1 SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO: A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CAMPO DA EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA Ana Paula Ferreira Miranda1 Victor Miranda Elias2 RESUMO O presente trabalho é fruto do projeto de pesquisa desenvolvido ao longo dos 3° e 4° períodos do curso de Serviço Social, da Faculdade de Serviço Social – Universidade Federal de Juiz de Fora, nas disciplinas de Pesquisa Social I e II, respectivamente, sob a orientação da Professora Doutora Maria Aparecida Tardin Cassab. Intitulado “O Serviço Social na Educação: a atuação do assistente social no campo da educação no município de Juiz de fora”, propõe-se a fomentar a discussão da inserção profissional do assistente social no campo da Educação no município de Juiz de Fora e verificar os limites e possibilidades de atuação nesta política social, baseando-se para tal analise, em documentos do Conselho Federal de Serviço Social, que subsidiam a discussão atual, por legislações municipais, estaduais e federais que prevêem tal inserção, e ainda, aplicando para a coleta de dados uma entrevista semi estruturada junto a assistentes sociais que atuam neste campo de atuação. Esta temática se faz relevante para o Serviço Social, já que ao se debruçar em apreender a realidade do trabalho profissional, pode-se compreender os limites impostos por esta realidade e os antagonismos frente às políticas institucionais e ainda, problematizar as possibilidades de efetivação do projeto profissional hegemônico da profissão, no âmbito educacional. Conclui-se que o movimento de ampliação da inserção de profissionais de Serviço Social neste campo de atuação se dará na mesma medida que o Estado, a sociedade e as instituições de educação ampliam também as perspectivas de compreensão acerca da política de educação. Palavras-chave: Serviço Social na Educação; Política de Educação; Trabalho Profissional. 1 Graduanda do 5° Período do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF. E-mail: [email protected]. 2 Graduando do 5° Período do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF. E-mail: [email protected] 2 1. INTRODUÇÃO A fim de investigar-se como se efetiva a inserção do assistente social na política educacional, nas esferas sócio-ocupacionais públicas e privadas no município de Juiz de Fora, quais as instituições estão inserindo este profissional em seu quadro efetivo, e ainda, quais as contribuições que os assistentes sociais realizam nestes espaços é que propomos a traçar minimamente, um panorama desta realidade atualmente no município. Desenvolvendo discussões acerca do Serviço Social na Educação, instituições de educação no município de Juiz de Fora e o trabalho do assistente social nestas instituições, e também, propondo-se debater a discussão da efetivação do projeto ético-político na esfera educacional e que este item se desenvolve. 2. APARATO CRÍTICO 2.1 O SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO Este trabalho tem como proposição discutir o Serviço Social na Educação, para isso utilizou-se de bibliografias sobre este objeto, a fim de construir elementos necessários para fundamentar os resultados das investigações realizadas com assistentes sociais, nas instituições do município de Juiz de Fora, que atuam com a Política Social de Educação. É necessário para o debate do trabalho do assistente social neste campo, retomar primeiramente a demanda deste profissional na sociedade brasileira, no marco do processo de aprofundamento no capitalismo no Brasil. Para explicitação desta afirmação, Iamamoto afirma que: 3 O Serviço Social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, tendo por pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial e a expansão urbana, processos esses aqui apreendidos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes - a constituição e expansão do proletariado e da burguesia industrial - e das frações de classes que compartilham o poder do Estado em conjunturas históricas especificas. (IAMAMOTO, 2008:77) Além de ser um dever do Estado e direito do cidadão, a Educação dentro de uma sociedade, se constituindo enquanto política social é fundamental na definição da dinâmica social, rebatendo ainda nas expressões da questão social, amenizando ou agravando-a. Como nos demonstra Rizzi, uma população com baixo nível de escolaridade tem dificuldade