Boletim Epidemiológico de Exantemáticas 2016Julho

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Ano,2016 nº01
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
DOENÇAS EXANTEMÁTICAS
Desafios para Manutenção da Vigilância Ativa das Doenças
Exantemáticas (sarampo e rubéola) na Bahia
No tocante às doenças imunopreveníveis, o sarampo teve a sua transmissão endêmica interrompida no Brasil desde o ano 2000. A Região das Américas está livre da circulação do vírus endêmico do
sarampo, porém vem recebendo casos importados de outras regiões do mundo onde a doença mantém
comportamento epidêmico, a exemplo da Europa. A circulação do sarampo se mantém endêmica na África, Ásia e Oceania. Em 2016 já foram confirmados 27 casos de sarampo na região das Américas,
sendo 7 no Canadá e 19 em USA.
No Brasil, o último surto de sarampo ocorreu no estado do Ceará, persistindo a circulação viral
por 20 meses, tendo sido interrompida a cadeia de transmissão em julho de 2015. Atualmente o país
se encontra na fase de sustentabilidade do processo de certificação da eliminação endêmica do vírus
do sarampo, sendo necessária, nessa fase, a intensificação do monitoramento da doença. Até a semana epidemiológica 23 de 2016 foram notificados, no Brasil, 973 casos suspeitos de sarampo e rubéola.
A Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) declarou a eliminação da rubéola e da síndrome
da rubéola congênita nas Américas, em abril de 2015, não havendo mais evidência de transmissão
endêmica dessas doenças nessa região, nos últimos cinco anos.
Na Bahia os maiores desafios na fase de sustentabilidade do processo de certificação da eliminação endêmica do vírus do sarampo se referem à melhoria da sensibilidade do sistema de notificação
para captação dos casos suspeitos; a melhoria da qualidade da vigilância, com a garantia da oportunidade das ações de investigação, coleta e
Figura 1 - Casos notificados e descartados de doenças
bloqueio vacinal; além da manutenção de eleexantemáticas por semana epidemiológica, Bahia, 2016.
vadas e homogêneas coberturas vacinais.
Exant Not
Exant Desc
A análise do sistema de notificação aponta fragilidades associadas ao não cumpri3
mento do fluxo de notificação semanal nega3
2
2
2
1
1
tiva (not-neg), bem como à subnotificação
2 0
0
1
do Sinan. Em 2016 foram notificados, até a
4
0
3 1 1 3 3 3
3 3
3
1 1 1
3
semana epidemiológica 23 no Sinan, 14 casos 2
0
2 2
0
1 1
1
1 1 1
1
0
0 0
0
suspeitos de sarampo e 26 casos suspeitos
1
2
3
4
5
6
7
8
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
de rubéola, totalizando apenas 40 casos
Semana Epidemiológica
(52,5% descartados por laboratório). No
Boletim de Notificação Semanal (MS) há Fonte: SINAN - DIVEP/SUVISA
registro inferior ao Sinan, totalizando 23
casos de doenças exantemáticas (8 casos de sarampo e 15 de rubéola). Nesse período apenas 52,27%
das unidades notificantes implantadas cumpriram o fluxo de notificação semanal oportuna (not-neg).
EXPEDIENTE
Equipe Editorial: Adriana Dourado* e Aldacy Andrade*
Colaboradores: Elizene Farias**; Jaciara Evangelista*; Marisa Melo*** e Felicidade Mota***
Revisão: Ramon Saavedra*
* Divep/Suvisa/Sesab; ** Unime; *** Lacen/Suvisa/Sesab
CEI/COVEDI— COORDENAÇÃO DE IMUNIZAÇÕES E VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS
Tel:/Fax (71) 3116-0041
E-mail: - [email protected] - Site: www.vigilanciaemsaude.ba.gov.br
Avaliação do Sistema de Notificação das Doenças Exantemáticas na Bahia
Figura 2 - Tendência de evolução da taxa de notificação de doenças
exantemáticas (sarampo e rubéola) no Estado da Bahia,
no período de 2007 a 2016*.
