Reflexões sobre o diagnóstico atual e perspectiva futura Encontro Regional do Congemas Região Centro Oeste Campo Grande – 18 e 19 de fevereiro I – Reflexões sobre o estágio atual do SUAS II - Tendências da Sociedade e desafios futuros para o SUAS PARTE I Reflexões sobre o estágio atual do SUAS PRINCIPAIS AVANÇOS CONQUISTADOS PERÍODO 2005-2015 Consolidação Normativa/Legal Implantação de rede de unidades públicas com presença em todo o território nacional Ampliação expressiva dos Recursos Humanos Ampla cobertura dos benefícios de transferência de renda (BPC e PBF) Consolidação do Cadastro Único Contribuição efetiva para a redução da pobreza e para a ampliação do acesso a direitos Afirmação da Assistência Social como Direito QUESTÕES CRÍTICAS NO ESTÁGIO ATUAL: Cobertura de Serviços de Proteção Social Especial Dificuldade dos Serviços de Proteção Social Básica alcançarem todos os territórios vulneráveis no interior dos municípios Problemas de qualidade na oferta dos Serviços Baixa “organicidade sistêmica” das ofertas Não Governamentais Baixa capacidade institucional de planejamento e gestão Dificuldade de conciliar o matriciamento familiar e a perspectiva universalista com as necessidades e especificidades de grupos/segmentos e diversidade dos territórios Dificuldade de demonstração objetiva dos resultados e efetividade dos serviços socioassistenciais PARTE II - Tendências da Sociedade Para onde caminhamos? Demandas da Sociedade e Possíveis Impactos para a Assistência Social Como construir na Assistência Social respostas condizentes com as necessidades sociais? DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS: refletindo sobre grandes temas que trazem implicações para o SUAS Grandes temas dos quais vamos falar... 1. Questões demográficas 2. Mudanças no mundo do Trabalho 3. Pobreza e Desigualdade Social 4. Grupos e Populações Específicas 5. Diversidades (e desigualdades) territoriais 6. Desastres naturais e calamidades Redução da Taxa de Fecundidade Total e da Taxa de Mortalidade; Aumento da Expectativa de Vida. Impactos: Aumento da razão de dependência; redução da população em idade ativa; Sistemas de Proteção Social (sustentabilidade e novas demandas). “mudanças na chamada estrutura etária de uma dada sociedade impactam diretamente em seu desenvolvimento econômico e social.” (Pereira, 2014) O mundo está envelhecendo... População mundial: 6,9 bilhões em 2010, 8,6 bilhões em 2030 e 9,3 bilhões em 2050. Em 2050: 21,8% da população mundial terá mais de 60 anos. Em 2010 representavam 10%. Idosos (mais de 65 anos): vai quase triplicar, atingindo mais de 1,5 bilhão de pessoas. Idosos mais velhos (80 anos ou mais): vai quase quadruplicar, atingindo 4,3 bilhões de pessoas. 75% dos idosos viverá nos países em desenvolvimento. Cinco países terão mais de 50 milhões de idosos (China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil). O número de pessoas menores de 15 anos vai se estabilizar nas próximas décadas. A população em idade ativa 15-64 anos segue aumentando até 2030. A partir de 2040 iniciará trajetória de declínio, tendência que será observada até o final do século XXI. Fonte: OIT, 2013; UNFPA, 2012; Nações Unidas, 2012; IPEA, 2015. Questões demográficas O Brasil está envelhecendo (IBGE) Janela demográfica: 2000 a 2030 (IPEA, 2015) Idosos (65 anos ou mais) - IBGE 2016: 18,8 milhões de idosos (8%) 2026: 25,7 milhões de idosos (12%) 2050: 51,3 milhões de idosos (23%) PIA: (15 a 64 anos) - IBGE 2016: 142,5 milhões (69%) 2026:152,6 milhões (70%) 2050: 143,2 milhões (63%) Crianças e Adolescentes (até 14 anos) - IBGE 2016: 46,8 milhões (23%) 2026: 41,1 milhões (19%) 2050: 31,8 milhões (14%) Transição demográfica: Tendências Feminização da velhice (mundial) Aumento de casais sem filhos e de pessoas vivendo sozinhas (IBGE) Crescimento pela demanda no setor de cuidados. Alguns grupos ganham visibilidade (mulheres, crianças, jovens, idosos, PIA, PCD) A transição