de se organizar e de exercer seus direitos plenamente: “Uma população escolarizada pode exercer mais plenamente os seus direitos políticos e de cidadania de uma forma geral. Vários estudos comprovam que a escolarização também reduz os indicadores de criminalidade: a conclusão do ensino médio reduz significativamente a probabilidade de o jovem cometer crime contra as pessoas e o patrimônio.” (RIZZI, 2009:2) Entende-se que após a ampliação de número de profissionais neste campo de atuação, com o movimento de ruptura com o conservadorismo, com os acúmulos teórico-metódologicos, ético-políticos e técnico-operativos da profissão, amplia-se também as perspectivas de compreensão acerca da política de educação e do exercício profissional neste espaço. Souza, em sua contribuição sobre os saberes e competências no fazer profissional, no campo da Educação, nos diz o seguinte: Pontua-se que o leque de atuação do exercício profissional é extenso, assim como, as possibilidades de articulação com outras áreas e campos do saber. O campo da política de educação, por exemplo, representa uma atuação mais ampla do Serviço Social – Secretarias de Educação, Conselhos de Educação, escolas – nos diferentes ciclos/níveis de formação, na elaboração, gestão, coordenação de programas e projetos, realização de pesquisas, diagnóstico social, pareceres e outras ações. (SOUZA, 2009: 95) O Serviço Social e sua atuação no campo da Educação não se faz recente. E ainda: A crescente inserção de assistentes sociais na esfera pública e privada expressa a maior visibilidade desse profissional na área de Educação, o que deve ser examinado a partir das contradições inerentes a este movimento, a partir de uma análise teórica e política acerca dos condicionantes 4 macroestruturais, que, em tempos de mundialização do capital, dão formas específicas à Política de Educação em curso hoje no país. (CFESS, 2013:9) Diante do exposto, os questionamentos levantados foram: Qual o cenário vivenciado na contemporaneidade que se faz necessário o trabalho de profissionais como o assistente social junto à Política de Educação e qual a demanda posta a este profissional na realidade do município de Juiz de Fora? E ainda, como este profissional se reconhece enquanto agente de saberes na construção desta política social? 3. ARGUMENTAÇÃO E ANÁLISE 3.1 INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA O município de Juiz de Fora, segundo dados da Prefeitura Municipal, possui 525.225 mil habitantes, considerado uma cidade de porte médio-alto, sendo caracterizada por ser uma cidade universitária, devido às instituições de referência tanto regionais quanto nacionais, possuindo um expressivo número de instituições educacionais de nível técnico, tecnológico e superior. Encontra-se na cidade instituições várias, que acreditamos ser relevante destacá-las. Por meio de um levantamento realizado no site do governo municipal, observa-se uma grande oferta de instituições de formação técnica, tecnológica e superior na cidade, expressa pelo número de 16 instituições encontradas, sendo estas: 5 Quadro 1 INSTITUIÇÕES DE NÍVEL TÉCNICO, TECNOLÓGICO OU SUPERIOR (PÚBLICAS E PRIVADAS): Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Salgado de Oliveira Faculdade Machado Sobrinho Faculdade Vianna Júnior Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora Universidade Estácio de Sá Universidade Presidente Antônio Carlos Faculdade Metodista Granbery FACSUM - Faculdade do Sudeste Mineiro Suprema - Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Instituto Federal de Educação e Tecnologia de Minas Gerais Rede de Ensino Doctum Instituto de Laticínios Cândido Tostes Colégio Pio XII Fonte: www.pjf.mg.gov.br Destas instituições supracitadas, 4 possuem assistentes sociais segundo nosso levantamento, sendo 2 públicas do âmbito federal e 2 privadas. Não foi possível chegar ao levantamento de todas elas, pois optamos por fazer um recorte apenas das instituições que identificamos possuir assistentes sociais, mas foi constatado por contato realizado por telefone, que 7 oferecem bolsas de estudo ou benefícios de financiamento das mensalidades, para alunos que comprovem vulnerabilidade socioeconômica e que não possuem assistentes sociais. 