Origens da Mecânica Quântica Química Quântica Profa. Dra. Carla Dalmolin § A quantização da energia § Dualidade partícula-onda § Princípio da Incerteza Origens da Mecânica Quântica ¤ A partir de 1900 ¤ Radiação do corpo negro – equações desenvolvidas com a mecânica clássica falham ao descrever radiações com menores comprimentos de onda ¤ Medidas da Capacidade calorífica em sólidos em temperaturas muito baixas mostraram desvios dos valores esperados ¤ Espectros atômicos e moleculares: emissões de energias com comprimentos de onda definidos A mecânica clássica falha ao analisar transferências de quantidades muito pequenas de energia ou o movimento de corpos com massa muito pequena. Radiação do Corpo Negro ¤ Medida da radiação emitida por um corpo quente ¤ Corpo Negro: emite e absorve uniformemente em todos os comprimentos de onda Radiação do Corpo Negro Mecânica Clássica ¤ Considera a energia emitida como uma soma osciladores com todas as frequências possíveis 8π ρ (λ,T ) = 4 kT λ ¤ Com o aumento de T, todos os osciladores são excitados. ¤ Quando λè0; Eè∞ Plank - 1900 ¤ Ajuste matemático aos dados experimentais ¤ Ao invés de integrar as energias emitidas, usou a somatória infinita de valores múltiplos e discretos proporcionais à ν (frequência) E = nhν ¤ Primeira suposição da quantização da energia ¤ h (constante de Plank) = 6,62608.10-34 J.s ¤ n (números inteiro) = 1, 2, 3, ... ¤ Curva experimental concorda com os resultados teóricos para quanquer valor de ν Início da Teoria Quântica Distribuição de Plank 8π ρ (λ,T ) = 4 kT λ λ → 0; ρ → ∞ ρ (λ,T ) = 8π hc 5 ( λ e hc λ kT ) −1 Distribuição de Plank ρ (λ,T ) = ¤ Para comprimentos de onda curtos 8π hc ( λ5 e hc λ kT ¤ ρ tende a zero nas frequências elevadas ) −1 hc hc >> 1 e e λkT → ∞ portanto ρ → 0 λ kT ¤ Para comprimentos de onda grandes ¤ A equação se aproxima da Lei de Rayleigh-Jeans hc " % hc hc hc λ kT << 1 e e −1 = $1+ +... ' −1 ≈ # λ kT & λ kT λ kT ¤ A área da curva não é infinita e passa por um máximo ∞ ∫ ρ dλ = 0 ∞ ∫ 0 8π hc 5 ( λ e hc λ kT ) −1 dλ = aT 4 com a = 8π 5k 4 15 ( hc) 3 Quantização da Energia ¤ Duas aplicações bem sucedidas: ¤ Efeito Fotoelétrico ¤ Capacidade térmica de sólidos a baixa temperatura ¤ Reinterpretação de antigos problemas: ¤ Espectros atômicos O Efeito Fotoelétrico ¤ Emissão de elétrons por metais expostos à radiação UV ¤ Não há emissão se a frequência da radiação absorvida for menor que um determinado valor, característico de cada metal ¤ A energia cinética dos elétrons emitidos aumenta linearmente com a frequência da radiação incidente, mas é independente da intensidade da mesma ¤ Mesmo a baixas intensidades de radiação incidente, os elétrons são emitidos imediatamente depois da exposição, desde que a frequência esteja acima da mínima específica para o metal em estudo A Proposta de Einstein ¤ Característica corpuscular da luz ¤ No efeito fotoelétrico, a luz se comporta como partículas de energia hν, chamadas quanta ¤ Todas as grandezas experimentais envolvidas no efeito fotoelétrico dependem da frequência E foton = hν = E0 + Ek E0 = função trabalho: energia necessária para arrancar um elétron da superfície metálica. Depende do tipo do metal e da sua orientação Ek = energia cinética do elétron emitido Exemplo ¤ A função trabalho do Al é 4,2 eV. Se luz com comprimento de onda de 2000 Å incidir sobre essa superfície, quais serão a energia cinética dos fotoelétrons ejetados e a frequência de corte para essa superfície? Dados: E0 = 4,2 eV Efoton = hν = hc/λ; com λ= 2000 Å Energia cinética: diferença entre a energia dos fóton e a função trabalho Frequência de corte: frequência relacionada ao mínimo de energia que o feixe de fótons deve ter para emitir um elétron. E0 = hν0 Efeito Fotoelétrico Capacidades Caloríficas Mecânica Clássica ¤ Lei de Dulong e Petit: para todos os sólidos monoatômicos: " ∂U m % -1 -1 CV ,m = $ ' = 25 J.K mol # ∂T &V ¤ Princípio da equipartição: a energia do átomo que oscila em torno da sua posição média no sólido é kT para cada direção do deslocamento ¤ Energia interna de 1 mol de átomos: U m = 3N A kT = 3RT " ∂U m % -1 -1 CV ,m = $ ' = 3R = 24,9 J.K mol # ∂T &V Capacidades Caloríficas cal.mol/K Capacidades Caloríficas Próximo a T = 0 ¤ Desvios da Lei de Dulong e Petit ¤ Explicação de Einstein: os átomos oscilam numa frequência ν, e as energias de cada oscilação estão confinadas a valores de h.