificantes (seringa de vidro); 69(98,6%) das entrevistadas já
realizaram algum reparo odontológico.
33
11- DISCUSSÃO
Os resultados mostram que 70 (100%) das entrevistadas são do sexo feminino, e
que 14 (20%) trabalham em casa, segundo Pereira, 2008, tal cenário reflete uma
proporção
de
mulheres
na
informalidade,
desprotegidas
de
qualquer
regulamentação que lhes garanta importantes direitos sociais, como carteira de
trabalho assinada e licença – maternidade, compatível com a pesquisa executada
das manicures no mercado informal de Belém.
Com relação à Escolaridade das manicures nota-se um predomínio de 22 (31,4%),
daquelas que possuem nível médio incompleto, percebe-se, então, que a
escolaridade é um fator preponderante para a escolha da atividade, tal achado é
compatível com o encontrado nas pesquisas feitas em Belém por Pereira, 2008.
Quanto à qualificação profissional 41 (58,6%) das entrevistadas não realizaram
nenhum curso de capacitação para ser manicure, segundo Garbaccio et al, 2013,
nos salões de beleza, o risco potencial da transmissão cruzada de microrganismos
entre manicures, pedicures e clientes é potencializado pela pouca qualificação e
capacitação destes profissionais para as medidas de biossegurança.
Quanto ao conhecimento sobre hepatite B, 46 (65,7%) sabem o que é hepatite B,
quanto a Hepatite C, 34 (48,6%) afirmam saber do que se trata, mas 35 (50%) não
sabem.
No que diz respeito à forma mais grave da Hepatite, se é a B ou a C, 4 (5,7%)
responderam ser a Hepatite B e outros 30 (42,9%) responderam ser a Hepatite C,
mais uma vez observamos a falta de conhecimento pela maioria das manicures.
Segundo as entrevistadas, o órgão mais acometido pela hepatite é o fígado, com 44
(62,9%), o que também revela um conhecimento inadequado.
É muito relevante notar na pergunta o que a pessoa sente quando está com hepatite
47 (50,5%), as entrevistadas responderam alteração da coloração da pele, este é
um conhecimento do senso comum e também nos mostra a falta de informação
34
sobre a doença para a maioria das entrevistadas. Segundo trabalho feito por Gildo
Junior, 2005, os principais sintomas são: astenia, dor abdominal. Os sinais mais
observados foram palidez cutâneo-mucosa, eritema palmar e telangiectasia.
Quanto ao conhecimento como pega hepatite a via sexual foi apontada por , 26
(37,1%), sendo que 19 (27,1%) relataram que a transmissão se dá por contato de
pessoa a pessoa e apenas 16 (22,9%) respondem que pegam hepatite em contato
com o sangue. Tal achado é compatível com o trabalho feito por Gildo Junior no
Amazonas em 2005.
Segundo Miyazaki, 2005 para a hepatite C foi apontoada a principal forma de
transmissão as drogas endovenosas, seguidos por relações sexuais, hemodiálise e
perinatal.
De acordo com Ferreira, 2000, a infecção persistente pode resultar em cirrose,
insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular. Dentre as complicações existentes
as mais evidenciadas pela amostra estudada foi à cirrose hepática com 40 (37%),
seguida do câncer de fígado com
34 (31,5%) das respostas como a pergunta
possuía as duas alternativas podemos inferir que as mesmas manicures marcaram
cirrose hepática também marcaram câncer de fígado.
Sobre a imunização, segundo Strauss, 2000, não há vacina protetora até o momento
para a Hepatite C. Segundo as entrevistadas, para hepatite B 29 (41,4%), afirmam
que existe e para Hepatite C 49 (70%) não sabem, mas 14 (20%) afirmam que existe
vacina. Sobre quem deve tomar a vacina para hepatite 49 (70%) afirmam que todas
as pessoas.