6 Nas instituições de nível fundamental e médio no âmbito municipal, destacamos apenas as que foram possíveis identificar a inserção do profissional de Serviço Social. Esta instituição é o Núcleo Especializado de Atendimento à Criança Escolar –NEACE, que atende a alunos da educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos matriculados na rede municipal de ensino. Possuindo um total de 5 núcleos, destes, apenas 3 possuem assistentes sociais. São estes 5, os seguintes: Quadro 2 INSTITUIÇÕES DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO (PÚBLICAS): Núcleo Especializado de Atendimento à Criança Escolar - NEACE Leste (SNEACE – Leste) Núcleo Especializado de Atendimento à Criança Escolar - NEACE Centro (SNEACE – Centro) Núcleo Especializado de Atendimento à Criança Escolar - NEACE Oeste (SNEACE – Oeste) Núcleo Especializado de Atendimento à Criança Escolar - NEACE Norte (SNEACE – Norte) Núcleo Especializado de Atendimento à Criança Escolar NEACE Sul (SNEACE – Sul) Fonte: www.pjf.mg.gov.br Em nível fundamental e médio de âmbito privado, destacamos alguns dos principais colégios em Juiz de Fora, que estão entre as referências em Educação particular no município, num universo de 8 instituições, 6 possuem assistentes sociais, segundo o levantamento realizado. São estas 8 instituições, as seguintes: 7 Quadro 3 INSTITUIÇÕES DE NÍVEL FUNDAMENTAL E MÉDIO (PRIVADAS) Instituto Metodista Gambery Colégio dos Jesuitas Colégio Cristo Redentor Academia de Comércio Colégio dos Santos Anjos Colégio Nossa Senhora do Carmo Colégio Santa Catarina Colégio Militar de Juiz de Fora Escola Adventista de Juiz de Fora Fonte: www.pjf.mg.gov.br Existem outras instituições educacionais em Juiz de Fora não identificadas na pesquisa, porém, foi possível apontar grande parte delas instituições, e ainda, identificar o panorama no município, no que se refere a este aspecto. Identifica-se que muitas destas instituições oferecem bolsas de estudo, ou financiamento das mensalidades por meio de programas governamentais aos alunos em situação socioeconômica vulnerável. Porém, nem todas possuem um profissional de Serviço Social para execução das análises socioeconômicas junto aos candidatos às políticas educacionais. Segundo normatizações da Lei de Regulamentação da Profissão, no Art° 4 – Constituem competências do Assistente Social, XI: (...) realizar estudo sócio-econômico com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. (CFESS, 2013:29) Destacamos que competências profissionais: (...) expressam a capacidade para apreciar ou dar resolutividade a determinado assunto, não sendo exclusivas de uma única especialidade profissional, mas a ela concernentes em função da capacidade dos sujeitos profissionais (CFESS, 2013:26) 8 Sabe-se que outros profissionais podem realizar análises socioeconômicas junto aos usuários de benefícios sociais, como explicitado acima, porém, afirma Quintão, que: (...) a atuação dos profissionais de Serviço Social é uma estratégia de defesa dos direitos da população atendida (...). O Serviço Social, inserido em um espaço privilegiado das políticas sociais, sugere de forma particular a construção e identificação das respostas profissionais como constitutivas das relações sociais. A instituição da profissão na divisão sócio-técnica do trabalho deve ser associada aos processos de estruturação e mudanças sofridas no âmbito das políticas sociais (CRESS, 2007:10) 3.2 O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA Neste item, discutiremos o trabalho profissional nas instituições de educação, onde tenham profissionais assistentes sociais, em Juiz de Fora. Para se analisar as respostas dos profissionais, iremos resguardar o nome das instituições e dos profissionais, sujeitos desta pesquisa. Que dentre outras questões, debatem os limites institucionais e desafios de suas intervenções, bem como identificam correlações de força em seus espaços sócio-ocupacionais. Assim identificaremos as instituições como A, B, C, D, E, F, G e H e respectivamente profissionais 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Porém, como resultado da pesquisa foi possível se identificar as instituições que possuem assistentes sociais, segundo o quadro a seguir: 9 Quadro 4 INSTITUIÇÕES PÚBLICAS QUE POSSUEM ASSISTENTE SOCIAL Colégio de Aplicação João XXIII INSTITUIÇÕES PRIVADAS QUE POSSUEM ASSISTENTE SOCIAL Instituto Metodista Grambery Núcleo Especializado Criança Escolar Sul de Atendimento à Instituto Jesuítas Assistência Social de Educação e Núcleo Especializado Criança