demográfica pode ser particularmente impactante aos países em desenvolvimento, que passarão pela transição demográfica tendo desafios distintos dos países desenvolvidos: Concentração de pobreza e desigualdade social Acesso à educação e ao trabalho decente Manutenção dos sistemas de seguridade social Embora o envelhecimento da população implique em menores custos com educação, ampliam-se os gastos e a pressão sobre a seguridade social, incluindo o aumento da demanda de provisão de cuidados na saúde e assistência social e para os sistemas de aposentadorias, pensões e benefícios não contributivos aos idosos. (Pereira, 2014) TENDÊNCIAS Redução da PIA a longo prazo; aumento do peso da população idosa sobre a PEA; Escassez de mão de obra; intensificação de movimentos migratórios; Trabalhadores desempregados e na informalidade e educação: preocupações centrais para os países. Elevação da idade mínima para aposentadorias e “incentivos” para permanecer no trabalho. DESAFIOS MUNDIAIS Crise do Emprego: criação de 600 milhões de empregos até 2022 para absorver os 40 milhões de pessoas que entram no mercado a cada ano, além dos 200 milhões de desempregados; Desemprego Juvenil: jovens de 15 a 24 anos correspondem a 40% dos desempregados no mundo (IPEA, 2015) Promoção do acesso ao trabalho decente e proteção de grupos particularmente vulneráveis à inserção precária no trabalho: mulheres, jovens, idosos, PCD, crianças e adolescentes (trabalho infantil). Evolução da pobreza crônica multidimensional - Brasil, 2002 - 2014 (%) Fonte: IBGE/PNAD. Elaboração: SAGI/MDS Extrema Pobreza e Pobreza, Brasil, 1992-2014 31,1 Percentual da população em situação de extrema pobreza (%) Percentual da população em situação de pobreza (%) 13,5 7,0 2,5 Fonte: IBGE/PNAD. Elaboração: SAGI/MDS O coeficiente de Gini caiu 0,06 em uma década’ Coeficiente de Gini 0,560 0,550 0,540 0,553 0,545 0,535 0,530 0,532 0,528 0,521 0,520 0,513 0,509 0,510 0,501 0,499 0,497 0,500 0,494 0,490 0,480 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 Coeficiente de Gini Fonte: IBGE/PNAD. Elaboração: SAGI/MDS. Preocupações com o futuro: • Como manter a trajetória de eliminação da pobreza e redução da desigualdade em um cenário econômico adverso? E como a Assistência pode contribuir para isso? • O que poderemos/deveremos fazer em um eventual cenário de reversão da tendência de queda da pobreza? O que poderemos/deveremos fazer para dar respostas adequadas no campo da Assistência Social? • Como podemos, ao longo dos próximos dez anos, construir e legitimar uma “linha de pobreza” mais ambiciosa, na qual a visão de “mínimos sociais” seja mais “generosa”? GÊNERO JUVENTUDE POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA PESSOA COM DEFICIÊNCIA IDENTIDADE DE GÊNERO (População LGBTT) MIGRANTES POPULAÇÃO CARCERÁRIA: 4ª maior do mundo, aumento de 68% de 2005 a 2014, tráfico (27%), roubo (21%), homicídio (14%), 56% tem até 29 anos e 75% até 34 anos, 68% sem ensino fundamental completo, crescimento de mulheres (tráfico) PESSOA COM DEFICIÊNCIA BENEFICIÁRIOS DO BPC: 2,3 milhões Mudança do perfil: Acidentes de trânsito, envelhecimento, violência; Tendências: tecnologias assistivas, elevação da escolaridade e ampliação da participação no trabalho; Desafios ao SUAS: Atenção praticamente restrita ao BPC e necessário avanço na oferta de serviços; parâmetros para o atendimento e relação público/privado; POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA Perfil: 82% negros, 53% com idade entre 25 e 44 anos; 28% pretos e 39% pardos; Motivos: problemas familiares (41%), alcoolismo e uso de drogas (35,5%), desemprego (29,8%); Condição impactada pela dinâmica populacional urbana, crises econômicas, uso abusivo de drogas, migrações. Fonte: Pesquisa MDS 2008/2009 Maternidade brasileira: fecundidade mais elevada entre a população pobre, menos escolarizada e jovem, de 15 a 24 anos. Dentre as mulheres mais pobres a queda da TFT tem sido