Chama atenção, na Bahia, a tendência de
redução da taxa de notificação de doenças
exantemáticas (DE) nos últimos 10 anos, passando de 21,3/100.000 hab. em 2007, para
1,5 casos/100.000 habitantes em 2015, abaixo da meta mínima estabelecida pela OPAS; e
0,2 casos /100.000 hab. em 2016, até a semana epidemiológica 23 (variação percentual
negativa de 98,8%). A taxa média de notificação no período foi de 6,67 casos/ 100.000
habitantes, com média de 958 casos (DP:
900,48). Vale ressaltar que nesse período o
estado registrou o último surto de rubéola
em 2007.
A tendência decrescente da taxa de notificação reflete a diminuição da sensibilidade
do sistema de notificação para captação de
casos suspeitos de DE .
Essa constatação foi ratificada pelos resultados de busca ativa realizada pelo GT Exantemáticas/Divep junto ao Laboratório Central do Estado (Lacen), em junho de 2016,
sendo revisadas 52 fichas de encaminhamento de amostras laboratoriais para pesquisa de
IgM e IgG para sarampo e rubéola, (período
de janeiro a junho de 2016) e 1.077 fichas de
encaminhamento de amostras para pesquisa
de Dengue, Zika vírus ou Chikungunya.
(amostragem de fichas de maio a junho de
2016).
Através dessa busca, a partir da análise do
registro de sinais e sintomas clínicos compatíveis com os critérios de suspeição para sarampo (febre+ exantema+ tosse e/ou coriza
e/ou conjuntivite) e rubéola (febre+ exantema e linfoadenopatia) foram identificados 46
novos casos suspeitos de sarampo e 23 novos
casos suspeitos de rubéola.
25,0
21,3
20,0
15,0
13,7
Meta Mínima
2 casos/100.000 hab
10,0
7,7
6,9
5,0
5,0
4,3
3,0
1,5
0,2
0,0
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Fonte: Sinan - Divep/Suvisa - IBGE - Datasus
Nota: *Dados preliminares até a SE 23
que se encontram silenciosos ou com notificação
negativa em 2016, por mais de oito semanas consecutivas.
A figura 3 sintetiza a situação crítica da evolução
da taxa de notificação, com a elevação gradativa do
número de municípios silenciosos na última década,
chegando, em 2016, a concentrar 94,48% dos municípios do Estado nos estratos 1 e 2 (taxa abaixo de
2), ou seja, abaixo da meta mínima de notificação.
Essa situação é considerada de alto risco para ocorrência de surto de sarampo e rubéola associado
a casos importados, visto que o sistema encontrase atualmente muito pouco sensível à captação e
notificação de sarampo e rubéola. Ao considerar o
cenário atual de elevada incidência de Zika e Chikungunya, não se pode perder a oportunidade para
a notificação e diagnóstico diferencial dos casos
que se apresentarem compatíveis com sarampo e
rubéola, especialmente considerando a possibilidade de reintrodução viral por ocasião das Olimpíadas.
Figura 3 - Evolução da taxa de notificação de doenças
exantemáticas na Bahia, no período de 2007 a 2015.
A inclusão desses casos novos no Sinan representará incremento da taxa de notificação de 97,14%, passando de 0,2 casos/100.000 hab., para 0,5 casos/100.000 hab.
Esses resultados reforçam a necessidade de
incorporação das ações de busca ativa nas
rotinas dos serviços de saúde dos municípios
Página 2
3,2
Fonte: SINAN - DIVEP/SUVISA - IBGE - DATASUS
Desempenho da Notificação por Região de Saúde
Ressalta-se, em 2016, que 88,8% dos Núcleos notificaram menos de 1 caso/100.000
hab. As maiores taxas de notificação em
2016 são observadas nas Bases Operacionais de Teixeira de Freitas (1,7/100.000) e
Ibotirama (1,0/100.000). Encontram-se
silenciosas, em 2016, 60% das Bases Operacionais de Saúde, não tendo notificado
nenhum caso até a SE 23.