Escola Leste de Atendimento à Colégio Cristo Comércio Núcleo Especializado Criança Escola Centro de Atendimento à Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora Redentor Academia de Universidade Federal de Juiz de Fora Colégio dos Santos Anjos Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais Colégio Nossa Senhora do Carmo Escola Adventista de Juiz de Fora Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais Fonte: Dados da pesquisa empírica Das oito instituições pesquisadas, cinco se tratam de públicas e três privadas. No que se refere à forma de contratação e o tempo de trabalho dos assistentes sociais entrevistados, a forma de inserção dos assistentes sociais nestas instituições se deu através de concurso nas instituições A, B, F, G e H, de âmbito federal e municipal e de contrato nas C, D e E, de âmbito privado. O tempo de conclusão de curso dos entrevistados varia de dois até vinte e cinco anos de formação. A média de anos que os assistentes sociais estão inseridos no campo educacional varia de quatro meses até sete anos. Dos oito profissionais apenas dois (1 e 2) atuaram em outra área, anterior à Educação. Na entrevista realizada, consta-se a seguinte pergunta, com as respectivas possibilidades de resposta, a seguir: Quais as demandas mais incidentes no exercício profissional? a) violação de direitos; b) bullying; c) evasão escolar; d) baixo rendimento – refletidos nas notas; e) sexualidade aflorada; f)abuso sexual; g)violência domestica; h)desrespeito as regras e hierarquia; i) vulnerabilidade as drogas; j) necessidades especiais; k) indisciplina; l) Outras. 10 Em relação às respostas encontradas, há uma concordância dos profissionais de que os mais incidentes são família e alunos, sendo que apenas uma profissional, além dos referidos, também inclui comunidade. Porém, em relação às demandas mais freqüentes para a atuação do profissional, há uma grande variedade de questões abordadas de acordo com as atribuições que executam na instituição, em meio a tais questões, as que aparecerem mais de uma vez entre os entrevistados foram: à evasão escolar; baixo rendimento (refletido nas notas); violação de direitos; desrespeito às regras e hierarquia; necessidades especiais e indisciplina. Em relação ao perfil socioeconômico do público-alvo das políticas implementadas nas instituições que se entrevistou, identifica-se pelas respostas dos profissionais que os usuários de sua intervenção são, em grande parte, os que estão em situação de vulnerabilidade social. Segundo os assistentes sociais entrevistados são crianças, jovens ou adultos de baixa renda orçamentária, com renda familiar insuficiente que necessitam de programas como Bolsa Família ou BPC/LOAS. O profissional 5 é o único que diz ter suas demandas são amplamente atendidas, já os demais profissionais vêem muitos limites neste atendimento. Para os profissionais 1, 4 e 6, suas funções são muito restritas, necessitando do encaminhamento ou da articulação de outros profissionais. Para os profissionais 3 e 8, as limitações estão em torno das próprias políticas e legislações que limitam a ação profissional. E por fim, em relação aos limites, para o profissional 2, o recurso orçamentário é reduzido para realização das suas ações, enquanto o profissional 7 reconhece que sua atuação é extremamente limitada em todos os aspectos. Para os assistentes sociais 3, 8 e 2, o atendimento às demandas postas é satisfatório e se sentem realizados em suas intervenções. Nesse sentido, é possível identificar os limites profissionais dentro do âmbito contraditório da profissão no que tange ao atendimento das demandas do usuário, já que apenas um profissional sente ter um alcance satisfatório frente às questões trazidas no seu setor profissional. Todos os outros profissionais percebem a limitação do Serviço Social no que se refere a sua atuação frente ao enfrentamento das refrações da questão social no campo educacional. 