Segundo as entrevistadas quem apresenta maior risco para contrair a hepatite são
as pessoas que partilham objetos de uso pessoal como barbeadores, escovas de
dente, alicates de unha sem esterilização com 30 (42,9%), e 19 (27,1%) atribuem o
risco a quem pratica sexo sem uso de preservativo. O artigo de Lúcia Maia, 2011,
apresenta outros riscos como drogas injetáveis e pela via vertical (de mãe para filho)
35
Quanto a atitudes em relação às Hepatites B e C, os resultados deste estudo foram
classificados como inadequados, pois a prevalência das respostas não atingiu o
patamar de 70 a 89%. Podemos verificar que a maioria das entrevistadas acha que
para se evitar a Hepatite B e C deve-se usar preservativos 23 (32,4%), seguido de
evitar partilhar objetos pessoais com 21(29,6%). Nota-se que poucas pessoas
sabem sobre a vacina quanto à hepatite B.
Na pergunta como evitar a transmissão da hepatite no trabalho a grande maioria
35(47,9%) acha que a melhor forma seria os próprios clientes trazerem seus
materiais, seguido de lavar o material em solução química. Aqui novamente
podemos observar que as entrevistadas não tem conhecimento sobre a doença e
principalmente sobre como evitar a transmissão da mesma.
As manicures
entrevistadas orientam os clientes a trazer seus próprios materiais.
Apenas 21 (29,6%) das entrevistadas afirmaram evitar partilhar objetos pessoais,
aparelhos de barbear, escova de dente, brinco e cortadores de unhas; 23(32,4%)
afirmaram usar preservativos. como forma de evitar pegar hepatite.
Quanto a prevenção, 35(47,9%) orientam o cliente a levar seu material, mas não há
aqui, como afirmar a aderência da clientela – esse é o tipo de saber que pode ser
passado de pessoa para pessoa.
Segundo as entrevistadas, 57 (81,4%) afirmaram limpar o material colocando direto
na estufa e 62 (88,6%) esterilizam na estufa, mas apenas 24(34,3%) o fazem por um
período
de
30
minutos.
Segundo
as
normas
da
ANVISA
(ANVISA)
NADAV/DIMCB/ANVISA 2009, os instrumentos precisam permanecer durante uma
hora a 170ºC ou duas horas a 160ºC
Somente 5 (7,1%) apenas, afirmam lavar o material com água e sabão. Schunck,
2009, responsável por pesquisa feita no município de São Paulo, na qual observou,
por 1000 horas, o trabalho de 100 manicures/pedólogos, constatou que embora as
entrevistadas afirmem ter alguns cuidados no ofício, sequer lavam as mãos entre um
e outro atendimento. Segundo a pesquisadora, a esterilização também não é
adequada, muitas vezes por não se conhecer o procedimento.
36
Entretanto, um inquérito sorológico para hepatites B e C em manicures e pedicures
do Município de Uruguaiana/RS (Mezzomo, 2011), revelou que embora os
resultados apontassem baixa prevalência da hepatite B entre as profissionais, as
participantes do estudo demonstraram estar muito conscientes quanto aos meios de
prevenção que devem ser utilizados para proteger a própria saúde e a de suas
clientes.
Nas questões relativas às práticas sobre as Hepatites B e C, 55 (74,3%) colocam pó
cicatrizante sobre o ferimento e nenhuma entrevistada admitiu colocar o dedo direto
no ferimento; 59 (84,3%) não usam luvas para atender suas clientes. 34 (48,6%)
admitem usar instrumentário dos salões para fazer a própria unha. 55 (78,6%)
negam entrar em contato com o sangue de cliente machucada. Não entrar em
contato com o sangue da cliente que foi machucada é adequado, mas não
suficiente.
Das entrevistadas, 46 (65,7%) responderam que já tomaram vacina para Hepatite
enquanto 7 (10%) responderam que não tomaram. Citamos também que 16
entrevistadas (22,9%) responderam que não sabem se tomaram vacina ou não.
“A possibilidade do VHB resistir em superfícies e objetos na temperatura ambiente
por um período de até sete dias e a sobrevivência em artigos usados por manicures
e pedicures não reprocessados corretamente aumentam a chance de infecção pelo
VHB e também pelo VHC, apresentando potencial risco de transmissão diretamente
proporcional à freqüência do contato com sangue contaminado” (Garbaccio, 2013).
Não se analisou neste trabalho, as normas de biossegurança, a estrutura física dos
salões de beleza – sob a perspectiva dos parâmetros da Referência Técnica para o
Funcionamento dos Serviços de Estética e Embelezamento sem responsabilidade
médica, da ANVISA, NADAV/DIMCB/ANVISA 2009. Mas não se pôde deixar de
notar que nenhum dos estabelecimentos entrevistados segue tais normas.