Esses resultados refletem a subnotificação de DE no Estado, com elevado
número de municípios silenciosos nessas regiões.
Figura 4 - Evolução da taxa de notificação (meta mínima de 2 casos notificados/100.000
habitantes) de doenças exantemáticas (sarampo e rubéola) por Núcleo Regional de
Saúde do Estado da Bahia, no período de 2007 a 2016*.
Casos notificados/100.000 habitantes
Analisando os dados por região de saúde,
nota-se para 100% dos Núcleos Regionais
de Saúde (NRS), variação percentual negativa da taxa de notificação de doenças exantemáticas no período de 2010 a 2016.
Em 2015 apenas os NRS Extremo Sul e
Norte cumpriram a meta mínima de notificação para esse indicador, alcançando
4,4/100.000 hab e 2,9/100.000 hab., respectivamente.
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Taxa Núcleo Centro Leste
26,4
16,5
7,4
5,9
4,5
5,1
3,0
1,6
0,5
2016
0,1
Taxa Núcleo Centro Norte
31,0
18,2
8,8
4,7
3,1
3,3
2,2
1,9
1,2
0,0
1,0
Taxa Núcleo Extremo Sul
19,7
17,8
16,1
7,2
6,3
7,6
3,8
6,5
4,4
Taxa Núcleo Leste
20,2
10,0
6,5
8,2
5,2
4,5
3,4
3,7
1,2
0,1
Taxa Nucleo Nordeste
7,5
8,8
2,4
5,0
3,4
2,7
2,6
2,9
1,7
0,0
Taxa Núcleo Norte
42,5
35,1
13,0
11,9
9,2
5,5
2,6
5,0
2,9
0,0
Taxa núcleo Sudoeste
20,9
11,6
7,4
3,2
2,7
2,6
1,7
2,1
1,7
0,5
Taxa núcleo Sul
14,7
12,4
7,3
8,5
7,0
4,9
5,4
3,5
1,3
0,1
Taxa Núcleo Oeste
7,7
4,1
5,6
4,0
2,4
1,9
0,9
3,1
0,6
0,6
Fonte: SINAN - DIVEP/SUVISA - IBGE - DATASUS
Nota; * dados preliminares
Cobertura da Vacina Tríplice Viral
Figura 6 - Cobertura da Vacina para Sarampo e Rubéola (1ª
dose Tríplice Viral) por Município do Estado da Bahia, 2015.
Figura 5 - Cobertura Vacinal e Homegeneidade de Cobertura Vacinal para
Sarampo e Rubeóla (1ª Dose Tríplice Viral) no Estado da Bahia, 2007 a 2015.
140,00
120,00
100,00
80,00
%
De acordo com a análise dos dados de cobertura da vacina tríplice viral (TV), percebe-se que à despeito do alcance de elevadas coberturas vacinais até 2014, na Bahia,
os resultados não foram homogêneos entre
os municípios. (Figura 5). O percentual de
municípios com cobertura vacinal adequada
(igual ou superior a 95%) variou de 45,56%
em 2015, a 83,45% em 2009.
60,00
40,00
20,00
0,00
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Homogeneidade
81,06
71,46
83,45
70,74
59,47
55,88
71,94
75,30
45,56
Cobertura
108,2
102,05
108,09
102,97
100,29
97,88
109,17
114,85
90,18
Fonte: SI– PNI/ MS
O pior desempenho do estado se deu em 2015
(90,18%), alcançando resultado inferior à meta de cobertura vacinal estabelecida pela OPAS para eliminação do sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita. Nesse ano apenas 190 (45,56%) municípios alcançaram resultado satisfatório quanto à cobertura vacinal de TV (igual ou superior a 95%). A análise estratificada da cobertura vacinal em 2015 reforça a necessidade de intensificação das ações de controle para redução dos suscetíveis e prevenção de surtos da doença.
Fonte: SI– PNI/ MS
Volume 1, edição 1
Ministério
da Saúde
Página 3
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