11 3.3 A EFETIVAÇÃO DO PROJETO ÉTICO POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL NA ESFERA EDUCACIONAL E A AUTONOMIA PROFISSIONAL Ao se analisar a efetivação do projeto ético-político profissional nas instituições de educação, seus limites e possibilidades, alguns profissionais identificam que tal efetivação se dá mediante a clareza de sua atuação junto aos usuários, na medida em que se colocam a serviço da efetivação dos direitos sociais e ainda, expressam que é no posicionamento perante os colegas e usuários que, se buscam estratégias profissionais para a realização deste projeto profissional. Em uma instituição privada (D), o profissional identificou que o limite institucional para se efetivar o projeto ético político, refere-se ao número limitado de acesso ao ensino e às concessões de bolsas de estudo, diante da demanda existente. Em relação à autonomia profissional, também discutida pelos profissionais na entrevista aplicada, em quatro instituições (C, D, F e H) há um reconhecimento da importância do Serviço Social por outros profissionais, que se faz indispensável paras ações intersetoriais, segundo alguns assistentes sociais. Porém, em três instituições (A, E e G) ainda tem-se uma visão conservadora do assistente social, onde, em duas dessas instituições o assistente social é visto como um agente importante, no entanto, espera-se que ele intervenha no controle e manutenção da ordem ou que tenha uma atuação tradicional voltada para a “estruturação” das famílias, “adequação” dos alunos, solução dos problemas ou prestação de assistencialismo. Apenas em uma instituição (B) o entrevistado considera que a leitura dos demais profissionais em relação ao assistente social varia de acordo com os interesses em disputa, onde segundo ele, hora o profissional de Serviço Social é destacado em sua perspectiva de inclusão e defesa dos direitos de cidadania, hora é colocado como ‘muito questionador e, por vezes, radical quando seu posicionamento é contrário aos interesses em disputa. Em ralação a autonomia, nas oito instituições pesquisadas, em quatro destas (B, C, G e H) os assistentes sociais consideram possuir autonomia para o 12 desenvolvimento de suas ações, em 3 instituições (D, E e F) os profissionais consideram a autonomia como relativa e somente em uma instituição (A) se considera a autonomia como muito reduzida, apesar de destacar que o Serviço Social já esta consolidado na instituição. As contradições que envolvem o exercício profissional no âmbito educacional são variadas, predominando-se em três instituições (B, D e H), segundo os entrevistados, os projetos societários em disputa, que apresentam diferentes valores e perspectivas. Nas demais instituições as contradições profissionais apontadas são distintas, como: legislação que limitam o fazer profissional (instituição C); limite orçamentário (instituição E) e desafios para se efetivar uma sólida educação inclusiva (instituição F). 4. CONCLUSÕES Entende-se que a atuação do assistente social nas instituições de educação, não pode estar dissociada de um projeto societário para além dos limites do capital. Tendo em vista o acirramento das manifestações da questão social tanto nas instituições educacionais quanto na vida social em suas múltiplas dimensões. No âmbito da Educação, a efetivação dos projetos de emancipação se dará na medida em que se universalizarem o acesso a esta Política Pública, como apontado por muitos profissionais, ao se referir dos limites postos para efetivação do Projeto éticopolítico profissional. Muitas têm sido as conquistas dos assistentes sociais, ao se ampliar gradativamente este espaço de atuação e ainda, ao se acumular uma discussão teórica densa, acerca das praticas profissionais deste âmbito. No município de Juiz de Fora, identificou-se um expressivo número de instituições sem a presença deste profissional. Tendo em vista a existência da Lei de n° 10.870 de 30 de Dezembro de 2004 que aponta para a inserção do Serviço Social da 13 Rede Municipal de Educação e em âmbito Estadual a Lei de n° 16.683 de Janeiro de 2007, que dispõe sobre ações de acompanhamento social na Educação, observa-se que o poder público e a iniciativa privada, ainda não estão inserindo estes profissionais em grande parte das instituições na cidade. Conclui-se que o movimento de ampliação da inserção de profissionais de Serviço Social neste campo de atuação se dará na mesma medida que o Estado, a sociedade e as instituições de educação ampliam também as perspectivas de compreensão acerca da política de educação. 14 REFERÊNCIAS ALMEIDA, N. L. T de. Parecer sobre os projetos de Lei que dispõe sobre a inserção do Serviço Social na Educação. 2005. Disponível em: <http://cfess.org.br/arquivos/subsidios-servico-social-na-educacao.pdf>. 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