Verificou-se nas pesquisas que os salões de beleza funcionam normalmente em
parte do lote onde reside a proprietária do estabelecimento. Não há preocupação
com extintores de incêndio, aventais, equipamentos de proteção individual (EPI),
37
lixeiras em quantidade, nem salas reservadas para esterilização apartadas de
copas.
O ambiente de trabalho desses profissionais oferecem riscos à saúde. É nesse
sentido que se pode afirmar que há indícios de potencial risco de transmissão do
vírus das Hepatites B e C nesse tipo de estabelecimento, pelas incidências de
acidentes perfurocortantes com instrumentos compartilhados (lixas de unha, bacias,
lâminas
de
barbear,
alicates,
tesouras,
etc.).
Os
dados
apontam
para
conhecimentos, atitudes e práticas inadequadas sobre as Hepatites B e C nos
salões de beleza do Recanto das Emas/DF.
38
CONCLUSÃO
Através desta pesquisa feita em 70 salões de beleza da Cidade Recanto das
Emas – DF pode-se observar que manicures e pedicures atuam em salões de
beleza e como autônomas, pois podem trabalhar em suas próprias casas, fazendo
pequenas adaptações em algum dos cômodos para receber os clientes, ou em
domicílio, se deslocando até a casa dos clientes para realizar sua atividade.
Verifiquei através da análise dos dados e das discussões, que as
entrevistadas tem pouco conhecimento das Hepatites B e C, além de não
conhecerem as características e formas de transmissão da doença. Isto se deve ao
pouco grau de estudo e falta de cursos profissionalizantes. Como a maioria das
entrevistadas trabalha em casa ou em salões pequenos, não tem acesso a práticas
modernas e higiênicas para prevenção de qualquer tipo de doença, incluindo a
Hepatite.
Porém, verificou-se que tanto o grau de conhecimento, como as atitudes e
práticas em relação à hepatite B e C são de pouco conhecimento. Como nem
sempre se exige profissionalização da categoria, as questões teóricas sobre a
profissão deixam a desejar. Não há noção específica do risco que correm em
contrair patologias, tampouco há preocupação no uso de equipamentos de
segurança individual. Não há diferenciação clara entre equipamentos de uso
individual e único, descartáveis e os que podem ser utilizados por diversos clientes.
Também não há diferenciação entre os que podem ser higienizados com limpezas
feitas apenas com produtos químicos e aqueles nos quais a esterilização é
necessária.
A hepatite viral é um problema de saúde pública com significativo nível de
morbidade e mortalidade. Verificamos que as manicures e pedicures do Recanto das
Emas desconhece a possibilidade de vir a ser portadora e ser um elo importante na
transmissão do vírus da Hepatite B e C. Por isso, o estudo da incidência de
hepatites virais tem tanta relevância: se não há como documentar o número de
indivíduos atingidos e conseqüentemente, potenciais multiplicadores da doença;
tem, ao menos, a oportunidade de verificar e orientar para observação do cartão de
vacinas; pode alertar para as medidas de biossegurança com relação às doenças; e
39
por fim, pode promover informação, tornando as participantes do estudo coresponsáveis pela promoção da saúde e pela multiplicação do conhecimento.
Diante
dos
resultados
encontrados
nesta
pesquisa,
percebe-se
à
necessidade de estratégias para a mudança de hábito e costumes dessas
profissionais. O fortalecimento da autonomia das profissionais como essência do
processo educativo, além de considerar os saberes e opiniões, deve congregar os
contextos das vulnerabilidades ambientais, sociais, culturais.
Porém necessita de articulação com a SES – DF por meio de subsecretaria
de atenção primária a luz do processo similar a integração dos profissionais
manicure e pedicure, para capacitar na atualização dos cuidados com saúde de
forma permanente.
40
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42
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Lúcia
Silva,
2011,
Transmissão
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http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/processamento_artigos.pdf.
NADAV/DIMCB/ANVISA 2009.