ν ¤ A baixas temperaturas, o número de osciladores que possuem energia para oscilar é pequeno, e o sólido comporta-se como se tivesse menos átomos que tem na realidade. Espectros Atômicos ¤ Registro da intensidade da luz emitida por um átomo ou molécula em função da frequência ou comprimento de onda. ¤ Observação de que a luz é emitida em conjuntos de frequências específicas, típicas para cada átomo A energia emitida ou absorvida por átomos também é quantizada Transições Espectroscópicas ¤ Quando um átomo absorve luz em frequências específicas, passa para um estado de energia mais excitado. ¤ Quando um átomo emite luz, ele perde energia e passa para um estado menos excitado ¤ Essas transições espectroscópicas só podem ocorrer quando a diferença de energia entre os estados obedece a condição de frequência de Bohr: ΔE = hν O Átomo de Bohr ¤ Bohr usou a teoria quântica para explicar o movimento dos elétrons em torno do núcleo ¤ As diferenças de energia nas transições espectroscópicas estariam relacionadas com os diferentes níveis de energia e o momento angular do elétron ¤ O momento angular do elétron é quantizado em h termos de = 2π de Broglie - 1924 ¤ Difração de elétrons ¤ Comportamento ondulatório ¤ Relacionou o momento linear de uma partícula com a frequência de uma onda ¤ Válida quando λ/a ≈ 1 h λ= p Exemplo ¤ Estime o comprimento de onda de elétrons acelerados por uma diferença de potencial de 40 kV a partir do repouso. ¤ Para usar a relação de de Broglie, é necessário calcular o momento linear, sendo que: p2 Ek = ; e V = eΔφ 2m ¤ Depois da aceleração, a energia adquirida está na forma de energia cinética (consideramos que toda energia potencial foi transformada em energia cinética) 1 p2 = eΔφ ⇒ p = ( 2meΔφ ) 2 2m λ= h h = = 6,1.10 −12 m 1 p ( 2meΔφ ) 2 Exemplo ¤ Calcule, utilizando a relação de de Broglie, qual seria a diferença de potencial utilizada em um experimento de difração de elétrons em um cristal metálico. ¤ Considere a distância interplanar do metal como 1Å ¤ Para a relação de de Broglie: λ a ≈ 1; então λ = 1A h p = = 6, 6.10 −24 kg.m/s λ p2 Ek = = 2, 4.10 −17 J ou 149, 2V 2m Exercício Proposto ¤ Calcule o comprimento de onda de: ¤ Um nêutron com Ek = kT a 300K ¤ Do seu corpo numa velocidade de 10 m/s ¤ Interprete / Discuta os resultados encontrados Princípio da Complementariedade ¤ Os modelos ondulatórios e corpusculares são complementares ¤ Se uma medida prova o caráter ondulatório da radiação, é impossível usar a mesma medida para provar o caráter corpuscular ¤ O modelo a ser utilizado é determinado pelo experimento físico realizado O Princípio da Incerteza ¤ 1927 – Heisenberg: Teoria Matricial ¤ Pacote de ondas: combinação linear de várias funções de onda que correspondem a diferentes momentos lineares ¤ Tentativa de compatibilizar a trajetória do elétron com seu comportamento ondulatório ∞ Quanto maior o número de funções de onda no pacote de ondas, mais precisa é a localização da partícula O Princípio da Incerteza ¤ Quando a localização da partícula é conhecida, seu momento será imprevisível ¤ Aplicado para medidas simultâneas de posição e momento ΔpΔx ≥ Δp = 2 {p 2 − p 2 } 1 2 e Δx = {x 2 − x 2 } 1 ¤ Numa medida física, o observador e o sistema observado interagem entre si, destruindo aquilo que existia anteriormente. 2 Exemplo ¤ A velocidade de um projétil de massa 1,0 g é conhecida com uma precisão de 1 μm.s-1. Calcule a incerteza mínima na posição do projétil. ¤ Estima-se Δp por m.Δv, em que Δv é a incerteza na velocidade ¤ Estima-se a incerteza na posição pela relação ΔpΔx = 2 1, 055.10 −34 J.s −26 Δx = = = 5.10 m −3 −6 -1 2mΔv 2.(1, 0.10 kg)(1.10 m.s ) ¤ Para objetos macroscópicos, a incerteza é desprezível ¤ Utilize os mesmos valores para calcular a incerteza na posição de um elétron (m = 9,109.10-31 kg) ¤ R.: 60 m Exercício Proposto ¤ Estime a incerteza mínima na velocidade de um elétron numa região unidimensional de comprimento 2a0: ¤ Raio de Bohr; a0 = 5,291.10-11 m R.: 547 km.s-1 Consequências ¤ Mecânica Clássica ¤ Mecânica Quântica ¤ Conhecendo as variáveis dinâmicas de um sistema, é possível prever seu passado, presente e futuro ¤ Aceitação do Princípio da Incerteza ¤ Não é possível conhecer todo o conjunto de variáveis dinâmicas de um sistema ¤ Realidade objetiva: independente do observador ¤ Não é possível determinar a evolução temporal de um sistema microscópico ¤ Determinismo (Newton) ¤ A realidade objetiva é abandonada para se trabalhar com o conceito de probabilidade 1927 – Moderna Teoria Quântica