Variabilidade em caracteres de vida na espécie Drosophila

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55º Congresso Brasileiro de Genética
Resumos do 55º Congresso Brasileiro de Genética • 30 de agosto a 02 de setembro de 2009
Centro de Convenções do Hotel Monte Real Resort • Águas de Lindóia • SP • Brasil
www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2
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Variabilidade em caracteres de vida na espécie
Drosophila meridionalis (Diptera, Drosophilidae)
relacionada aos cactos hospedeiros
Santos, CG1; Mateus, RP2,3; Sene, FM2; Manfrin, MH1,2
Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, 2Departamento de Biologia, FFCLRP/USP, Ribeirão Preto-SP.
Laboratório de Genética e Evolução, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO,
Guarapuava-PR.
[email protected]
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Palavras-chave: Drosophila meridionalis, Drosophila cactofílica, viabilidade, tempo de desenvolvimento, planta hospedeira
A associação inseto-planta é um importante sistema modelo para estudar as bases genéticas e ecológicas da
adaptação e divergência populacional, pois as plantas hospedeiras constituem um fator ambiental imediato,
podendo afetar o desenvolvimento dos indivíduos. A maioria das espécies do gênero Drosophila utiliza tecidos
vegetais em decomposição como sítio de desenvolvimento larval. O sistema cacto-levedura-Drosophila constitui um
excelente modelo para investigar o papel evolutivo da utilização de planta hospedeira no processo de diversificação
biológica. Drosophila meridionalis (complexo meridiana, subgrupo mulleri, grupo repleta) é uma espécie cactófila,
tendo sido documentada sua associação com os cactos Opuntia ficus-indica, O. vulgaris, O. monacantha, Cereus
fernambucensis, C. peruvianus e C. hildmaniannus. Nesse estudo foi investigado, através de ANOVA, o efeito de duas
plantas hospedeiras sobre características de história de vida (TD - tempo de desenvolvimento e VL - viabilidade
larval) de linhagens da espécie D. meridionalis provenientes de áreas onde somente um ou dois gêneros de
cactos ocorriam (Opuntia e Cereus). Larvas de 1º instar recém-eclodidas foram transferidas para meio de cultura
seminatural preparado com tecidos fermentados de O. monacantha e C. hildmannianus. Considerando todas as
linhagens, as diferenças na VL não foram significativas no componente ambiente (cacto) e na interação genótipo/
ambiente (linhagem/cacto), mas foram no componente genético (linhagens). Porém, houve diminuição significativa
da VL no cacto Cereus quando uma linhagem de Barra da Lagoa foi excluída da análise. Linhagens provenientes
de populações onde ocorre somente o cacto Cereus, e de populações onde os dois cactos ocorrem em simpatria,
apresentaram viabilidade nos dois cactos. Contudo, linhagens de populações onde somente o cacto Opuntia
ocorre apresentaram viabilidade zero no ambiente Cereus. Diferenças em TD foram significativas em relação ao
componente genético (linhagens), ao componente ambiente (cacto), e também em relação à origem populacional
das linhagens (região com Cereus, Opuntia, ou Cereus e Opuntia), mas não em relação ao sexo. Linhagens de regiões
com o cacto Opuntia e com os dois cactos em simpatria tiveram um tempo de desenvolvimento maior que as
linhagens de regiões com apenas Cereus. No geral, o tempo de desenvolvimento em Opuntia foi maior que em
Cereus. Os dados sugerem a existência de certa variabilidade genética na espécie D. meridionalis para os caracteres
de vida VL e TD quanto ao ajuste nos dois tipos de cactos. Linhagens de populações que na natureza só entraram
em contato com o cacto Opuntia são intolerantes ao cacto Cereus, sugerindo que esse ambiente é altamente
estressante para essas moscas. Por outro lado, linhagens de populações que na natureza entraram em contato
com Cereus se desenvolveram nos dois cactos. Nesse sentido, a distribuição e a composição química das plantas
hospedeiras podem estar envolvidas na diferenciação das populações da espécie D. meridionalis.
Apoio Financeiro: PPG Biologia Comparada, CAPES, CNPq, FINEP, FAPESP e USP
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