43
ANEXOS
Anexo 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE
SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA À SAÚDE
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
GERÊNCIA DE DST/AIDS
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa intitulada:
CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA, DAS HEPATITES B & C POR
MANICURES E PEDICURES NO RECANTO DAS EMAS/DF. Este estudo pretende
verificar o conhecimento e o comportamento, incluindo a condição vacinal, dos
profissionais dos salões de beleza do Recanto das Emas/DF, que oferecem serviços
de manicure e pedicure, sobre as Hepatites B e C. Essa pesquisa deverá fornecer
informações importantes para a avaliação e monitoramento das políticas de saúde
para Hepatites B e C.
A participação nesse estudo não acarretará nenhuma despesa a mim, pois
será custeado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e Universidade Católica
de Brasília (UCB). Tenho total liberdade de me recusar a participar ou de retirar meu
consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização e prejuízo algum.
O meu nome e o do estabelecimento em que trabalho não aparecerão no
questionário e nem no resultado da pesquisa.
Declaro que fui informado e devidamente esclarecido sobre o projeto de
pesquisa, elaborado pela graduanda Gustava Batista da Silva Bispo, validado pela
Profª Maria Liz, orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), do curso de
enfermagem da Universidade Católica de Brasília (UCB), localizada na QS 07 Lote
01 - EPCT, Águas Claras - Taguatinga/DF. Telefone: (61) 3356-9052.
44
Nome: ______________________________________________________________
RG: ____________________________ DN _____/_____/_____ Sexo † M † F
Endereço: ___________________________________________________________
Cidade: _______________________________ Telefone: _____________________
Recanto das Emas, ____/____/____._____________________________________
Assinatura do Participante
Declaração do Pesquisador
Declaro, para fins da realização da pesquisa, que cumprirei todas as exigências
acima, na qual obtive, de forma apropriada e voluntária, o consentimento livre e esclarecido
do participante acima, qualificado para a pesquisa.
Recanto das Emas, ___/___/___. ___________________________________
Gustava Batista da Silva Bispo
Anexo 2 – TERMO DE CONCORDÂNCIA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE
SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA À SAÚDE
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
GERÊNCIA DE DST/AIDS
PROJETO DE PESQUISA: CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA, DAS
HEPATITES B & C POR MANICURES E PEDICURES NO RECANTO DAS
EMAS/DF, 2012.
TERMO DE CONCORDÂNCIA TERMO DE CONCORDÂNCIA
45
A Gerência de DST/AIDS do Distrito Federal, bem como as demais
coordenações de DST e AIDS do país, está implantando o "CONHECIMENTO,
ATITUDES E PRÁTICAS DAS MANICURES/PEDICURES SOBRE AS HEPATITES
B & C, NOS SALÕES DE BELEZA, RECANTO DAS EMAS/DF, 2012 ", conforme
orientação do Programa Nacional de DST e AIDS. Este estudo visa ao
monitoramento do conhecimento das manicures sobre a transmissão das Hepatites
B e C.
Precisaremos de informações de 70 (setenta) manicures. As informações que
serão coletadas estão no questionário. Esse estudo é coordenado pela
pesquisadora Maria Liz Cunha de Oliveira, chefe do Núcleo de Prevenção da
GEDST/AIDS do Distrito Federal e é sua responsabilidade o fornecimento de
qualquer esclarecimento antes, durante e após a pesquisa. As informações
resultantes serão sigilosas, os resultados para os usuários potenciais do estudo
serão apresentados na forma de relatórios parciais, sumários executivos e relatório
final.
A instituição pode tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora
ou a qualquer momento por e-mail ([email protected]), por telefone
(33221590) ou por meio de correspondência no seguinte endereço: Gerência de
DST/AIDS, SGAN 601, Conj. P, LACEN, Setor DIVEP, sala 06 – Asa Norte, CEP:
70830-10.
Se a instituição estiver de acordo com esse termo, participará da pesquisa
fornecendo autorização para a revisão dos documentos citados neste termo e a
realização das entrevistas às manicures.
Eu, ___________________________________________________________, dono
do estabelecimento comercial ________________________________________,
declaro ter entendido os esclarecimentos a mim prestados e concordo em incluir o
salão no estudo, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria
de Estado de Saúde do Distrito Federal – CEP – SES/DF.
Recanto das Emas, ___/___/___. _______________________________________
Assinatura do Proprietário
46
ANEXO 3 – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
47
48
49
50
ANEXO – 4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADO
51
52
53
54
Anexo - 5 PARECER N° 320/2012
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