mais acentuada. Apesar da queda (2010), gravidez entre adolescentes é ainda considerada alta (67,2 nascimentos por mil adol em 2010). A fecundidade no Brasil é inversamente proporcional à renda è a escolaridade. (ALVES; CAVENAGHI, 2013, p. 236). Mortalidade materna: Mulheres negras responderam por mais da metade. Faixa etária predominante: 20 a 39 anos (MS, 2008). Perfil predominante do PBF: Famílias monoparentais femininas; baixa escolaridade; ¾ pretas ou pardas; responsável familiar: 66% entre 25 e 44 anos. DESIGUALDADES: Apesar da elevação da escolaridade e da participação das mulheres no mercado de trabalho: Rendimentos e Taxa de Ocupação inferiores aos dos homens; Horas trabalhadas por semana é superior a dos homens Inserção precária: Trabalho informal, Trabalho Infantil Doméstico Mulheres mais pobres são as que encontram mais dificuldades para participar do mercado de trabalho. “Na velhice, as mulheres ainda representam o segmento mais vulnerável ao trabalho informal e à condição de pobreza, por razões que refletem a desigualdade de gênero e as dificuldades para contribuir com o sistema previdenciário - como a participação ainda inferior no mercado de trabalho, a atuação na informalidade e em trabalhos precarizados, baixas remunerações e interrupções na carreira para dedicação aos cuidados com a família” (Pereira, 2014) “ O Brasil tem uma taxa de 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo (Pesquisa OMS/2013). 4.762 mulheres foram assassinadas apenas em 2013, média de 13 por dia. 50,3% das mortes violentas de mulheres no Brasil são cometidas por familiares. Desse total, 33,2% são parceiros ou ex-parceiros. Enquanto o número de homicídio de mulheres brancas caiu 9,8% entre 2003 e 2013 (de 1.747 para 1.576), os casos envolvendo mulheres negras cresceram 54,2% no mesmo período, passando de 1.864 para 2.875. Os maiores índices de homicídios de mulheres são registrados nos pequenos municípios, e não nas capitais. Fonte:"Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres“, Jacobo Waiselfisz, Julio . Acesso à trabalho decentes e trabalho na informalidade (IBGE 2014) - Taxa de ocupação: 18 a 24 anos foi de 60,8%, sendo que 46,0% somente trabalhavam. Informalidade: 16 a 24 anos: segunda maior taxa – 46,9% (IBGE, 2013). NEM NEM (IBGE 2014): 15 a 29 anos de idade: 44,8% vivia em domicílio em que o rendimento mensal por pessoa inferior a ½ salário mínimo; 15 a 17 anos: 10,2%. 18 a 24 anos: 24,0%; 25 a 29 anos, 21,8%. Perfil das Vítimas de Homicídios (BRASIL - 2013) Fonte: A. Simões; Os Jovens que não Estudam nem Trabalham no Brasil: Uma Análise do Perfil, Determinantes da Condição e Efeitos do Programa Bolsa Família. PG 50. Revista Brasileira de Monitoramento e Avaliação | Número 6 | Julho-Dezembro de 2013 Perfil Percentual Pretos e pardos 68% Homens 91,4% Jovens (15 a 29 anos) 53,3% Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública – 2014. DEPEN/MJ e DATASUS/MS VIOLÊNCIA COMETIDA POR ADOLESCENTES (Levantamento anual SINASE 2012/SDH) Atos infracionais relacionados ao tráfico de drogas: de 7,5% em 2010 para 26,6% em 2011. Taxa de restrição e privação de liberdade: de 4,5% em 2010 para 10,6%, em 2011. Entre 2010 e 2011: redução de atos graves contra a pessoa: homicídio (14,9% para 8,4%), latrocínio (5,5% para 1,9%), estupro (3,3% para 1,0%) e lesão corporal (2,2% para 1,3%). VIOLÊNCIA SOFRIDA POR ADOLESCENTES (Mapa da violência 2013/Julio Jacobo Waiselfisz) De 2001 a 2011, morreram vítimas de assassinatos um total de 203.225 jovens. Homicídios (2011): 39,3% das causas de mortalidade de jovens (15 a 24 anos), contra 3% das causas de mortalidade de não jovens ( abaixo de 15 anos). Homicídios (2002 a 2011): jovens brancos, queda de 39,8%; população geral: queda de 26,4%; jovens negros: aumento de 24,1%. *A vitimização negra resulta da relação entre as taxas brancas e as taxas negras. Assim, em 2011, se a vitimização foi de 158,6%, significa