Disciplina: Química Geral I Quantização: O fracasso da Física Clássica Por Maron Stanley Silva Oliveira Gomes1 Isaac Newton expôs no século XVII as leis da mecânica clássica, que apresentam grande sucesso na explicação do movimento de partículas grandes. No século XIX, começaram a surgir evidências do fracasso da mecânica clássica, pois esta era falha na explicação do movimento de partículas pequenas. Mostrarei agora alguns fatos que evidenciam as falhas desta mecânica dentro desta nova perspectiva. Um dos fatos que caracteriza o fracasso da Física clássica é a radiação do corpo negro, um corpo capaz de emitir e de absorver uniformemente todas as freqüências da radiação. A teoria da radiação do corpo negro foi desenvolvida por uma série de cientistas, Wilhelm Wiem, Josef Stefan, Rudwing Stefan e outros. A explicação da radiação do corpo negro era um desafio no século XIX, porém o Físico Lorde Rayleigh deu uma explicação baseado nas teorias da Física clássica, mas infelizmente sua explicação só servia para comprimentos de onda grandes, e fracassava vergonhosamente nos comprimentos de onda curtos. Seus resultados para comprimentos de onda curtos eram absurdos, uma vez que mostravam grande radiação nas regiões de alta freqüência do espectro e garantiam que corpos frios deveriam irradiar nas regiões do visível e do ultravioleta e assim deveriam brilhar no escuro, ou seja, não existiria escuridão. Este episódio é conhecido como a catástrofe do ultravioleta. Outro fato que a mecânica clássica não consegue explicar é o efeito fotoelétrico, mas antes de mostrar o porquê do erro tratarei um pouco sobre este efeito. O efeito fotoelétrico é baseado na emissão de elétrons por metais expostos a radiação, Atkins mostra algumas características deste efeito, que são mostradas a seguir: 1. Não há emissão de elétrons, qualquer que seja a intensidade da radiação, a menos que a freqüência desta radiação seja mais elevada que um certo valor, o limiar de freqüência, característico do metal. 2. A energia cinética dos elétrons emitidos cresce linearmente com a freqüência da radiação incidente, mas é independente da intensidade desta radiação. 3. Mesmo em intensidades muitos baixas da luz incidente, os elétrons são emitidos imediatamente depois da iluminação, desde que a freqüência seja superior ao limiar de freqüência. O efeito fotoelétrico não pode ser explicado à luz da Física clássica, que apresenta um fracasso total, por dois principais problemas: 1. A teoria ondulatória implica que o módulo do vetor elétrico oscilante E de uma onda luminosa aumenta quando a intensidade do feixe de luz é aumentada. Como a força exercida pelo feixe incidente sobre o elétron é dada por eE, isto sugere que a energia cinética dos fotoelétrons deveria também aumentar quando o feixe de luz for mais intenso. 2. De acordo com a teoria ondulatória, o efeito fotoelétrico deveria ocorrer para qualquer freqüência da luz incidente, desde que esta fosse suficientemente intensa para fornecer a energia necessária para ejetar os fotoelétrons. Entretanto existe para cada superfície uma 1 Professor do Instituto Federal do Piauí, Campus Picos. Email: [email protected] Disciplina: Química Geral I freqüência característica ν0. Para freqüências menores do que ν0 o efeito fotoelétrico não ocorre, qualquer que seja a intensidade de iluminação. Uma descoberta que possibilitou um maior entendimento do efeito fotoelétrico foi o caráter dual da radiação eletromagnética, ou seja, ora se comporta como onda, ora como partícula (fótons). Baseado nesta descoberta o físico francês Louis de Broglie sugeriu que qualquer partícula, não apenas os fótons, deslocando-se com um momento linear p tem um comprimento de onda dado pela relação de de Broglie: ℎ λ= ݉ݒ onde h é a constante de Planck. Este caráter dual mostrado pela matéria e pela radiação recebe o nome de dualidade onda-particula, que atinge o coração da Física clássica, que por sua vez encara ondas e partícula como entidades separadas. A falência da Física clássica no tratamento de corpos pequenos é um indicio de que seus conceitos fundamentais eram falsos, assim uma nova mecânica foi imaginada para substituí-la: a mecânica quântica. A mecânica quântica absorve o conceito de dualidade onda-particula. A onda que na mecânica quântica substitui o conceito clássico de trajetória é a função de onda, ψ (psi). O cientista Erwin Shrödinger sugeriu uma equação para determinar uma função de onda de qualquer sistema, esta equação é chamada de equação de Shrödinger, independente do tempo, e é mostrada abaixo: Ĥψ(x) = Eψ(x) Onde Ĥ é o operador hamiltoniano. As funções de onda desta equação devem satisfazer as condições de continuidade, para que sejam aceitas, esta condição estabelece que em um intervalo determinado a função deve ser continua, finita e unívoca. Foram apresentadas neste texto algumas características e conceitos importantes para a compreensão inicial da mecânica quântica, que vai muito além do que foi mostrado.