que, proporcionalmente, morreram 158,6% mais jovens negros que brancos. Base: MAPA DA VIOLÊNCIA 2014 | Homicídios e Juventude no Brasil • perfil demográfico brasileiro jovem, com elevada desigualdade social e fácil acesso a armas de fogo; • crescimento da criminalidade violenta no interior do país, de mercados legais e ilegais explorados por organizações criminosas e fortalecimento das facções; • manutenção do aprimoramento das políticas públicas de segurança; • aumento da circulação de drogas ilícitas com a manutenção da política repressiva de restrição da oferta; • altas taxas de vitimização. Correlações importantes para o desenvolvimento social: - o aumento de 1,0% da taxa de frequência escolar de jovens entre 15 e 17 anos reduz a taxa de homicídios no Brasil em 5,8%; - um aumento de 1,0% na taxa de desemprego dos homens de 15 a 17 anos aumenta a taxa de homicídios no Brasil em 2,4%. - Um aumento de 1,0% na taxa de desemprego dos homens de 18 a 24 anos aumenta a mesma taxa de homicídios em 4,1%. Questões econômicas, desigualdades entre países e trabalho; Conflitos Questões ambientais HAITIANOS NO BRASIL Fonte: MJ/DPF Dados atualizados até 30/06/2015 Fonte: DPF/ MJ *Dados até 22/07/2015 • Populações Rurais: Indígenas; Quilombolas; Acampados; Assentados; Ribeirinhos... • Contextos Metropolitanos: escala populacional / problemas tipicamente urbanos / violência e criminalidade/ mobilidade / moradia / infra-estrutura / população de rua / fragilização das redes de solidariedade • • • • • • Áreas de Fronteira Semiárido Amazônia / Pantanal Regiões litorâneas / populações caiçaras Regiões turísticas Escalas populacionais (micro-cidades e megacidades) TENDÊNCIAS GLOBAIS EM RELAÇÃO ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS Tendência Mundial (OIT 2013): Com a transição demográfica e a migração dos jovens para as áreas urbanas, haverá aumento da idade da população rural e concentração do crescimento populacional nas áreas urbanas. Cenário Mundial até 2030: Intensificação da urbanização: 2014, 54% da população mundial; 2030, 66%. Crescimento das cidades nos países em desenvolvimento será maior. Em 2030, 80% da população urbana mundial viverá na América Latina, Ásia e África. O número de megacidades (mais de 10 milhões de habitantes vai aumentar em 50% até 2030. Estas cidade concentrarão recursos e demandarão mais autonomia. Brasíl: São Paulo e Rio. redução de 28 milhões de pessoas vivendo no campo. Mais da metade da população do mundo viverá nas áreas urbanas. As áreas urbanas concentrarão quase que exclusivamente o crescimento populacional no período. (OIT, 2013; IPEA, 2015) ASPECTOS GERAIS DO CENÁRIO RURAL BRASILEIRO Diminuição da população rural; Bolsões de pobreza no meio rural; Diversidades territoriais e socioculturais; Dispersão territorial das populações vulneráveis no campo; Maior dificuldade de acesso a direitos e serviços públicos; Problemas tipicamente urbanos impactando no campo (ex: drogas). QUANTIDADE DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS CERTIFICADAS Fonte: Fundação Palmares População Indígena por Região - 2010 Norte 342.836 Nordeste 232.739 Sudeste 99.137 Sul 78.773 Centro Oeste 143.432 Brasil 896.917 Fonte: IBGE Em 2014 o SUAS abrigou famílias desalojadas/desabrigadas em decorrência de desastres naturais em 613 municípios brasileiros. Chama a atenção o fato de que 50% destes mesmos municípios também tiveram que abrigar famílias por estes mesmos motivos no ano de 2013. As análises apontam que as degradações ambientais e mudanças climáticas globais têm produzido aumento da frequência e da intensidade dos desastres naturais, e que isto tende a se agravar ao longo das próxima décadas. Quais os impactos disso para a Assistência Social? E como o SUAS deverá se preparar para lidar com este cenário na próxima década? Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome CENTRAL DE RELACIONAMENTOS DO MDS: 0800 707 2003 www.mds.gov.br